Prova
Bimestral de Recuperação de Literatura Brasileira
Série:
1º ano
Professor:
Marconildo Viegas
Obs. As questões objetivas não podem ser rasuradas. A rasura ANULA a
questão. Pense antes de marcar.
Para
responder às questões 1 e 2, leia, atentamente, o texto abaixo.
Pudor (Fragmento)
Certas palavras nos dão a
impressão de que voam, ao saírem da boca. “Sílfide”, por exemplo. É dizer
“Sílfide” e ficar vendo suas evoluções no ar, como as de uma borboleta. Não
tem nada a ver com o que a palavra significa. “Sílfide”, eu sei, é o feminino
de “silfo”, o espírito do ar, e quer mesmo dizer uma coisa diáfana, leve,
borboleteante. Mas experimente dizer “silfo”. Não voou, certo? Ao contrário
da sua mulher, “silfo” não voa. Tem o alcance máximo de uma cuspida. “Silfo”,
zupt, ploft. A própria palavra “borboleta” não voa, ou voa mal. Bate as asas,
tenta se manter aérea mas choca-se contra a parede. Sempre achei que a palavra
mais bonita da língua portuguesa é “sobrancelha”. Esta não voa mas paira no
ar, como a neblina das manhãs até ser desmanchada pelo sol. Já a terrível
palavra “seborréia” escorre pelos cantos da boca e pinga no tapete. [...]
(VERISSIMO,
Luis Fernando. Comédias para se ler na
escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 69).
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1. Ao afirmar que “A própria
palavra ‘borboleta’ não voa, ou voa mal. Bate as asas, tenta se manter aérea
mas choca-se contra a parede.” (linhas 6 e 7), o autor
a) observa que a palavra borboleta não voa porque não é da
natureza das borboletas voarem alto.
b) conclui que as palavras, para voarem, precisam estar ligadas ao seu
significado.
c) mostra que a palavra borboleta, ao contrário da palavra “Sílfide”, não pode voar porque não
significa o “espírito do ar”.
d) sugere que o som da palavra borboleta não dá a impressão de um
vôo, diferentemente do que ocorre com a palavra “Sílfide”.
e) mostra que a palavra borboleta, ao ser pronunciada, não
consegue manter-se aérea, por ter a borboleta asas frágeis.
2. Considere as expressões abaixo:
I. “certas palavras” (linha 1)
II. “coisa diáfana” (linha
4)
III. “alcance máximo” (linha 5)
Invertendo-se, em cada uma delas, a ordem da
palavra destacada, ocorrerá alteração de sentido, apenas em:
a) I b) II c) III d)I e II e)I e III
Para responder às questões de 3 a
8, leia atentamente o texto.
TEXTO I
Segurança
O ponto de venda mais forte do
condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os jardins, os
playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança. Toda a área era
cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam
tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários
e visitantes devidamente identificados e crachados.
Mas os assaltos começaram assim
mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.
Os condôminos decidiram colocar
torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções
tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes
eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não
passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem
os bebês.
Mas os assaltos continuaram.
Decidiram eletrificar os muros.
Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a
segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria
eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com
ordens de atirar para matar.
Mas os assaltos continuaram.
Grades nas janelas de todas as
casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio
de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame
farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas
as janelas foram engradadas.
Mas os assaltos continuaram.
Foi feito um apelo para que as
pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no
condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver
apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado,
com crachás roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um
rigoroso controle das saídas. Para sair, só com um exame demorado do crachá e
com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava
suborno.
Mas os assaltos continuaram.
Foi reforçada a guarda. Construíram
uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem
roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada
uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio.
Ninguém. Visitas, só num local
predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.
E ninguém pode sair.
Agora, a segurança é completa.
Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os
ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de
ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa,
olhando melancolicamente para a rua.
Mas surgiu outro problema.
As tentativas de fuga. E há
motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a
liberdade.
A guarda tem sido obrigada a agir
com energia.
(VERÍSSIMO,
Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001, 97-99)
3. De acordo com o
texto I, os aparatos de segurança
a) protegem
integralmente os condôminos, garantindo-lhes bem-estar e satisfação.
b) não dependem dos
recursos e das estratégias utilizados pelos assaltantes.
c) demonstram a
paranóia urbana em relação à segurança e à proteção do patrimônio.
d) contribuem para
deixar os condôminos tranqüilos e felizes.
e) criam uma
situação de constrangimento apenas para os ladrões.
4. O título do
texto I – Segurança –
a) revela-se
incoerente em relação ao texto como um todo.
b) remete para um
problema social, tematizado ironicamente pelo autor.
c) refere-se à
eficácia da segurança oferecida em condomínios fechados.
d) sugere a
importância de se investir em aparatos que garantam a segurança.
e) reforça a
convicção do autor no sucesso dos aparatos de segurança.
5. A repetição, ao
longo do texto I, da frase “Mas os assaltos continuaram”
a) enfatiza a
regularidade dos assaltos, a despeito dos aparatos de segurança.
b) fere a estrutura
do texto, pois se apresenta em forma de parágrafo.
c) evidencia-se
como uma repetição desnecessária.
d) demonstra que os
assaltos eram uma novidade no condomínio.
e)
traduz
a eficiência dos aparatos de segurança.
TEXTO II
Calça Literária
Carlos Drummond de
Andrade
É
assíduo leitor de blusas, camisas, saias, calças estampadas. Não lhe escapa um
exemplar novo. Parece desligado, e observa tudo. Segundo ele, as peças de
indumentária, masculina e feminina, ostentando símbolos e nomes de
universidades americanas, manchetes, páginas de jornal, retratos de Pelé e Jimi
Hendrix, apelos ao amor que não à guerra, etc., há muito deixaram de ser
originais. (...) Hoje, lê-se mais nos tecidos do que nos livros, e não é ler
apenas, é ver cinema e televisão, pois os corpos, ao se moverem, dinamizam as
figuras estampadas.
...........................................................................................................................
–
Ontem eu li uma calça comprida, de mulher, que à primeira vista não tinha nada
de especial. Estava escrita como tantas outras. Mas o texto (não confundir com
textura) me chamou a atenção. Geralmente, calças e blusas não são literárias.
Trazem notícias, anúncios, slogans,
mas versos, ainda não tinha visto. Pois essa tinha poemas em português, de
Camões ao Vinícius.
...........................................................................................................................
–
Foi a primeira calça literária, totalmente poética, do meu conhecimento. Feita
em São Paulo? Talvez. Caracteres pretos sobre fundo branco. Versos em todas as
direções. De Bilac, de Cecília, de Bandeira, de Castro Alves, de Fernando
Pessoa. Uma antologia, bicho. Sem ordem, naturalmente. Escuta aí: Onde vais à
tardezinha, morena flor do sertão? O que eu adoro em ti é a vida. Aqui outrora
retumbaram hinos. Oh abelha imaginativa! o que o desejo inventa... Vou-me
embora pra Pasárgada. Amor é fogo que arde sem se ver. Ninguém sonha duas vezes
o mesmo sonho. No monte de amor andei, por ter de monteiro fama, sem tomar gamo
nem gama. Clorindas e Belindas brincam no tempo das berlindas. Eu tenho amado
tanto e não conheço o amor. Estrela Vésper do pastor errante. Tamos em pleno
mar: dois infinitos ali se alteiam...
...........................................................................................................................
(...) Mas que seja infinito enquanto dure.
Cantando espalharei por toda parte. Tudo não escondido perde a graça. O
cinamomo floresce em frente do teu postigo. Crisântemo divino aberto em meio da
solidão... Tinha uma pedra no meio do caminho.
...........................................................................................................................
(...) Os poetas que tratem de defender seus
direitos autorais. A menos que considerem uma honra vestir de versos as
mulheres.
ANDRADE, Carlos Drummond de et alii. Para
gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática,
1979, pp. 62-64
textura = tecido monteiro
= aquele que caça nos montes
tomar = capturar gamo =
veado
gama = corça cinamomo
= arbusto
postigo = pequena janela
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6. No trecho: “Hoje, lê-se mais nos tecidos do que nos livros, ...”, o autor
a) afirma que calças e
blusas não têm que ser literárias.
b) amplia o conceito de
leitura.
c) considera uma honra
vestir de versos as mulheres.
d) entende que as peças
de indumentária masculina e feminina devem informar mais que os livros.
e) vê que a leitura só
se dinamiza com as figuras estampadas.
7. Na crônica Calça Literária, Drummond cita versos de Camões a Vinícius de Morais.
Dentre eles, aproxima-se do Barroco brasileiro o verso
a) “O cinamomo floresce em frente do teu
postigo.”
b) “No monte de amor andei, por ter de monteiro fama,
sem tomar gamo nem gama.”
c) “Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho.”
d) “Amor é fogo que arde sem se ver.”
e) “Tinha uma pedra no meio do caminho.”
8. Calça Literária é um
texto que nos mostra o quanto estamos, o tempo todo, rodeados de linguagem.
Dependendo da intencionalidade de quem escreve, essa linguagem pode assumir
diferentes funções.
De acordo
com as funções da linguagem, numere as frases à direita, levando em
consideração o seu contexto, para estabelecer as devidas relações:
(1) Função referencial ( ) “Ontem eu li uma calça comprida, de mulher,
que à primeira vista não tinha nada de especial.”
(2) Função emotiva ( ) “Mas o texto (não confundir com textura) me
chamou a atenção.”
(3) Função poética ( ) “Uma antologia, bicho. Sem ordem,
naturalmente. Escuta aí:”
(4) Função metalingüística ( ) “A menos que considerem uma honra vestir de
versos as mulheres.”
(5) Função apelativa
A
seqüência correta é:
a) 2, 1, 4, 3 b) 1, 2, 3, 4 c) 3, 1, 5, 2
d) 1, 4, 5, 3
e) 4, 1, 3, 2
9. A
forma espontânea da fala está caracterizada em:
a) “Uma antologia, bicho. (...) Escuta aí: Onde
vais à tardezinha, morena flor do sertão?”
b) “Tudo não escondido perde a graça.”
c) “Aqui outrora retumbaram hinos.”
d) “Estava escrita como tantas outras.”
e) “Os poetas que tratem de defender seus
direitos autorais.”
10. O significado do verso – “O tempo não respeita a formosura” – é
mantido
na estrutura:
a) O tempo enaltece a
formosura. b) O
tempo cura a formosura.
c) O tempo enfatiza a
formosura. d) O tempo revigora a
formosura.
e) O tempo desgasta a
formosura.
Gabarito está faltando
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