Leia o texto abaixo e responda
o que se pede:
Se não me falha a memória
Rubem
Alves
Memória boa tinha aquele velho. Correu
os olhos pelo cartório onde eu era escrivão e veio direto à minha mesa:
- Sr. Escrivão, meus respeitos - fez
um salamaleque (tratamento cortês exagerado): - Queria que o senhor me desse
informações sobre um inventário.
- Às suas ordens - e retribuí o
comprimento: - Inventário de quem?
- Já lhe digo o nome do falecido.
Minha memória ainda é das melhores – apesar de ter sofrido uma comoção cerebral
há poucos dias, ainda não estou inteiramente bom. Espera aí, deixa eu ver... Sou advogado há mais de quarenta anos,
não esqueço o nome de um constituinte, vivo ou morto. Hoje em dia... Benvindo!
- Como?
O nome do falecido era Benvindo. Isto!
Benvindo Lopes. Marido da minha cozinheira. Faleceu há pouco tempo. Ela já não
está boa da cabeça e se eu não me lembrar o nome do marido dela, quem é que
haveria de lembrar? Levindo Lopes.
- O senhor disse Benvindo.
- Eu disse Benvindo? Veja o senhor!
- É Levindo ou Benvindo?
Ele ficou pensativo um instante:
- Benvindo seja – respondeu afinal,
muito sério.
Depois de verificar no fichário,
expliquei-lhe que deveria trazer uma petição. O velho agradeceu e saiu,
assegurando-me que sim, não esqueceria. Nem dez minutos haviam decorrido e
tornou a surgir na porta:
- Sr. Escrivão, já que o senhor ainda
há pouco foi tão amável, e sem querer abusar, posso lhe pedir uma informação? É
sobre um inventário, esqueci de lhe dizer.
Minha memória é muito boa, mas sofri
há dias uma comoção cerebral...
- O senhor me disse – sorri-lhe,
solícito: - Qual é o inventário, desta vez?
- Inventário de... de... Não vê o
senhor? A minha cozinheira... O marido dela...
- Benvindo Lopes?
- Isso! Benvindo Lopes. Como é que o
senhor sabe?
- O senhor já me tinha dito.
- Mas sim senhor! Vejo que também tem
boa memória.
Tornei a explicar-lhe a mesma coisa,
isto é, que deveria trazer uma petição. Não esquecesse.
- Não, não me esqueço.
Agradeceu e se afastou. Deteve-se a
meio caminho da porta.
- Veja o senhor! Já ia me esquecendo é
do motivo principal que me trouxe aqui: a minha cozinheira, que está mais velha
do que eu, perdeu o marido há pouco tempo e estou cuidando do inventário
dele...
- Sabe o nome do falecido? - perguntei,
sem me alterar.
- Como não? Minha memória ainda
funciona, para nomes então, principalmente. Ora, pois. É Levindo não sei o
quê...
- Não será Benvindo?
- Isso! Benvindo... Benvindo Lopes, se
não me engano.
- Este nome não me é estranho –
limitei-me a murmurar.
01) É correto afirmar que o texto é:
A) Um texto dissertativo em que ideias pessoais foram
expressas.
B) Narrativo, onde há acontecimento e personagens.
C) Relato a respeito de um fato verídico presenciado pelo
autor.
D) Poético onde existe um alto grau de sentimento
presente.
E) Argumentativo, em que várias opiniões são debatidas.
02) O título do texto possui,
sequencialmente, ideias de:
A) Afirmação e dúvida. D) Dúvida
e negação.
B) Afirmação e negação. E) Condição e negação.
C) Negação e dúvida.
03) Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que
aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente.
Quando é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos
que foi empregada conotativamente. Este
recurso é muito explorado na Literatura. A linguagem conotativa não é
exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios
publicitários, conversas do dia a dia, etc.
(Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/denotacao-conotacao.htm>.
Acesso em: 18/02/2012).
De acordo com o contexto, o vocábulo “salamaleque”,
no 2º parágrafo denota:
A) Saudação. B) Agrado. C) Alerta. D) Aviso. E) Correção.
04) Durante o texto, várias vezes
empregou-se as reticências com o objetivo de:
A) Desmerecer o escrivão. D) Dificultar o
entendimento do texto.
B) Desmerecer o velho. E) Caracterizar os
esquecimentos do personagem.
C) Criar um suspense.
05) A reação do escrivão diante da
situação exposta no texto demonstra:
A) A fragilidade do ser humano.
B) A incompetência do escrivão.
C) O cansaço do escrivão.
D) A paciência do escrivão.
E) A perspicácia (capacidade
de perceber claramente complexidades e sutilezas, sagacidade.) do
escrivão.
06) Após ler todo o texto, é possível
afirmar em relação ao trecho: “Memória boa tinha aquele velho”, que está sendo
demonstrado(a):
A) Uma comparação entre dois seres.
B) O emprego de uma palavra por outra, baseando-se numa
relação constante entre as duas.
C) O uso de ideias de sentido contrário.
D) O uso de expressões suaves no lugar de expressões
rudes.
E) Uma ironização,
dizendo o contrário do que é realmente.
(UFES) Na
peça teatral Morte e vida Severina, escrita em versos, João Cabral de Melo
Neto, o autor, escreveu:
"Quem sabe se nesta terra
não plantarei minha sina?
Não tenho medo da terra
cavei pedra toda a vida
e para quem lutou a braço
contra a piçarra da caatinga
fácil será amansar
esta aqui, tão feminina"
Quanto ao gênero literário, é correto afirmar sobre o fragmento do texto lido:
a. É dramático, com uma linguagem fortemente poética.
b. Não há lirismo, pois é feito para ser representado.
c. É mais épico que lírico ou dramático.
d. É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza da linguagem.
e. É narrativo, pelo cunho regionalista e social.
"Quem sabe se nesta terra
não plantarei minha sina?
Não tenho medo da terra
cavei pedra toda a vida
e para quem lutou a braço
contra a piçarra da caatinga
fácil será amansar
esta aqui, tão feminina"
Quanto ao gênero literário, é correto afirmar sobre o fragmento do texto lido:
a. É dramático, com uma linguagem fortemente poética.
b. Não há lirismo, pois é feito para ser representado.
c. É mais épico que lírico ou dramático.
d. É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza da linguagem.
e. É narrativo, pelo cunho regionalista e social.
[...] Senti que Erínia estava por perto quando cheguei ao
centro comercial de Paraty. Embora fosse maio, a chuva caía sem parar; as
pedras lisas impediam que os turistas se aventurassem pelas ruas; além do mais
faltava luz em s parte e as sereias dos barcos soavam desoladas ao longo da
costa. Eu [...] caminhava em direção ao mar; surpreendido pelo nevoeiro percebi
que não chegaria à praia; tanto que depois de andar mais de uma hora estava no
ponto de partida. Foi nesse lance que desviei o olhar para o beco: parecia um
jardim suspenso. Os tufos de flores despencavam pelos muros e janelas; [...] as
casas [...] estavam fechadas por causa do mau tempo. Atraído pelo silêncio
entrei no beco como quem sobe num navio iluminado. O perfume das plantas era
muito mais forte do que eu imaginava- em poucos segundos sentei-me intoxicado
no chão. Creio que só neste instante Erínia apareceu de corpo inteiro diante de
mim: a túnica branca escondia as sandálias de couro e uma luz de vinho vazava
dos seus olhos. Movido pela surpresa eu lhe disse alguma coisa amável; não tive
resposta. Lembro-me apenas de que ela avançou pisando nas poças e enterrou o
punhal no meu pescoço. [...]
Modesto Corone.
Modesto Corone.
Quanto ao
gênero literário, é correto afirmar sobre o fragmento do texto lido:
a. É dramático, com uma linguagem fortemente poética.
b. Não há lirismo, pois é feito para ser representado.
c. É mais épico que lírico ou dramático.
d. É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza da linguagem.
e. É narrativo, pela forma de descrição do local e das personagens.
a. É dramático, com uma linguagem fortemente poética.
b. Não há lirismo, pois é feito para ser representado.
c. É mais épico que lírico ou dramático.
d. É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza da linguagem.
e. É narrativo, pela forma de descrição do local e das personagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário