quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

RESUMO. FICHAMENTO. ESQUEMA. PROJETO DE PESQUISA


Organizando a Informação:

Resumo
Resumir é apresentar de forma breve, concisa e seletiva um certo conteúdo. Isto significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema. Saber fazer um bom resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante em especial por lhe permitir recuperar rapidamente idéias, conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.

Em geral um bom resumo deve ser:
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Breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários
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Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto
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Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível.
O resumo tem várias utilizações. Isto significa também que existem vários tipos de resumo. Você irá encontrar resumos como parte de uma monografia, antes de um artigo, em catálogos de editoras, em revistas especializadas, em boletins bibliográficos, etc. Por isso, antes de fazer um resumo você deve saber a que ele se destina, para saber como ele deve ser feito. Em linhas gerais, costuma-se dizer que há 3 tipos usuais de resumo: o resumo indicativo, o resumo informativo e o resumo crítico (ou resenha).
Tipos de Resumo

Resumo Indicativo ou Descritivo


Também conhecido como abstract (resumo, em inglês), este tipo de resumo apenas indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como exemplos, dados qualitativos ou quantitativos, etc. Um bom exemplo deste tipo de resumo são as sinopses de filmes publicadas nos jornais. Ali você tem apenas uma idéia do enredo de que trata o filme.

Resumo Informativo ou Analítico


Também conhecido, em inglês, como summary, este tipo de resumo informa o leitor sobre outras características do texto. Se o texto é o relatório de uma pesquisa, por exemplo, um resumo informativo não diz apenas do que trata a pesquisa (como seria o resumo indicativo), mas informa as finalidades da pesquisa, a metodologia utilizada e os resultados atingidos. Um bom exemplo disto são os resumos de trabalhos científicos publicados nos anais de congressos, como os da SBPC. A principal utilidade dos resumos informativos no campo científico é auxiliar o pesquisador em suas pesquisas bibliográficas. Imagine-se procurando textos sobre seu tema de pesquisa. Quais você deve realmente ler? Para saber isso, procure um resumo informativo de cada texto.

Resumo Crítico ou Resenha

Este é, provavelmente, o tipo de resumo que você mais terá de fazer a pedido de seus professores ao longo do seu curso. O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica ou literária.
Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas especializadas, é chamado de Resenha. Ocorre que, por costume, os professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado pelos estudantes como exercício didático. A rigor, você só escreverá uma resenha no dia em que seu resumo crítico for publicado em uma revista. Até lá, o que você faz é um resumo crítico.
Mas não deixam de estar certos os professores que dizem que resenha não é resumo. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas uma resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante de interpretação de texto. Você só fará uma boa resenha se tiver lido um texto ao menos até a quarta etapa de leitura, na classificação sugerida por Antônio Severino.
            Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando:
1.   qual o tema tratado pelo autor?
2.   qual o problema que ele coloca?
3.   qual a posição defendida pelo autor com relação a este problema?
4.   quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para defender sua posição?
 
Uma vez tendo identificado todos estes pontos, que devem estar retratados no seu esquema do texto, você já tem material para escrever metade do seu resumo crítico. Este material já é suficiente para fazer um resumo informativo, mas, para um resumo crítico, falta a crítica, ou seja, a sua análise sobre o texto. E o que é esta análise? A análise é, em síntese, a capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e idéias sobre o tema em questão, contextualizando o texto que está sendo analisado. Para fazer a análise, portanto, certifique-se de ter:
-         informações sobre o autor, suas outras obras e sua relação com outros autores
-         elementos para contribuir para um debate acerca do tema em questão
-         condições de escrever um texto coerente e com organicidade
 A partir daí você pode escrever um texto que, em linhas gerais, dece apresentar:
-         nos parágrafos iniciais, uma introdução à obra resenhada, apresentando
-         o assunto/ tema
-         o problema elaborado pelo autor
-         e a posição do autor diante deste problema
-         no desenvolvimento, a apresentação do conteúdo da obra, enfatizando:
-         as idéias centrais do texto
-         os argumentos e idéias secundárias
-         por fim, uma conclusão apresentado sua crítica pessoal, ou seja:
-         uma avaliação das idéias do autor frente a outros textos e autores
-         uma avaliação da qualidade do texto, quanto à sua coerência, validade, originalidade, profundidade, alcance, etc.
 
É bom lembrar que estes passos não são uma norma rígida. Esta é a estrutura usual de resenhas, mas como a resenha é um texto escrito para publicação em revistas especializadas, cada revista cria suas próprias regras. Questões como onde escrever o nome do resenhista (se abaixo do título, no final, a quantos centímetros da margem), quantos parágrafos utilizar, o número mínimo e máximo de linhas, a utilização de tópicos e subtítulos, etc., tudo isso é definido pela revista que for publicar a resenha. Por isso, sempre que um professor pedir para você fazer uma “resenha” (um resumo crítico, já que não será publicado) você deve pedir que ele lhe dê este parâmetros.  Se o professor não se pronunciar, sinta-se livre para decidir como apresentar a resenha, desde que respeitando a estrutura geral apresentada aqui e as normas de bom senso para redação de trabalhos acadêmicos.

Esquema

O esquema é um registro gráfico (bastante visual) dos pontos principais de um determinado conteúdo. Não há normas para elaboração do esquema, ele deve ser um registro útil para você, por isso, é você quem deve definir a melhor maneira de fazê-lo. Um bom esquema, porém, deve:
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evidenciar o esqueleto do texto (ou da aula, do filme, da palestra, etc.) em questão, apresentando rapidamente a organização lógica das idéias e a relação entre elas
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ser o mais fiel possível ao texto, limitando-se a reproduzir e compreender o conteúdo esquematizado
 Algumas dicas úteis para um esquema, segundo Hühne (2000) são:
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após a leitura do texto, dar títulos e subtítulos às idéias identificadas no texto, anotando-os as margens
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colocar estes itens no papel como uma seqüência ordenada por números (1, 1.1, 1.2, 2, etc.) para indicar suas divisões
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utilizar símbolos para relacionar as idéias esquematizadas, como setas para indicar que uma idéia leva à outra, sinais de igual para indicar semelhança ou cruzes para indicar oposição, etc.
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é igualmente útil utilizar chaves ({) ou círculos para agrupar idéias semelhantes
 
Não importa que códigos você usa no seu esquema, pois ele é de uso pessoal seu. O importante é que ele seja útil a você, ou seja, lhe permita recuperar rapidamente o argumento e as idéias de um texto com uma simples visualização.
                                 

Fichamento e Fichário


“FICHAMENTO” é uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar) todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. Para isso, é preciso usar fichas que facilitam a documentação e preparam a execução do trabalho. Não só, mas é também uma forma de estudar / assimilar criticamente os melhores texto / temas de sua formação acadêmico-profissional.
 
            “Um fichamento completo deve apresentar os seguintes dados:
 
1.   Indicação bibliográfica – mostrando a fonte da leitura (cf. ABNT)
2.   Resumo – sintetizando o conteúdo da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na introdução pode fazer uma pequena apresentação histórica ou ilustrativa).
3.   Citações – apresentando as transcrições significativas da obra.
4.   Comentários – expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e outras obras.
5.   Ideação – colocando em destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura reflexiva.
 

MODELO DE FICHAMENTO

 
 
Indicação bibliográfica (conforme as normas da ABNT)
 
1ª parte: apresentação objetiva das idéias do autor
            1 – Resumo (baseado no esquema)
            2 – Pequenas citações (entre aspas e páginas)
 
2ª parte: elaboração pessoal sobre a leitura
            1 – Comentários (parecer e crítica)
            2 – Ideação (novas perspectivas)
 
Extraído de: HUHNE, L.M.  Metodologia científica. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2000.   pp.64-65.
 

Fichário

O fichário não é mais do que o espaço no qual você armazena, classificadamente, as fichas produzidas por seus fichamentos.
 








Como fazer » Projeto de pesquisa
Resumo
O presente texto apresenta aos alunos alguns aspectos formais de um Projeto de Pesquisa. A exposição dos diferentes capítulos que compõem referido projeto (introdução; objetivos; justificativa; metodologia e bibliografia) e de seu conteúdo têm por objetivo formular uma proposta de padronização para os diferentes cursos.
Palavras-chaves: metodologia, pesquisa científica, projeto de pesquisa
Abstract
This article presents to the students some formal aspects of a Research Project. The exposition of the different chapter’s which integrate a project (introduction, objectives, justification, method and bibliography) and its contents is designed to formulate a standardization proposal to various programs.
Keywords: methodology, scientific research, research project
Vale confessar previamente para evitar falsas expectativas: este pequeno texto tem pretensões muito modestas e objetivos meramente didáticos. Seus objetivos são apresentar ao aluno alguns aspectos formais do Projeto de Pesquisa, ao mesmo tempo em que são transmitidas certas informações que podem simplificar sua vida acadêmica.
Um Projeto de Pesquisa é composto de elementos pré-textuais, formado por capa e sumário; elementos textuais, compostos de Introdução, Objetivos, Justificativa e Metodologia; e elementos pós textuais, do qual fazem parte Cronograma e Bibliografia.
A atenção recairá, aqui, sobre os elementos textuais que compõem o projeto. Comecemos, pois, por alguns aspectos gráficos importantes. O texto do corpo do projeto deve ser redigido em fonte tamanho 12 e espaçamento duas linhas. A melhor fonte para os títulos é a Arial e para o texto a fonte Times New Roman ou similares com serifa, que facilitam a leitura de texto longos. O papel tamanho A4 é o recomendável.
As margens são as seguintes: esquerda, 4,0 cm; direita 2,5 cm; superior 3,5 cm; inferior 2,5 cm. As páginas devem ser numeradas no canto superior direito, tendo início naquelas referentes aos elementos textuais – capa e sumário não são numerados, muito embora entrem na contagem de páginas (Garcia, 2000).

Introdução
Nem todos os modelos de projetos de pesquisa incluem uma introdução. Muitas vezes passa-se diretamente aos objetivos. Mas é bom não esquecer de que quem lê um projeto lê muitos. É sempre conveniente, portanto, introduzir o tema da pesquisa, procurando captar a atenção do leitor/avaliador para a proposta. A redação, como nos demais capítulos, deve ser correta e bem cuidada. Uma leitura prévia e atenta de Medeiros (1999) poderá ajudar muito na hora de escrever o texto. Para as dúvidas mais correntes da Língua Portuguesa verificar Garcia (2000) e Martins (1997). Dicionários também são imprescindíveis nessa hora.
Na Introdução, é de se esperar que seja apresentado o tema de pesquisa. Escolher um tema é, provavelmente, uma das coisas mais difíceis para um pesquisador iniciante. Pesquisadores experientes costumam desenvolver técnicas de documentação do trabalho científico que lhes permitem não só extrair de seus arquivos tais temas como trabalhálos concomitantemente.
Mas um estudante de graduação geralmente não acumulou o volume de informações necessário para tal empreendimento. Um bom começo, portanto, é conhecer o que outros já fizeram, visitando bibliotecas onde seja possível encontrar monografias de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Tais trabalhos podem servir como fonte de inspiração, além de familiarizar o aluno com os aspectos formais, teóricos e metodológicos do trabalho científico.
A primeira regra para a escolha do tema é bastante simples: o pesquisador deve escolher um tema do qual goste. O trabalho de pesquisa é árduo e, às vezes, cansativo.
Sem simpatizarmos com o tema, não conseguiremos o empenho e a dedicação necessárias.
A segunda regra é tão importante quanto a primeira: o pesquisador não deve tentar abraçar o mundo. A tendência dos jovens pesquisadores é formular temas incrivelmente amplos, geralmente resumidos em uns poucos vocábulos: A escravidão; a Internet; A televisão; A Música Popular Brasileira; O Direito Constitucional; Os meios de comunicação; são alguns exemplos. É preciso pensar muito bem antes de seguir esse caminho. O pesquisador inexperiente que enveredar por ele terá grandes chances de produzir um estudo superficial, recheado de lugares comuns.
O tema deve ser circunscrito tanto espacial como temporalmente. "A escravidão", por exemplo, é um tema dos mais amplos. Escravidão na Roma Antiga?
No Brasil contemporâneo? No Estados Unidos à época da Guerra de Secessão? No livro A República, de Platão? A escravidão por dívidas na Grécia Antiga? Temas apoiados em palavras e sentido muito amplo, como "influência" e "atualidade", também devem ser evitados. O pesquisador deve se perguntar se o tema escolhido não permite perguntas do tipo: O quê? Onde? Quando?
No capítulo 2 do livro de Umberto Eco, Como se faz uma tese, é possível encontrar uma excelente ajuda para a escolha do tema de pesquisa, ilustrada com vários exemplos (Eco, 1999, p. 7-34).
Uma terceira regra vale ser anunciada: o tema teve ser reconhecível e definido de tal maneira que seja reconhecível igualmente por outros (Eco, 1999, p. 21). Ou seja, deve ser aceito como um tema científico por uma comunidade de pesquisadores.
Uma vez anunciado o tema da futura pesquisa, é conveniente o pesquisador descrever qual foi sua trajetória intelectual até chegar a ele. Como se sentiu atraído por esse tema? Que matérias despertaram seu interesse durante a graduação? Que autores lhe inspiraram?
Apresentado o tema é hora seguir adiante e expor os objetivos propriamente ditos da pesquisa.

Objetivos
Este capítulo deve começar de forma direta, anunciando para o leitor/avaliador quais são os objetivos da pesquisa: "O objetivo desta pesquisa é..."; "Pretende-se ao longo da pesquisa verificar a relação existente entre..."; "Este trabalho enfocará..."; são algumas das formas às quais é possível recorrer.
Vários autores desenvolvem em trabalhos de metodologia do trabalho científico e intelectual o tema da documentação pessoa. Bons guias para tal são Severino (2000, p. 35-46) e Salomon (1999, p. 121-143), mas a descrição realizada por Mills (1975, p. 211-243) continua insuperável.
Se na Introdução era apresentado o tema, no capítulo Objetivos será abordado o problema, bem como as hipóteses que motivarão a pesquisa científica. A pergunta chave para este capítulo é "o que se pretende pesquisar?"
Um problema científico tem a forma de uma questão, de uma pergunta. Mas é uma questão de tipo especial. É uma pergunta formulada de tal maneira que orientará a investigação científica e cuja solução representará uma ampliação de nossos conhecimentos sobre o tema que lhe deu origem. Uma resposta provisória a este problema científico é o que chamamos de hipótese. A pesquisa científica deverá comprovar a adequação de nossa hipótese, comprovando se ela, de fato, é uma solução coerente para o problema científico anteriormente formulado.
Franz Victor Rudio apresenta, em seu livro, uma série de interrogações que podem ajudar o jovem pesquisador a escolher o seu tema de investigação e verificar sua viabilidade:
"a) este problema pode realmente ser resolvido pelo processo de pesquisa científica?
b) o problema é suficientemente relevante a ponto de justificar que a pesquisa seja feita (se não é tão relevante, existe, com certeza, outros problemas mais importantes que estão esperando pesquisa par serem resolvidos)?
c) Trata-se realmente de um problema original?
d) a pesquisa é factível?
e) ainda que seja ‘bom’ o problema é adequado para mim?
f) pode-se chegar a uma conclusão valiosa?
g) tenho a necessária competência para planejar e executar um estudo desse tipo?
h) os dados, que a pesquisa exige, podem ser realmente obtidos?
i) há recursos financeiros disponíveis para a realização da pesquisa?
j) terei tempo de terminar o projeto?
l) serei persistente?" (Rudio, 1999, p. 96).
Alguns autores recomendam a separação dos objetivos gerais dos objetivos específicos ou do objetivo principal dos objetivos secundários.3 Para atingir seus objetivos mais gerais ou o objetivo principal, será necessário percorrer um caminho de pesquisa que o levará até eles. São etapas da pesquisa que fornecerão a base para abordar de maneira mais direta e pertinente o objetivo principal.
Essa separação é procedente do ponto de vista analítico. Mas os diferentes momentos da pesquisa só se justificam na medida em que ajudarão a esclarecer o problema principal. Não é preciso fazer essa separação em subcapítulos desde que fique claro quais são os objetivos gerais e quais são específicos, qual é o principal e quais os secundários.
Exemplifiquemos esses momentos da pesquisa. Se aluno se propuser a estudar a proposta de contrato coletivo de trabalho, por exemplo, é de bom tom, antes de discutir
suas diferentes versões, fazer um breve histórico da legislação trabalhista brasileira. Se, por outro lado, pretende estudar os escritos políticos de Max Weber, inevitavelmente terá que começar por uma reconstituição do contexto político e intelectual da Alemanha do início do século. Sem esclarecer esses objetivos secundários ou específicos, dificilmente poderá levar a cabo sua pesquisa de maneira aprofundada.
Justificativa
Chegou a hora de dizer porque a universidade, o orientador ou uma instituição de financiamento deve apostar na pesquisa proposta. Neste capítulo é justificada a relevância do tema para a área do conhecimento científico à qual o trabalho está vinculado. A pergunta chave deste capítulo é "por que esta pesquisa deve ser realizada?"
Ver, por exemplo, Lakatos e Marconi (1992).
Vários autores, entre eles Lakatos e Marconi (1992), colocam o capítulo da justificativa antes dos objetivos. A inversão não faz muito sentido: como justificar o que ainda não foi apresentado? A ordem Objetivos, primeiro, e Justificativa, depois, parece ser a melhor do ponto de vista lógico.
É nas justificativas que o pesquisador deve apresentar o estado da arte, ou seja o ponto no qual se encontram as pesquisas científicas sobre o tema escolhido. O diálogo com os principais autores ou correntes interpretativas sobre o tema deve ser levado a cabo neste capítulo.
Já que é aqui que serão feitas o maior número de citações ou referências bibliográficas, vamos repassar brevemente as técnicas de citação e referência. Se a citação tiver até duas linhas, ela pode ser reproduzida em itálico, no corpo do parágrafo.
E não esquecer, "a citação deve ser direta e deve vir entre aspas, como todas as citações e com indicação da fonte seja em rodapé, seja pelo sistema autor/data."
(Henriques e Medeiros, 1999, p. 127). Quando a citação tiver três ou mais linhas ela deverá iniciar um novo parágrafo e estar digitada com um espaçamento entre linhas 1,5, um espaço antes, um depois e recuo à esquerda.4 É o que ensina Medeiros:
"No trabalho científico, as citações com até duas linhas são incluídas no parágrafo em que se faz referência a seu autor. Já as transcrições de três linhas ou mais devem ser destacadas, ocupando parágrafo próprio e observando-se recuo e aspas no início e no final da citação." (Medeiros, 1999, p. 104)
Na barra de ferramentas do Word há o botão Aumentar Recuo, muito útil nessas situações, outra possibilidade é criar o estilo Citação, através do menu Formatar Estilo, com espaçamento entre linhas 1,5 e recuo esquerdo 2,5cm.
Quando uma citação vier intercalada por outra citação, está última virá entre aspas simples (‘ ’) Vale ainda lembrar que supressões no texto citado devem ser assinaladas por reticências entre parênteses – (...) –; e que destaques no texto transcrito devem ser feitos com itálico, assinalando ao final, entre parênteses a expressão "grifos nossos"
Até aqui utilizamos a técnica autor/data, a recomendada para as monografias e publicações da UniABC. Outra opção é a técnica referência de rodapé. Neste caso, a indicação do autor, do título do livro e da página vão no rodapé.6 Para isso deve ser utilizado o menu Inserir Notas do Word e escolha Nota de rodapé e AutoNumeração.

Metodologia
Neste capítulo o pesquisador deverá anunciar o tipo de pesquisa (formulador, descritivo ou exploratório) que empreenderá e as ferramentas que mobilizará para tal (Cf. Moraes, 1998, p. 8-10 ). A pergunta chave que deve ser respondida aqui é "como será realizada a pesquisa?"
"Trata-se de explicitar aqui se se trata de pesquisa empírica, com trabalho de campo ou de laboratório, de pesquisa teórica ou de pesquisa histórica ou se de um trabalho que combinará, e até que ponto, as varias formas de pesquisa. Diretamente relacionados com o tipo de pesquisa serão os métodos e técnicas a serem adotados." (Severino, 1996, p. 130)
O pesquisador deverá esboçar a trajetória que seguirá ao longo de sua atividade de pesquisa. Para tanto deverá destacar: 1) os critérios de seleção e a localização das fontes de informação; 2) os métodos e técnicas utilizados para a coleta de dados; 3) os testes previamente realizados da técnica de coleta de dados. Ao contrário do que geralmente se pensa, dados não são necessariamente expressos em números e processados estatisticamente. O tipo de dados coletados durante a pesquisa depende do tipo de estudo realizado. Eles tanto podem ser o resultado de:
  • 1. pesquisa experimental;
  • 2. pesquisa bibliográfica;
  • 3. pesquisa documental;
  • 4. entrevista;
  • 5. questionários e formulários;
  • 6. observação sistemática
  • 7. estudo de caso
  • 8. relatórios de estágio." (Pádua, 1998, p. 132)
Para estas e outras regras de citação ver Segismundo Spina (1984, p. 55)
Cronograma
No cronograma o pesquisador deverá fazer um planejamento das atividades ao longo do tempo que você dispõe para a pesquisa. Ele é uma excelente ferramenta para controlar o tempo de trabalho e o ritmo de produção. Ao mesmo tempo, servirá para o orientador ou a agência financiadora acompanhar o andamento da pesquisa. Também aqui há uma pergunta chave: "quando as diferentes etapas da pesquisa serão levadas a cabo?"
A forma mais fácil de organizar um cronograma é sob a forma de uma tabela.
Com algumas variações tais normas são apresentadas, entre outros, por Severino (1996, p. 90-93) e Medeiros (1999, p. 1789-183). Embora Medeiros aconselhe a reprodução de todos os dados da obra no rodapé, tal medida é desnecessária, uma vez que eles se encontram na bibliografia do Projeto.
Para esquemas de capítulo metodológico ver Barros e Lehfeld (1999, p. 36-37) e Salomon (1999, p.222).
Para tanto pode ser utilizado o menu Tabela do Word para inseri-la. Depois devem ser selecionadas as células que é necessário marcar e com o comando Bordas e Sombreamento do menu Formatar preenchê-las, conforme o exemplo abaixo:

1º mês
2º mês
3º mês
4º mês
5º mês
6º mês
Revisão bibliográfica






Aplicação de questionários






Processamento dos dados






Observação no local da pesquisa






Entrevistas






Redação da monografia







Bibliografia
BARROS, Aidil de Jesus Paes de e LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 8.ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 15.ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
GARCIA, Maurício. Normas para elaboração de dissertações e monografias. (Online,26.05.2000, http://www.uniabc.br/pos_graduacao/normas.html.
HENRIQUES, Antonio e MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de Direito.São Paulo: Atlas, 1999.
LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1992.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre/Belo Horizonte: Artmed/UFMG, 1999.
MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo de O Estado de S. Paulo. 3.ed. São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica. A prática de fichamentos, resumos, resenhas. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
MORAES, Reginaldo C. Corrêa de. Atividade de pesquisa e produção de texto. Textos Didáticos IFCH/Unicamp, Campinas, n. 33, 1999.
PÁDUA, Elisabete Matallo Marchesini. O trabalho monográfico como iniciação à pesquisa científica. In: CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construindo o saber.Metodologia científica: fundamentos e técnicas. 7.ed. Campinas: Papirus, 1998.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 24.ed. Petrópolis:Vozes, 1999.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 8.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20.ed. São Paulo:Cortez, 1996.
SPINA, Segismundo. Normas para trabalhos de grau. São Paulo: Ática, 1984.
Fonte:Politikon
Endereço -http://planeta.terra.com.br/educacao/politikon/artigos.htm



Monólogo
Monólogo triste
A vida persiste em aniquilar
Eu não quero cantar pra ninguém me ouvir
Desejo cuspir na cara de tudo o que é parado
Eu quero o teu retrato

Um prólogo existe
Um marco zero vai raiar
Eu só quero nadar nas ondas do porvir
Desejo soltar todos os demônios em teu corpo parco
Comece o seu relato

Eu sozinho, eu vazio, eu umbigo, eu você sem mim
Eu retalhos, eu fúnebre, eu exumado, eumorragia sem fim

Monólogo resiste
O teatro insiste em ecoar
A minha voz quer simplesmente evadir
Eu não quero ficar admirando o teu retrato
Aprecie o meu estado

Eu monólogo, eu filósofo, eu caótico, eu sofri e ri
Eu modorro, eu perdido, eu achado na ilusão de ser feliz

A crônica
A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa.
A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo.
A crônica pode receber diferentes classificações:

- a lírica, em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo;

- a humorística, em que o autor faz graça com o cotidiano;
- a crônica-ensaio, em que o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder;
- a filosófica, reflexão a partir de um fato ou evento;
- e jornalística, que apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos, pode ser policial, esportiva, política etc.
Recado ao Senhor 903
“Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”

(Rubem Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)

Artigo de opinião
ESTAMOS COM FOME DE AMOR!!!!

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
disserem, o mal do século é a solidão" Pretensiosamente digo que
assino em baixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão
batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.

Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam,
alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só isso não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho
sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!"

Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão
de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio,
démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que
se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

(Arnaldo Jabor)

Crítica de filme
ESPECIAL "GANDHI" 
por Ademir Pascale - Crítico de Cinema e Editor do Portal Cranik - ademir@cranik.com


"A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos.
Mohandas K. Gandhi 1869-1948
GANDHI - Neste "Cine Cranik Especial", falarei um pouco sobre a trajetória do grande líder espiritual da Índia "Mohandas K. Gandhi" e do filme dirigido por Richard Attenborough, intitulado "Gandhi".

Quem nunca viu uma foto do grande "Gandhi", também conhecido como Mahatma (Grande Alma), com certeza imaginaria um homem robusto, forte como um grande guerreiro medieval, mas, estaríamos completamente enganados, pois como "quase todos os líderes espirituais", os grandes mestres iluminados possuíram uma aparência frágil. Apesar de ter sido um grande andarilho, Gandhi aparentava uma pessoa frágil, mas com uma luz intensa e poderosa que irradiava como um pequeno sol e iluminava todos que estavam ao seu redor, ou mesmo aqueles que nem próximos estavam, tendo apenas notícias dos seus grandes feitos, assim como os grandes profetas e líderes espirituais que passaram por este planeta - com certeza, Mohandas K. Gandhi, será lembrado por centenas, ou quem sabe, milhares de anos e, saber que existiu tão grande pessoa em uma época tão próxima da nossa, é muito gratificante.
Pregador da não-violência, Gandhi pregou uma lenta revolução pacifista em seu país, tentando libertar a Índia dos britânicos que governavam a Índia - Gandhi queria que seu país fosse livre, que o povo não fosse tratado como escravo e que todos tivessem direitos iguais, independente do sexo, raça ou religião - Gandhi seguia a mesma ideologia dos grandes profetas: Sidartha Gautama "O Buda" e Jesus Cristo, pois as religiões que separam seus fiéis de outros que não seguem suas próprias ideologias, jamais poderá pregar a paz universal, pois não existe "aquela" religião que seja "a certa" - todos somos iguais e todos temos os mesmos direitos, ideologias diferentes existem, mas todos somos irmãos - qual pai daria preferência e melhores benefícios para apenas um de seus filhos,  se todos vieram de um mesmo lugar, todos são irmãos e todos possuem o mesmo sangue? - os seres humanos são como uma grande família, todos possuímos um laço invisível de consangüinidade, irrevogavelmente impossível de ser rompido - os grandes cientistas comprovam que todos somos "parentes" e, segundo os grandes profetas e líderes espirituais, principalmente Jesus Cristo, todos somos irmãos, então por que existiria diferenças ou melhor qualidade de vida para alguns, se todos somos filhos do mesmo pai? - "Reflexão" ... ... ... ... ... ... ... ... ...     
O filme de Richard Attenborough, distribuído pela Columbia Pictures, retrata a vida de Gandhi desde a sua juventude, quando ainda era apenas um advogado - isso mesmo, Gandhi era formado em advocacia, conhecia bem os direitos e seguiu a ideologia dos direitos iguais - direitos que todos nós merecemos. O filme tem duração de deliciosos 188 minutos com belas passagens da vida de Gandhi em uma bela fotografia para um filme produzido no ano de 1982. A maquiagem usada pelo protagonista Ben Kingsley foi excelente, apesar de já possuir um traço semelhante ao de Mohandas K. Gandhi. Os personagens que cercavam o protagonista também são bem parecidos com os que cercavam Gandhi na vida real, provando uma minuciosa pesquisa da equipe de produção do diretor Richard Attenborough.

Interessado em saber mais sobre a vida de "Gandhi", li o interessante livro "Tentativas, Atentados e Assassinatos que Estremeceram o Mundo - Stephens J. Spignesi. Editora M.Books". Na página 73, poderemos saber dos detalhes do assassinato em 1948 do grande líder que, aos 78 anos, perde a vida nas mãos do assassino Nathuram Vinayak Godse, um nacionalista hindu de 37 anos. (Data e Momento do Atentado: Sexta-feira, 30 de Janeiro de 1948, às 17hs 15). Gandhi foi atingido por três tiros e desfaleceu 25 minutos depois - o assassino não fugiu, foi preso imediatamente e enforcado em 15 de Novembro de 1948. Gopal, o irmão do assassino, foi preso e sentenciado à prisão perpétua, mas recebeu liberdade condicional após cumprir 18 anos da sentença - Gopal vive hoje em uma cidade da Índia.
A frase dita pelo grande líder espiritual "Gandhi", tornou-se realidade:
"Não desejo morrer pela paralisia progressiva das minhas faculdades como um homem vencido. A bala de um assassino poderia por fim a minha vida. Acolhê-la-ia com alegria”
Mohandas K. Gandhi 1869-1948
Mohandas K. Gandhi foi preso injustamente por várias e várias vezes. Agredido verbalmente desde a sua juventude e assassinado aos 78 anos com três tiros por um louco - um homem que produzia a própria roupa, que não possuía bens materiais e que simplesmente pregava a paz e defendia o seu humilde povo. A minha pergunta é: Por que os grandes pacifistas são sempre cruelmente torturados e ao final, humilhados e   mortos? A história modificou poucas cabeças, outros pacifistas, outros profetas virão, será que a história sempre se repetirá?

Crítica de livro

Como e por que Ler os Clássicos Universais Desde Cedo, de Ana Maria Machado
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 145 pp.

Estou convencido de que um incontável número de pessoas (entre as quais me incluo) apreciam livros porque tiveram avós, mães, tias, professoras que, desde cedo, lhes contavam estórias ou liam o que estava escrito sob lindas figuras em livros ciosamente guardados. É provável que um número similar de pessoas não voltou a pegar em livros, pelas mesmas razões...
Conclusões desse gênero fazem parte de uma espécie de "filosofia da leitura" que leitores compulsivos acabam formulando em algum momento de suas vidas. Ana Maria Machado desenvolve uma tal filosofia neste seu "Porque ler os clássicos", obra que apreciadores das conquistas de Gutenberg não podem ignorar.
Ana Maria dispensa apresentações e elogios. Basta lembrar que escreveu mais de uma centena de livros e recebeu (em 2000) a medalha "Hans Christian Andersen", espécie de "Nobel" da literatura infantil. Neste seu recente livro, discorre a respeito de nosso encontro com a letra de forma. Seu desejo é mostrar como proceder a fim de que os jovens descubram, no livro, um cúmplice para o prazer. Suas observações merecem comentários — que prometem ser mais longos do que os encontrados em resenhas usuais. Meu leitor me perdoará, estou certo.
Em linguagem simples, Ana Maria fala de sua vida de "devoradora" de livros, de personagens inesquecíveis e de narrativas a que sempre retorna. A hoje muito repetida indagação a respeito do lugar do livro no mundo computadorizado, encontra, aqui, uma resposta satisfatória e convincente.
No capítulo inicial, registra, com propriedade, vários pontos importantes. Evitando repetir suas palavras, ela diz: 1) ninguém deve ser obrigado a ler; ler é um direito, não um dever; 2) forçar alguém a ler é modo infalível de gerar horror ao livro; 3) clássico é um livro eterno — o que não sai de moda; 4) o primeiro contato com um clássico pode ser feito usando adaptações bem feitas. (Entre essas adaptações incluir, por exemplo, desenhos de Walt Disney e, para nós, afortunados, que entendemos o português, as obras de Monteiro Lobato.)
Ana Maria lembra quão notáveis resíduos existem, nos dias atuais, das aventuras contadas por Homero (Ilíada; Odisséia), ou por Sófocles, Eurípedes e Ésquilo. Nota que as Sagradas Escrituras contêm estórias facilmente usadas para atrair a atenção dos jovens. Entre elas, a da arca de Noé, da torre de Babel, da vida de Moisés no Egito, da luta de David e Golias, de Sansão e Dalila, de Jonas e a baleia, dos reis magos...
A autora fala, com graça, das proezas dos cavaleiros da Idade Média. Sublinha que o cinema contribuiu (e muito) para difundir, de modo atraente, várias dessas proezas. Quem ignora o Rei Artur, a távola redonda, Sir Lancelot ou Tristão e sua bela Isolda? Quem não ouviu falar de Carlos Magno, da Canção de Rolando, de El Cid, de Robin Hood, de Ricardo Coração de Leão? E, mais recentemente, quem deixou de ouvir falar em Tolkien (O Senhor dos Anéis, As Brumas de Avalon) ou de Harry Potter? Nesse contexto, qual a pessoa medianamente instruída que ignora Quixote e Sancho?
Depois, Ana Maria refere-se aos livros de viagens: Marco Pólo e as aventuras de Gulliver. Fala de obras orientais: As Mil e uma Noites; A Epopéia de Gildamesh — uma das obras mais antigas que se conhecem, contemporânea do Antigo Testamento e de que há adaptações ao alcance do mercado editorial português e brasileiro. Lembra o teatro de Shakespeare com figuras inesquecíveis: Hamlet; Romeu e Julieta; Otelo; Henry VIII. Não esquece nosso Camões, sublinhando que o difícil texto de Os Lusíadas pode ser primeiramente enfrentado em adaptações — de que há muitas e bem feitas.
Na p. 60, Ana Maria comete erro que já vi repetido várias vezes. Ela fala do "filósofo inglês Thomas Moore", também "conhecido por seu nome latino, Tomas Morus". Na verdade, Sir Thomas More (um "o" apenas), e George Moore são pessoas distintas. Thomas More (1478-1535) é o autor de Utopia, escrito em 1516, que a autora considera. George Edward Moore (1873-1958) também é filósofo de méritos. Seus Philosophical Studies (1903) foram objeto de atenção na primeira metade do século XX. (Para complicar, ainda temos Henry More, Charles Moore e Stanley Moore.)
O cap. 7 (Encantos para sempre) trata dos contos de fadas. A autora registra, com razão, que esses contos são vítimas de dois sérios preconceitos. De um lado, os críticos e a academia não os prestigiam, encarando-os como histórias infantis e, por isso, pouco importantes. De outro lado, inversamente, por serem vistos como trabalhos destituídos de nobreza literária, diz-se que podem ser dados às crianças. Errado, no entender de Ana Maria. Contos de fadas não foram escritos para as crianças. Sua universalidade e permanência atestam sua qualidade. Ana Maria lembra que uma versão da Cinderela era conhecida no Egito antigo e que o pequenino pé deve associar-se a antigos hábitos chineses.
O cap. 8 volta-se para as "estórias marítimas". Muito apropriadamente, a autora afirma que A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, brincando com os medos das crianças — tal como "joga" com os medos dos adultos, em O Médico e o Monstro (1886) é "uma reação ao pessimismo e ao desânimo, um ato de confiança na potencialidade juvenil". Por isso, é livro que "fica para sempre"... Nessa linha, não olvidar Melville (Moby Dick), Defoe (A Família Robinson), Jack London (O Lobo do Mar)...
A seguir, temos um curioso capítulo voltado para os romances capa-e-espada, a selva e os enigmas. Poucos deixarão de conhecer Dumas (Os Três Mosqueteiros), seja em livro, seja em cinema, seja em teatro, ou H. Rider Haggard, com seu famoso As Minas do Rei Salomão. (Vale a pena registrar que Eça de Queirós traduziu esse livro, dando-lhe especiais qualidades literárias para leitores que conhecem nosso idioma.) Ao lado de Dumas e Haggard, estão autores de aventuras inolvidáveis como Fenimore Cooper (O Último dos Moicanos), Edgar Rice Burroughs (Tarzan) e Rudyard Kipling (O Livro da Selva — com Mogli, o menino-lobo), assim como Edgar Alan Poe e Conan Doyle, com os romances de mistério. Acerca de Poe, Ana diz que "preparou o público para a revolução moderna, criando novo modo de ler ficção, desconfiando do que o autor nos diz". Ana elogia Michel Zevaco, autor de Os Pardaillans, livro há muito esgotado, merecedor de reedição.
Não posso prolongar meus comentários. Registro apenas que "Clásicos universais" devota o cap. 10 a livros que se detêm no quotidiano. Aí estão Mark Twain, Faulkner, Hemigway, Dickens, as irmãs Bronte, Eleanor Porter (Poliana) e Salinger — que Ana muito elogia. E dedica o cap. 11 aos clássicos infantis, onde são lembradas as obras de Lewis Carroll (Alice), K. Grahame, B. Pottter e A. Milne (Winnie the Poo), Collodi (Pinochio), James Barrie (Peter Pan) e nosso mui querido Lobato (de Emília, Dona Benta, Visconde de Sabugosa...).
Ana Maria conta que recebeu Reinações de Narizinho quando estava com cinco anos e nunca deixou de deliciar-se com o mundo criado por Lobato. As crianças de hoje, porém, não ingressam nesse mundo com naturalidade. As dificuldades não estão no vocabulário, nem na sintaxe. Estão nas alusões a um universo cultural que os jovens da atualidade não conhecem. Só se consegue levar as crianças ao Sítio do Picapau Amarelo contando-lhes quem eram Carochinha e Pequeno Polegar.
Enfrentando esse problema, toma-se consciência do risco que se corre: "em pouco tempo poderemos ter o pesadelo de gerações que não entendam a literatura hodierna porque não conhecem os clássicos que a precederam." Em verdade, a literatura se constrói sobre um diálogo com obras anteriores; nasce de contato que cada autor mantém com livros lidos. Um livro leva a outro, uma descoberta provoca releituras. Ora ficamos presos a um único texto, ora lemos vários livros (que se contaminam), ora passamos um tempo longe dos livros, "ruminando" o que ficou em nossa memória...
De acordo com Ana Maria Machado, a vitalidade e permanência dos grandes livros dependeria menos de suas qualidades do que do potencial de leituras que permitem. A par disso, diz ela, há a questão do "como ler". É indispensável ler criticamente, ou seja, ler sem adotar atitude reverente, mas sem discordar de tudo. Também é conveniente ler de maneira contextualizada, isto é, "vivendo" a época, não pretendendo encontrar atitudes contemporâneas em acontecimentos passados. Como é oportuno deixar de lado atos utilitários e abandonar idéias de transformar os livros em ferramentas de ativismo.
Ler bem, sublinha Ana Maria, "é ficar mais tolerante e mais humilde, aceitar a diversidade, dispor-se a tolerar a divergência". Não deixe de ler Ana Maria Machado.

Instituto Brasileiro de Filosofia

Crônica Argumentativa

Desta forma, visando aprimorar nossos conhecimentos sobre o referido assunto, analisaremos alguns fragmentos da crônica intitulada Pré-Sal, de Antônio Prata:

Dizem que otimista é o cara que vê o copo meio cheio, enquanto pessimista é quem o enxerga meio vazio. A imagem é batida, mas vem a calhar, pois não é outro o tema desta crônica senão a água. Muita água. Trilhões de litros de H2O, que serão acrescidos aos oceanos nas próximas décadas, quando as calotas polares derreterem.

Os pessimistas, claro, só conseguem ver o lado ruim da mudança climática: a morte de milhões de pinguins, focas, leões marinhos, ursos polares e a extinção de algumas espécies desconhecidas; o alagamento de certas cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Nova York, Xangai, Veneza, Barcelona e a perda de boa parte do patrimônio histórico e cultural da humanidade; o aumento de catástrofes naturais como tufões, furacões, dilúvios, enchentes e a desgraça humana decorrente desses aguaceiros. OK. O Rio é legal. As focas e a Piazza San Marco, também. Mas focar-se (sem trocadilho) apenas nos aspectos negativos da lambança climática impede-nos de perceber outros acontecimentos maravilhosos que se avizinham. Praia em São Paulo, por exemplo.

Claro que a tese ainda não é um consenso entre a comunidade científica. Alguns estudiosos, desses que só conseguem ver a parte vazia do copo, afirmam que, por mais que a gente queime todo o petróleo existente, o aumento do nível dos oceanos será apenas de alguns metros. Cientistas de ânimo mais solar, contudo, garantem que o que conhecemos como polo norte é, literalmente, apenas a ponta do iceberg e, se tudo der certo, antes de 2020, vai ter prédio na Berrini com vista pro mar.

Quanta coisa boa há de acontecer! Já pensou que belo cartão postal, a ponte estaiada com praia ao fundo? E seus filhos colhendo mexilhões nos pés do Borba Gato? Consigo ver, facilmente, a 23 de Maio tomada por ambulantes, vendendo óleo bronzeador, canga, Shhhhkol e Biscoito Globo. O Morumbi, com as casonas nas colinas, debruçadas sobre o mar, será a Beverly Hills paulistana. E nossos restaurantes, já tão afamados, o que não farão com peixes fresquinhos e frutos do mar, trazidos diretamente pela comunidade caiçara de Santo Amaro? O lago do Ibirapuera não teve sempre a vocação para ser a nossa Rodrigo de Freitas? E qual o sonho da Vila Nova Conceição, senão tornar-se a Barra da Tijuca?

Cruzemos os dedos, meus queridos paulistanos, pois muito em breve, quando as margens plácidas do Ipiranga ouvirem um estrondo, não será o brado retumbante de um povo heroico, mas o som das ondas quebrando na Avenida do Estado. E, nesse instante, o sol da liberdade, com seus raios fúlgidos, dourará os corpos estirados à beira mar. E ainda tem gente preocupada com o futuro. Tsc tsc...



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