domingo, 29 de maio de 2022

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Leia o texto e responda o que se pede: 


Por que o morcego só voa de noite

Rogério Andrade Barbosa


Há muito e muito tempo houve uma tremenda guerra entre as aves e o restante dos animais que povoam as florestas, savanas e montanhas africanas.

Naquela época, o morcego, esse estranho bicho, de corpo semelhante ao do rato, mas provido de poderosas asas, levava uma vida mansa voando de dia entre as enormes e frondosas árvores à cata de insetos e frutas.

Uma tarde, pendurado de cabeça para baixo num galho, ele tirava a soneca costumeira, quando foi despertado bruscamente pelos trinados aflitos de um passarinho:

— Atenção, todas as aves! Foi declarada guerra aos quadrúpedes. Todos aqueles que têm asas e sabem voar devem se unir na luta contra os bichos que andam pelo chão.

O morcego ainda estava se refazendo do susto, quando uma hiena passou correndo e uivando aos quatro ventos:

— Atenção, atenção! Foi declarada guerra às aves! Todos os bichos de quatro patas devem se apresentar ao exército dos animais terrestres.

— E agora? — perguntou a si mesmo o aparvalhado morcego. — Eu não sou uma coisa nem outra.

Indeciso, não sabendo a quem apoiar, resolveu aguardar o resultado da luta:

— Eu é que não sou bobo. Vou me apresentar ao lado que estiver vencendo — decidiu.

Dias depois, escondido entre as folhagens, viu um bando de animais fugindo em carreira desabalada, perseguidos por uma multidão de aves que distribuía bicadas a torto e a direito. Os donos de asas estavam vencendo a batalha e, por isso, ele voou para se juntar às tropas aladas.

Uma águia, gigantesca, ao ver aquele rato com asas, perguntou:

— O que você está fazendo aqui?

— Não está vendo que sou um dos seus? Veja! — disse o morcego abrindo as asas. — Vim o mais rápido que pude para me alistar — mentiu.

— Oh, queira desculpar — falou a desconfiada águia. — Seja bem-vindo à nossa vitoriosa esquadrilha.

Na manhã seguinte, os animais terrestres, reforçados por uma manada de elefantes, reiniciaram a luta e derrotaram as aves, espalhando penas pra tudo quanto era lado.

O morcego, na mesma hora, fechou as asas e foi correndo se reunir ao exército vencedor.

— Quem é você? — rosnou um leão.

— Um bicho de quatro patas como Vossa Majestade — respondeu o farsante, exibindo os dentinhos

afiados.

— E essas asas? — interrogou um dos elefantes. — Deve ser um espião. Fora daqui! — berrou o paquiderme erguendo a poderosa tromba num gesto ameaçador.

O morcego, rejeitado pelos dois lados, não teve outra solução: passou a viver isolado de todo mundo,

escondido durante o dia em cavernas e lugares escuros.

É por isso que até hoje ele só voa de noite.

BARBOSA, Rogério Andrade. Hist—rias africanas para contar e recontar. São Paulo: Editora do Brasil, 2001. p. 9-12.

savana: planície coberta de grama e pequenas árvores.

frondoso: grande, abundante, cheio de folhas.

trinado: som, voz dos pássaros.

aos quatro ventos: em todas as direções, para todos ouvirem.

aparvalhado: desorientado, desnorteado, tolo.

desabalado: sem freios, sem limite. 

a torto e a direito: sem escolher; em grande quantidade.

alado: com asas.

farsante: pessoa que não leva nada a sério, que não merece confiança.

paquiderme: mamífero de grande porte que tem a pele espessa.


Esse conto mostra um pouco como, em tempos muito antigos, povos africanos e tantos outros usavam a imaginação para explicar o que, na época, não era possível conhecer por meio das ciências.


1. Quais são os elementos desse conto: narrador, personagens, tempo, espaço.

2. Identifiquem as partes do enredo: situação inicial, conflito, clímax e desfecho.

3. Observem em que momento foi utilizado o discurso direto.


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