TEXTO
Sermão vigésimo sétimo
Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores
rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os
escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos
carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos
adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando para o
açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as
mãos atadas atrás como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da extrema
miséria.
(VIEIRA,
Pe. Antônio. Sermão vigésimo sétimo. In: AMORA, Antônio Soares, org. Sermões, 2
ed. São Paulo, Cultrix, 1981, p. 58.)
1.
No texto,
verificam-se os seguintes traços do barroco:
I. a presença
de um grande número de antíteses.
II. a
predominância dos aspectos denotativos da linguagem.
III.
a utilização do recurso da hipérbole para melhor traduzir o sofrimento dos
escravos.
IV.
o envolvimento político do jesuíta.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a)I e
II. b)III e
IV. c)II e
III.
d)I e
IV. e)I e III.
Leia o poema barroco e responda as questões
propostas:
A
Cristo Senhor Nosso crucificado,
estando
o poeta na última hora da sua vida
Gregório
de Mattos.
Meu Deus, que estais pendente (pendurado) em um madeiro (cruz),
Em cuja
lei protesto viver,
Em cuja
santa lei hei de morrer
Animoso
(cheio de ânimo), constante, firme, e inteiro.
Neste
lance, por ser o derradeiro,
Pois
vejo a minha vida anoitecer,
É, meu
Jesus, a hora de se ver
A
brandura de um Pai manso Cordeiro.
Mui (muito) grande é vosso amor, e meu delito (pecado),
Porém
pode ter fim todo o pecar,
E não o
vosso amor, que é infinito.
Esta
razão me obriga a confiar,
Que por
mais que pequei, neste conflito
Espero
em vosso amor de me salvar.
2. Por
que o poeta se mostra confiante em obter o perdão divino?
a) Porque o amor de Deus
é grande e o nosso delito também, mas o delito tem fim e o amor de Deus não.
b) Porque o amor de Deus
é grande e o nosso delito é pequeno também, mas o delito tem fim e o amor de
Deus não.
c) ) Porque o amor do
homem é grande e o nosso delito é pequeno também, mas o delito tem fim e o amor
de Deus não.
d) Porque o amor de Deus
é pequeno e o nosso delito é pequeno também, mas o delito tem fim e o amor de
Deus não.
3. Que diferença o poeta
mostra entre o pecado humano e o amor divino?
a) Porque o amor de Deus
é infinito, mas o delito finito.
b) Porque o amor de Deus
é finito, mas o delito infinito.
c) Porque o amor de Deus
não é finito aos assassinos, mas o delito infinito.
d) Porque o amor de Deus
é finito, mas o delito não é finito para os criminosos.
4. Quais as características do Barroco presente
nesse texto:
a) Cultismo e
conceptismo.
b) Religiosidade
e Uso de contraste (antítese).
c) Uso de
pseudônimos.
d) Todas
as respostas.
5. Assinale a
opção incorreta sobre o poema
a) Trata –
se de um soneto.
b) Os
versos 1 e 2 possuem número diferente de sílabas métricas.
c) Há
quatro estrofes com dois quartetos e dois tercetos.
d) A
metrificação do poema é composta de versos decassílabos.
6. Assinale a
afirmação falsa sobre o poema
a) O poeta
afirma seguir os preceitos da religiosidade cristã (v. 2 e 3).
b) Ante a
brevidade da existência, o poeta expressa o arrependimento de ter ofendido a
Deus (v.6)
c) O poeta
demonstra a crença no amor infinito de Cristo (v. 9)
d) O
pecado do poeta pode ter um fim.
e) No
poema há um raciocínio lógico – dedutivo que culmina com a certeza do perdão.
Leia o texto do Arcadismo abaixo e responda
Súplica por uma árvore.
Cecília
Meireles.
Um dia, um professor
comovido falava-me de árvores. Se avô conhecera Andersen, esse pequeno deus que
encantou para sempre a infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas
historias. Mas, além de conhecer Andersen, o avô desse comovido professor
legara a seus descendentes uma recordação extremamente terna: ao sentir que se
aproximava o fim de sua vida, pediu que o transportassem aos lugares amados,
onde brincara em menino, para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo
– mundo de sonho, pureza, poesia – povoado de crianças, ramos, flores,
pássaros... O professor comovido transportava-se a esse tempo de ternura,
pensava nesse avô tão sensível, e continuava a participar, com ele, dessa
cordialidade geral, desse agradecido amor à Natureza que, em silêncio, nos
rodeia com a sua proteção, mesmo obscura e enigmática.
Lembrei-me de tudo isso ao contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco
há quinze dias se encontra ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado.
Segundo os técnicos, se não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em
breve: pois a pancada que a atingiu afetou-a na profundidade de sua vida.
Meireles, Cecília. Suplica por uma árvore. In:
O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980, p. 63.
7. Embora fique melhor
onde está, pois atrai o leitor, o primeiro parágrafo poderia vir depois do
segundo, se obedecesse à lógica dos acontecimentos. Por que?
8. O que a paisagem campestre representa para o
cronista?
9. Que objeto urbano contribui, no segundo
parágrafo, para o contraste entre o campo e a cidade?
10. Que semelhanças há entre o avô, o professor e a
cronista?
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