Modernismo - 1ª Fase
Contexto histórico
O início do século XX foi marcado por um
extraordinário desenvolvimento cientifico e tecnológico, dos quais são exemplos
o telegrafo, a eletricidade, o telefone, o cinema, o automóvel e o avião, a
teoria da relatividade, de Einstein e a teoria psicanalítica, de Freud.
Vivia-se a euforia da chamada belle époque, com a valorização do conforto e do
bem viver.
Entretanto, desde o final do século XIX, os
países europeus passam por constantes sobressaltos, resultantes da
instabilidade e das competições políticas, o que acelerava a corrida
armamentista.
Em 1914, começa a 1ª Guerra Mundial, de
proporções até então desconhecidas pela humanidade, que passa a descrer nos
sistemas políticos, sociais e filosóficos e a questionar os valores de seu
tempo.
Modernismo brasileiro
Os governos das oligarquias vão se sucedendo.
Minas e São Paulo repartiam o poder, desfavorecendo as camadas empobrecidas da
população.
A época da Semana de Arte Moderna, o quadro
brasileiro era de crises sucessivas, que acabam por gerar a Revolução de 1930,
quando Getúlio Vargas assume o poder.
Semana
de Arte Moderna
Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922,
com a participação de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mario de Andrade,
Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Vitor Brecheret, Anita Malfatti, Villa-Lobos,
Di Cavalcanti e muitos outros, o Teatro Municipal de São Paulo se torna o
centro de uma verdadeira amostra das ideias modernistas. São lidos manifestos e
poemas, expõem-se quadros e esculturas, músicas são executadas. Tudo diante de
um público que reagiu com vaias e apupos.
Correntes
modernistas
Depois da união inicial em torno da Semana,
os modernistas dividem-se em grupos e movimentos, que refletiam orientações
estéticas e ideológicas diversas:
1.
Movimento
Pau-Brasil: revalorizava os elementos primitivos da nossa cultura, através da
crítica ao falso nacionalismo e da valorização dos elementos o Brasil, seus
costumes, sua cultura, seus habitantes e suas paisagens. Dele participaram:
Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raull Bopp, Alcântara Machado e Tarsila do
Amaral.
2.
Movimento
Verde – Amarelo: Liderado por Plinio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del
Picchia e tendo uma postura nacionalista, repudiava tudo que fosse cultura
importada e tentava mostrar um Brasil grandioso. Entretanto, acabou por revelar
uma visão reacionária.
3.
Movimento
antropofágico: radicalização do Movimento Pau – Brasil, foi lançado em 1928, e
opunha-se ao conservadorismo do Movimento Verde – Amarelo. Seus participantes
são os mesmos do Movimento Pau – Brasil.
4.
Movimento
espiritualista: Procurou conciliar o passado e o futuro e se manteve preso as
influencias simbolistas. A universalidade dos temas, o mistério, as questões
existenciais e o espiritualismo caracterizaram a produção poética desta
corrente. Principais participantes: Murilo Mendes, Cecilia Meireles, Murilo
Araújo, Adelino Magalhaes, Tasso da Silveira, Augusto Frederico Schimidt.
Fases
do Modernismo
Costuma-se
dividir o Modernismo brasileiro em 3 fases:
1ª
Fase: fase heroica (1922 – 1930)
2ª
Fase: fase construtiva (1930 – 1945)
3ª
Fase: fase de reflexão (1945 até nossos dias)
Autores
Mário de Andrade
Estreou com o livro de influências
parnasianas e simbolistas. Mas Paulicéia Desvairada (1922) seria o primeiro
livro do Modernismo brasileiro. Nele, o poeta focaliza aspectos humanos,
sociais e políticos de São Paulo, em versos livres, de métrica informal,
subvertendo os valores estéticos ate então vigentes. Palavras, expressões,
flashes e fragmentos se articulam numa tentativa de apreender a alma urbana de
São Paulo, ora lhe celebrando a paisagem, ora criticando a burguesia, ora
tentando expressar sua visão da cidade.
No “Prefácio Interessantíssimo”, que abre
Pauliceia Desvairada, o poeta nos dá sua fórmula de elaboração do poema:
Impulso inconsciente + escrita livre + técnica posterior
= poesia
Com Losango caqui (1926) é, segundo o próprio
Mario, composto por sensações, ideias, alucinações, brincadeiras, liricamente
anotadas. Nele, o poeta expressa seu antimilitarismo.
A obra ficcionista de Mario de Andrade pode
ser dividida em 2 vertentes:
Primeira:
trata do universo familiar da burguesia paulistana e da gente do povo,
especialmente com o livro Amar, verbo intransitivo e vários contos que
publicou.
Segunda:
aproveitamento de lendas indígenas, mitos, anedotas populares e elementos do
folclore nacional, fazendo parte disso o livro Macunaíma.
Nesse
livro o herói apresenta traços bem definidos, como a preguiça, o deboche, a
irreverencia, a malandragem, a sensualidade, o individualismo e o sentimentalismo.
Enfim, o caráter do herói muda de um episodio para o outro, o que justifica
qualifica-lo de herói sem nenhum caráter.
Macunaíma
Então
Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova
era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na
cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na
lapa era marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de
Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco louro
e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz
mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém, a
água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse
feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do
bronze novo (...)
—
Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso
que sem nariz.
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifava toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa.
1. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O teto lido é uma representação alegórica de que? R. O surgimento das raças.
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifava toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa.
1. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O teto lido é uma representação alegórica de que? R. O surgimento das raças.
2. Que reação de Macunaíma não condiz com o que se espera de um herói, prenunciando o anti-herói? R. O grito por causa da água fria.
3. Os modernistas da 1ª fase procuravam romper com a linguagem formal e incorporar a fala coloquial (uso de vocábulos e sintaxe bem próximos da linguagem cotidiana). Muitas vezes utilizavam registros populares da língua ou não utilizavam pontuação, contrariando a gramática normativa. R. Que nem, dum, pra indiada.
4. Mario de Andrade valoriza a lógica e a razão nesse texto? Por quê? R. Não, porque ele usa elementos mágicos e fantasiosos, como a água encantada.
Oswald de Andrade
Buscou que sua poesia expressasse o genuinamente
brasileiro e percorresse, desde os tempos coloniais, a vida rural e urbana do
país, procurando ver com um olhar ingênuo de uma criança e o da pureza
primitiva do índio. Reaproveitando textos dos primeiros viajantes (sobretudo
Caminha), escreveu poemas breves, em versos livres e brancos, com linguagem
coloquial, humor e parodia, recusando a estrutura discursiva do verso
tradicional.
Seus romances mais importantes são: Memórias
sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande.
Em Memórias sentimentais de João Miramar, que
é considerada a primeira grande realização da prosa modernista. Rompendo com
esquemas tradicionais da narrativa, a obra é construída a partir de fragmentos
justapostos, de blocos que rompem com a sequência discursiva e de capítulos relâmpagos,
assemelhando-se a justaposição das imagens cinematográficas, o que possibilita
uma leitura linear da história e deixa a cargo do leitor a recomposição da
narrativa. A paródia, a técnica cubista, a frase sincopada (reduzida), as
elipses que devem ser preenchidas pelo leitor, a linguagem infantil e a poética
e outras inovações fazem de Memórias uma obra revolucionaria para a sua época.
Manuel Bandeira
O poema Os sapos é um dos que é lido numa das
noites da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo. E este poema, assim
como a Semana, tinha um espírito renovador e demolidor dos modernistas.
Estreou com o livro A cinza das horas (1917),
publicando a seguir Carnaval (1919), ambos ainda com resquícios simbolistas e
parnasianistas. Mas já revelando um espirito renovador.
Mas foi com o livro Ritmo dissoluto (1924)
que se aproximou mais do Modernismo.
O livro Libertinagem (1930) é definitivamente
modernista e nele se encontra uma incorporação da linguagem coloquial e popular
e a temática do dia a dia.
O caráter geral de sua obra é marcado pelo
tom confidencial, pelo desejo insatisfeito, pela amargura e por referencias
autobiográficas, relacionadas com sua doença (tuberculose), com lugares onde
morou e com a família.
Os sapos
Manuel Bandeira
Os Sapos
Enfunando
os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
2. Em meio à algazarra dos medíocres, quem simboliza a solidão do artista superior? R. O sapo cururu.
3. Em que versos o poeta resume a sua denúncia do equivoco parnasiano de que a boa métrica e a rima constituíram a excelência da forma e da poesia?R. Em reduzi sem danos/ A fôrma a forma.
4. Qual dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos? R. O sapo pipa.
5. Sabendo-se
que os três primeiros sapos simbolizam os poetas parnasianos, quem estaria
sendo simbolizado pelo sapo – cururu? R. Os poetas parnasianos.
Cassiano Ricardo
Como outros modernistas da primeira fase,
Cassiano estreou com influencias parnasiano – simbolistas. Contudo, sua
inquietação estética fez com que chegasse a experiências das vanguardas poéticas
da segunda metade do século XX.
Com o livro Vamos caçar papagaios (1926) e
Martim – Cererê (1928), o poeta entra em sua fase nacionalista, verde –
amarelista, em que predomina a brasilidade dos temas.
Em O sangue das horas (1943) e Um dia depois
do outro (1947), encontramos o poeta voltado para a reflexão sobre o destino
humano e para os sentimentos de solidão, melancolia, frustração, angústia e
perplexidade diante da vida.
Com o livro Jeremias sem chorar (1964) e Os
sobreviventes (1971), o poeta assimila conquistas do Concretismo. Nessas obras,
o mundo eletrônico, a conquista do espaço e a corrida armamentista são vistos
como uma ameaça a vida humana. O poema mais conhecido é Martim – Cererê.
Alcântara Machado
Importante conquista da 1ª fase do
Modernismo, ele retratou a vida e as gentes de São Paulo, com predileção pelo
imigrante italiano. Nos bairros populares, suas personagens vivem as cenas do
cotidiano: a partida de futebol, as brigas de rua, as festas etc. Diminuindo a
distância a língua falada e a escrita, incorporou a linguagem popular, os
italianismos e uma sintaxe simples, resultando numa prosa leve e num estilo
moderno.
Modernismo 2ª Fase.
O livro A bagaceira, de José Américo de
Almeida, inaugura a corrente regionalista da literatura brasileira, entre 1930
a 1945. O regionalismo de 30 voltou-se para as tradições nordestinas, seus
valores culturais e morais. Mais preocupados com uma visão sociológica da
realidade do que uma renovação da linguagem, o regionalismo de 30 foi um
veículo de denúncia dos problemas sociais do Nordeste.
Contexto
histórico
Em 1930, tem início aos 15 anos de ditadura
de Getúlio Vargas.
Com o objetivo de obter o apoio junto às
massas, Getúlio toma uma serie de medidas: o país é dotado de uma legislação
trabalhista e previdenciária, decreta-se o salário mínimo e adotam-se
providências para a criação de um partido trabalhista.
Em 1945 é decretada a anistia para os presos
políticos e são convocadas novas eleições para dezembro. Porém, as suspeitas de
um novo golpe getulista, naquele ano, provocam o descontentamento dos
militares, que, num movimento liderado pelo general Góis Monteiro, depõem o
ditador.
As transformações do período getulista
Entre
as transformações ocorridas no período, destacam-se:
1.
A
expansão industrial do Brasil.
2.
O
desenvolvimento dos transportes rodoviário e aéreo.
3.
O
crescimento das cidades e o surgimento do proletariado urbano, e os
consequentes problemas de habitação, criminalidade, saneamento etc.
4.
A
criação de universidades, a implantação do ensino técnico e o aumento da rede
escolar, sobretudo a do ensino fundamental, com cerca de 40 mil escolas em
1939.
5.
O
desenvolvimento da imprensa, o aumento do número de bibliotecas e a construção
de prédios públicos, o que contribuiu para valorização da arquitetura no
Brasil.
Literatura
da 2ª Fase
Poesia
A geração de 30, despreocupada com as
questões imediatas de 22 (o nacionalismo, o folclore, a destruição dos esquemas
do passado etc.), voltava-se para as questões universais do homem e para os
problemas da sociedade capitalista.
Principais nomes: Carlos Drummond de Andrade,
Murilo Mendes e Jorge de Lima.
Em Vinícius de Moraes e Cecília Meireles, a
temática universalizante também está presente em suas poesias, embora é
suplantada por uma poesia personalista.
Enquanto isso, Murilo Mendes, Jorge de Lima e
Cecília Meireles, incorporam a religiosidade e o misticismo em seus poemas.
Prosa
Nos anos 30, a ficção dá novo salto
qualitativo com o aparecimento de escritores de grande importância, que se
distribuem em 3 vertentes:
1.
Prosa
regionalista
As raízes do regionalismo já se encontravam
no século anterior com o livro O sertanejo, de José de Alencar, e o Cabeleira,
de Franklin Távora.
Tem-se uma intensa campanha de revalorização
das tradições regionais.
Preocupando-se com a revalorização do
Nordeste se deve em parte ao deslocamento do eixo econômico e cultural para o
sul, quando a indústria açucareira começa a decair.
O regionalismo de 30 soube revelar o drama da
seca e das retiradas, a submissão do homem ao latifundiário, a ignorância e as
mazelas politicas da região Nordeste.
A bagaceira, de José Américo de Almeida é a
obra inaugural e em seu prefácio intitulado “Antes que me falem” constitui um
verdadeiro e autentico manifesto do
regionalismo de então. A seguir, publicam-se O quinze (1930), de Rachel de
Queiroz, O país do Carnaval (1931), de Jorge Amado e Menino de Engenho (1932),
de José Lins do Rego. Em 1938, Graciliano Ramos publica Vidas Secas, a obra
máxima do romance nordestino.
2.
Prosa
urbana
Érico Veríssimo, José Geraldo Vieira e
Marques Rebelo são os que mais se destacaram ao retratar o ambiente e as
personagens das grandes cidades.
3.
Prosa
intimista
Os conflitos humanos e as questões
psicológicas aparecem nas obras de Clarice Lispector, Lucio Cardoso, Dionélio
Machado e Otávio de Faria.
Autores
Graciliano Ramos
Seus romances se caracterizam pelo
inter-relacionamento entre as condições sociais e a psicologia das personagens;
ao que se soma uma linguagem precisa, enxuta, despojada, de períodos curtos,
mas de grande força expressiva.
Estreou com o romance Caetés (1933) que conta
um caso de adultério ocorrido numa pequena cidade do interior nordestino.
São Bernardo (1934) é uma das obras-primas do
autor, pois narra a ascensão de Paulo Honório, rico proprietário da fazenda São
Bernardo. Com o objetivo de ter um herdeiro, Paulo se casa com Madalena, uma
professora de ideias progressistas. O ciúme e a incompreensão de Paulo Honório
levam-na ao suicídio. Trata-se de um romance admirável, não somente pela
caracterização da personagem, mas também pelo tratamento dado a problematização
da coisificação dos indivíduos.
Angústia (1936) é a história de uma só
personagem (um monólogo), que vive a remoer a sua angústia de ter cometido um
crime passional.
Entre suas obras autobiográficas, destacam-se
Memórias do cárcere (1953), depoimento sobre as condições dramáticas de sua
prisão durante o governo do ditador Getúlio Vargas.
Vidas Secas
Graciliano Ramos
A caatinga
estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas.
O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.
– Anda
excomungado.
O pirralho
não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria
responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato
necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo
miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar,
não sabia onde.
Tinham
deixado os caminhos, cheios de espinhos e seixos, fazia horas que pisavam a
margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.
Pelo espírito
atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. pensou nos urubus,
nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores.
Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente que estavam perto. Fabiano
meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do
menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao estômago, frio como um
defunto. Aí a cólera desapareceu. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o
filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o
peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou
de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis.
E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais
arrastada, num silêncio grande.
1. Qual é a importância do cenário descrito na narrativa? R. O cenário é o antagonista. A família se desloca por causa da seca e da miséria.
2. Que traço psicológico de Fabiano identifica-se com o cenário da seca? Justifique. R. "Fabiano tinha o coração grosso" e o narrador faz associação com a aridez e a sequidão da terra e seus traços psicológicos.
3. O que indica a dificuldade de comunicação de Sinhá Vitória e a que podemos atribui-la? R. Sinhá Vitória faz caretas e solta sons guturais, ou seja, as palavras estão ausentes na comunicação. Pode ser atribuída a pobreza e desolação vivida pela personagem.
4. Que características do filho de Fabiano acentuam o drama dos retirantes? R. Ele está com extrema fraqueza física por causa da fome.
5. O que caracteriza a relação de Fabiano com a realidade da seca e a sua visão dessa realidade? Que afirmação do narrador justifica a sua resposta? R. Ele parece acostumado com a realidade da seca, vendo como algo natural.
José Lins do Rego
Sua
obra pode ser dividida em:
1.
Ciclo
da cana-de-açúcar: Menino de Engenho, Doidinho, Bangue, Usina e Fogo Morto.
2.
Ciclo
do cangaço, do misticismo e da seca: Pedra Bonita e Cangaceiros.
3.
Obras
independentes: O moleque Ricardo, Pureza e Riacho Doce.
As obras do ciclo da cana de açúcar são as
mais importantes, destacando-se Fogo Morto, em que o autor procura retratar o
início da decadência dos senhores de engenho, o advento da usina de açúcar, com
seus métodos modernos de produção e a formação de uma nova estrutura econômica
e social na região açucareira do Nordeste.
Jorge Amado
Costuma-se dividir a sua obra em 2 fases.
A 1ª fase é iniciada com o livro O país do
carnaval (1931), em que se caracteriza por seu forte conteúdo político e pela
denúncia das injustiças sociais, o que muitas vezes dá um caráter panfletário e
tendencioso às obras. O esquematismo psicológico das obras dessa fase leva a
uma divisão do mundo em heróis (marginais, vagabundos, operários, prostitutas,
meninos abandonados, marinheiros, etc.) e vilões (a burguesia urbana e os
proprietários rurais). Há uma exceção: Terra do sem-fim (1942) é uma obra prima
do autor.
A 2ª fase se inicia com a publicação de
Gabriela, cravo e canela (1958). Fugindo ao panfletismo e ao esquematismo
psicológico, Jorge Amado passa a construir seus romances com elementos
folclóricos e populares: os costumes afro-brasileiros, a comida típica, o
candomblé, os terreiros, a capoeira etc. o mundo dos marginalizados se torna um
mundo feliz, pois seus heróis levam uma vida sem preconceitos, sem regras
severas de conduta social, o que lhes permite um elevado grau de liberdade
existencial.
Capitães da Areia
"É aqui também que mora o chefe
dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus
cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da Bahia.
Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e
empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos
os seus becos. Não há venda, quitanda, botequim que ele não conheça. Quando se
incorporou aos Capitães da Areia (o cais recém-construído atraiu para suas
areias todas as crianças abandonadas da cidade) o chefe era Raimundo, o
Caboclo, mulato avermelhado e forte.
Não durou muito na chefia o caboclo
Raimundo. Pedro Bala era muito mais ativo, sabia planejar os trabalhos, sabia
tratar com os outros, trazia nos olhos e na voz a autoridade de chefe. Um dia
brigaram. A desgraça de Raimundo foi puxar uma navalha e cortar o rosto de
Pedro, um talho que ficou para o resto da vida. Os outros se meteram e como
Pedro estava desarmado deram razão a ele e ficaram esperando a revanche, que não
tardou. Uma noite, quando Raimundo quis surrar Barandão, Pedro tomou as dores
do negrinho e rolaram na luta mais sensacional a que as areias do cais jamais
assistiram. Raimundo era mais alto e mais velho. Porém Pedro Bala, o cabelo
loiro voando, a cicatriz vermelha no rosto, era de uma agilidade espantosa e
desde esse dia Raimundo deixou não só a chefia dos Capitães da areia, como o
próprio areal. Engajou tempos depois num navio.
Todos reconheceram os direitos de
Pedro Bala à chefia, e foi dessa época que a cidade começou a ouvir falar nos
Capitães da areia, crianças abandonadas que viviam do furto."
Jorge Amado, Capitães da Areia,
50a ed.
Rio de Janeiro: Record, 1980, P. 26/7.
Rio de Janeiro: Record, 1980, P. 26/7.
1. Pela leitura do texto, pode-se concluir que o romance pretende denunciar que tipo de problema social? R. O menor abandonado.
2. Que fato da vida de Pedro Bala pode se considerado como o elemento desencadeador de sua vida de menino de rua? R. Não ter nem pai, nem mãe e nem a solidariedade do Estado.
3. Que características de Pedro Bala fizeram dele o líder do grupo? R. Era ativo, planejador, sabia tratar os outros e trazia na voz e nos olhos, a autoridade de chefe.
4. Mesmo sendo um grupo de marginalizados, os meninos demonstravam senso de justiça entre os membros do grupo. Que fato narrado comprova essa afirmação? R. Os meninos reprovaram a atitude de Raimundo de usar uma navalha contra o jovem desarmado.
Érico Veríssimo
Costuma-se dividir a obra dele em 3 grupos:
1.
Romance
urbano: Clarissa, Caminhos cruzados, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo,
Saga e O resto é silêncio. Essas obras retratam a vida da pequena burguesia
porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e
com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações.
2.
Romance
histórico: O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger
200 anos da historia do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O
continente) narra a conquista de São Pedro, pelos primeiros colonos e é
considerado o ponto mais alto de toda a sua obra.
3.
Romance
político: O senhor embaixador, o prisioneiro e Incidente em Antares. Escritos
durante o período da ditadura militar (1964-1985), denunciam os males do
autoritarismo e as violações dos direitos humanos.
Carlos Drummond de Andrade
Ele é, sem dúvida, o maior poeta brasileiro
do século XX. Sua estreia se deu em 1930, com Alguma poesia.
De maneira geral, os poemas desse livro
procuram retratar a vida à sua volta. Fala-nos de cenas do cotidiano, de
paisagens, de lembranças, fotografando a realidade, retratando a vida besta.
Texto
Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Por outro lado, o poeta manifesta o seu
pessimismo e a sua personalidade reservada, tímida, desconfiada, de um poeta
que nasceu gauche (torto) na vida; outras vezes, deixa transparecer uma fina
ironia e humor, utilizando-se também do poema-piada, herança dos modernistas da
1ª fase.
Em Brejo das almas (1934), o poeta evolui,
abandonando o descritivismo e acentua o humor de seus versos. Drummond se
interioriza, manifestando um sentimento de decepção e amargura, de falta de
sentido da existência ou da solução para o destino. Além disso, acentua a
temática amorosa, num lirismo contido e por vezes irônico.
Sentimentos do mundo (1940) representa uma
mudança na trajetória do poeta. Diante dos horrores da guerra, da consciência
de um mundo injusto e brutal, nasce o desejo de se solidarizar, e o poeta abre
mais espaço para o outro em sua poesia. É o momento de se voltar para o tempo
presente, os homens presentes, a vida presente, compreender os homens e
construir um mundo melhor.
Em 1942, Drummond publica Poesias, título
geral de 12 novos poemas, inclusive o antológico José, que antecipam tematicamente
A rosa do povo (1945).
Ambas as obras tem em comum o fato de
condenarem a vida de nossos dias, mecânica, e estúpida, sem humanidade. A rosa
do povo é um livro que se destaca porque tem como temas o medo, a angústia, a
náusea, a guerra, a solidão dos homens e a escravidão ocasionada pelo
progresso.
A partir de então, Drummond acentua a
temática do passado e do presente, a meditação poética sobre as razões da
existência, a problemática da condição humana e o mistério do destino do homem,
ao que se somam suas reflexões sobre o fazer poético e a incorporação das
experiências concretistas.
De
Amor, amores (1975) em diante, o sensualismo e o erotismo encontraram um espaço
maior em sua poesia.
Poema de sete faces
Carlos Drummond Andrade
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
1. Que relação se pode estabelecer entre o título do poema e o número de estrofes? R. O poema tem 7 estrofes, equivalentes às 7 faces a que o título se refere.
2. Que elemento comum identifica o poeta e o anjo? R. Ambos são gauches, pois também o anjo é torto, deslocado, "desses que vivem na sombra".
3. Há uma aparente desconexão entre as várias estrofes, como se o poeta registrasse flashes da realidade. Identifique cada uma das estrofes, a partir da ideia básica de cada uma delas, que assinalamos a seguir:
a) flash de adulto, sério, reservado: R. 4ª estrofe.
b) nascimento do poeta: R. 1ª estrofe.
c) percepção de um mundo inquieto, que poderia ser mais belo: jR. 2ª estrofe.
d) desajustamento entre a realidade interior e a exterior, aliado à percepção da sexualidade: R. 3ª estrofe.
4. Que sentimento o eu lírico expressa na passagem bíblica incorporada ao poema? R. O sentimento de abandono e solidão.
5. Em que estrofe o poeta se descobre importante diante do mundo? Transcreva o verso que evidencia essa sensação. R. 4ª estrofe, "se sabias que eu era fraco".
Texto para leitura (sem exercícios)
Não quero
ser o último a comer-te
Não quero
ser o último a comer-te.
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde
em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde
a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,
para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.
Poesia erótica de Drummond
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde
em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde
a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,
para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.
Poesia erótica de Drummond
As mulheres gulosas
As
mulheres gulosas
As
mulheres gulosas que chupam picolé - diz um sábio que sabe –
são
mulheres carentes
e o
chupam lentamente
qual se
vara chupassem,
e ao
chupá-lo já sabem que presto
se
desfaz na falácia
do gozo o picolé
fuginte como se esfaz na mente
o imaginário pênis.
Procurando
nos fatos mais corriqueiros a matéria de sua prosa, escrita com ironia e humor,
Drummond se revelou um mestre da crônica.
Murilo Mendes
Partindo das primeiras experiências
modernistas, Murilo, sempre preocupado em renovar permanentemente a sua
expressão poética, chegou em seus últimos trabalhos a uma total libertação de
criação e experimentação.
Seu
livro de estreia foi Poemas (1930), que contem uma crítica irônica à sociedade
técnica e mecanizada. Nele, encontramos a figura da mulher simbolizando a seiva
da vida. Essa visão crítica será retomada em O visionário (1941, mas com poemas
escritos entre 1930 e 1933), no qual se acentua a tentativa de expressão
surrealista, já manifestada no 1º livro, exprimindo um sentimento de angústia
diante de um mundo absurdo e conturbado.
Com
Tempo e eternidade (1935), escrito com a colaboração de Jorge de Lima,
inicia-se uma vertente significativa da poesia de Murilo Mendes: a
religiosidade empenhada na crítica da desumanização da vida. Essa crítica
também está presente no livro “A poesia em pânico” (1937).
As metamorfoses (1944), Mundo enigma
(1945) e Poesia liberdade (1947) documentam uma visão trágica do mundo: as
injustiças, as tiranias, as guerras.
Convergência (1970) é uma obra
inovadora do ponto de vista formal, na qual o poeta rompe com a linearidade
discursiva, cria neologismos e explora ao máximo as possibilidades sonoras das
sílabas, prefixos, sufixos, dos recursos sonoros. Neste livro, Murilo traduz em
palavras os novos tempos e se integra às novas tendências da arte literária.
Jorge de Lima
Ele,
em sua 1ª fase, privilegia o soneto e se esmera com um vocabulário bem ao gosto
parnasiano. Dessa fase são os livros: XIV Alexandrinos (1914), Poemas (1927),
Novos poemas (1929), Poemas escolhidos (1932) e Poemas negros (1947).
A partir de Poemas (1927), Jorge de
Lima adere ao Modernismo, com textos marcados por cenas de infância, pelo
sentimento nacionalista, por referências ao Nordeste e pela forte influência de
elementos do folclore negro.
Em sua 2ª fase, o poeta se apresenta bastante
envolvido com problemas religiosos e metafísicos, voltado para temas do
catolicismo e aprimorando o verso livre e a expressão metafórica. Os livros
dessa fase são: Tempo e eternidade (1935), A túnica inconsútil (1938),
Anunciação e encontro de Mira – Celi (1943) e Livro de Sonetos (1949).
Finalmente, com Invenção de Orfeu
(1952), obra da 3ª fase do poeta, ele se consolida e se supera, como que
confirmando todas as suas qualidades. Trabalhando conscientemente sobre o
modelo épico de Camões, Jorge de Lima se apropria dos clássicos, numa técnica
de colagem em que aparecem, além de Camões, Dante, Milton e Virgílio. Mitos
luso-brasileiros se fundem com suas leituras e seu conhecimento histórico na
busca de interpretar simbolicamente a relação do homem com o universo.
Vinícius de Moraes
Em um 1º momento, a obra de Vinicius pode ser
dividida em 2 fases:
1ª fase: místico – religiosa
2ª fase: encontro com o mundo material e
cotidiano
A
primeira fase compreende os livros: O caminho para a distância (1933), Forma e
exegese (1935), Ariana, a mulher (1936), Novos poemas (1938) e Cinco elegias
(1943), sendo este último de transição.
Em O caminho para a distancia, o
poeta manifesta sua preocupação religiosa e sua angústia diante do mundo,
revelando também o seu conflito entre o sensualismo e o sentimento religioso. O
amor é tido como um elemento negativo que, ligando-se ao mundo terreno, impede
a libertação do espírito.
A
partir de Forma e exegese, os versos ganham liberdade expressiva e tornam-se
mais extensos. O poeta volta-se para o cotidiano, sem contudo abandonar o
desejo de transcendência. A mulher torna a figura central de sua poesia,
envolta por um forte misticismo, divinizada; o poeta procura harmonizar
sensualismo e erotismo com os apelos espirituais.
O tom é declamatório, e os versos
longos nos lembram versículos bíblicos.
Essa
primeira fase termina com o livro Ariana, a mulher. Cinco elegias é o livro de
transição.
Em
Cinco elegias, o poeta incorpora elementos do cotidiano, mantendo ainda o tom
religioso, e se aproxima um pouco mais das conquistas dos modernistas de 1922.
A partir de Poemas, sonetos e
baladas, dá-se a superação da angústia e da melancolia. O poeta se integra a
realidade e sua poesia adquire um ritmo mais tranquilo e uma expressão mais
coloquial, enxuta, simples e direta. Nessa fase, sua temática ganha novas
características universalizantes e sociais.
Soneto do
Maior Amor
Maior
amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só
fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco
amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua
lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo
1. O que o eu lírico leva em consideração para definir o seu amor como um amor estranho?R. Porque seus sentimentos são incoerentes, ou seja, e quando a sente alegre, fica triste.
2. Que estrofe contem a ideia de que a graça do amor é a conquista e de que é melhor arriscar-se no amor do que levar uma vida sem graça? Justifique, destacando as expressões que opõem uma possibilidade a outra? R. Na segunda estrofe, O eu lírico opõe "eterna aventura" a "vida mal aventurada".
3. O poema lírico deve ser rico em musicalidade.Que recurso sonoro se destaca na terceira estrofe deste soneto? R. A aliteração.
4. Que afirmações do eu lírico nos permitem declarar que, além da pessoa amada, ele ama o próprio sentimento de amar? R. Na última estrofe o eu lírico afirma que o seu amor (vive) "numa paixão de tudo e de si mesmo".
Texto
O operário em construção
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Como poeta lírico por excelência, em
sua 2ª fase, Vinicius alia temas modernos a mais apurada forma clássica de
composição, o soneto, deixando-nos algumas obras-primas.
Cecília Meireles
Ela preferiu como ponto de partida
de sua trajetória poética o livro Viagem (1939), e com este ela recebeu o
premio da Academia Brasileira de Letras. Porém rejeitou os 3 primeiros livros
de influência parnasiana e temática mística.
O
livro Viagem demonstra sua maturidade poética, apesar de manter-se dentro dos
padrões tradicionais, ultrapassa o primeiro momento do Modernismo brasileiro
(anedótico e nacionalista). Ao gosto pela tradição, soma-se uma visão
filosófica e universalizante. As indagações sobre a brevidade da vida, o
sentido da existência, a solidão e a incompreensão humanas, presentes em
Viagem, permaneceriam em quase toda a sua obra, perpassada por um sentimento de
pessimismo e desencanto.
Cecília Meireles, por ter seguido um
caminho muito pessoal, não pode ser enquadrada em um movimento ou em uma
estética literária determinada. Seus versos, geralmente curtos, de conteúdo
lírico tradicional e bastante pessoal, têm raízes simbolistas e se caracterizam
pela musicalidade, descritivismo e imagens sensoriais.
Um dos pontos altos de sua obra poética
é o Romanceiro da Inconfidência (1953), que lhe custou pesquisas históricas e
no qual revela seu amor à pátria e sua admiração pelos mártires da
Inconfidência Mineira.
Modernismo – 3ª fase
Contexto histórico
No Brasil, o período que se estende
de 1945 a 1985 é marcado por uma série de fatos que causaram profundas
transformações e traumas na sociedade brasileira.
Da queda de Getúlio aos anos JK (1945 – 1956)
Em 1945, Getúlio Vargas é deposto,
depois de 15 anos de governo ditatorial. Eurico Gaspar Dutra assume a
presidência, promulga-se uma nova Constituição, e o país retoma os princípios
democráticos.
Embora deposto, Getúlio matem o
prestigio e vence as eleições de 1950. A forte oposição ao seu governo leva-o a
se suicidar na madrugada de 24 de agosto de 1954. João Café Filho assume o
poder.
Os anos JK (1956 – 1960)
Juscelino Kubitschek assume a
presidência em janeiro de 1956 e dá início ao seu projeto de realizar 50 em 5:
constrói hidrelétrica e estradas, incentiva a instalação de fabricas de
automóveis, aviões e navios e constrói Brasília, para onde mudaria a capital do
país em 1960.
O clima democrático, renovador e
moderno do seu governo favorece as artes: surgem a Bossa Nova e o Cinema Novo,
o teatro passa por profundas transformações, com o trabalho desenvolvido pelo
Teatro de Arena e pelo Teatro Brasileiro de Comedia. A literatura se renova,
sobretudo com Clarice Lispector e Guimaraes Rosa.
É também o grande momento da crônica, com
Fernando Sabino, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e Drummond.
Em
janeiro de 1961, JK passa a faixa para Jânio Quadros.
Jânio, Jango e a ditatura (1961 – 1964)
Jânio Quadro renuncia 7 meses
depois. Joao Goulart (Jango) assume o governo, sob o sistema parlamentarista,
com a chefia do Executivo a cargo do 1º ministro e do Conselho de Ministros,
restando ao presidente apenas a função de chefe de Estado.
Com o fim do regime parlamentarista
em 1963, João Goulart resolve tomar medidas de caráter econômico e social,
entre elas a regulamentação da remessa de lucros para o exterior, o projeto de
reforma agraria e a nacionalização de algumas empresas multinacionais. Um golpe
militar, em 1º de abril de 1964, financiado pelos Estados Unidos e grupos
econômicos brasileiros (como Organizações Globo), depõem o presidente. O
general Castelo Branco assume a presidência da República.
Os anos de autoritarismo (1964 – 1984)
De 1964 a 1984, o Brasil foi
governado por militares: Castelo Branco (64-67), Costa e Silva (67-69),
Garrastazu Médici (69-74), Ernesto Geisel (74-79) e João Baptista de Figueiredo
(79-84).
Trata-se de uma dos períodos mais
tristes da nossa história, com a supressão das liberdades democráticas, a
cassação de mandatos políticos, a censura a imprensa e aos meios de comunicação
e o assassinato de opositores ao regime. No plano econômico, a dívida externa
era de $ 3 bilhões em 1964 e no ano de 1984 saltou para mais de $ 100 bilhões.
A inflação era de 74% em 1964 e em 1984 era de 200%. A insatisfação do povo e
dos empresários e a crescente crise econômica levaram à abertura politica e a
entrega do poder aos civis.
A produção literária da terceira fase
Prosa
Em linhas gerais, verifica-se na prosa
posterior a 1945:
·
Negação
do compromisso com a narrativa referencial, ligada a acontecimentos e à
representação realista da realidade.
·
O
espaço exterior passa para 2º plano; a narrativa se centra no espaço mental das
personagens, realçando-lhes as características psicológicas.
·
Altera-se
a linguagem romanesca tradicional. O texto deixa de ser a narrativa de aventura
para se tornar uma aventura de narrativa. A continuidade temporal é abalada,
desfazendo-se a ordem cronológica e, muitas vezes, fundindo-se presente,
passado e futuro.
·
A
prosa urbana enfoca conflitos do indivíduo diante da sociedade e a prosa
regionalista renova a sua temática e forma de expressão.
·
Desenvolve-se
o realismo fantástico, no qual se acentua a distância entre a realidade
objetiva ea expressão artística, através de uma linguagem altamente simbólica,
situando a narrativa entre o estranho e o maravilhoso.
Entre os romancistas surgidos em 45, destacam
– se: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
Poesia
A partir de 1945, a poesia
brasileira adquire preocupações estéticas, com a chamada geração de 45. Esta
procurou restaurar a disciplina expressiva, o estudo da poética e a
investigação verbal. Daí a retomada de formas poéticas tradicionais ao lado do
verso livre, agora mais trabalhado ritmicamente e sob certo rigor e preocupação
artesanal.
Destacam-se: João Cabral de Melo
Neto, Afonso Félix de Souza e Thiago de Melo.
A partir de 1950, surgem as novas
tendências, como o Concretismo, a Poesia – práxis e o Poema/processo. Na década
de 1970, surge a poesia marginal, que só a partir de 1980 começa a ser objeto
de apreciações críticas.
Teatro
A encenação da peça Vestido de
noiva, peça de Nelson Rodrigues e dirigida por Ziembinski, em 1943, é um marco
na renovação do teatro brasileiro. Outro passo é dado com a fundação do Teatro
Brasileiro de Comédia (1948) e do Teatro de Arena (1953). Surgem importantes
nomes na dramaturgia nacional, como Gianfrancesco Guarnieri (Eles não usam
black tie), Oduvaldo Vianna Filho (Chapetuba Futebol Clube) e Augusto Boal
(Revolução na América do Sul).
Na década de 1960, surgem o grupo
Opinião, liderado por Denoy de Oliveira, Ferreira Gullar e Oduvaldo Viana Filho
e o Teatro Oficina, liderado por José Carlos Martinez Correa.
Além desses autores, destacam-se:
Jorge Andrade (A moratória), Ariano Suassuna (Auto da Compadecida), Plínio
Marcos (Navalha na carne), Dias Gomes (Odorico, O Bem-Amado) e Chico Buarque de
Holanda (Gota d’água, em parceria com o paraibano Paulo Pontes).
Crônica
A crônica foi um dos gêneros que
mais se renovou a partir do final da década de 1940, registrando a fala do povo
e sua psicologia e retratando o cotidiano, com humor, ironia e lirismo, numa
perspectiva crítica e reveladora. Destacam-se: Paulo Mendes Campos, Rubem
Braga, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade.
Autores
Clarice Lispector
Na obra dela, a caracterização da
personagem e as ações são elementos secundários. Importa-lhe captar a vivência
interior das personagens e a complexidade de seus aspectos psicológicos. Dai
resultando numa narrativa introspectiva e o monólogo interior, em que muitas
vezes percebe-se o envolvimento do narrador, ficando difícil estabelecer as
fronteiras entre narrador e personagens. Essa centralização na consciência contribui
para a digressão, a fragmentação dos episódios e o desencadeamento do fluxo de
consciência, isto é, a expressão direta dos estados mentais, nos quais parece
se manifestar diretamente o inconsciente, do que resulta certa perda da
sequência lógica.
Na trilha filosófica do
Existencialismo, Clarice enfatiza a angústia do homem diante de sua liberdade
para escolher o custo que deseja dar a sua vida.
As narrativas de Clarice Lispector
quase sempre focalizam um momento de revelação, um momento especial em que a
personagem se defronta subitamente com a verdade: chamado de epifania. Essa
epifania é uma manifestação espiritual súbita, provocada por uma experiência
que, a princípio, mostra-se simples e rotineira. Os objetos mais simples, os
gestos mais banais e as situações mais cotidianas provocam uma iluminação
repentina na consciência da personagem.
Alguns livros dela: Perto do coração
selvagem (1944), Laços de família (1960). Além disso, escreveu crônicas e
literatura infantil.
João Guimarães Rosa
Embora de caráter regionalista, a obra dele
supera o regionalismo tradicional, que ora idealizava o sertanejo, ora se
comprazia com aspectos meramente pitorescos, com o realismo documental ou com a
transcrição da linguagem popular e coloquial.
Essa superação deve-se à riqueza de sua
linguagem e ao caráter universal das questões morais e metafisicas presentes em
sua obra.
Criando um estilo absolutamente novo na
ficção brasileira, Guimarães Rosa estiliza o linguajar do sertanejo, recria e
inventa palavras, mescla arcaísmos com vocabulários eruditos, populares e
modernos, combina de maneira original palavras, prefixos e sufixos, constrói
uma sintaxe peculiar e explora as possibilidades sonoras da linguagem, por meio
de aliterações, onomatopeias, hiatos, ecos, homofonias, etc.
No cerne dessa linguagem nova, na qual a
prosa e a poesia se confundem, estão as indagações universais do homem: o
sentido da vida e da morte, a existência ou não de Deus e do diabo, o
significado do amor, do ódio e da ambição etc.
O romance mais famoso dele foi Grande sertão:
veredas que contem várias narrativas dentro da narrativa principal, casos e
episódios nos quais, muitas vezes, o real se cruza com o fantástico.
João Cabral de Melo Neto
A poesia para ele não é fruto de um momento
de inspiração, mas resultado de um esforço cerebral, um trabalho de artesão da
palavra. Preocupado com a organização do texto, a concisão e a precisão da
linguagem, o poeta busca a palavra objetiva, exata, enxuta, para a
concretização do poema, que mantem sob contenção a musicalidade fácil e repudia
o exagero metafórico.
Seu 1º livro foi Pedra do sono (1942) e reúne
20 poemas curtos, escritos aos 20 anos, nos quais predominam as imagens
surrealistas.
O
engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) contem poemas sobre o fazer
poético, isto é, poemas metalinguísticos.
A ênfase no social se dá com os livros O cão
sem plumas (1950), O rio (1954) e Morte e vida Severina (1956). O cão sem
plumas tem como tema o rio Capibaribe, com sua poluição e a população miserável
que habita suas margens. Morte e vida Severina – cujo subtítulo é Auto de Natal
pernambucano – relata a trajetória de Severino, retirante nordestino que se
encaminha para o Recife, encontrando apenas a seca, a subnutrição e a morte por
onde passa.
Desencantado com a vida e mesmo pensando em
se entregar a morte, Severino recebe a notícia do nascimento de uma criança,
símbolo da resistência da vida Severina, o que lhe dá novo alento.
Paisagens com figuras (1956) focaliza as
regiões da Espanha e de Pernambuco.
Uma faça só lâmina (1956), com reflexões
sobre o ato de escrever.
Quaderna
(1961), de temática amorosa.
Serial (1961) tem temática social, precedendo
a obra Auto do frade (1984), cuja personagem principal é Frei Caneca.
Do Concretismo aos Poetas da Internet
Poema
concreto
1. Que
expressão central do poema evoca a possibilidade de uma narrativa?R. Uma vez.
2. Quais as palavras repetidas que, produzindo uma aliteração, contribuem para a sonoridade do poema? R. vez, foz, voz, fala, bala, vala.
4. O poeta demonstra uma intenção geométrica na construção do poema. Explique. R. Há 2 ângulos que se encontram num eixo vertical.
5. Que
substantivos do poema sintetizam os 3 momentos de um conflito geralmente
presentes em uma narrativa (complicação, clímax e desenlace)? R. Fala, bala, vala.
Concretismo
A poesia concreta surge em 1952, tendo como
principal veiculo de divulgação a revista Noigrandres. Esta palavra, segundo
Augusto de Campos, significa antídoto contra o tedio.
Além do nome da revista, denominou também o
grupo concretista liderado pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos e por Décio
Pignatari. Em 1956, esse grupo realiza a Exposição de Arte Concreta, no Museu
de Arte Moderna de São Paulo.
Com influências de Mallarmé, Apollinaire,
Ezra Pound, Joyce, Cummings, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto, a
poesia concreta apresenta como características principais:
a)
O
poema como resultado de investigação verbal;
b)
Incorporação
do espaço gráfico como elemento estrutural do poema;
c)
Ampliação
do poema pela comunicação não – verbal;
d)
Máxima
valorização da palavra em si, contra o verso como unidade rítmica convencional;
e)
Rejeição
do lirismo;
f)
Valorização
do som, da forma visual e da carga semântica da palavra e suas funções –
relações no poema;
g)
Ampla
utilização de recursos tipográficos;
h)
Possibilidades
de múltiplas leituras, pela abolição do verso tradicional: leitura vertical,
horizontal, diagonal etc.;
i)
Utilização
do ideograma, como símbolos da escrita chinesa como modelo de composição.
Essas características, somadas a outras
características inovadoras da prosa, da arquitetura, da música e das artes
plásticas começam a caracterizar o Pós – Modernismo.
Participaram também desse movimento: José
Lino Grünewald, Pedro Xisto e Ronaldo Azeredo.
A partir de 1956, o movimento começa a
declinar, mas suas contribuições estão ainda hoje presentes na literatura
brasileira.
Neoconcretismo
Em 1959, o poeta Ferreira Gullar lidera uma
dissidência dos artistas concretos do RJ. Por meio de um manifesto publicado no
Jornal do Brasil, propõe uma poesia mias social, mais comunicativa e voltada
par aos problemas do país, reagindo contra os excessos formais do movimento
concretista, do qual participara.
O movimento se intitulou Neoconcretismo, o
que era um equivoco, já que sua intenção era social e de ação politica.
Participaram: Ferreira Gullar, Affonso Ávila,
Thiago de Melo, José Paulo Paes e Jamil Haddad.
Texto
para leitura (sem exercícios)
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Poesia
– práxis
Dois manifestos inauguraram a Poesia – práxis
(que em grego significa ação), movimento liderado por Mário Chamie. O 1º foi um
pré – manifesto publicado no Diário de Notícias do RJ, em 1959, preconizando
que o poema objetiva na unidade PALAVRA – CORPO - ESPAÇO – FORMA. O 2º é um
manifesto didático, que aparece como posfácio do livro Lavra – lavra (1962).
A poesia – práxis se autodefine como um
processo literário marcado por:
a)
Considerar
a sintaxe não como decorrente de um código gramatical estabelecido, mas como
resultado original da transformação a que o poeta submete a palavra;
b)
Objetivar
que a forma – conteúdo do texto seja uma estrutura aberta, de tal modo que o
leitor possa intervir crítica e criativamente no texto, exercendo a função de
coautoria.
Repudiando a palavra – coisa do Concretismo,
o poeta – práxis considera a palavra – energia, a palavra como um corpo vivo
que gera outras no contexto do Chamie, participaram do movimento Antônio Carlos
Cabral, Carlos Eduardo Brandao, Yvone Giannetti Fonseca etc.
Poema – processo
O movimento foi liderado por Wlademir
Dias-Pino, e vai de 1967 a 1974, ano que seu líder publica um manifesto pondo
fim ao movimento, que já se esgotar antes.
Utilizando
elementos não – linguísticos para a composição dos seus trabalhos, os
representantes do poema – processo foram mais desenhistas e pintores do que
propriamente escritores. Utilizaram, além da palavra, fotografias, desenhos,
gráficos e colagens.
Poesia marginal dos anos 70
Contornando o bloqueio sistemático das
editoras, que consideram que não é lucrativo publicar poetas desconhecidos,
surgem, no início da década de 70, pequenos livros mimeografados ou impressos
por outros processos. Por estarem a margem das editoras, serem produzidos e
vendidos pelos próprios autores, deu-se a eles o nome de poesia marginal.
Ainda que alguns deles tenham assimilado
influências do Concretismo, a vantagem é que esse grupo representou uma volta
ao discurso, com uma linguagem coloquial, e aos temas do cotidiano, ora
manifestando problemas pessoais ou sociais.
Não chegaram a construir um movimento
organizado com novas propostas estéticas, e poucos foram os que, pela qualidade
dos seus trabalhos, entraram no circuito das editoras, deixando de ser
marginais.
Autor:
Paulo Leminski.
Bons poetas, com ou sem rótulos
Vários poetas merecem destaque pela qualidade
dos seus trabalhos, como: Adélia Prado, Affonso Romano de Sant’Anna, Armindo
Trevisan, Lindolf Bell, Manoel de Barros, Mário Faustino, Mário Quintana, Marcus
Accioly, Naura Machado, Olga Savary.
Poetas da internet – a poesia virtual marginal
É grande o número de poetas que criam páginas
na internet para a divulgação dos seus poemas. Como é fácil obter gratuitamente
um espaço para criar páginas, qualquer pessoa pode divulgar os seus poemas em
publicações virtuais.
Porém, publicar poemas na internet não
significa ser um poeta e tampouco assegura que eles serão lidos por um grande
número de pessoas.
As vertentes pós – modernas e as tradicionais
A falta de um distanciamento histórico e a
pluralidade das formas que a literatura assume dificultam a localização da pós
– modernidade. Portanto, há textos mesclados tanto na forma pós – moderna,
quanto ligados aos recursos tradicionais das narrativas, muitas vezes em um
mesmo autor.
Prosa
política
Durante a ditadura militar, um dos meios de
se contornar a ação da censura sobre os veículos de comunicação foi o texto
literário. Muitos escritores procuravam denunciar a violência política e social
ora em obras que se confundiam com relatos jornalísticos, baseadas em fatos
reais ou fictícios, ora através da narrativa de situações absurdas e irreais
que refletissem metaforicamente a situação do país. Assim, temos:
a)
Romance
– reportagem: Antonio Callado, Ignacio de Loyola Brandao, José Louzeiro,
Roberto Drummond.
b)
Ignacio
de Loyola Brandao, José J. Veiga, Moacyr Scliar, Murilo Rubiao.
Prosa
urbana
A desumanidade, a violência, a solidão, a
marginalização, o vazio associado à vida moderna, a hipocrisia social, o
conflito de classes e outros males das metrópoles são a matéria de obras
ficcionais de Dalton Trevisan, Luiz Vilela, Ricardo Ramos e Rubem Fonseca, este
último é um hiper – realista pelo exagero proposital com que enfatiza a
patologia humana.
Prosa
intimista
A observação psicológica das personagens, a
introspecção, o entrelaçamento do lirismo com o realismo, na mesma linha de
Clarice Lispector, caracterizam as narrativas de Autran Dourado, Josué
Montello, Lygia Fagundes Telles, Osman Lins e outros.
Ao lado desses gêneros, manteve-se a prosa
regionalista, com Ariano Suassuna, Bernardo Élis, Mário Palmério entre outros. E a prosa memorialista ou autobiográfica, com
Jorge Amado, Pedro Nava, Érico Veríssimo etc.
Há outros que continuam a produzir durante a
vida, como Chico Buarque de Holanda, Antonio Torres, Domingos Pellegrini Jr.,
Edilberto Coutinho, Ivan Angelo, João Antonio, João Ubaldo Ribeiro, Marcelo
Rubens Paiva, Nélida Piñon, Sergio Sant’Anna etc.
A
crônica
A crônica é um dos gêneros mais cultivados no
país, assim como o conto, tendo espaço nos jornais de grande circulação,
destacando-se Affonso Romano de Sant’Anna, Carlos Heitor Cony, Fernando Sabino
e Luís Fernando Veríssimo.
A
literatura de massas
No final do século XX, o desenvolvimento da
edição industrial provocou a inflação de uma produção de subliteratura, com
personagens estereotipadas e narrativas padronizadas em moldes que visam
agradar a certos tipos de leitores que as devoram, já que não exigem muita
reflexão. Neste contexto, enquadram-se os livros da chamada literatura
esotérica, prestigiada pela própria insegurança do indivíduo em sua tentativa
de entender as razoes de estar em um mundo complexo rapidamente mutável e que
busca em textos pouco profundos respostas inexistentes para o seu destino e
comportamento. O valor estético e imaginativo dessas obras é bastante
contestável, geralmente com justa razão. Entretanto, esse fenômeno permitiu o
aparecimento de obras interessantes, particularmente no gênero de ficção
científica e do romance policial.
excelente trabalho ( fonte de pesquisa ) sobre o modernismo.Parabéns , professor.
ResponderExcluirProfessor o senhor conseguiu criar um ótimo esquema de estudo, parabéns
ResponderExcluirÓtimo trabalho. Parabéns, professor.
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