segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Diário, com exercícios resolvidos - O diário de Anne Frank

Diário é um texto em que registramos fotos do nosso cotidiano, nossa ideias, emoções, nossos desejos, desabafos e segredos.

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                                              O DIÁRIO DE ANNE FRANK

                                                                                                 Segunda-feira, 26 de Julho de 1943

Querida Kitty,

Ontem foi um dia muito tumultuado, e ainda estamos nervosos. Na verdade pode-se perguntar se há ao menos um dia que se passe sem algum tipo de agitação.
A  primeira  sirene  de  alarme  tocou  de  manhã,  enquanto  ainda  estávamos  tomando  o  café,  mas  não ligamos,  porque  só  significava  que  os  aviões  estavam  atravessando  o  litoral.  Tive  uma  dor  de  cabeça  terrível, por  isso  me  deitei  durante  uma  hora  depois  do  desjejum  e  fui  para  o  escritório  por  volta  das  duas.  Às  duas  e meia,  Margot  havia  terminado  seu  trabalho  de  escritório  e  estava  arrumando  as  coisas  quando  as  sirenes recomeçaram a uivar. Por isso, nós duas corremos escada acima. Foi bem na hora, porque cinco minutos depois os canhões trovoavam tão alto que fomos para o corredor. A casa tremia e as bombas continuavam caindo. Eu estava  agarrada  com  minha  sacola  de  fuga,  mais  por  querer  segurar  alguma  coisa  do  que  porque  queria fugir.
Sei que não podemos sair daqui, mas, se tivermos de fazer isso, nos avistarem na rua seria tão perigoso quanto sermos apanhado num ataque aéreo. Depois de meia hora, o ruído dos motores desapareceu e a casa recomeçou a  zumbir  de  atividade.  Peter  saiu  de  seu  posto  de  vigia  no  sótão  da  frente,  Dussed continuou  no  escritório  da frente, a Sra. Van Daan sentia-se mais segura no escritório particular, o Sr. Van Daan ficou vigiando no sótão pequeno,  e  nós,  que  estávamos  no  patamar,  nos  espalhamos  para  ver  as  colunas  de  fumaça  subindo  do  porto.
Em pouco tempo o cheiro da fumaça estava em toda parte, e lá fora parecia que a cidade permanecia envolvida numa névoa espessa.
Um  grande incêndio assim  não  é  uma  visão  agradável,  mas  felizmente,  para  nós,  o  bombardeio  havia terminado, e voltamos às nossas tarefas. Assim que começamos a jantar, soou
outro alarme antiaéreo. A comida estava  boa,  mas  perdi  o  apetite  no  momento  em  que  ouvi  a  sirene.  Mas  nada  aconteceu,  e  45  minutos  depois  ouvimos o toque dizendo que o perigo passara. Depois de os pratos serem lavados, outro alarme antiaéreo, tipos de  canhão  e enxames  de  aviões.  Ah,  meu  Deus,  duas  vezes  num  dia,  pensamos.  Isso  é  demais.  De  pouco adiantou,  porque  mais  uma  vez  as  bombas  chocaram,  dessa  vez  do  outro  lado  da  cidade.  De  acordo  com  os
noticiários ingleses,  o  aeroporto  Schiphol  fora  bombardeado.  Os  aviões  mergulhavam  e  subiam,  o  ar  zumbia com o barulho dos motores. Foi muito assustador, e o tempo todo eu ficava pensando: “Lá vem ela, é essa.”
Posso garantir que, quando fui para a cama às nove horas, minhas pernas ainda tremiam. Quando bateu a meia-noite,  acordei  de  novo:  mais  aviões!  Dussel  estava  se  despindo,  mas  não  liguei  e  pulei  fora,  totalmente acordada, ao som da primeira explosão. Fiquei na cama de papai até as duas horas. Mas os aviões continuavam chegando. Por fim, eles pararam de disparar e pude voltar de novo para “casa”. Finalmente caí no sono às duas e meia.
Sete  horas.  Acordei num  susto  e  me  sentei  na  cama.  O  Sr.  Van  Daan  estava  com  papai.  Meu  primeiro pensamento foi: ladrões.
- Tudo – ouvi o Sr. Van Daan dizer, e pensei que tudo fora roubado. Mas não, dessa vez eram notícias
maravilhosas,  as  melhores  que  tínhamos  em  meses,  talvez  desde  que  a  guerra  havia  começado.  Mussolini renunciara e o rei da Itália assumira o governo.
Pulamos  de  alegria.  Depois  dos acontecimentos horríveis  de  ontem, finalmente  alguma  coisa  boa acontece e nos traz...esperanças! Esperança de um fim para a guerra, esperança de paz.
O Sr. Kugler apareceu e disse que a fábrica de armamento antiaéreo Fokker fora seriamente danificada.
Enquanto  isso,  houve  do  outro  lado  alarme  antiaéreo  esta  manhã,  com  aviões  passando  lá  em  cima  e  outra sirene tocando. Eu já estava farta de alarmes. Mal tinha dormido, e a última coisa que queria fazer era trabalhar.
Mas agora o suspense sobre a  Itália e  a esperança de que a  guerra termine no fim do ano estão nos mantendo acordados...

Sua Anne
.
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Rio de Janeiro.


1. O diário relata acontecimentos e descreve impressões experimentadas por um narrador em 1ª  pessoa que o escreve; pode dirigir-se a um interlocutor, geralmente o próprio diário, que às vezes aparece personificado ou animizado, como a Kitty do diário de Anne Frank. Identifique os elementos que estão destacados com letras em negrito. R. A data, a saudação e a assinatura.

2. Anne Frank escreveu seu diário entre 12 de junho de 1942 e 1º de agosto de 1944. Tinha apenas 15 anos quando escreveu a última página de seu diário. O texto registra a data de 26 de julho de 1943. No período em que Anne escrevia seu diário, ocorria a Segunda Guerra Mundial. Que detalhes no texto permitem concluir que era essa a guerra que estava ocorrendo? R. Eles se escondem, os constantes bombardeios, avisos de sirene, a renúncia de Mussolini.

3. A perseguição aos judeus obrigou Anne Frank, sua família e outras pessoas a se esconderem para não serem levados aos campos de concentração. Isolada, Anne fazia do diário uma espécie de confidente. Qual detalhe permite perceber essa personificação? R. Ao chamar o diário de Kitty e perceber como algum amigo.

4. Uma guerra traz mudanças radicais à vida das pessoas. Quais situações incomuns narradas nesses texto indicam a ocorrência de uma guerra? R. As pessoas viviam com muito medo, havia toque de sirenes para avisar sobre os bombardeios e tudo era interrompido até passar a ameaça.

5. Por que ela usa o verbo zumbir na frase "[...] a casa recomeçou a zumbir de atividade"? R. Faz lembrar o som das abelhas, tida como animais muito trabalhadores.

6. Por que o dia anterior à narrativa do diário tinha deixado as pessoas tão tensas, já que elas estavam habituadas aos sucessivos ataques aéreos? R. Porque em um só dia haviam ocorridos vários ataques aéreos.

7. O que significa a frase "Lá vem ela, é essa", escrita por Anne Frank? R. Anne temia que fosse uma das bombas que poderia atingir o abrigo.

8. Por que a autora do texto usou  o verbo chover em vez de cair na frase "[...] mais uma vez as bombas choveram [...]"? R. Porque as bombas eram muito numerosas e pareciam gotas de chuva.

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