Organizando a Informação:
Resumo
Resumir
é apresentar de forma breve, concisa e seletiva um certo conteúdo. Isto
significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema.
Saber fazer um bom resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante
em especial por lhe permitir recuperar rapidamente idéias, conceitos e
informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.
Em geral um bom resumo deve ser:
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Breve e conciso: no resumo de um texto, por
exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e
dados secundários
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Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas
próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto
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Logicamente estruturado: um resumo não é apenas
um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o
argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser
apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O
texto do resumo deve ser compreensível.
|
O resumo tem várias utilizações. Isto significa
também que existem vários tipos de resumo. Você irá encontrar resumos como
parte de uma monografia, antes de um artigo, em catálogos de editoras, em
revistas especializadas, em boletins bibliográficos, etc. Por isso, antes de
fazer um resumo você deve saber a que ele se destina, para saber como ele deve
ser feito. Em linhas gerais, costuma-se dizer que há 3 tipos usuais de resumo:
o resumo indicativo, o resumo informativo e o resumo crítico (ou resenha).
Tipos de Resumo
Resumo Indicativo ou Descritivo
Também
conhecido como abstract (resumo, em inglês), este tipo de resumo apenas
indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como exemplos,
dados qualitativos ou quantitativos, etc. Um bom exemplo deste tipo de resumo
são as sinopses de filmes publicadas nos jornais. Ali você tem apenas uma idéia
do enredo de que trata o filme.
Resumo Informativo ou Analítico
Também
conhecido, em inglês, como summary, este tipo de resumo informa o leitor
sobre outras características do texto. Se o texto é o relatório de uma
pesquisa, por exemplo, um resumo informativo não diz apenas do que trata a
pesquisa (como seria o resumo indicativo), mas informa as finalidades da
pesquisa, a metodologia utilizada e os resultados atingidos. Um bom exemplo
disto são os resumos de trabalhos científicos publicados nos anais de
congressos, como os da SBPC. A principal utilidade dos resumos informativos no
campo científico é auxiliar o pesquisador em suas pesquisas bibliográficas.
Imagine-se procurando textos sobre seu tema de pesquisa. Quais você deve
realmente ler? Para saber isso, procure um resumo informativo de cada texto.
Resumo Crítico ou Resenha
Este é, provavelmente, o tipo de resumo que você
mais terá de fazer a pedido de seus professores ao longo do seu curso. O resumo
crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de
uma obra científica ou literária.
Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado
em revistas especializadas, é chamado de Resenha. Ocorre que, por costume, os
professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado pelos
estudantes como exercício didático. A rigor, você só escreverá uma resenha no
dia em que seu resumo crítico for publicado em uma revista. Até lá, o que você
faz é um resumo crítico.
Mas não deixam de estar certos os professores que
dizem que resenha não é resumo. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas
uma resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante de
interpretação de texto. Você só fará uma boa resenha se tiver lido um texto ao
menos até a quarta etapa de leitura, na classificação sugerida por Antônio
Severino.
Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se
certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando:
1. qual o tema tratado pelo autor?
2. qual o problema que ele coloca?
3. qual a posição defendida pelo autor com relação a
este problema?
4. quais os argumentos centrais e complementares
utilizados pelo autor para defender sua posição?
Uma vez tendo identificado todos estes pontos, que
devem estar retratados no seu esquema do texto, você já tem material para
escrever metade do seu resumo crítico. Este material já é suficiente para fazer
um resumo informativo, mas, para um resumo crítico, falta a crítica, ou seja, a
sua análise sobre o texto. E o que é esta análise? A análise é, em síntese, a
capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores
e idéias sobre o tema em questão, contextualizando o texto que está sendo
analisado. Para fazer a análise, portanto, certifique-se de ter:
-
informações sobre o autor, suas
outras obras e sua relação com outros autores
-
elementos para contribuir para um
debate acerca do tema em questão
-
condições de escrever um texto
coerente e com organicidade
A
partir daí você pode escrever um texto que, em linhas gerais, dece apresentar:
-
nos parágrafos iniciais, uma
introdução à obra resenhada, apresentando
-
o assunto/ tema
-
o problema elaborado pelo autor
-
e a posição do autor diante deste
problema
-
no desenvolvimento, a
apresentação do conteúdo da obra, enfatizando:
-
as idéias centrais do texto
-
os argumentos e idéias
secundárias
-
por fim, uma conclusão
apresentado sua crítica pessoal, ou seja:
-
uma avaliação das idéias do autor
frente a outros textos e autores
-
uma avaliação da qualidade do
texto, quanto à sua coerência, validade, originalidade, profundidade, alcance,
etc.
É bom lembrar que estes passos não são uma norma
rígida. Esta é a estrutura usual de resenhas, mas como a resenha é um texto
escrito para publicação em revistas especializadas, cada revista cria suas
próprias regras. Questões como onde escrever o nome do resenhista (se abaixo do
título, no final, a quantos centímetros da margem), quantos parágrafos
utilizar, o número mínimo e máximo de linhas, a utilização de tópicos e
subtítulos, etc., tudo isso é definido pela revista que for publicar a resenha.
Por isso, sempre que um professor pedir para você fazer uma “resenha” (um
resumo crítico, já que não será publicado) você deve pedir que ele lhe dê este
parâmetros. Se o professor não se pronunciar, sinta-se livre para decidir
como apresentar a resenha, desde que respeitando a estrutura geral apresentada
aqui e as normas de bom senso para redação de trabalhos acadêmicos.
Esquema
O esquema é um registro gráfico (bastante visual)
dos pontos principais de um determinado conteúdo. Não há normas para elaboração
do esquema, ele deve ser um registro útil para você, por isso, é você quem deve
definir a melhor maneira de fazê-lo. Um bom esquema, porém, deve:
|
evidenciar o esqueleto do texto (ou da aula, do
filme, da palestra, etc.) em questão, apresentando rapidamente a organização
lógica das idéias e a relação entre elas
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ser o mais fiel possível ao texto, limitando-se a
reproduzir e compreender o conteúdo esquematizado
|
Algumas
dicas úteis para um esquema, segundo Hühne (2000) são:
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após a leitura do texto, dar títulos e subtítulos
às idéias identificadas no texto, anotando-os as margens
|
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colocar estes itens no papel como uma seqüência
ordenada por números (1, 1.1, 1.2, 2, etc.) para indicar suas divisões
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utilizar símbolos para relacionar as idéias
esquematizadas, como setas para indicar que uma idéia leva à outra, sinais de
igual para indicar semelhança ou cruzes para indicar oposição, etc.
|
|
é igualmente útil utilizar chaves ({) ou círculos
para agrupar idéias semelhantes
|
Não importa que códigos você usa no seu esquema,
pois ele é de uso pessoal seu. O importante é que ele seja útil a você, ou
seja, lhe permita recuperar rapidamente o argumento e as idéias de um texto com
uma simples visualização.
Fichamento e Fichário
“FICHAMENTO”
é uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar)
todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. Para isso, é
preciso usar fichas que facilitam a documentação e preparam a execução do
trabalho. Não só, mas é também uma forma de estudar / assimilar criticamente os
melhores texto / temas de sua formação acadêmico-profissional.
“Um fichamento completo deve apresentar os seguintes dados:
2. Resumo – sintetizando o
conteúdo da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na introdução pode fazer
uma pequena apresentação histórica ou ilustrativa).
3. Citações – apresentando
as transcrições significativas da obra.
4. Comentários –
expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros
autores e outras obras.
5. Ideação – colocando em
destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura reflexiva.
MODELO DE FICHAMENTO
Indicação
bibliográfica (conforme as normas da ABNT)
1ª parte:
apresentação objetiva das idéias
do autor
1 – Resumo (baseado no esquema)
2 – Pequenas citações (entre
aspas e páginas)
2ª parte:
elaboração pessoal sobre a
leitura
1 – Comentários (parecer e
crítica)
2 – Ideação (novas perspectivas)
Extraído de:
HUHNE, L.M. Metodologia
científica. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2000. pp.64-65.
Fichário
O
fichário não é mais do que o espaço no qual você armazena, classificadamente,
as fichas produzidas por seus fichamentos.
Como fazer » Projeto de pesquisa
Resumo
O
presente texto apresenta aos alunos alguns aspectos formais de um Projeto de
Pesquisa. A exposição dos diferentes capítulos que compõem referido projeto
(introdução; objetivos; justificativa; metodologia e bibliografia) e de seu
conteúdo têm por objetivo formular uma proposta de padronização para os
diferentes cursos.
Palavras-chaves:
metodologia, pesquisa científica, projeto de pesquisa
Abstract
This article presents to the students some formal aspects of a Research
Project. The exposition of the different chapter’s which integrate a project
(introduction, objectives, justification, method and bibliography) and its
contents is designed to formulate a standardization proposal to various
programs.
Keywords: methodology, scientific research, research project
Vale
confessar previamente para evitar falsas expectativas: este pequeno texto tem
pretensões muito modestas e objetivos meramente didáticos. Seus objetivos são
apresentar ao aluno alguns aspectos formais do Projeto de Pesquisa, ao mesmo
tempo em que são transmitidas certas informações que podem simplificar sua vida
acadêmica.
Um
Projeto de Pesquisa é composto de elementos pré-textuais, formado por capa e
sumário; elementos textuais, compostos de Introdução, Objetivos,
Justificativa e Metodologia; e elementos pós textuais, do qual
fazem parte Cronograma e Bibliografia.
A atenção
recairá, aqui, sobre os elementos textuais que compõem o projeto. Comecemos,
pois, por alguns aspectos gráficos importantes. O texto do corpo do projeto
deve ser redigido em fonte tamanho 12 e espaçamento duas linhas. A melhor fonte
para os títulos é a Arial e para o texto a fonte Times New Roman ou
similares com serifa, que facilitam a leitura de texto longos. O papel tamanho
A4 é o recomendável.
As
margens são as seguintes: esquerda, 4,0 cm; direita 2,5 cm; superior 3,5 cm;
inferior 2,5 cm. As páginas devem ser numeradas no canto superior direito,
tendo início naquelas referentes aos elementos textuais – capa e sumário não
são numerados, muito embora entrem na contagem de páginas (Garcia, 2000).
Introdução
Nem todos
os modelos de projetos de pesquisa incluem uma introdução. Muitas vezes
passa-se diretamente aos objetivos. Mas é bom não esquecer de que quem lê um
projeto lê muitos. É sempre conveniente, portanto, introduzir o tema da
pesquisa, procurando captar a atenção do leitor/avaliador para a proposta. A
redação, como nos demais capítulos, deve ser correta e bem cuidada. Uma leitura
prévia e atenta de Medeiros (1999) poderá ajudar muito na hora de escrever o
texto. Para as dúvidas mais correntes da Língua Portuguesa verificar Garcia
(2000) e Martins (1997). Dicionários também são imprescindíveis nessa hora.
Na
Introdução, é de se esperar que seja apresentado o tema de pesquisa. Escolher
um tema é, provavelmente, uma das coisas mais difíceis para um pesquisador
iniciante. Pesquisadores experientes costumam desenvolver técnicas de
documentação do trabalho científico que lhes permitem não só extrair de seus
arquivos tais temas como trabalhálos concomitantemente.
Mas um
estudante de graduação geralmente não acumulou o volume de informações
necessário para tal empreendimento. Um bom começo, portanto, é conhecer o que
outros já fizeram, visitando bibliotecas onde seja possível encontrar
monografias de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de
doutorado. Tais trabalhos podem servir como fonte de inspiração, além de
familiarizar o aluno com os aspectos formais, teóricos e metodológicos do
trabalho científico.
A primeira
regra para a escolha do tema é bastante simples: o pesquisador deve
escolher um tema do qual goste. O trabalho de pesquisa é árduo e, às vezes,
cansativo.
Sem
simpatizarmos com o tema, não conseguiremos o empenho e a dedicação
necessárias.
A segunda
regra é tão importante quanto a primeira: o pesquisador não deve tentar
abraçar o mundo. A tendência dos jovens pesquisadores é formular temas
incrivelmente amplos, geralmente resumidos em uns poucos vocábulos: A
escravidão; a Internet; A televisão; A Música Popular Brasileira; O Direito
Constitucional; Os meios de comunicação; são alguns exemplos. É preciso pensar
muito bem antes de seguir esse caminho. O pesquisador inexperiente que
enveredar por ele terá grandes chances de produzir um estudo superficial,
recheado de lugares comuns.
O tema
deve ser circunscrito tanto espacial como temporalmente. "A
escravidão", por exemplo, é um tema dos mais amplos. Escravidão na Roma
Antiga?
No Brasil
contemporâneo? No Estados Unidos à época da Guerra de Secessão? No livro A
República, de Platão? A escravidão por dívidas na Grécia Antiga? Temas
apoiados em palavras e sentido muito amplo, como "influência" e
"atualidade", também devem ser evitados. O pesquisador deve se
perguntar se o tema escolhido não permite perguntas do tipo: O quê? Onde?
Quando?
No
capítulo 2 do livro de Umberto Eco, Como se faz uma tese, é possível
encontrar uma excelente ajuda para a escolha do tema de pesquisa, ilustrada com
vários exemplos (Eco, 1999, p. 7-34).
Uma terceira
regra vale ser anunciada: o tema teve ser reconhecível e definido de tal
maneira que seja reconhecível igualmente por outros (Eco, 1999, p. 21). Ou
seja, deve ser aceito como um tema científico por uma comunidade de
pesquisadores.
Uma vez
anunciado o tema da futura pesquisa, é conveniente o pesquisador descrever qual
foi sua trajetória intelectual até chegar a ele. Como se sentiu atraído por
esse tema? Que matérias despertaram seu interesse durante a graduação? Que
autores lhe inspiraram?
Apresentado
o tema é hora seguir adiante e expor os objetivos propriamente ditos da
pesquisa.
Objetivos
Este capítulo deve começar de
forma direta, anunciando para o leitor/avaliador quais são os objetivos da
pesquisa: "O objetivo desta pesquisa é..."; "Pretende-se ao
longo da pesquisa verificar a relação existente entre..."; "Este
trabalho enfocará..."; são algumas das formas às quais é possível
recorrer.
Vários
autores desenvolvem em trabalhos de metodologia do trabalho científico e
intelectual o tema da documentação pessoa. Bons guias para tal são Severino
(2000, p. 35-46) e Salomon (1999, p. 121-143), mas a descrição realizada por
Mills (1975, p. 211-243) continua insuperável.
Se na Introdução
era apresentado o tema, no capítulo Objetivos será abordado o
problema, bem como as hipóteses que motivarão a pesquisa
científica. A pergunta chave para este capítulo é "o que se pretende
pesquisar?"
Um
problema científico tem a forma de uma questão, de uma pergunta. Mas é uma
questão de tipo especial. É uma pergunta formulada de tal maneira que orientará
a investigação científica e cuja solução representará uma ampliação de nossos
conhecimentos sobre o tema que lhe deu origem. Uma resposta provisória a este
problema científico é o que chamamos de hipótese. A pesquisa científica
deverá comprovar a adequação de nossa hipótese, comprovando se ela, de fato, é
uma solução coerente para o problema científico anteriormente formulado.
Franz
Victor Rudio apresenta, em seu livro, uma série de interrogações que podem
ajudar o jovem pesquisador a escolher o seu tema de investigação e verificar
sua viabilidade:
"a)
este problema pode realmente ser resolvido pelo processo de pesquisa
científica?
b) o
problema é suficientemente relevante a ponto de justificar que a pesquisa seja
feita (se não é tão relevante, existe, com certeza, outros problemas mais
importantes que estão esperando pesquisa par serem resolvidos)?
c)
Trata-se realmente de um problema original?
d) a
pesquisa é factível?
e) ainda
que seja ‘bom’ o problema é adequado para mim?
f)
pode-se chegar a uma conclusão valiosa?
g) tenho
a necessária competência para planejar e executar um estudo desse tipo?
h) os
dados, que a pesquisa exige, podem ser realmente obtidos?
i) há
recursos financeiros disponíveis para a realização da pesquisa?
j) terei
tempo de terminar o projeto?
l) serei
persistente?" (Rudio, 1999, p. 96).
Alguns
autores recomendam a separação dos objetivos gerais dos objetivos específicos
ou do objetivo principal dos objetivos secundários.3 Para atingir seus
objetivos mais gerais ou o objetivo principal, será necessário percorrer um
caminho de pesquisa que o levará até eles. São etapas da pesquisa que
fornecerão a base para abordar de maneira mais direta e pertinente o objetivo
principal.
Essa
separação é procedente do ponto de vista analítico. Mas os diferentes momentos
da pesquisa só se justificam na medida em que ajudarão a esclarecer o problema
principal. Não é preciso fazer essa separação em subcapítulos desde que fique
claro quais são os objetivos gerais e quais são específicos, qual é o principal
e quais os secundários.
Exemplifiquemos
esses momentos da pesquisa. Se aluno se propuser a estudar a proposta de
contrato coletivo de trabalho, por exemplo, é de bom tom, antes de discutir
suas
diferentes versões, fazer um breve histórico da legislação trabalhista
brasileira. Se, por outro lado, pretende estudar os escritos políticos de Max
Weber, inevitavelmente terá que começar por uma reconstituição do contexto
político e intelectual da Alemanha do início do século. Sem esclarecer esses
objetivos secundários ou específicos, dificilmente poderá levar a cabo sua
pesquisa de maneira aprofundada.
Justificativa
Chegou a
hora de dizer porque a universidade, o orientador ou uma instituição de
financiamento deve apostar na pesquisa proposta. Neste capítulo é justificada a
relevância do tema para a área do conhecimento científico à qual o trabalho
está vinculado. A pergunta chave deste capítulo é "por que esta
pesquisa deve ser realizada?"
Ver, por
exemplo, Lakatos e Marconi (1992).
Vários
autores, entre eles Lakatos e Marconi (1992), colocam o capítulo da
justificativa antes dos objetivos. A inversão não faz muito sentido: como
justificar o que ainda não foi apresentado? A ordem Objetivos, primeiro,
e Justificativa, depois, parece ser a melhor do ponto de vista lógico.
É nas
justificativas que o pesquisador deve apresentar o estado da arte, ou
seja o ponto no qual se encontram as pesquisas científicas sobre o tema
escolhido. O diálogo com os principais autores ou correntes interpretativas
sobre o tema deve ser levado a cabo neste capítulo.
Já que é
aqui que serão feitas o maior número de citações ou referências bibliográficas,
vamos repassar brevemente as técnicas de citação e referência. Se a citação
tiver até duas linhas, ela pode ser reproduzida em itálico, no corpo do
parágrafo.
E não
esquecer, "a citação deve ser direta e deve vir entre aspas, como todas
as citações e com indicação da fonte seja em rodapé, seja pelo sistema
autor/data."
(Henriques
e Medeiros, 1999, p. 127). Quando a citação tiver três ou mais linhas ela
deverá iniciar um novo parágrafo e estar digitada com um espaçamento entre
linhas 1,5, um espaço antes, um depois e recuo à esquerda.4 É o que ensina
Medeiros:
"No
trabalho científico, as citações com até duas linhas são incluídas no parágrafo
em que se faz referência a seu autor. Já as transcrições de três linhas ou mais
devem ser destacadas, ocupando parágrafo próprio e observando-se recuo e aspas
no início e no final da citação." (Medeiros, 1999, p. 104)
Na barra
de ferramentas do Word há o botão Aumentar Recuo, muito útil nessas
situações, outra possibilidade é criar o estilo Citação, através do menu Formatar
Estilo, com espaçamento entre linhas 1,5 e recuo esquerdo 2,5cm.
Quando
uma citação vier intercalada por outra citação, está última virá entre aspas
simples (‘ ’) Vale ainda lembrar que supressões no texto citado devem ser
assinaladas por reticências entre parênteses – (...) –; e que destaques no
texto transcrito devem ser feitos com itálico, assinalando ao final, entre
parênteses a expressão "grifos nossos"
Até aqui utilizamos a técnica
autor/data, a recomendada para as monografias e publicações da UniABC. Outra
opção é a técnica referência de rodapé. Neste caso, a indicação do autor, do
título do livro e da página vão no rodapé.6 Para isso deve ser utilizado o menu
Inserir Notas do Word e escolha Nota de rodapé e AutoNumeração.
Metodologia
Neste
capítulo o pesquisador deverá anunciar o tipo de pesquisa (formulador,
descritivo ou exploratório) que empreenderá e as ferramentas que mobilizará
para tal (Cf. Moraes, 1998, p. 8-10 ). A pergunta chave que deve ser respondida
aqui é "como será realizada a pesquisa?"
"Trata-se
de explicitar aqui se se trata de pesquisa empírica, com trabalho de campo ou
de laboratório, de pesquisa teórica ou de pesquisa histórica ou se de um
trabalho que combinará, e até que ponto, as varias formas de pesquisa.
Diretamente relacionados com o tipo de pesquisa serão os métodos e técnicas a
serem adotados." (Severino, 1996, p. 130)
O pesquisador deverá esboçar a
trajetória que seguirá ao longo de sua atividade de pesquisa. Para tanto deverá
destacar: 1) os critérios de seleção e a localização das fontes de informação;
2) os métodos e técnicas utilizados para a coleta de dados; 3) os testes
previamente realizados da técnica de coleta de dados. Ao contrário do que
geralmente se pensa, dados não são necessariamente expressos em números e processados
estatisticamente. O tipo de dados coletados durante a pesquisa depende do tipo
de estudo realizado. Eles tanto podem ser o resultado de:
- 1. pesquisa experimental;
- 2. pesquisa bibliográfica;
- 3. pesquisa documental;
- 4. entrevista;
- 5. questionários e formulários;
- 6. observação sistemática
- 7. estudo de caso
- 8. relatórios de estágio." (Pádua, 1998,
p. 132)
Para estas e outras regras de
citação ver Segismundo Spina (1984, p. 55)
Cronograma
No
cronograma o pesquisador deverá fazer um planejamento das atividades ao longo
do tempo que você dispõe para a pesquisa. Ele é uma excelente ferramenta para
controlar o tempo de trabalho e o ritmo de produção. Ao mesmo tempo, servirá
para o orientador ou a agência financiadora acompanhar o andamento da pesquisa.
Também aqui há uma pergunta chave: "quando as diferentes etapas da
pesquisa serão levadas a cabo?"
A forma
mais fácil de organizar um cronograma é sob a forma de uma tabela.
Com
algumas variações tais normas são apresentadas, entre outros, por Severino (1996,
p. 90-93) e Medeiros (1999, p. 1789-183). Embora Medeiros aconselhe a
reprodução de todos os dados da obra no rodapé, tal medida é desnecessária, uma
vez que eles se encontram na bibliografia do Projeto.
Para
esquemas de capítulo metodológico ver Barros e Lehfeld (1999, p. 36-37) e
Salomon (1999, p.222).
Para
tanto pode ser utilizado o menu Tabela do Word para inseri-la. Depois
devem ser selecionadas as células que é necessário marcar e com o comando Bordas
e Sombreamento do menu Formatar preenchê-las, conforme o exemplo
abaixo:
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1º
mês
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2º
mês
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3º
mês
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4º
mês
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5º
mês
|
6º
mês
|
Revisão bibliográfica
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Aplicação de questionários
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Processamento dos dados
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Observação no local da pesquisa
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Entrevistas
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Redação da monografia
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Bibliografia
BARROS,
Aidil de Jesus Paes de e LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de
pesquisa: propostas metodológicas. 8.ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
ECO,
Umberto. Como se faz uma tese. 15.ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
GARCIA,
Maurício. Normas para elaboração de dissertações e monografias.
(Online,26.05.2000, http://www.uniabc.br/pos_graduacao/normas.html.
HENRIQUES,
Antonio e MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de Direito.São
Paulo: Atlas, 1999.
LAKATOS,
Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico.
4.ed. São Paulo: Atlas, 1992.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Manual
de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre/Belo Horizonte:
Artmed/UFMG, 1999.
MARTINS,
Eduardo. Manual de redação e estilo de O Estado de S. Paulo. 3.ed. São
Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.
MEDEIROS,
João Bosco. Redação científica. A prática de fichamentos, resumos,
resenhas. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MILLS, C.
Wright. A imaginação sociológica. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
MORAES,
Reginaldo C. Corrêa de. Atividade de pesquisa e produção de texto. Textos
Didáticos IFCH/Unicamp, Campinas, n. 33, 1999.
PÁDUA,
Elisabete Matallo Marchesini. O trabalho monográfico como iniciação à pesquisa
científica. In: CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construindo o saber.Metodologia
científica: fundamentos e técnicas. 7.ed. Campinas: Papirus, 1998.
RUDIO,
Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 24.ed.
Petrópolis:Vozes, 1999.
SALOMON,
Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 8.ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
SEVERINO,
Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20.ed. São
Paulo:Cortez, 1996.
SPINA,
Segismundo. Normas para trabalhos de grau. São Paulo: Ática, 1984.
Fonte:Politikon
Endereço
-http://planeta.terra.com.br/educacao/politikon/artigos.htm
Monólogo
Monólogo triste
A vida persiste em aniquilar
Eu não quero cantar pra ninguém me ouvir
Desejo cuspir na cara de tudo o que é parado
Eu quero o teu retrato
Um prólogo existe
Um marco zero vai raiar
Eu só quero nadar nas ondas do porvir
Desejo soltar todos os demônios em teu corpo parco
Comece o seu relato
Eu sozinho, eu vazio, eu umbigo, eu você sem mim
Eu retalhos, eu fúnebre, eu exumado, eumorragia sem fim
Monólogo resiste
O teatro insiste em ecoar
A minha voz quer simplesmente evadir
Eu não quero ficar admirando o teu retrato
Aprecie o meu estado
Eu monólogo, eu filósofo, eu caótico, eu sofri e ri
Eu modorro, eu perdido, eu achado na ilusão de ser feliz
A vida persiste em aniquilar
Eu não quero cantar pra ninguém me ouvir
Desejo cuspir na cara de tudo o que é parado
Eu quero o teu retrato
Um prólogo existe
Um marco zero vai raiar
Eu só quero nadar nas ondas do porvir
Desejo soltar todos os demônios em teu corpo parco
Comece o seu relato
Eu sozinho, eu vazio, eu umbigo, eu você sem mim
Eu retalhos, eu fúnebre, eu exumado, eumorragia sem fim
Monólogo resiste
O teatro insiste em ecoar
A minha voz quer simplesmente evadir
Eu não quero ficar admirando o teu retrato
Aprecie o meu estado
Eu monólogo, eu filósofo, eu caótico, eu sofri e ri
Eu modorro, eu perdido, eu achado na ilusão de ser feliz
A crônica
A crônica é um gênero que tem relação com a
ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem
literária, conotativa.A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo.
A crônica pode receber diferentes classificações:
- a lírica, em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo;
- a humorística, em que o autor faz graça com o cotidiano;
- a crônica-ensaio, em que o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder;
- a filosófica, reflexão a partir de um fato ou evento;
- e jornalística, que apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos, pode ser policial, esportiva, política etc.
Recado ao Senhor 903
“Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do
1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a
carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi
depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente
reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou
inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o
senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro
tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes,
passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003
se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos
reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de
outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo
Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 –
que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu
e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários
civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e
da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante,
um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão:
ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903
precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109
que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa
vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável
quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro
dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.” |
(Rubem
Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)
Artigo de opinião
ESTAMOS
COM FOME DE AMOR!!!!
Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão" Pretensiosamente digo que
assino em baixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.
Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só isso não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!"
Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
(Arnaldo Jabor)
Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão" Pretensiosamente digo que
assino em baixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.
Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só isso não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!"
Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
(Arnaldo Jabor)
Crítica de filme
ESPECIAL
"GANDHI"
por Ademir Pascale - Crítico de Cinema e Editor do Portal Cranik - ademir@cranik.com
por Ademir Pascale - Crítico de Cinema e Editor do Portal Cranik - ademir@cranik.com
"A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos
amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é
difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não
são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo.
Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de
realizar, se assim queremos.”
Mohandas K. Gandhi 1869-1948
Mohandas K. Gandhi 1869-1948
GANDHI - Neste "Cine Cranik Especial", falarei um
pouco sobre a trajetória do grande líder espiritual da Índia "Mohandas K.
Gandhi" e do filme dirigido por Richard Attenborough, intitulado
"Gandhi".
Quem nunca viu uma foto do grande "Gandhi", também conhecido como Mahatma (Grande Alma), com certeza imaginaria um homem robusto, forte como um grande guerreiro medieval, mas, estaríamos completamente enganados, pois como "quase todos os líderes espirituais", os grandes mestres iluminados possuíram uma aparência frágil. Apesar de ter sido um grande andarilho, Gandhi aparentava uma pessoa frágil, mas com uma luz intensa e poderosa que irradiava como um pequeno sol e iluminava todos que estavam ao seu redor, ou mesmo aqueles que nem próximos estavam, tendo apenas notícias dos seus grandes feitos, assim como os grandes profetas e líderes espirituais que passaram por este planeta - com certeza, Mohandas K. Gandhi, será lembrado por centenas, ou quem sabe, milhares de anos e, saber que existiu tão grande pessoa em uma época tão próxima da nossa, é muito gratificante.
Quem nunca viu uma foto do grande "Gandhi", também conhecido como Mahatma (Grande Alma), com certeza imaginaria um homem robusto, forte como um grande guerreiro medieval, mas, estaríamos completamente enganados, pois como "quase todos os líderes espirituais", os grandes mestres iluminados possuíram uma aparência frágil. Apesar de ter sido um grande andarilho, Gandhi aparentava uma pessoa frágil, mas com uma luz intensa e poderosa que irradiava como um pequeno sol e iluminava todos que estavam ao seu redor, ou mesmo aqueles que nem próximos estavam, tendo apenas notícias dos seus grandes feitos, assim como os grandes profetas e líderes espirituais que passaram por este planeta - com certeza, Mohandas K. Gandhi, será lembrado por centenas, ou quem sabe, milhares de anos e, saber que existiu tão grande pessoa em uma época tão próxima da nossa, é muito gratificante.
Pregador
da não-violência, Gandhi pregou uma lenta revolução pacifista em seu país,
tentando libertar a Índia dos britânicos que governavam a Índia - Gandhi queria
que seu país fosse livre, que o povo não fosse tratado como escravo e que todos
tivessem direitos iguais, independente do sexo, raça ou religião - Gandhi
seguia a mesma ideologia dos grandes profetas: Sidartha Gautama "O
Buda" e Jesus Cristo, pois as religiões que separam seus fiéis de outros
que não seguem suas próprias ideologias, jamais poderá pregar a paz universal,
pois não existe "aquela" religião que seja "a certa" -
todos somos iguais e todos temos os mesmos direitos, ideologias diferentes
existem, mas todos somos irmãos - qual pai daria preferência e melhores
benefícios para apenas um de seus filhos, se todos vieram de um mesmo
lugar, todos são irmãos e todos possuem o mesmo sangue? - os seres humanos são
como uma grande família, todos possuímos um laço invisível de consangüinidade,
irrevogavelmente impossível de ser rompido - os grandes cientistas comprovam
que todos somos "parentes" e, segundo os grandes profetas e líderes
espirituais, principalmente Jesus Cristo, todos somos irmãos, então por que
existiria diferenças ou melhor qualidade de vida para alguns, se todos somos
filhos do mesmo pai? - "Reflexão" ... ... ... ... ... ... ... ...
...
O filme de Richard
Attenborough, distribuído pela Columbia Pictures, retrata a vida de Gandhi
desde a sua juventude, quando ainda era apenas um advogado - isso mesmo, Gandhi
era formado em advocacia, conhecia bem os direitos e seguiu a ideologia dos
direitos iguais - direitos que todos nós merecemos. O filme tem duração de
deliciosos 188 minutos com belas passagens da vida de Gandhi em uma bela
fotografia para um filme produzido no ano de 1982. A maquiagem usada pelo
protagonista Ben Kingsley foi excelente, apesar de já possuir um traço
semelhante ao de Mohandas K. Gandhi. Os personagens que cercavam o protagonista
também são bem parecidos com os que cercavam Gandhi na vida real, provando uma
minuciosa pesquisa da equipe de produção do diretor Richard Attenborough.
Interessado em saber mais sobre a vida de "Gandhi", li o interessante livro "Tentativas, Atentados e Assassinatos que Estremeceram o Mundo - Stephens J. Spignesi. Editora M.Books". Na página 73, poderemos saber dos detalhes do assassinato em 1948 do grande líder que, aos 78 anos, perde a vida nas mãos do assassino Nathuram Vinayak Godse, um nacionalista hindu de 37 anos. (Data e Momento do Atentado: Sexta-feira, 30 de Janeiro de 1948, às 17hs 15). Gandhi foi atingido por três tiros e desfaleceu 25 minutos depois - o assassino não fugiu, foi preso imediatamente e enforcado em 15 de Novembro de 1948. Gopal, o irmão do assassino, foi preso e sentenciado à prisão perpétua, mas recebeu liberdade condicional após cumprir 18 anos da sentença - Gopal vive hoje em uma cidade da Índia.
Interessado em saber mais sobre a vida de "Gandhi", li o interessante livro "Tentativas, Atentados e Assassinatos que Estremeceram o Mundo - Stephens J. Spignesi. Editora M.Books". Na página 73, poderemos saber dos detalhes do assassinato em 1948 do grande líder que, aos 78 anos, perde a vida nas mãos do assassino Nathuram Vinayak Godse, um nacionalista hindu de 37 anos. (Data e Momento do Atentado: Sexta-feira, 30 de Janeiro de 1948, às 17hs 15). Gandhi foi atingido por três tiros e desfaleceu 25 minutos depois - o assassino não fugiu, foi preso imediatamente e enforcado em 15 de Novembro de 1948. Gopal, o irmão do assassino, foi preso e sentenciado à prisão perpétua, mas recebeu liberdade condicional após cumprir 18 anos da sentença - Gopal vive hoje em uma cidade da Índia.
A frase dita pelo grande líder
espiritual "Gandhi", tornou-se realidade:
"Não desejo morrer pela paralisia progressiva das
minhas faculdades como um homem vencido. A bala de um assassino poderia por fim
a minha vida. Acolhê-la-ia com alegria”
Mohandas K. Gandhi 1869-1948
Mohandas K. Gandhi 1869-1948
Mohandas
K. Gandhi foi preso injustamente por várias e várias vezes. Agredido
verbalmente desde a sua juventude e assassinado aos 78 anos com três tiros por
um louco - um homem que produzia a própria roupa, que não possuía bens
materiais e que simplesmente pregava a paz e defendia o seu humilde povo. A
minha pergunta é: Por que os grandes pacifistas são sempre cruelmente
torturados e ao final, humilhados e mortos? A história modificou
poucas cabeças, outros pacifistas, outros profetas virão, será que a história
sempre se repetirá?
Crítica de livro
Como e por que Ler
os Clássicos Universais Desde Cedo, de Ana Maria Machado
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 145 pp.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 145 pp.
Estou convencido de que um
incontável número de pessoas (entre as quais me incluo) apreciam livros porque
tiveram avós, mães, tias, professoras que, desde cedo, lhes contavam estórias
ou liam o que estava escrito sob lindas figuras em livros ciosamente guardados.
É provável que um número similar de pessoas não voltou a pegar em livros, pelas
mesmas razões...
Conclusões desse gênero fazem parte de uma
espécie de "filosofia da leitura" que leitores compulsivos acabam
formulando em algum momento de suas vidas. Ana Maria Machado desenvolve uma tal
filosofia neste seu "Porque ler os clássicos", obra que apreciadores
das conquistas de Gutenberg não podem ignorar. Ana Maria dispensa apresentações e elogios. Basta lembrar que escreveu mais de uma centena de livros e recebeu (em 2000) a medalha "Hans Christian Andersen", espécie de "Nobel" da literatura infantil. Neste seu recente livro, discorre a respeito de nosso encontro com a letra de forma. Seu desejo é mostrar como proceder a fim de que os jovens descubram, no livro, um cúmplice para o prazer. Suas observações merecem comentários — que prometem ser mais longos do que os encontrados em resenhas usuais. Meu leitor me perdoará, estou certo.
Em linguagem simples, Ana Maria fala de sua vida de "devoradora" de livros, de personagens inesquecíveis e de narrativas a que sempre retorna. A hoje muito repetida indagação a respeito do lugar do livro no mundo computadorizado, encontra, aqui, uma resposta satisfatória e convincente.
No capítulo inicial, registra, com propriedade, vários pontos importantes. Evitando repetir suas palavras, ela diz: 1) ninguém deve ser obrigado a ler; ler é um direito, não um dever; 2) forçar alguém a ler é modo infalível de gerar horror ao livro; 3) clássico é um livro eterno — o que não sai de moda; 4) o primeiro contato com um clássico pode ser feito usando adaptações bem feitas. (Entre essas adaptações incluir, por exemplo, desenhos de Walt Disney e, para nós, afortunados, que entendemos o português, as obras de Monteiro Lobato.)
Ana Maria lembra quão notáveis resíduos existem, nos dias atuais, das aventuras contadas por Homero (Ilíada; Odisséia), ou por Sófocles, Eurípedes e Ésquilo. Nota que as Sagradas Escrituras contêm estórias facilmente usadas para atrair a atenção dos jovens. Entre elas, a da arca de Noé, da torre de Babel, da vida de Moisés no Egito, da luta de David e Golias, de Sansão e Dalila, de Jonas e a baleia, dos reis magos...
A autora fala, com graça, das proezas dos cavaleiros da Idade Média. Sublinha que o cinema contribuiu (e muito) para difundir, de modo atraente, várias dessas proezas. Quem ignora o Rei Artur, a távola redonda, Sir Lancelot ou Tristão e sua bela Isolda? Quem não ouviu falar de Carlos Magno, da Canção de Rolando, de El Cid, de Robin Hood, de Ricardo Coração de Leão? E, mais recentemente, quem deixou de ouvir falar em Tolkien (O Senhor dos Anéis, As Brumas de Avalon) ou de Harry Potter? Nesse contexto, qual a pessoa medianamente instruída que ignora Quixote e Sancho?
Depois, Ana Maria refere-se aos livros de viagens: Marco Pólo e as aventuras de Gulliver. Fala de obras orientais: As Mil e uma Noites; A Epopéia de Gildamesh — uma das obras mais antigas que se conhecem, contemporânea do Antigo Testamento e de que há adaptações ao alcance do mercado editorial português e brasileiro. Lembra o teatro de Shakespeare com figuras inesquecíveis: Hamlet; Romeu e Julieta; Otelo; Henry VIII. Não esquece nosso Camões, sublinhando que o difícil texto de Os Lusíadas pode ser primeiramente enfrentado em adaptações — de que há muitas e bem feitas.
Na p. 60, Ana Maria comete erro que já vi repetido várias vezes. Ela fala do "filósofo inglês Thomas Moore", também "conhecido por seu nome latino, Tomas Morus". Na verdade, Sir Thomas More (um "o" apenas), e George Moore são pessoas distintas. Thomas More (1478-1535) é o autor de Utopia, escrito em 1516, que a autora considera. George Edward Moore (1873-1958) também é filósofo de méritos. Seus Philosophical Studies (1903) foram objeto de atenção na primeira metade do século XX. (Para complicar, ainda temos Henry More, Charles Moore e Stanley Moore.)
O cap. 7 (Encantos para sempre) trata dos contos de fadas. A autora registra, com razão, que esses contos são vítimas de dois sérios preconceitos. De um lado, os críticos e a academia não os prestigiam, encarando-os como histórias infantis e, por isso, pouco importantes. De outro lado, inversamente, por serem vistos como trabalhos destituídos de nobreza literária, diz-se que podem ser dados às crianças. Errado, no entender de Ana Maria. Contos de fadas não foram escritos para as crianças. Sua universalidade e permanência atestam sua qualidade. Ana Maria lembra que uma versão da Cinderela era conhecida no Egito antigo e que o pequenino pé deve associar-se a antigos hábitos chineses.
O cap. 8 volta-se para as "estórias marítimas". Muito apropriadamente, a autora afirma que A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, brincando com os medos das crianças — tal como "joga" com os medos dos adultos, em O Médico e o Monstro (1886) — é "uma reação ao pessimismo e ao desânimo, um ato de confiança na potencialidade juvenil". Por isso, é livro que "fica para sempre"... Nessa linha, não olvidar Melville (Moby Dick), Defoe (A Família Robinson), Jack London (O Lobo do Mar)...
A seguir, temos um curioso capítulo voltado para os romances capa-e-espada, a selva e os enigmas. Poucos deixarão de conhecer Dumas (Os Três Mosqueteiros), seja em livro, seja em cinema, seja em teatro, ou H. Rider Haggard, com seu famoso As Minas do Rei Salomão. (Vale a pena registrar que Eça de Queirós traduziu esse livro, dando-lhe especiais qualidades literárias para leitores que conhecem nosso idioma.) Ao lado de Dumas e Haggard, estão autores de aventuras inolvidáveis como Fenimore Cooper (O Último dos Moicanos), Edgar Rice Burroughs (Tarzan) e Rudyard Kipling (O Livro da Selva — com Mogli, o menino-lobo), assim como Edgar Alan Poe e Conan Doyle, com os romances de mistério. Acerca de Poe, Ana diz que "preparou o público para a revolução moderna, criando novo modo de ler ficção, desconfiando do que o autor nos diz". Ana elogia Michel Zevaco, autor de Os Pardaillans, livro há muito esgotado, merecedor de reedição.
Não posso prolongar meus comentários. Registro apenas que "Clásicos universais" devota o cap. 10 a livros que se detêm no quotidiano. Aí estão Mark Twain, Faulkner, Hemigway, Dickens, as irmãs Bronte, Eleanor Porter (Poliana) e Salinger — que Ana muito elogia. E dedica o cap. 11 aos clássicos infantis, onde são lembradas as obras de Lewis Carroll (Alice), K. Grahame, B. Pottter e A. Milne (Winnie the Poo), Collodi (Pinochio), James Barrie (Peter Pan) e nosso mui querido Lobato (de Emília, Dona Benta, Visconde de Sabugosa...).
Ana Maria conta que recebeu Reinações de Narizinho quando estava com cinco anos e nunca deixou de deliciar-se com o mundo criado por Lobato. As crianças de hoje, porém, não ingressam nesse mundo com naturalidade. As dificuldades não estão no vocabulário, nem na sintaxe. Estão nas alusões a um universo cultural que os jovens da atualidade não conhecem. Só se consegue levar as crianças ao Sítio do Picapau Amarelo contando-lhes quem eram Carochinha e Pequeno Polegar.
Enfrentando esse problema, toma-se consciência do risco que se corre: "em pouco tempo poderemos ter o pesadelo de gerações que não entendam a literatura hodierna porque não conhecem os clássicos que a precederam." Em verdade, a literatura se constrói sobre um diálogo com obras anteriores; nasce de contato que cada autor mantém com livros lidos. Um livro leva a outro, uma descoberta provoca releituras. Ora ficamos presos a um único texto, ora lemos vários livros (que se contaminam), ora passamos um tempo longe dos livros, "ruminando" o que ficou em nossa memória...
De acordo com Ana Maria Machado, a vitalidade e permanência dos grandes livros dependeria menos de suas qualidades do que do potencial de leituras que permitem. A par disso, diz ela, há a questão do "como ler". É indispensável ler criticamente, ou seja, ler sem adotar atitude reverente, mas sem discordar de tudo. Também é conveniente ler de maneira contextualizada, isto é, "vivendo" a época, não pretendendo encontrar atitudes contemporâneas em acontecimentos passados. Como é oportuno deixar de lado atos utilitários e abandonar idéias de transformar os livros em ferramentas de ativismo.
Ler bem, sublinha Ana Maria, "é ficar mais tolerante e mais humilde, aceitar a diversidade, dispor-se a tolerar a divergência". Não deixe de ler Ana Maria Machado.
Instituto Brasileiro de Filosofia
Crônica Argumentativa
Desta forma, visando aprimorar nossos conhecimentos sobre o
referido assunto, analisaremos alguns fragmentos da crônica intitulada Pré-Sal,
de Antônio
Prata:
Dizem que otimista é o cara que vê o copo meio cheio, enquanto pessimista é quem o enxerga meio vazio. A imagem é batida, mas vem a calhar, pois não é outro o tema desta crônica senão a água. Muita água. Trilhões de litros de H2O, que serão acrescidos aos oceanos nas próximas décadas, quando as calotas polares derreterem.
Os pessimistas, claro, só conseguem ver o lado ruim da mudança climática: a morte de milhões de pinguins, focas, leões marinhos, ursos polares e a extinção de algumas espécies desconhecidas; o alagamento de certas cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Nova York, Xangai, Veneza, Barcelona e a perda de boa parte do patrimônio histórico e cultural da humanidade; o aumento de catástrofes naturais como tufões, furacões, dilúvios, enchentes e a desgraça humana decorrente desses aguaceiros. OK. O Rio é legal. As focas e a Piazza San Marco, também. Mas focar-se (sem trocadilho) apenas nos aspectos negativos da lambança climática impede-nos de perceber outros acontecimentos maravilhosos que se avizinham. Praia em São Paulo, por exemplo.
Claro que a tese ainda não é um consenso entre a comunidade científica. Alguns estudiosos, desses que só conseguem ver a parte vazia do copo, afirmam que, por mais que a gente queime todo o petróleo existente, o aumento do nível dos oceanos será apenas de alguns metros. Cientistas de ânimo mais solar, contudo, garantem que o que conhecemos como polo norte é, literalmente, apenas a ponta do iceberg e, se tudo der certo, antes de 2020, vai ter prédio na Berrini com vista pro mar.
Quanta coisa boa há de acontecer! Já pensou que belo cartão postal, a ponte estaiada com praia ao fundo? E seus filhos colhendo mexilhões nos pés do Borba Gato? Consigo ver, facilmente, a 23 de Maio tomada por ambulantes, vendendo óleo bronzeador, canga, Shhhhkol e Biscoito Globo. O Morumbi, com as casonas nas colinas, debruçadas sobre o mar, será a Beverly Hills paulistana. E nossos restaurantes, já tão afamados, o que não farão com peixes fresquinhos e frutos do mar, trazidos diretamente pela comunidade caiçara de Santo Amaro? O lago do Ibirapuera não teve sempre a vocação para ser a nossa Rodrigo de Freitas? E qual o sonho da Vila Nova Conceição, senão tornar-se a Barra da Tijuca?
Cruzemos os dedos, meus queridos paulistanos, pois muito em breve, quando as margens plácidas do Ipiranga ouvirem um estrondo, não será o brado retumbante de um povo heroico, mas o som das ondas quebrando na Avenida do Estado. E, nesse instante, o sol da liberdade, com seus raios fúlgidos, dourará os corpos estirados à beira mar. E ainda tem gente preocupada com o futuro. Tsc tsc...
Dizem que otimista é o cara que vê o copo meio cheio, enquanto pessimista é quem o enxerga meio vazio. A imagem é batida, mas vem a calhar, pois não é outro o tema desta crônica senão a água. Muita água. Trilhões de litros de H2O, que serão acrescidos aos oceanos nas próximas décadas, quando as calotas polares derreterem.
Os pessimistas, claro, só conseguem ver o lado ruim da mudança climática: a morte de milhões de pinguins, focas, leões marinhos, ursos polares e a extinção de algumas espécies desconhecidas; o alagamento de certas cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Nova York, Xangai, Veneza, Barcelona e a perda de boa parte do patrimônio histórico e cultural da humanidade; o aumento de catástrofes naturais como tufões, furacões, dilúvios, enchentes e a desgraça humana decorrente desses aguaceiros. OK. O Rio é legal. As focas e a Piazza San Marco, também. Mas focar-se (sem trocadilho) apenas nos aspectos negativos da lambança climática impede-nos de perceber outros acontecimentos maravilhosos que se avizinham. Praia em São Paulo, por exemplo.
Claro que a tese ainda não é um consenso entre a comunidade científica. Alguns estudiosos, desses que só conseguem ver a parte vazia do copo, afirmam que, por mais que a gente queime todo o petróleo existente, o aumento do nível dos oceanos será apenas de alguns metros. Cientistas de ânimo mais solar, contudo, garantem que o que conhecemos como polo norte é, literalmente, apenas a ponta do iceberg e, se tudo der certo, antes de 2020, vai ter prédio na Berrini com vista pro mar.
Quanta coisa boa há de acontecer! Já pensou que belo cartão postal, a ponte estaiada com praia ao fundo? E seus filhos colhendo mexilhões nos pés do Borba Gato? Consigo ver, facilmente, a 23 de Maio tomada por ambulantes, vendendo óleo bronzeador, canga, Shhhhkol e Biscoito Globo. O Morumbi, com as casonas nas colinas, debruçadas sobre o mar, será a Beverly Hills paulistana. E nossos restaurantes, já tão afamados, o que não farão com peixes fresquinhos e frutos do mar, trazidos diretamente pela comunidade caiçara de Santo Amaro? O lago do Ibirapuera não teve sempre a vocação para ser a nossa Rodrigo de Freitas? E qual o sonho da Vila Nova Conceição, senão tornar-se a Barra da Tijuca?
Cruzemos os dedos, meus queridos paulistanos, pois muito em breve, quando as margens plácidas do Ipiranga ouvirem um estrondo, não será o brado retumbante de um povo heroico, mas o som das ondas quebrando na Avenida do Estado. E, nesse instante, o sol da liberdade, com seus raios fúlgidos, dourará os corpos estirados à beira mar. E ainda tem gente preocupada com o futuro. Tsc tsc...
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