Conceição
Machado de
Assis
A família era
pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez
horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa
dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses
que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra
fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía
e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um
eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e
dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a
existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou
achando que era muito direito.
Boa Conceição! Chamavam-lhe "a
santa", e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos
do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes
lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana;
aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal.
Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem
feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém,
perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
1. Como
é caracterizada a família descrita neste trecho: da alta burguesia, da classe
media, idealizada, pobre, rica, de hábitos sofisticados ou simples?
2. Por
que se pode afirmar que o ambiente domestico desta família se caracteriza pela
dissimulação (disfarce, fingimento, hipocrisia)?
3. “O
próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio.” Que avaliação da personalidade
de Conceiçao corresponde a essa descrição física?
O que sobressai no
texto: a descrição física ou a análise psicológica da personagem?
me passem a resposta
ResponderExcluirporfavor