sábado, 17 de julho de 2021

Estrangeirismo: definição.


 Estrangeirismos


A forte influência que algumas culturas exercem sobre outras pode ser percebida no vestuário, na culinária, na música, no cinema e também no comportamento. Na língua, pode se manifestar pelo emprego de estrangeirismos.

Algumas palavras são empregadas até hoje sem modificar a forma original ou a pronúncia, mesmo existindo o termo aportuguesado. Por exemplo: usa-se omelete, vitrine, nuance, vindas do francês — e não omeleta, vitrina e nuança.

Uma palavra — hoje considerada estrangeirismo — pode, com o tempo, ser incorporada ao cotidiano do falante e ao vocabulário da língua. Foi o que ocorreu com lanche e futebol: essas palavras, assimiladas do inglês (lunch e football), eram estrangeirismos quando começaram a ser utilizadas e agora fazem parte do vocabulário da língua portuguesa.

Atualmente, observa-se o uso cada vez mais frequente de estrangeirismos, o que em geral tem relação com a globalização dos meios de produção e da economia. Termos como design, case, job, deadline, show etc. estão presentes na TV, no rádio, na mídia impressa e na internet.

No entanto, nem sempre o uso do estrangeirismo comunica ou traduz o que pretende o emissor. No texto a seguir, você pode observar tanto usos funcionais quanto equivocados desse recurso linguístico.

"Yes", a gente fala inglês... ou quase

Com conhecimento rudimentar da língua, carioca transforma o idioma nascido nas Ilhas Britânicas em dialeto especial.

'Shine, mister?' (brilho, senhor?). Gesticulando e gingando diante do possível freguês (...) o engraxate Gilberto da Costa, de 36 anos, 26 deles com sua caixa na Avenida Atlântica, não se aperta diante do fato de que o americano branquela à sua frente aparenta não falar nada além de inglês. 'É ten (dez) real, mister', continua, agarrando o sapato do sujeito — e, à exclamação espantosa do gringo: 'It's too expensive!' (é muito caro!), responde sem vacilar. 'E, sou especialista, mesmo!'.

O americano em questão, porém, nasceu em Lisboa e fala um excelente português. O advogado John Godinho, de 59 anos, que foi para os Estados Unidos ainda criança, mas mora no Brasil há três décadas (...) percorreu a cidade para ver, no globalizado Rio de Janeiro, como o carioca se apropriou do que, há 1.500 anos, era um dialeto esquisito das Ilhas Britânicas — e que, hoje, transformou-se num dialeto esquisito do lado de cá do hemisfério.

'Parece que está acontecendo uma contaminação mútua entre o carioca e a língua inglesa. O inglês infiltra-se, mas o cidadão dá o troco. E como se o carioca criasse um limbo linguístico em que as palavras parecem inglesas, mas já não são', observa Godinho, que trabalha como consultor da língua para executivos. (...)

Nessa época de liquidação em shopping center (que em inglês, na verdade, chama-se mall), a palavra da moda é off. Segundo Godinho, a expressão só faz sentido se vier acompanhada, por exemplo, de um percentual: off. (...)

(...) 'A gente usa off porque dá muito estrangeiro no shopping', explica José Luiz Marques, 51 anos, um dos sócios da loja de roupas femininas Scrap, no Rio Sul.

A loja é um daqueles exemplos de como essa apropriação, se indébita, pode criar constrangimentos gerais. 'Quando entra turista aqui, eles ficam rindo do nome', confessa Marques. Pudera: scrap significa restos, sobras de comida. 'Quando a loja começou, na Rua da Alfândega, vendia várias marcas de jeans, daí a ideia de sucata. Depois, o nome pegou', justifica. (...) "

AZEVEDO, Eliane. In Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 ago. 2001.

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