quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

MONOGRAFIA DE MINHA AMIGA EVELIN CARLA ALBUQUERQUE (Autorizada a publicação)

 A ABORDAGEM DA LITERATURA BRASILEIRA NO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO DO INSTITUO EVANGÉLICO HATIKVA, EM JOÃO PESSOA-PB1

Évelin Carla Silva de Albuquerque Azevedo2

RESUMO

 

O ensino médio, que é a última etapa da educação básica, tem por objetivo preparar o estudante para o mercado de trabalho e a cidadania, desenvolvendo habilidades e competências a fim de que ele  seja um cidadão que contribua com a sociedade brasileira e local. Dessa forma, há várias possibilidades que a língua portuguesa possa ser abordada em sala de aula: gramática, produção textual e literatura brasileira, especialmente nas séries do ensino médio, aprofundando sempre o conhecimento da língua. A presente pesquisa tem  por objetivo geral abordar as especificidades das aulas de língua portuguesa na rede privada de João Pessoa - PB, especialmente no Instituto Evangélico Hatikva, focando o componente curricular Literatura Brasileira, uma subdivisão de língua portuguesa, ministrada por professor próprio para este fim. Os objetivos específicos são: refletir sobre os gêneros textuais literários e não literários usados na disciplina de literatura brasileira; avaliar o protagonismo estudantil no desenvolvimento de habilidades e competências dos estudantes nas aulas de literatura brasileira; analisar, através dos gêneros textuais literários e não literários, o comprometimento com o letramento literário e o desempenho de apreensão dos conteúdos abordados em literatura brasileira. A metodologia se deu através de pesquisa do tipo bibliográfica, na qual se buscou trabalhos existentes sobre a temática, e sob a ótica qualitativa, uma vez que se tem material de pesquisa produzido por universidades de todo o Brasil e a temática ser pertinente a atualidade, pois o saber produzido pode ser analisado e ampliado com novas observações. Baseado em teóricos como: OSSON (2006), FREIRE (1989), CANDIDO (1995), LOPES (2021), LAJOLO (2009), entre outros. Por fim, o presente trabalho de pesquisa está estruturado de forma que poderá ser feitas novas pesquisas e abarcando novos conhecimentos a serem discutidos e divulgados a todos os interessados sobre a temática, pois é assim que o saber da humanidade é construído ao longo da história.

Palavras-chave: Educação. Ensino. Língua Portuguesa. Aprendizagem.

 

ABSTRACT

High school, which is the final stage of basic education, aims to prepare students for the job market and citizenship, developing skills and competencies so that they become citizens who contribute to Brazilian and local society. Thus, there are several ways to address the Portuguese language in the classroom: grammar, textual production, and Brazilian literature, especially in high school, always deepening knowledge of the language. The general objective of this research is to address the specificities of Portuguese language classes in the private school system in João Pessoa, Paraíba, especially at the Hatikva Evangelical Institute, focusing on the Brazilian Literature curricular component, a subdivision of the Portuguese language taught by a dedicated teacher. The specific objectives are: to reflect on the literary and non-literary textual genres used in Brazilian literature; to evaluate the leading role in the development of students' skills and competencies in Brazilian literature classes,; and to analyze, through literary and non-literary textual genres, the commitment to literary literacy and the performance in understanding the content covered in Brazilian literature. The methodology used was bibliographic research, which sought existing works on the topic. A qualitative approach was used, given the availability of research material from universities throughout Brazil and the topic is relevant to today's world, as the knowledge produced can be analyzed and expanded with new observations. The methodology is based on theorists such as OSSON (2006), FREIRE (1989), CANDIDO (1995), LOPES (2021), LAJOLO (2009) among others. Finally, this research work is structured in such a way that new research can be carried out and encompass new knowledge to be discussed and disseminated to all those interested in the topic, as this is how humanity's knowledge is constructed throughout history.

Keywords: Education. Teaching. Portuguese Language. Learning.

 

 

 


1 Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de TCC.

2 Discente do curso Licenciatura em Letras  Português.


1  INTRODUÇÃO

 

 

A língua portuguesa é um arcabouço de possibilidades, como também é muito abrangente no que diz respeito a diversas abordagens de ensino, uma vez que há claras diferenças entre o português culto e formal e o português coloquial e informal, assim como as variações linguísticas. Nesse contexto, a literatura brasileira é um dos itens na subdivisão das vastas possibilidades da língua, ou seja, a manifestação linguística faz com que seja vista com tal importância a ponto de que seja abordada a parte nas aulas de português.

O ensino médio, que é a última etapa da educação básica, tem por objetivo preparar o estudante para o mercado de trabalho e a cidadania, desenvolvendo habilidades e competências, a fim de que ele  seja um cidadão que contribua com a sociedade brasileira e local. Dessa forma, há várias possibilidades que a língua portuguesa possa ser abordada em sala de aula: gramática, produção textual e literatura brasileira, especialmente nas séries do ensino médio, aprofundando sempre o conhecimento da língua padrão. Ao iniciar a última etapa da educação básica - o ensino médio -, o estudante tem contato com a subdivisão da língua portuguesa ministradas nas escolas privadas de João Pessoa - PB, aumentando assim a possibilidade de interação com a compreensão textual, a escrita, a oralidade e a estilística, entre outros. Nesse amplo leque de atividades, há a percepção da importância da ministração de aulas de literatura brasileira, a fim de que as artes sejam despertadas no estudante do ensino médio, uma vez que, dessa forma, são desenvolvidas as habilidades e competências necessárias que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como premissa. É nesse contexto que se faz a formação de leitores críticos, uma vez que não são mais abordadas a questão de memorização de fórmulas e técnicas obsoletas em relalção ao ensino da língua portuguesa no ensino médio. Dessa forma, transformar o estudante em um leitor fluente e que este veja a importância de ler para a abertura de mundos diferentes que estão além da realidade ainda vivenciada, espandindo a visão de mundo.

A leitura crítica é a não decorada, a que faz o estudante refletir e isso é um papel importante para a vida cidadã, sendo o cerne da literatura nas aulas de língua portuguesa, uma vez que a leitura deve ser de um sujeito protagonista que tem em mente a contextualização, a criticidade e a forma ativa de fazer uma ponte de ligação com o conhecimento historicamente produzido e o cotidiano das pessoas na socidade. No entanto, é perceptível observar que, em muitos casos, as aulas de literatura não atraem a atenção dos alunos em sua maioria, pois a forma como se dá na grade curricular termina desmotivando o estudante, fazendo-os perderem o interesse e gerando consequências para a vida toda, uma vez que a literatura (e suas formas de manifestação) deve ser vista como um instrumento balizador para as novas competências que são exigidas na nova sociedade contemporânea.

Vale salientar que as aulas de literatura não é a simples leitura de livros ou preparação para os exames escolares ou externos, mas o objetivo da literatura que é ensinada na escola é fazer com que o estudante tenha uma formação integral do ser humano, sendo um cidadão participante da sociedade com criticidade, sensibilidade e autonomia. Existem diferenças nas aulas de literatura da escola pública e privada, uma vez que por diversos motivos e formas, as referidas aulas enfrentam disparidades em relação às condições de trabalho e nos recursos disponíveis, como material didático e plataformas digitais que envolvem e fascinam diretamente o estudante. No entanto, para que se tenha sucesso no plano de ensino do componente curricular , o professor deve estar empenhado em formação constante em como despertar o interesse do estudante e buscar estratégias para tornarem as aulas mais interessantes e contagiantes, uma vez que há inúmeras formas de se superar barreiras para a busca da excelência no processo ensino e aprendizagem. A presente pesquisa tem  por objetivo geral abordar as especificidades das aulas de língua portuguesa na rede privada de João Pessoa - PB, especialmente no Instituto Evangélico Hatikva, focando o componente curricular Literatura Brasileira, uma subdivisão de língua portuguesa, ministrada por professor próprio para este fim. Os objetivos específicos são: identificar sobre os gêneros textuais literários e não literários usados na disciplina de literatura brasileira; avaliar o protagonismo no desenvolvimento de habilidades e competências dos estudantes nas aulas de literatura brasileira, analisar, através dos gêneros textuais literários e não literários, o comprometimento com o letramento literário e o desempenho de apreensão dos conteúdos abordados em literatura brasileira.

Por fim, a metodologia teve por base  teóricos, como: OSSON (2006), FREIRE (1989), CANDIDO (1995), LOPES (2021), LAJOLO (2009), entre outros se deu através de pesquisa do tipo bibliográfica, na qual se buscou trabalhos existentes sobre a temática, e sob a ótica qualitativa, uma vez que se tem material de pesquisa produzido por universidades de todo o Brasil e a temática ser pertinente a atualidade, pois o saber produzido pode ser analisado e ampliado com novas observações e também o presente trabalho de pesquisa está estruturado de forma que poderá ser feitas novas pesquisas e abarcando novos conhecimentos a serem discutidos e divulgados a todos os interessados sobre a temática, pois é assim que o saber da humanidade é construído ao longo da história.


2  A HISTÓRIA DA ABORDAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA ESTUDADA NAS ESCOLAS PRIVADAS DE JOÃO PESSOA-PB

 

 

A língua portuguesa teve uma maior ênfase em relação à Educação brasileira a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), isto é, a lei nº 9.394 de 1996, como também se preponderou isso na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nos anos de 2017 cujo foco é no letramento em língua portuguesa ao formar estudantes capazes de interpretar e escrever textos coesos, coerentes, com uso de linguagem formal a depender do gênero textual, entre outros.

A escola privada teve a menção abordada na LDB na qual frisou nos seus princípios citados no Art. 3º: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] V–coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; [...]” (BRASIL, 2017) durante a formalização e organização da estrutura curricular da educação básica brasileira. Isso fez com que fosse permitida a abertura de escolas privadas e que elas pudessem oferecer a prestação de serviços à sociedade brasileira, concomitante à escola pública.

Nesse contexto, a estrutura curricular ficou a critério dos estabelecimentos de ensino citado na LDB (BRASIL, 1996) que estabelece:

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica [grifo nosso]; II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei. (BRASIL, 1996, p. 14)

 

Dessa forma, houve uma abertura para que os componentes curriculares obrigatórios básicos estabelecidos em lei fossem colocados em evidência. Cada sistema de ensino tem esses componentes curriculares comuns e uma parte diversificada, fazendo com que seus estudantes possam ter uma maior amplitude de conhecimentos.

Ainda segundo a mesma Lei da Educação, ou seja, a LDB (Ibidem),

Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. § 1o Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente da República Federativa do Brasil, observado, na educação infantil, o disposto no art. 31, no ensino fundamental, o disposto no art. 32, e no ensino médio, o disposto no art. 36. [grifo nosso] (BRASIL, 1996, p. 19)

 

Desde então, os sistemas de ensino colocaram em prática a língua portuguesa subdividida em: gramática, literatura brasileira e produção textual (redação), todas com professores próprios que ministram suas aulas em horários determinados pela coordenação pedagógica, fazendo suas avaliações escritas de forma independente, fomentando o letramento na língua portuguesa.

 

2.1 AS PRÁTICAS DOS MULTILETRAMENTOS NA LÍNGUA PORTUGUESA, SEGUNDO A BNCC

 

         Nos tempos de hoje, a língua portuguesa abrange múltiplos nuances e suas práticas permeiam todos os componentes curriculares, uma vez que os multiletramentos fazem parte hoje do nosso cotidiano. Mas não somente isso, estão a aparecer os novos letramentos por causa das mídias digitais. Isso de forma fenomenalmente rápida e que as novas gerações estão absorvendo nesse ritmo frenético e um gênero textual vai se sobrepondo a outro e, assim, sucessivamente.

         Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),

 

As práticas de leitura e produção de textos que são construídos a partir de diferentes linguagens ou semioses são consideradas práticas de multiletramentos, na medida em que exigem letramentos em diversas linguagens, como as visuais, as sonoras, as verbais e as corporais. Já os novos letramentos remetem a um conjunto de práticas específicas da mídia digital que operam a partir de uma nova mentalidade, regida por uma ética diferente. (BRASIL, 2017, p. 478)

 

Nesse contexto, o professor de língua portuguesa tem a necessidade de passar por formações continuadas, a fim de se integrar aos novos parâmetros que surgem no dia a dia com as mídias digitais num avanço frenético que perpassa o esforço do educador para além do que teve contato na universidade.

As instituições escolares da rede privada em João Pessoa-PB tendem a seguir esses parâmetros ditados pelas leis brasileiras em relação à Educação. Dessa forma, as escolas tendem a vivenciar sempre novas formações pedagógicas para os professores, a fim de que estes possam estar habilitados para uma melhor prestação de serviços à comunidade. Muitas dessas formações são acompanhadas de escolhas de materiais didáticos, ou seja, livros, apostilas de determinadas editoras e este convênio faz com que essas empresas forneçam a formação continuada dos docentes.

Nesse contexto, as instituições privadas oferecem ao professor do componente curricular essa formação de aperfeiçoamento para que possam abordar em sala de aula as atividades cujo objetivo também é melhorar a qualidade dos indicadores nas avaliações externas, como o SAEB, ENEM, entre outros. Essa observação é importante porque mostra o desenvolvimento de novos pensamentos para os objetivos da escola privada em relação às atualizações nos currículos escolares.

O componente curricular de língua portuguesa (gramática, literatura brasileira e produção textual) são os focos principais dessas atualizações, uma vez que as leis da educação, ao longo do tempo, têm focado nesse componente, pois a amplidão do que essa disciplina tem em relação a todas as outras, faz com que toda a atenção seja voltada para que o estudante possa ter entendimento dos conhecimentos dos campos de atuação social, assim como as práticas de linguagem.

Vale lembrar que o letramento literário é muito importante, uma vez que traz a tona a capacidade do estudante de ser um indíviduo que interage com a socidade através da leitura e da escrita em suas diversas manifestações do cotidiano, pois os gêneros literários são muitos e a capacidade de decodificá-lo é pertinente ao ser humano.

Destarte, essas práticas de linguagem, que são as habilidades agrupadas em eixos que valorizam o uso real da língua nas suas diversas dimensões e contextos, fazem com que a produção textual, a leitura, a análise liguística/Semiótica e a leitura sejam evidenciadas por conta da velocidade da comunicação que acontece no Século XXI, focando sempre no protagonismo do estudante, utilizando para isso metodologias ativas que dão maior autonomia a ele, transformando-o em também produtor de conhecimento. Essa valorização advém de um processo longo ao longo das décadas de 1980 – 1990 em que se as escolas tendiam a ser tradionalíssimas em seus conteúdos e práticas pedagógicas e fazendo com que a nova geração seja habilitada e competente no uso da língua portuguesa.

Outrossim, vale salientar que a escola privada, ao objetivar a língua portuguesa com duas divisões no ensino médio, traz em si uma arquitetura curricular em que sempre oferece a comunidade escolar uma abordagem mais centrada em atividades individuais dos estudantes, abordando as diversidades dos gêneros textuais, sejam estes literários ou não literários, além de fazer do estudante, através de metodologias ativas, o protagonismo a fim de que as habilidades inerentes a eles possam ser desenvolvidas e sejam desenvolvidas competências para a formação cidadã, uma vez que essa é a proposta das leis educacionais na atualidade.

Nesse contexto, existem também fatores para uma desmotivação do estudante, pois este percebe que não há prazer em uma aula cujo objetivo final é a aprovação, ou seja, uma mera formalidade escolar, sem nenhuma valorização como uma fonte de prazer, de conhecimento e de humanização, pois com uma abordagem tradicional que prioriza a mera repetição, sem um senso crítico, destoa do que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza: um indivíduo crítico e que seja letrado para os diversos gêneros textuais da atualidade, assim como capacitado para o mercado de trabalho.

É necessário lembrar que os multiletramentos transforma a vida do estudante de tal forma que eles se conectam com sua identidade e raízes culturais (as complexidades, contradições e belezas), como também a valorização da diversidade cultural do nosso país, ampliando, dessa forma, a visão de mundo que o cerca, sendo crítico e reflexivo no que se refere a vida e a socidade brasileira desde a sua formação.

É evidente que para isso acontecer, é necessário o estudante está motivado e estimulado a observar a literatura como forma de arte, pois alimenta a imaginação e a capacidade expressiva do ser humano em evolução. Nesse contexto, se a aula de língua portuguesa, na dimensão de literatura brasileira for algo que não atraia o estudente, há uma enfado nessas aulas e a produtividade e a beleza do que a literatura proporciona são prejudicadas.

Dessa forma, as aulas de literatura se tornam entediantes e pouco atraentes para alguns estudantes e o reflexo desse desinteresse se dá nos exames externos, como no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), pois ao serem abordados fragmentos de textos – sejam literários ou não literários -, reclamam da prova, do tempo desperdiçãdo com tanto texto, entre outras reclamações, corroborando sobre o não condionamento da leitura com prazer nas aulas de literatura.


3  A ABORDAGEM DA LITERATURA BRASILEIRA NO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO DO INSTITUTO EVANGÉLICO HATIKVA, EM JOÃO PESSOA-PB

 

De acordo com Zilberman (2003), a abordagem da literatura infanto-juvenil é parte fundamental para a construção da formação integral tanto da criança quanto do adolescente, uma vez que há a possibilidade do reconhecimento da realidade que o cerca e também se abre outras possibilidades de se ver o mundo.

O ensino médio é a ampliação do conhecimento que se aborda ao longo do ensino fundamental e isso faz com que sejam exigidas dos estudantes as competências que precisam ser desenvolvidas para a formação cidadã. Nesse contexto, a língua portuguesa, em seus múltiplos aspectos, deve ter como foco o letramento. Dessa forma, o especialista Cosson (2006) tem como proposição que o conceito de letramento literário é aquele em que a literatura deve ser compreendida como uma prática social, ou seja, não é somente decorar datas, mas formar estudantes que não sejam analfabetos funcionais, isto é, a formação de estudantes perpassa a leitura de textos literários e não literários e relacioná-los com a realidade que o rodeia.

Nesse contexto, o estudo da literatura brasileira no ensino médio, especialmente no 3ª ano, traz uma amplidão de possibilidades, uma vez que a literatura é tudo aquilo que constitui o patrimônio cultural e artístico cujo objetivo é refletir sobre a diversidade seja social, histórica ou linguística, formando cidadãos com sensibilidade e senso crítico para uma sociedade que tem se desenvolvido rapidamente em relação às estéticas de produção da literatura.

Segundo Candido (1995), ao abordar o entendimento da literatura como direito humano fundamental, contrapõe-se àquela abordagem literária tradicional que visa somente a memorização dos estilos de época, características dos textos e a biografia dos autores, reduzindo a riqueza de contato com a literatura. O referido autor ainda foca na abordagem da literatura como a ampliação da sensibilidade, o desenvolvimento da imaginação e a compreensão crítica da realidade que cerca o leitor.

Ao abordar a literatura no 3º ano do ensino médio nas escolas privadas, o foco na maioria das vezes traz a abordagem tradicional na qual se repassa o conhecimento de forma passiva, sem análise crítica aprofundada. Isso ocorre por ser mais fácil essa abordagem em que o conhecimento está pronto e, dessa forma, é somente reproduzir tal conteúdo, pois é o que geralmente está em conteúdos programáticos de exames externos, tais como: ENEM, ENADE, entre outros.

De acordo com Lajolo (2000), a escola que aborda a tendência tradicional na educação em relação à literatura transforma a literatura em algo vazio e sem sentido, desfazendo a beleza estética que esse componente curricular traz para o ser humano. Nesse contexto, o professor do referido componente curricular tem um desafio pela frente em equilibrar tanto a dimensão histórica quanto a cultural, a fim de se ter uma experiência significativa.

Algumas estratégias que acontecem em escolas privadas é a abordagem da metodologia ativa, como ocorre no Instituto Evangélico Hatikva, em João Pessoa-PB, pois esta instituição educacional faz com que o estudante seja um pesquisador do conteúdo que será abordado em sala de aula e compartilhe seu conhecimento com a turma, oportunizando o protagonismo estudantil.

Segundo MORAN (2023),

A aprendizagem é mais significativa quando motivamos os alunos intimamente, quando eles acham sentido nas atividades que propomos, quando consultamos suas motivações profundas, quando se engajam em projetos em que trazem contribuições, quando há diálogo sobre as atividades e a forma de realizá-las. (MORAN, 2023, p. 1)

        

Dessa forma, observa-se o quanto a aprendizagem deve ser significativa para o estudante, pois motiva ele a se engajar e transformar em “seu” conhecimento aquilo que levou a fazer a pesquisa. E isso faz com que o protagonismo estudantil seja verdadeiramente objeto de percepção do professor do componente curricular.

A forma mais prática desse envolvimento do estudante com a metodologia ativa é ter contato com os gêneros textuais literários, tais como: poema, poesia de cordel, charge, história em quadrinhos, entre outros. Isso faz com que a memorização seja mais fácil, especialmente ao se utilizar o aspecto de rimas, de figuras de linguagem, da escrita linear e não linear.

Nesse contexto, ao abordar todas essas características literárias no 3º ano do ensino médio, a sensibilidade é aflorada por causa da descoberta de muitas emoções e isso não inclui somente o conhecimento sobre as características literárias de uma determinada época, mas transforma o ser humano que está em formação e faz com que ele viaje para outros mundos sem sair do lugar em que está, simplesmente pelo uso do imaginação, uma vez que se pode conhecer outras culturas através dos livros.

O Instituto Evangélico Hatikva, em João Pessoa-PB, faz com que os professores de língua portuguesa abordem, além da metodologia ativa, as diversas nuances de textos literários e não literários, uma vez que os docentes desenvolvem projetos cujo objetivo é despertar para a vida profissional de acordo com o seu projeto de vida.

Esses projetos desenvolvidos no Instituto Evangélico Hatikva na área de linguagens, em especial no componente curricular de língua portuguesa, são visitas pedagógicas a empresas de comunicação e também saraus literários, estes constam no calendário escolar anual e tem o envolvimento de todos os estudantes.

É importante salientar que ao desenvolver os projetos da escola, os estudantes têm contato com os gêneros textuais diversos, fazendo com que os talentos sejam descobertos ou simplesmente pelo simples fato de participar nas tomadas de decisões é importante para cada um deles.

Em relação às visitas pedagógicas às empresas de comunicação que o Instituto Evangélico Hatikva, em João Pessoa-PB desenvolve faz com que os estudantes têm contato com os gêneros textuais não literários e veem uma diferença ao tomar ciência de como é feito o trabalho no ambiente jornalístico, como rádio, televisão e portal de notícias. E essas diferenças são comentadas nas aulas posteriores de língua portuguesa, pois assim perfazem toda a nuance do projeto desenvolvido.

A literatura, quando abordada de maneira prazerosa e significativa, traz inúmeros benefícios, pois há um desenvolvimento na sensibilidade da estética literária, como também a formação do cidadão crítico, além de se ter uma ampliação no repertório cultural quando se tem contato com culturas diferentes, valorizando dessa maneira todos os aspectos culturais e linguísticos.

Em relação ao 3º ano do ensino médio, a literatura brasileira é abordada pelos profissionais da área de linguagens de tal forma que houve o interesse dos estudantes em construir  grupos de estudos, ou seja, clube de leitura literária em que há debates nas rodas de conversa sobre determinado tema que o professor de língua portuguesa aborda em sala de aula, uma vez que a literatura brasileira tem uma vasta riqueza em temas que se repetem em todas as gerações, sejam eles da época do Romantismo ou da história recente do país.

No que diz respeito às instituições privadas, a área da educação têm muitos desafios que perpassam por todo o ano letivo, fazendo com que o estudante possa sair da zona de conforto e concretizar o projeto de vida através do protagonismo, resultando no desenvolvimento de habilidades e competências adquiridas ao longo do ensino médio.

Destarte, esses desafios que as instituições enfrentam também são tanto de caráter estrutural como também do socioemocional no qual o estudante passa por muitas transformações ao longo do ensino médio, superando todas as dificuldades na maioria das vezes. Isso envolve o apoio da família, da escola, dos amigos, da igreja, entre outros. E muitos desafios são transportados para como objetos de exposição nas atividades dos projetos desenvolvidos na escola, especialmente no Sarau Literário, superando assim as dificuldades individuais.

 




4  CONCLUSÃO

 

O presente trabalho trouxe como foco a abordagem da literatura brasileira no 3º ano do Ensino Médio, especificamente no Instituto Evangélico Hatikva, em João Pessoa-PB, objetivando analisar as especificidades das aulas de língua portuguesa Nesse contexto, ficou evidente que o referido componente curricular é subdividido em gramática, literatura brasileira e produção textual, com seus professores próprios e avaliações escolares também e nelas são observados os gêneros textuais.

A respeito disso, os gêneros textuais literários e não literários muito usados nos projetos que o Instituto Evangélico Hatikva, em João Pessoa-PB, desenvolve junto aos alunos fazem com que eles sejam representativos do envolvimento do estudante no projeto de vida e do protagonismo estudantil como foco dessas atividades, além do desenvolvimento de habilidades e competências para a consolidação do processo ensino e aprendizagem e a preparação para o mundo do trabalho e a vida cidadã.

Nesse contexto, a literatura brasileira é vista, de forma geral, de forma conteudista, ou seja, na tendência tradicional com a qual o aluno é passivo e sem senso crítico, enquanto que algumas abordagens mudam de instituição para instituição. No que se refere ao Instituto Evangélico Hatikva em João Pessoa, desenvolve-se projetos específicos, como o Sarau Literário e Visitas Pedagógicas a empresas de comunicação, a fim de desenvolver a criticidade em abordagens de metodologias ativas, em relação a diferenciação dos gêneros textuais. Dessa forma, o estudante tem uma abrangência maior a respeito da literatura brasileira como fonte insaciável de conhecimento no campo da arte, da cultura e é um instrumento de reflexão crítica, sendo uma experiência transformadora para estudantes que estão sendo formados em leitores autônomos e conscientes.

 

 

 

 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 3. ed. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1989.
FERREIRA, L. P. Autoria, identidade e educação: caminhos para a formação de leitores críticos. Cadernos de Pedagogia, v. 20, n. 2, p. 45-60, 2019.

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e histórias. São Paulo: Ática, 2009.

LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017. 58 p. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf>. Acesso em 1 de set de 2025.

LOPES, M. A literatura brasileira no ensino médio: cânone, regionalidades e diversidade. Educação e Sociedade, v. 42, 2021.

MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Disponível em: <https://moran.eca.usp.br/wp-content/uploads/2013/12/metodologias_moran1.pdf>. Acesso em 2 de set de 2025.

SILVA, R. A.; OLIVEIRA, T. (orgs.). Leitura, literatura e escola: práticas de sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

SOUZA, F.; OLIVEIRA, L. Letramento literário no ensino médio: práticas e aprendizagens. Revista Brasileira de Educação, v. 26, n. 93, p. 1-15, 2021.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 10. ed. São Paulo: Global, 2003.

 

 

 

 

 

 

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