quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Atividade de Interpretação. Pronome. Artigo.Denotação.


Leia o texto e responda o que se pede:
Macacos me mordam
Fernando Sabino
Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo seu, residente em Manaus:
“Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”.
Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser encontrado na localidade. Um belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu resposta:
“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”.
Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos cruzeiros? Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio comunicar-lhe:
– Professor, chegou sua encomenda. Aqui está o conhecimento para o senhor assinar. Foi preciso trem especial.
E acrescentou:
– É macaco que não acaba mais!
Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira “1002 macacos”! E na estação, para começar, nada menos que seiscentos macacos engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou imediatamente ao amigo:
“Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.
Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já se concentrava ali, curiosa, entusiasmada, apreensiva:
– O que será que o professor pretende com tanto macaco?
E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na plataforma da estação, divertindo a todos com suas macaquices. O professor não teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se esconder no fundo de sua casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la:
– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo.
O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo:
– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas tenha paciência: se o senhor não der um jeito eu vou mandar trazer a macacada para sua casa.
– Para minha casa? Você está maluco?
O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se comentava outra coisa, e os ditos espirituosos circulavam:
– Macacos me mordam!
– Macaco, olha o teu rabo.
A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as pessoas gradas do lugar: o prefeito, o delegado, o juiz.
– Mandar de volta por conta da prefeitura?
– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.
– O professor muito menos.
– Já estão famintos, não sei o que fazer.
– Matar? Mas isso seria uma carnificina!
– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom prato…
Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra alternativa, apelou para o último recurso – o trágico, o espantoso recurso da pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide durante o cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da Holanda, mandou soltar os macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte, alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos touros que saltam para a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade quando se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra, imediatamente invadiu a cidade em pânico. Naquela noite ninguém teve sossego. Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço da janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja habitual deram com seu lugar ocupado por macacos. A bilheteira do cinema, horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu através das grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque de súbito despregou-se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai de quem descascasse preguiçosamente uma banana! Antes de levá-la à boca um braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, houve um momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E houve também o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou intacto. A noite passou assim, em polvorosa. Caçadores improvisados se dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite.
No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque os macacos foram os primeiros a chegar. O sino da igreja badalava freneticamente desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário houvesse por bem suspender a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na sacristia.
Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns morreram de fome ou caçados implacavelmente. Outros fugiram para a floresta, outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como sugerira o delegado, nas mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado, esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o perseguia com pedras. Durante muito tempo, porém, sua presença perturbadora pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de nenhum para suas experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante algum tempo muitos insistissem em visitá-la pela janela.
Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo em Manaus:
“Seguiu resto encomenda”.
Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a estação, abandonou a cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele.

1.    Quais são as ocupações/ profissões que aparecem no texto?

a)    Pedreiro, artista, jornalista.
b)    Advogado, prefeito, juiz.
c)    Delegado, prefeito, juiz.
d)    Motorista, faxineiro, atendente.
e)    João, Maria, José.

2.    Na frase: "[...] diz ele que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo seu, residente em Manaus:" a quem a oração em destaque se refere?

a)    O contador de história.
b)    O motorista que transportava o prefeito.
c)    O maquinista do trem.
d)    O chofer do carro do cientista.
e)    O dono de casa.

3.    O que ocasionou o problema abordado no texto?

a)    A confiança no prefeito.
b)    A má interpretação de texto.
c)    A falta de conversa ao telefone.
d)    O uso do telegrama compreensível.
e)    A vida da pacata cidade.


Leia o texto e responda as questões:

Um, dois, feijão com arroz. Três, quatro, feijão no prato. Cinco, seis, chegou minha vez Sete, oito, comer biscoito Nove, dez, comer pastéis.
(Cantiga Popular)

4.       A finalidade do texto é:

a) divertir
b) informar sobre os tipos de comida
c) esclarecer dúvidas sobre comidas
d) apresentar dados sobre as comidas

Leia a frase abaixo:

“A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.”

5.    O sentido dessa frase é de:

a)    Denotação (sentido real)
b)    Conotação (sentido figurado)
c)    Frase.
d)    Oração.

6.    Na frase: “O professor pediu tempo para pensar”. Podemos substituir o termo destacado por:

a)    Casa, um substantivo.
b)    Feliz, um adjetivo.
c)    Moto, um artigo.
d)    Ele, um pronome.

7.    Na frase: Morador de uma cidade do interior de Minas”. O termo destacado é um:

a)    Artigo indefinido.
b)    Artigo definido.
c)    Pronome demonstrativo.
d)    Verbo.

Leia com atenção
O telegrama não usa artigos, alguns pronomes e outros termos que podem ser dispensados na comunicação escrita. Leia a frase a seguir e responda o que se pede.
“Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.
8.    Se fossemos reescrever a frase anterior, colocando os complementos, ela seria:

a)    Pelo amor da Santa Virgem Maria, suspenda a remessa restante.
b)    Pelo amor Santa Virgem, suspenda remessa um restante.
c)    Pelo amor uma Santa Virgem, a suspenda uma remessa um restante.
d)    Pelo amor de uma Santa Virgem Maria, um suspenda a remessa a restante.
Leia a frase abaixo e responda:
“– Professor, chegou sua encomenda. Aqui está o conhecimento para o senhor assinar. Foi preciso trem especial. ”
9.    Existe na frase anterior um pronome de tratamento muito respeitoso que devemos usar com pessoas mais velhas, com nossos professores, nossos coordenadores, nossos diretores, nossos pais e nossas mães. Qual é?

a)    Aqui.
b)    Professor.
c)    Senhor.
d)    Trem.

10.  Na frase: “Dizem que macaco guisado é um bom prato…”. Qual seria o pronome que poderia ser acrescentado no início desta frase?

a)    Nós.
b)    Vós.
c)    Ele, ela.
d)    Eles, elas.


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