Leia o texto abaixo
Cena 13
Sala de aula. Isabel, Rosana, professor de Português e alunos.
Outra vez o movimento de estudantes entrando em classe. Rosana encontra Isabel
e está aflita.
Rosana - Isabel! Onde você andou? Procurei por você o recreio
inteiro! Seu rosto está vermelho... O que houve?
Isabel - Nada... acho que estou resfriada, Rosana. Na saída, eu
vou com você até o ponto de ônibus. Tenho uma coisa pra te contar que vai
deixar você muito feliz.
Rosana - E eu também, Isabel, eu também tenho uma coisa linda
pra te contar!
Isabel - Agora fique quieta que a aula é de Português.
Ouvi dizer que esse professor é terrível!
Rosana - Para você ele deve ser fichinha, Isabel. Você é a
recordista de notas dez em redação!
Entra o professor de Português. Os alunos calam-se. O professor
tem um ar muito severo. Não é de brincadeiras, ao contrário da professora de
Física.
Professor - Muito bem, jovens, vamos nos apresentar. Eu sou o
seu professor de Português. Como eu sou, vocês logo vão ficar sabendo. Comigo
basta pensar. Basta trabalhar, e muito. Se vocês forem assim, vamos nos dar
muito bem. Mas hoje eu quero conhecer vocês. Para isso, vamos fazer uma
redação. Pelo texto de vocês, vou poder separar quem sabe pensar daqueles que
ainda estão na escala mais baixa da evolução. Vamos lá. Papel e lápis na mão.
Uma redação de aquecimento. Tema livre. Podem soltar-se e mostrar o que existe
dentro da cabeça de cada um. Eu só aviso que, para mim, um erro de concordância
é o mesmo que empurrar escada abaixo a cadeira de rodas de uma velhinha. Com a
velhinha em cima!
Rosana fica apavorada, pois é péssima aluna de Português e
redige mal. Isabel nota seu desespero. Faz um sinal de calma para a amiga e
põe-se a redigir furiosamente. Logo, passa disfarçadamente a folha escrita para
Rosana.
Isabel - Pegue. Copie com sua letra.
A partir deste momento, como na aula de Física, todos os atores
ficam imóveis e Isabel fala seus pensamentos. Só escreve quando diz a frase:
“Quando você me beijou...”
Isabel - Idiota que fui. Pensar que Cristiano pudesse se
apaixonar por mim, por mim, a gorducha... Quando você me beijou... Pensar que
Cristiano poderia ler nos meus olhos, através dos óculos, e enxergar lá dentro
toda a paixão da gorducha iludida... Quando você me beijou... Apaixonar-se pela
desengonçada, pela feiosa piadista... Ah, que piada! Com o rostinho de Rosana à
frente... com o corpinho de Rosana nos braços... nem pensar! Quando você me
beijou... Burra! O que Cristiano poderia encontrar em mim? A espinha amarela no
nariz, como um aríete de pus abrindo caminho rumo à solidão? Quando você me
beijou... O que ele veria? O que todos veem, além da gorducha iludida, da
feiosa cretina? Fernando tem razão. Eu acredito em tudo, como uma cretina.
Acreditei até que Cristiano poderia me amar. Cretina! Acreditei até naquele
beijo... Quando você me beijou... Cristiano...
Chora. Se possível, a plateia deve perceber que ela está lavada
em lágrimas. E que as lágrimas pingam no papel.
Professor - Muito bem, classe, podem parar. Já deu tempo para
colocar no papel o que tem dentro de suas cabeças. Se é que tem alguma coisa
dentro de suas cabeças. Isabel! Quem é Isabel?
Isabel - Sou eu.
Professor - Meu colega do oitavo ano elogiou muito seus textos,
Isabel. Quero começar por ele. Pode entregá-lo para mim?
Isabel entrega-lhe o papel. O professor começa a ler e fica
surpreso.
Professor - O que é isto? Quando você me beijou, quando você me
beijou, quando você me beijou... Há apenas a mesma frase escrita várias vezes!
Isabel - É um poema concreto, professor, Assim como “Uma pedra é
uma pedra”, do Carlos Drummond de Andrade. O leitor deve completar o poema de
acordo com suas próprias experiências, de acordo com suas lembranças de um
beijo de amor...
Risadinhas discretas dos alunos. O professor ergue um olhar
duro, controlador, para toda a classe. Alunos calam-se.
Professor - Uma explicação hábil. Hábil e espirituosa, Isabel.
Mas que não passa de uma saída para desculpar a preguiça. A preguiça e a falta
de respeito... E isto? Que marquinha redonda é esta? Parece a marca de uma
lágrima...
Disponível
em: http://www.bibliotecapedrobandeira.com.br/pdfs/contos/a_marca_de_uma_lagrima.pdf>.
Acesso em 28 de maio de 2012.
Gil Vicente foi o maior teatrólogo da língua portuguesa e suas
principais obras foram “Auto da Visitação” e “A farsa de Inês Pereira” esta
última tinha por lição: Mais vale um asno que me carregue que um cavalo que me
derrube. . Para o gênero dramático, são essenciais dois elementos: a
importância do público e a possibilidade de desencadear emoções por meio da
representação. Baseado nos comentários em sala de aula sobre o Humanismo,
responda o que se pede.
1.
O trecho do texto lido
retirado do livro A marca de uma lágrima aborda um assunto muito comum na vida
do adolescente. Qual é o assunto tratado nesse texto?
a)
A decisão sobre os
sentimentos na vida adolescente.
b)
A reflexão sobre a
vida estudantil.
c)
A observação da vida
marinha.
d)
Todas as respostas.
2.
Que elementos da linguagem teatral estão indicados no texto “A
marca de uma lágrima”?
a) As futriqueiras, o
cenário, as poesias, as declamações.
b) O cenário, a entrada das personagens, a reações, os diálogos, as
rubricas.
c) A fala sobre política, as
descrições das cidades.
d) Todas as respostas.
3.
A protagonista tem algumas
características que a faz refletir sobre si mesma sem observar suas qualidades.
Marque o trecho que indica isso.
a)
Pensar que Cristiano poderia ler nos meus olhos, através dos
óculos, e enxergar lá dentro toda a paixão da gorducha iludida...
b)
Uma explicação hábil. Hábil e espirituosa, Isabel.
c)
O leitor deve completar o poema de acordo com suas próprias
experiências, de acordo com suas lembranças de um beijo de amor...
d)
Todas as respostas.
4.
Marque o trecho no texto em que
Isabel tem fluxo de consciência (conversa consigo mesma).
5.
Gil Vicente escreveu textos fazendo as
pessoas refletirem, porém nessa época pairava um espírito nas artes, voltado
para a religião. Logo após essa ideia religiosa apareceu a ideia do pensamento
humano (o homem como o centro do universo). Como eram chamados esses dois
pensamentos?
a)
Trabalhista e política.
b)
Monetária e filosófica.
c)
Teocentrismo e Antropocentrismo.
d)
Todas as respostas.
Leia os diálogos abaixo da peça O velho da horta,
de Gil Vicente:
MOÇA
Já
perto sois de morrer. Donde nasce esta sandice que, quanto mais na velhice, amais
os velhos viver? E mais querida, quando estais mais de partida, é a vida que
deixais?
VELHO
Tanto
sois mais homicida, que, quando amo mais a vida, ma tirais. Porque meu tempo
d’agora vai vinte anos dos passados; pois os moços namorados a mocidade os escora.
Mas um velho, em idade de conselho, de menina namorado... Oh minha alma e meu
espelho!
MOÇA
Oh miolo de coelho mal assado!
6.
Por que esse tema é coerente com as Farsas?
a)
Porque usa de ironia.
b)
Porque critica a vida política.
c)
Porque ela está apaixonada pelo velhinho.
d)
Todas as respostas.
7.
A que fato específico do enredo a qualificação da
moça se refere?
a)
A da vida política da vida diária.
b)
Ao relacionamento amoroso que o velhinho quer ter
com a moça.
c)
A vida campestre que é indiferente.
d)
Todas as respostas.
8.
Qual verso
indica o desprezo da moça pelo velhinho?
a)
Já
perto sois de morrer
b)
[...]quanto mais na velhice, amais os velhos viver?
c)
[...]
é a vida que deixais?
d)
Oh
miolo de coelho mal assado!
9.
O que é criticado de forma indireta no texto O
velho da horta?
a)
Pessoas que não querem se casar.
b)
Pessoas interesseiras.
c)
A vida campestre e a boa educação.
d)
Todas as respostas.
10.
O que a moça pensa do Velho da Horta?
a)
Ele está perto de morrer.
b)
Ele ainda vai viver muito.
c)
Ele estava zombando da moça.
d)
Todas as respostas.
Boa
Prova!
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