Súplica por uma árvore.
Cecília
Meireles.
Um dia, um professor comovido
falava-me de árvores. Se avô conhecera Andersen, esse pequeno deus que encantou
para sempre a infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas historias.
Mas, além de conhecer Andersen, o avô desse comovido professor legara a seus
descendentes uma recordação extremamente terna: ao sentir que se aproximava o
fim de sua vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde brincara
em menino, para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de
sonho, pureza, poesia – povoado de crianças, ramos, flores, pássaros... O
professor comovido transportava-se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô
tão sensível, e continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral,
desse agradecido amor à Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua
proteção, mesmo obscura e enigmática.
Lembrei-me de tudo isso ao
contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco há quinze dias se encontra
ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado. Segundo os técnicos, se
não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em breve: pois a pancada
que a atingiu afetou-a na profundidade de sua vida.
Meireles,
Cecília. Suplica por uma árvore. In: O que se diz e o que se entende. Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1980, p. 63.
- Embora fique melhor onde está,
pois atrai o leitor, o primeiro parágrafo poderia vir depois do segundo,
se obedecesse à lógica dos acontecimentos. Por que?
- O que a paisagem campestre
representa para o cronista?
- Que objeto urbano contribui, no
segundo parágrafo, para o contraste entre o campo e a cidade?
- Que semelhanças há entre o avô,
o professor e a cronista?
INTERTEXTUALIDADE
Leia o
poema seguinte, de Cláudio Manuel da Costa:
Aquele
adore as roupas de alto preço,
Um siga a
ostentação, outro a vaidade;
Todos se
enganam com igual excesso.
Eu não
chamo a isto felicidade:
Ao campo me
recolho, e reconheço,
Que não há
maior bem que a soledade.
Soledade:
lugares ermos, desertos.
Que
elemento comum podemos encontrar nestes versos, escritos no século XVIII,
quando comparados ao texto de Cecília Meireles?
Mim ajudem a dar a respostas desses perguntar por favor preciso urgente
ResponderExcluirQual o tema ???
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