O
casamento de Rosinha
Personagens:
Rosinha:
Liliane
Namorado:
Claumir
Padre:
Paulo
Padrinho:
Micael
Madrinha:
Camila
Pai de
Rosinha: escolher um dos meninos (pode ser do 7 º ano)
Convidados:
o restante, a quadrilha
Resumo:
Começa o
narrador falando e o encontro do noivo com a noiva, depois, começa-se as
conversas, a vinda do padre e o ocorrido: Ela foge com o padre, e deixa o noivo
de lado. Ai começa a quadrilha, as danças, ninguém perde a festa, mesmo sem a
noiva.
Narrador:
Vou
contar uma história
Verdadeira que só ela Preste atenção, minha gente Que tamanha esparrela A luta de dois caboclos Pelo amor de uma donzela. Pai de Rosinha:
Donzela...vá
lá que fosse
Era assim como dizia O coronel velho, pai dela Coroné:
"Moça
dereita se cria
Longe de forró e festa Mangangá, xote e fulia." Narrador:
Rosinha
era o seu nome
De muito curto pavio Sorrateira como cobra Sonsa como um assobio E mais fácil que batata Que dá em beira de rio. Ela assim levava a vida Nas moita de macambira Fogosa de largar tinta Arrancar do couro as tira De um cabra de recado Um tal de Chico traíra. Chico por ela vivia Todo tempo abestalhado Fazia qualquer desejo Por Rosinha ordenado Noivo:
"Por
ela? Êita, danô-se!
Eu cumpro qualquer tratado." Narrador:
Um belo dia, porém
Abancou-se um forasteiro Que não era nem macaco Nem sacristão, nem vaqueiro Nem cantador...era mesmo Um valente cangaceiro. Rosinha se arrepiou Por tudo quanto foi canto Principalmente naquele Que mais tinha acalanto Dizendo:
(Rosinha)"chegou a hora
De eu reza pra'quele santo."
Narrador:
Ninguém ali suspeitava
Que a donzela era afoita Rosinha:
"Por
cabra bruto, valente!"
Narrador:
Desses
que a morte açoita
Macho assim ela arrastava Logo pra dentro da moita. Mandou que Chico traíra Fosse buscar o sujeito Rosinha:
"Que
é prumode eu sabê
Essa história bem direito Se o cabra atira de mermo Ou se a mira tem defeito." Narrador:
Ôi de
cobra do salto
Da égua era seu nome Mais ruim que precisão Mais cruel que sede e fome Tão valente que dizia: Noivo:
"Lampião
nunca foi ômi!"
Narrador: Chico, todo enciumado Achou que ali tinha truta Pensou:
Noivo
"Nessa
canturia
Só pra mim quero a batuta Porém não posso usar Com esse a força bruta." Narrador:
Pra
cima do cangaceiro
Arquitetou uma retreta Do jeito que não pudesse Descobrir toda a mutreta Noivo:
"Seu
eu fizé isso, Rosinha
Me joga lá pra sarjeta." Narrador:
O plano
era fazer
O mais estronso alarde Noivo:
"Vou
mostá que sou valente
Que aquele cabra é covarde Antes que outra saída Já seja pra lá de tarde." Narrador:
Sabendo
que o cangaceiro
Carregava uma cadela Pra todo lugar que ia Grudado feito remela E que em todo canto dizia: Noivo:
"Na
vida só tenho ela."
"Essa minha cachorra Tem muito mais sentimento Que todo o povo do mundo Do chão até o firmamento Por essa coitada eu faço Todo e qualquer juramento." Narrador:
Chico
tratou logo de armar
O plano com muito ardio Pegou uma boa chibata Escondeu bem lá no rio Um pouco de estriquinina E um toco de pão de estio. Partiu em busca do cabra Que arriscava roubar O amor de sua Rosinha E com ela se arranjar Noivo
"Ele
agora vai saber
Quem faz chover e ventar.” Narrador:
Foi
chegando devagar
Pra junto de ôi de cobra Tirou ligeiro o chapéu Deixando cair uma sobra De pão seco pelo chão Como parte da manobra. O pão 'tava envenenado Com um pouco da poção Porém o tal cangaceiro Não deu fé da arrumação
Um dos
meninos da quadrilha (OI de cobra)
"O
que foi cabra da peste?
Diga logo e risque o chão." Noivo:
"Seu
ôi de cobra eu só vim
Prumode lhe avisar Nas terra do Coroné Quem chega tem que rezá Na ribancêra do rio Pro santo dos animá. São Francisco de Assis Padruêro dos quadrupe Dos pêxe, dos passarim Dos inseto e sua trupe E de mais quanto cum eles Na mêrma raça se agrupe." Narrador:
Depois
que Chico falou
O cangaceiro gemeu Soltou uma gargalhada Que a terra do chão tremeu
OI de
cobra
"Se
ajuêlhe, cabra safado
Que aqui o santo sou eu." Narrador:
Foi
dizendo e uma paulada
No lombo de Chico deu Porém naquele instante A cadelinha gemeu Espumou, grunhiu, rodou Esticou e endureceu. Chico gritou:
"Tá
vendo?
Esse é o fim do indigente O solvente pra alma impura A punição pra quem mente Coleira pra lubisômi Xadrez pra cabra valente. Blasfemá contra a escritura É uma grande bestêra Agora não tem mais jeito, O sinhô queira ou não queira A não ser que pra mais tarde Teje lá na ribanceira." O cangaceiro Oi de Cobra disse:
"Amigo
Faço o que você dizê Trace logo o roteiro Que eu tenho que fazê Qual a reza que desfio Pra qual santo me benzê." Narrador:
Chico lhe
ensinou bem certo
Pra não ter como errar E seguiu para a fazenda Rosinha ligeiro avisar Que o encontro estava certo
Chico
pra Rosinha
"Você
pode se aprontá."
Narrador:
Rosinha
se enfiou
Num vestiudo de cetim Verde como uma samambaia Vermelho como carmim Mais cheirosa que uma rosa Mais florida que um jardim Chico foi pra ribanceira Esperar o cangaceiro Deixou a chibata perto Para o golpe ser certeiro Ôi de cobra foi chegando E Chico falou ligeiro: Chico:
"Ôi
de cobra, meu amigo
Chegue bem pra cá, mais perto Eu bem sei que a sua fama É de cangacêro esperto Me diga se eu tô errado Ou se meu ditado é certo." Ôi de cobra disse:
"Cabra
Vamo dexá de cunversa Diga logo o que eu faço Que já tô com muita pressa Senão a minha cadela Vai na premêra remessa." Chico disse:
"Ajuêlhe
Que eu quero lhe benzê Com o cordão de São Francisco Que é quem tem todo o pudê De atendê os pedido De quem no lombo bate." Ôi de cobra disse:
"E
o quê
É que tu tá esperando Pra macaca no meu couro Sem pena logo ir deitando Chegue. Bata cum gosto Que sou eu que tô mandando!" Narrador:
Rosinha
tava chegando
Naquele exato momento Trazendo junto um padre Montados em um jumento Que era pra garantir De pronto seu casamento. O padre era até vistoso Tinha abraçado a batina Para fugir do caminho Da mira de uma carabina De um coronel de outras terras Pai de uma afoita menina. Rosinha bem que achou O padre apessoado Pensou até que podia Com ele ter um amassado Porém o homem era santo Com a religião casado. Os dois foram chegando E vendo a cena que estava Acontecendo de um jeito Que ninguém acreditava Na mesma hora que Chico Ôi de cobra açoitava. Chico dizia:
"Quem
é
Que manda no seu distino?"
Cobra
dizia:
"É o Sinhô,
Meu São Chico divino!"
Narrador:
Tremendo
feito uma vara
Berrando que nem menino. Rosinha pensou:
"Não
sabia
Que Chico era tão valente. Já tô toda arripiada Feito uma pedra quente Ai... Desse jeito num aguento Cabra assim rasgo nos dente." Narrador:
Quando
viu aquela cena
O padre pensou, agitado Que um homem estava batendo No lombo de um coitado Correu pela ribanceira Sorrateiro e abaixado. De um salto tomou a chibata Que Chico tinha na mão Gritando:
"Cabra
safado
Cadê a autorização De bater assim desse jeito No couro de um cristão?" Tomados de grande espanto Ôi de cobra e o traíra
Berraram
juntos:
"valei-me!"
O padre
disse:
"que
a ira
De Nosso Senhor Jesus Cristo Tome conta dessa imbira!" narrador:
Foi
dizendo e foi batendo
Em Chico feito sansão. O cangaceiro, assustado Saltou ligeiro do chão Os dois correram pensando Que era uma aparição. Dizem que Chico traíra Andou noutra freguesia Nunca mais o ôi de cobra Teve a vida vadia A Rosinha e o tal padre Se casaram no outro dia.
Ai
começa a quadrilha a festa junina...
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