domingo, 21 de abril de 2013

Prova


Prova Bimestral de Recuperação de Literatura Brasileira

Série: 1º ano

Professor: Marconildo Viegas

Obs. As questões objetivas não podem ser rasuradas. A rasura ANULA a questão. Pense antes de marcar.

 

Para responder às questões 1 e 2, leia, atentamente, o texto abaixo.

 

Pudor (Fragmento)

 

Certas palavras nos dão a impressão de que voam, ao saírem da boca. “Sílfide”, por exemplo. É dizer “Sílfide” e ficar vendo suas evoluções no ar, como as de uma borboleta. Não tem nada a ver com o que a palavra significa. “Sílfide”, eu sei, é o femi­nino de “silfo”, o espírito do ar, e quer mesmo dizer uma coisa diáfana, leve, borboleteante. Mas experimente dizer “silfo”. Não voou, certo? Ao contrário da sua mulher, “silfo” não voa. Tem o alcance máximo de uma cuspida. “Silfo”, zupt, ploft. A própria palavra “borboleta” não voa, ou voa mal. Bate as asas, tenta se manter aérea mas choca-se contra a parede. Sempre achei que a pala­vra mais bonita da língua portuguesa é “sobrance­lha”. Esta não voa mas paira no ar, como a neblina das manhãs até ser desmanchada pelo sol. Já a terrí­vel palavra “seborréia” escorre pelos cantos da boca e pinga no tapete. [...]
(VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 69).

 

1. Ao afirmar que “A própria palavra ‘borboleta’ não voa, ou voa mal. Bate as asas, tenta se manter aérea mas choca-se contra a parede.” (linhas 6 e 7), o autor

 

a)  observa que a palavra borboleta não voa porque não é da natureza das borboletas voarem alto.

b)  conclui que as palavras, para voarem, precisam estar ligadas ao seu significado.

c)  mostra que a palavra borboleta, ao contrário da palavra “Sílfide”, não pode voar porque não significa o “espírito do ar”.

d)  sugere que o som da palavra borboleta não dá a impressão de um vôo, diferentemente do que ocorre com a palavra “Sílfide”.

e)  mostra que a palavra borboleta, ao ser pronunciada, não consegue manter-se aérea, por ter a borboleta asas frágeis.

 

  2.  Considere as expressões abaixo:

 

   I.   certas palavras”   (linha 1)

II.   “coisa diáfana”     (linha 4)

III.   “alcance máximo” (linha 5)

 

Invertendo-se, em cada uma delas, a ordem da palavra destacada, ocorrerá alteração de sentido, apenas em:

 

a)  I                  b)  II             c)     III                              d)I e II                      e)I e III

    

Para responder às questões de 3 a 8, leia atentamente o texto.

 

TEXTO I

 

Segurança

 

O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados e crachados.

Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.

Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.

Mas os assaltos continuaram.

Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar.

Mas os assaltos continuaram.

Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram engradadas.

Mas os assaltos continuaram.

Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle das saídas. Para sair, só com um exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava suborno.

Mas os assaltos continuaram.

Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio.

Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.

E ninguém pode sair.

Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa, olhando melancolicamente para a rua.

Mas surgiu outro problema.

As tentativas de fuga. E há motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a liberdade.

A guarda tem sido obrigada a agir com energia.

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, 97-99)

 

3. De acordo com o texto I, os aparatos de segurança

 

a) protegem integralmente os condôminos, garantindo-lhes bem-estar e satisfação.

b) não dependem dos recursos e das estratégias utilizados pelos assaltantes.

c) demonstram a paranóia urbana em relação à segurança e à proteção do patrimônio.

d) contribuem para deixar os condôminos tranqüilos e felizes.

e) criam uma situação de constrangimento apenas para os ladrões.

 

4. O título do texto I – Segurança

 

a) revela-se incoerente em relação ao texto como um todo.

b) remete para um problema social, tematizado ironicamente pelo autor.

c) refere-se à eficácia da segurança oferecida em condomínios fechados.

d) sugere a importância de se investir em aparatos que garantam a segurança.

e) reforça a convicção do autor no sucesso dos aparatos de segurança.

 

5. A repetição, ao longo do texto I, da frase “Mas os assaltos continuaram”

 

a) enfatiza a regularidade dos assaltos, a despeito dos aparatos de segurança.

b) fere a estrutura do texto, pois se apresenta em forma de parágrafo.

c) evidencia-se como uma repetição desnecessária.

d) demonstra que os assaltos eram uma novidade no condomínio.

e) traduz a eficiência dos aparatos de segurança.

 


TEXTO II


 

Calça Literária


 

Carlos Drummond de Andrade

É assíduo leitor de blusas, camisas, saias, calças estampadas. Não lhe escapa um exemplar novo. Parece desligado, e observa tudo. Segundo ele, as peças de indumentária, masculina e feminina, ostentando símbolos e nomes de universidades americanas, manchetes, páginas de jornal, retratos de Pelé e Jimi Hendrix, apelos ao amor que não à guerra, etc., há muito deixaram de ser originais. (...) Hoje, lê-se mais nos tecidos do que nos livros, e não é ler apenas, é ver cinema e televisão, pois os corpos, ao se moverem, dinamizam as figuras estampadas.

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– Ontem eu li uma calça comprida, de mulher, que à primeira vista não tinha nada de especial. Estava escrita como tantas outras. Mas o texto (não confundir com textura) me chamou a atenção. Geralmente, calças e blusas não são literárias. Trazem notícias, anúncios, slogans, mas versos, ainda não tinha visto. Pois essa tinha poemas em português, de Camões ao Vinícius.

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– Foi a primeira calça literária, totalmente poética, do meu conhecimento. Feita em São Paulo? Talvez. Caracteres pretos sobre fundo branco. Versos em todas as direções. De Bilac, de Cecília, de Bandeira, de Castro Alves, de Fernando Pessoa. Uma antologia, bicho. Sem ordem, naturalmente. Escuta aí: Onde vais à tardezinha, morena flor do sertão? O que eu adoro em ti é a vida. Aqui outrora retumbaram hinos. Oh abelha imaginativa! o que o desejo inventa... Vou-me embora pra Pasárgada. Amor é fogo que arde sem se ver. Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. No monte de amor andei, por ter de monteiro fama, sem tomar gamo nem gama. Clorindas e Belindas brincam no tempo das berlindas. Eu tenho amado tanto e não conheço o amor. Estrela Vésper do pastor errante. Tamos em pleno mar: dois infinitos ali se alteiam...

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 (...) Mas que seja infinito enquanto dure. Cantando espalharei por toda parte. Tudo não escondido perde a graça. O cinamomo floresce em frente do teu postigo. Crisântemo divino aberto em meio da solidão... Tinha uma pedra no meio do caminho.

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 (...) Os poetas que tratem de defender seus direitos autorais. A menos que considerem uma honra vestir de versos as mulheres.

ANDRADE, Carlos Drummond de et alii. Para gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1979, pp. 62-64

 

textura = tecido                                      monteiro = aquele que caça nos montes
tomar = capturar                                    gamo = veado
gama = corça                                        cinamomo = arbusto
postigo = pequena janela

 

   6.   No trecho: “Hoje, lê-se mais nos tecidos do que nos livros, ...”, o autor

a)   afirma que calças e blusas não têm que ser literárias.

b)   amplia o conceito de leitura.

c)   considera uma honra vestir de versos as mulheres.

d)   entende que as peças de indumentária masculina e feminina devem informar mais que os livros.

e)   vê que a leitura só se dinamiza com as figuras estampadas.

 

   7.   Na crônica Calça Literária, Drummond cita versos de Camões a Vinícius de Morais. Dentre eles, aproxima-se do Barroco brasileiro o verso

a)  “O cinamomo floresce em frente do teu postigo.”

b)  “No monte de amor andei, por ter de monteiro fama, sem tomar gamo nem gama.”

c)   “Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho.”

d)  “Amor é fogo que arde sem se ver.”

e)  “Tinha uma pedra no meio do caminho.”

 

8. Calça Literária é um texto que nos mostra o quanto estamos, o tempo todo, rodeados de linguagem. Dependendo da intencionalidade de quem escreve, essa linguagem pode assumir diferentes funções.

De acordo com as funções da linguagem, numere as frases à direita, levando em consideração o seu contexto, para estabelecer as devidas relações:

 

                (1)    Função referencial                                (    )  “Ontem eu li uma calça comprida, de mulher, que à primeira vista não tinha nada de especial.”

                (2)    Função emotiva                                     (    )  “Mas o texto (não confundir com textura) me chamou a atenção.”

                (3)    Função poética                                       (    )  “Uma antologia, bicho. Sem ordem, naturalmente. Escuta aí:”

                (4)    Função metalingüística                       (    )  “A menos que considerem uma honra vestir de versos as mulheres.”

                (5)    Função apelativa                                  

 

A seqüência correta é:

a)            2, 1, 4, 3                                                       b)   1, 2, 3, 4                                                      c)           3, 1, 5, 2                                                       d)           1, 4, 5, 3                                                           e)               4, 1, 3, 2

              

 

9. A forma espontânea da fala está caracterizada em:

a)   “Uma antologia, bicho. (...) Escuta aí: Onde vais à tardezinha, morena flor do sertão?”

b)   “Tudo não escondido perde a graça.”

c)   “Aqui outrora retumbaram hinos.”

d)   “Estava escrita como tantas outras.”

e)   “Os poetas que tratem de defender seus direitos autorais.”

 

10.   O significado do verso – “O tempo não respeita a formosura” – é mantido na estrutura:

a)   O tempo enaltece a formosura.                        b) O tempo cura a formosura.

c)   O tempo enfatiza a formosura.                         d)  O tempo revigora a formosura.

e)   O tempo desgasta a formosura.

Um comentário:

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