domingo, 21 de abril de 2013

Prova


AVALIAÇÃO BIMESTRAL

Leia o texto abaixo e responda:
Na Escuridão Miserável
Fernando Sabino

Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar através do vidro da janela junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:
- O que foi, minha filha? - perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.
- Nada não senhor - respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.
- O que é que você está me olhando aí?
- Nada não senhor - repetiu. - Tou esperando o ônibus...
Onde é que você mora?
- Na Praia do Pinto.
- Vou para aquele lado. Quer uma carona?
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
- Entra aí, que eu te levo.
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:
- Como é o seu nome?
- Teresa.
- Quantos anos você tem, Teresa?
- Dez.
- E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
- A casa da minha patroa é ali.
- Patroa? Que patroa?
Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.
Hoje saí mais cedo. Foi 'jantarado'.
- Você já jantou?
Não. Eu almocei.
- Você não almoça todo dia?
- Quando tem comida pra levar de casa eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.
- E quando não tem?
- Quando não tem, não tem - e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos - um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês.
- Mas não te dão comida lá? - perguntei, revoltado.
- Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado. Mamãe disse pra eu não pedir.
- E quanto é que você ganha?
Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro! Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.
- Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? - perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:
- Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras. E aí no outro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados. Pode parar que é aqui moço, obrigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto...

Em todo o texto narrativo, há personagens que participam dos acontecimentos. Nessa história:

1.    Quem são os personagens?

a)    A menina, o cronista e os coadjuvantes.
b)    A família, o taxista e os coadjuvantes.
c)      O amigo, a vizinha e as crianças.
d)    O João, o taxista e o cronista.
e)    N.d.a.

2.    Qual é o lugar em que se passa a narração?

a)    Armarinho.
b)    Bodega.
c)     Na cidade do Rio de Janeiro.
d)    Bazar
e)    N.d.a.

3.    O narrador é:

a)    Observador.
b)    Personagem.
c)     Observador – personagem.
d)    Personagem – observador.
e)    N.d.a.

4.    O tempo é:

a)    Psico-cronológico.
b)    Crono-Psicológico.
c)      Cronológico.
d)    Psicológico.
e)    N.d.a.

5.    Se fosse colocado um título para ser publicado em um Jornal, como seria:

a)    Há pessoas ricas que exploram as pobres.
b)    Nem tudo que reluz é ouro.
c)      A vida não é maravilhosa.
d)    Puxa, precisamos de doação.
e)    N.d.a

6.    Esse texto pode ser considerado um monólogo porque:

a)    Somente os pais falam.
b)    Somente o balconista fala.
c)      Somente a menina fala.
d)    Não há uma única pessoa que fale.
e)    Somente o narrador fala.

Leia o texto abaixo e responda:

O Relógio
                                                                  Cassiano Ricardo

“Diante de coisa tão doida
Conservemo-nos serenos

Cada minuto da vida
Nunca é mais, é sempre menos

Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser

Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer.”

Disponível em: <TTP://pensador.uol.com.br/frase/NTIyMDE2/>. Acesso em: 27/03/2011.

7.    Diante de coisa tão doida /Conservemo-nos serenos”. A que coisa se refere o poeta?
a)    Ao tempo.                                      
b)     Ao relógio.
c)    A casa.
d)    A vida cansada.
e)    N.d.a.

8.            Já que a passagem do tempo é muito sofrida, como deve ser, segundo o eu lírico, a nossa atitude diante disso?

a) Devemos nos conservar serenos.    
b) Devemos nos conservar angustiados.
c) Devemos ser generosos.
d)Devemos está atentos.
e)N.d.a.

9.            A característica do tempo, que passa e não volta atrás, é expressa pela palavra inexorável. Que expressão da primeira estrofe do poema pode-se substituir por inexorável?

a)    Diante de coisa tão doida                      
b)    Conservemo-nos serenos.
c)    Diante da vida corrida.
d)    Cada minuto da vida.
e)    N.d.a.

10.         Podemos afirmar que perpassa por todo o poema um sentimento predominante de:

a)Calma                 b)Revolta              c)Angústia         d) Vivacidade          e) N.d.a.

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