segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Narrador observador - Elementos da Narrativa. (Gênero Textual Narrativo)

Os elementos da narração são: narrador (quem conta a história), personagens (podem ser pessoas, animais, sentimentos ou objetos personificados que participam da história), enredo (conjunto de elementos da narrativa em interação), tempo (duração da ação), espaço (lugar onde os fatos ocorrem) e ação (o que os personagem fazem). Os personagens podem ser protagonista e antagonista (principais) ou secundários (coadjuvantes).

Narrador observador é aquele que observa de fora os acontecimentos, ou seja, conta o que vê ações dos personagens; há o emprego de forma verbais e pronomes na 3ª pessoa.


https://omundodegaya.files.wordpress.com/2016/07/22.jpg?w=1400


                                                                     O rei Midas

Em Bromionte, na Macedônia, bem no norte da Grécia, vivia em paz o rei Midas, um soberano ávido de prazeres refinados e de todo tipo de riqueza.  Gostava especialmente de percorrer as alamedas do imenso e maravilhoso jardim que margeava seu suntuoso palácio.  Nesse jardim, o que o rei mais apreciava era aspirar o perfume das rosas cultivadas para ele.
        Um dia, quando os jardineiros estavam guardando as ferramentas, um deles ouviu um barulho estranho, que vinha de uma moita.  Fez sinal aos companheiros para que se calassem, e todos ouviram um ruído surdo e regular, às vezes interrompido por resmungos.
        Aproximando-se com cuidado, os jardineiros descobriram um ser estranho, encolhido no chão.  Tinha corpo de homem e pés de bode.  Era um sátiro que, quase morto de tanto vinho, estava deixando a bebedeira passar.
        Agarraram a estranha criatura e levaram-na ao rei.  Ainda cabaleando e falando com voz pastosa, o sátiro declarou a Midas que se chamava Sileno e que era companheiro e amigo de Dioniso, o deus das uvas e do vinho.
        Ao conhecer a identindade de seu visitante, Midas mandou soltá-lo e, depois que Sileno  descansou e comeu, foi levá-lo a Dioniso.
        A alegria do deus ao reencontrar Sileno foi enorme.  Mandou abrir vários barris de vinho e deu uma festa ao som de flautas e pandeiros.  Quando as danças finalmente cessaram, Dioniso disse que desejava agradecer a Midas.  Propôs satisfazer um desejo do rei.  Qualquer um.
        Acontece que Midas era muito cobiçoso, e isso o fez responder sem pensar:
        - Meu maior desejo no mundo é que tudo em que eu toque se transforme em ouro.
        O deus achou bem maluca a ideia, mas, já que tinha prometido, concordou e proporcionou o dom que Midas acabara de pedir.
        Assim que ficou sozinho em seus aposentos, o monarca começou a experimentar seus novos poderes.   Tocou a mesa e foi um deslumbramento: o móvel de simples madeira se transformou em ouro maciço.  Aconteceu o mesmo com uma taça de estanho e uma espada de bronze. Maravilhado, Midas ficou frenético. Saiu tocando tudo o que estava a seu alcance.  Em pouco tempo, tudo no palácio tinha virado ouro maciço.  Tudo quanto era enfeite, móvel , as próprias colunas do prédio, as árvores do jardim...   Ouro puro, brilhante, cintilante.  De longe dava para ver o brilho do palácio de ouro de Midas, faiscando sob os raios do sol poente.
        No entanto, o rei percebeu que a noite se aproximava.  Ele estava com fome.  Chamou os escravos e mandou servir o jantar, sendo imediatamente obedecido.  Faminto, Midas jogou-se sobre os pratos deliciosos que lhe traziam.  Mas as carnes douradas, as frutas suculentas, os queijos que queria levar à boca, tudo se transformava em ouro no instante que ele os tocava.
        Inquieto e desapontado em sua gulodice, fez outra tentativa.  Aconteceu o mesmo.  Chamou os empregados, mas todos se afastaram dele, querendo ficar bem longe de um homem que tinha um poder tão terrível.
        Então Midas, alucinado de fome e de solidão, começou finalmente a refletir e percebeu que o dom de Dioníso condenava-o a uma morte rápida.  Ficou apavorado, e chorando, implorou ao deus que o livrasse daquele poder assustador e mortal.
        Dioniso deu boas gargalhadas quando viu a que ponto a cobiça levara Midas.  Mas ficou com pena e aconselhou-o logo tomar um banho na nascente do Páctolo, um rio próximo ao monte Tmolo.  Midas obedeceu e, ao sair da água, viu com alívio que seu dom funesto desaparecera.  Desde esse dia, as águas do Páctolo carregam sempre uma porção de pepitas de ouro.
        Depois de uma aventura tão desastrosa, Midas devia ter aprendido a ser mais cuidadoso com os deuses.  Mas não aprendeu e meteu-se em outra enrascada.
        Apolo, deus do Sol, ia disputar um concurso de música com o sátiro Mársias.  Midas, que tinha sido aluno do célebre músico Orfeu, foi designado um dos juízes.  Quando os dois terminaram de tocar, ficou evidente para todo mundo que Apolo era muito melhor que Mársias, mas Midas resolveu dizer o contrário, numa teimosia estúpida.  Apolo foi declarado vencedor, mas resolveu castigar Midas por sua total falta de sensibilidade musical - e transformou ao orelhas do rei num par de orelhas de burro, bem grandes.
        Midas ficou muito sem graça.  Para disfarçar, só aparecia em público com um gorro de lã, escondendo as orelhas.  Não o tirava nem para dormir, com medo de que os outros ficassem sabendo.
        Mas o tempo foi passando, e a barba e o cabelo do rei foram crescendo.  Chegou o momento em que não dava mais para adiar o corte.  Então, mandou chamar o barbeiro e, quando ficou sozinho com ele, fez o homem jurar que guardaria segredo sobre o que ia ver.  O barbeiro levou o maior susto quando viu as peludas e imensas orelhas do rei, mas não disse nada.  Fez direitinho seu trabalho e foi-se embora do palácio o mais depressa que pôde.  Depois, porém, foi ficando difícil para o barbeiro guardar um segredo tão grande, apesar de ter dado sua palavra e de temer a cólera do rei.  No fim, quando já não aguentava mais, teve uma ideia.  Foi a um lugar isolado, perto do rio, cavou um buraco na terra e, quase encostando a boca no chão, murmurou lá para dentro:
        - O rei Midas tem orelhas de burro...
        Tapou rapidamente o buraco e foi embora.
        Mas um caniço bem ao lado, curvado pela brisa, começou a murmurar:
        - O rei Midas tem orelhas de burro...
        Todos os caniços das redondezas fizeram a mesma coisa.
        O murmúrio cresceu e virou um clamor.  Dava para ouvir até na cidade.  Dali a algumas horas, todo mundo falava das orelhas do rei.  Todo mundo ria.  O pobre soberano caiu no ridículo e passou a viver para sempre trancado em seu palácio, lamentando, mais uma vez, não ter tido prudência e bom senso.  Mas já era tarde.

Alain Quesnel. A Grécia: mitos e lendas. Tradução de Ana Maria Machado. São Paulo: Ática, 2005. p.8 (fragmento).

1. Para o dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa mito é um "relato [maravilhoso] de tradição oral, geralmente protagonizado por seres que encarnam, sob forma simbólica, as forças da natureza e os aspectos gerais da condição humana.O rei Midas é a personagem principal da historia. Qual aspecto da natureza humana ele poderia representar? R. A cobiça.

2. Por que o mito é narrado em 3ª pessoa? R. Porque tem tradição oral e como é uma história contada, essa pessoa assume o papel de narrador observador.

3. A descoberta do sátiro Sileno e o concurso de música provocaram mudanças na vida do rei. Ele vivia tranquilo em seu luxuoso palácio, apreciando a beleza das flores de seus jardins. O que a descoberta do sátiro conseguiu comprovar quanto ao caráter do rei? R. O rei era extremamente ambicioso, pois não se contentava com os bens que tinha, além de ser insensato, por agir de forma tempestiva.

4. Ao conhecer a identidade de Seleno, o rei Midas mandou soltá-lo e o levou até Dioniso, deus das uvas e do vinho. Midas já esperava uma recompensa do deus Dioniso por sua "boa ação"? R. Sim, pois ele tinha muita cobiça e ainda queria mais poder e riqueza.

5. Dioniso achou maluca a ideia de Midas? Sim, pois aí percebeu a sua insensatez e mostrando sua cobiça de riqueza e poder.

6. Midas sentiu-se maravilhado com seu extraordinário poder. Durante algum tempo, experimentou seu novo dom. Midas obteve o que mais sonhava: transformar em ouro tudo o que tocasse. Que consequências foram produzidas por essa conquista? R. Ele passou fome e ficou solitário.

7. Consciente do seu ato impensado, Midas suplicou humildemente ao deus Dioniso que o livrasse daquele poder. Que lição de vida se pode aprender com a experiência do rei Midas? R. O poder e a riqueza não são os maiores bens de uma pessoa, pois em excesso prejudicam.

8. Livre do terrível poder, Midas ainda se mostrou insensato (característica que um rei não pode ter), ao desafiar o deus Apolo, declarando-o inferior a Mársias, como músico, apenas por teimosia. O que há de comum entre essa atitude e o pedido que Midas fez a Dioniso? R. Ele não media as consequências de seus atos, agindo impensadamente.

9. O castigo do deus Apolo causou imensa vergonha a Midas, que passou a esconder suas enormes orelhas com um gorro. Por que a atitude de Apolo afetou tanto a vida do rei Midas? R. Porque as orelhas grandes lembravam a de um burro, o que mexeu com sua autoimagem de rei onipotente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SIMULADO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE ALAGOAS E OLHO D'ÁGUA GRANDE - BASEADO NO INSTITUTO BAHIA

  SIMULADO HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE ALAGOAS   1.             A História de Alagoas é marcada por uma série de experiências de lutas, resi...