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Escola Estadual Padre Hildon
Bandeira
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Aluno (a):
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Série:
3º Ano
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Turno
Vespertino
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Professor
Marconildo Viegas
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Disciplina
Português
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Bimestre
4º
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Data
_____/_____/____
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Recuperação
Leia o fragmento
abaixo transcrito da obra “Vidas Secas” e responda à questão a seguir:
Vivia longe dos
homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não
sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a
ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro
entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado,
cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma
língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade
falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade,
tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez
perigosas. (Graciliano Ramos)
1. No texto, a
referência aos pés:
(A) Constitui um jogo de contrastes entre o mundo
cultural e o mundo físico do personagem.
(B) Acentua a rudeza
do personagem, em nível físico.
(C) Justifica-se como
preparação para o fato de que o personagem não estava preparado para caminhada.
(D) Serve para
demonstrar a capacidade de pensar do personagem.
(E) n.d.a.
Leia o texto abaixo e
responda o que se pede:
Não faças versos
sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
2. Uma das constantes
na obra poética de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos versos
transcritos, é:
a) louvação do homem
social b) o
negativismo destrutivo
c) a violação e desintegração da palavra d) o questionamento da própria poesia.
e) o pessimismo lírico.
c) a violação e desintegração da palavra d) o questionamento da própria poesia.
e) o pessimismo lírico.
Texto
para as questões 03 e 04
SENTIMENTAL
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
E debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
Neste país é proibido sonhar.
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
E debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
Neste país é proibido sonhar.
3. Este poema é caracteristicamente modernista, porque nele:
a) A uniformidade dos versos reforça a simplicidade dos sentimentos experimentados pelo poeta.
b) Tematiza-se o ato de sonhar, valorizando-se o modo de composição da linguagem surrealista.
c) Satiriza-se o estilo da poesia romântica, defendendo os padrões da poesia clássica.
d) A linguagem coloquial dos versos livres apresenta com humor o lirismo encarnado na cena cotidiana.
e) O dia-a-dia surge como novo palco das sensações poéticas, sem imprimir a alteração profunda na linguagem lírica.
4. Destacam-se neste poema características marcantes do Drummond modernista. São elas:
a) A tendência metafísica, o discurso sentencioso e o humor sutil.
b) A memória familiar, o canto elegíaco e a linguagem fragmentada.
c) A exposição da timidez pessoal, a fala amargurada e a recuperação da forma fixa.
d) A preocupação de cunho social, o pessimismo e a desintegração do verso.
e) O isolamento da personalidade lírica, a ironia e o estilo prosaico.
Texto para a questão 05
(...) Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
Mal redimidos da noite,
Duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos de aurora.
5. Em 1945, Carlos Drummond de Andrade escreveu A Rosa do Povo, da qual o fragmento acima faz parte. Nele podemos verificar:
a) uma análise do comportamento humano, na relação cidade e campo;
b) apenas uma teoria de sua própria produção poética;
c) uma reflexão sobre os valores teológicos e metafísicos do homem contemporâneo;
d) uma temática social e política e uma denúncia das dilacerações do mundo;
e) n.d.a.
Texto para a questão 6
(...) Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
Mal redimidos da noite,
Duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos de aurora.
6. No fragmento acima, Carlos Drummond de Andrade constrói, poeticamente, a aurora. O que permite visualizar este momento do dia corresponde:
a) a objetos confusos mal redimidos da noite;
b) à garrafa estilhaçada e ao ladrilho sereno;
c) à aproximação suave de dois corpos;
d) ao enlace amoroso de duas cores;
e) ao fluir espesso do sangue sobre o ladrilho.
7. Assinale a alternativa incorreta a respeito da poesia de Carlos Drummond de Andrade:
a) O jogo verbal, em alguns poemas, acentua a relativização das várias faces da realidade.
b) O sujeito poético, várias vezes, reveste suas expressões de um fino traço de humor.
c) O sujeito poético, constantemente, transmite sensações de dúvida e de negação.
d) Os versos que contêm uma ênfase mística podem ser vistos como produtos do fervor católico do poeta.
e) Importantes poemas publicados na década de 1940 tratam de temas de caráter social.
Texto
para a questão 8
E o
olhar estaria ansioso esperando
e a cabeça ao sabor da mágoa balançado
e o coração fugindo e o coração voltando
e os minutos passando e os minutos passando...
(Vinícius de Moraes, O olhar para trás)
8. A figura de linguagem que predomina nestes versos é:
a) A metáfora, expressa pela analogia entre o ato de esperar e o ato de balançar.
b) A sinestesia, manifestada pela referência à interação dos sentidos: visão e coração no momento de espera.
c) O polissíndeto, caracterizado pela repetição da conjunção coordenada aditiva e, para conotar já
intensidade da crescente sensação de ansiedade contraditória do ato de esperar.
d) O pleonasmo, marcado pela repetição desnecessária da conjunção coordenada sindética aditiva e.
e) O paradoxo, expresso pela contradição das ações manifestadas pelos verbos no gerúndio.
09. Leia o texto e assinale a alternativa correta:
Você, que só faz usufruir
e tem mulher para usar ou para exibir,
você vai ver um dia
em que toca você foi bulir.
A mulher foi feita
pro amor e pro perdão.
Cai nessa, não.
Cai nessa, não. (Vinícius de Moraes e Toquinho)
a) O homem não se deve iludir, porque a mulher é traiçoeira.
b) O importante, na relação amorosa, são as aparências.
c) Usufruir, no texto, significa esbanjar dinheiro.
d) A mulher é superior ao homem, porque ama e perdoa.
e) Não se deve crer que a mulher sabe apenas amar e perdoar.
10. Assinale a alternativa incorreta sobre o autor desse poema:
CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus!
a) Destacou-se como poeta da “fase heróica” do Modernismo.
b) O humor, como recurso crítico, é uma das características de sua poesia.
c) Em A Rosa do Povo expressa a esperança num mundo mais justo.
d) É escritor reconhecido quer por sua obra poética, quer por sua prosa, da qual se destacam as crônicas.
e) Antilirismo e ironia são traços estilísticos de sua poesia.
e a cabeça ao sabor da mágoa balançado
e o coração fugindo e o coração voltando
e os minutos passando e os minutos passando...
(Vinícius de Moraes, O olhar para trás)
8. A figura de linguagem que predomina nestes versos é:
a) A metáfora, expressa pela analogia entre o ato de esperar e o ato de balançar.
b) A sinestesia, manifestada pela referência à interação dos sentidos: visão e coração no momento de espera.
c) O polissíndeto, caracterizado pela repetição da conjunção coordenada aditiva e, para conotar já
intensidade da crescente sensação de ansiedade contraditória do ato de esperar.
d) O pleonasmo, marcado pela repetição desnecessária da conjunção coordenada sindética aditiva e.
e) O paradoxo, expresso pela contradição das ações manifestadas pelos verbos no gerúndio.
09. Leia o texto e assinale a alternativa correta:
Você, que só faz usufruir
e tem mulher para usar ou para exibir,
você vai ver um dia
em que toca você foi bulir.
A mulher foi feita
pro amor e pro perdão.
Cai nessa, não.
Cai nessa, não. (Vinícius de Moraes e Toquinho)
a) O homem não se deve iludir, porque a mulher é traiçoeira.
b) O importante, na relação amorosa, são as aparências.
c) Usufruir, no texto, significa esbanjar dinheiro.
d) A mulher é superior ao homem, porque ama e perdoa.
e) Não se deve crer que a mulher sabe apenas amar e perdoar.
10. Assinale a alternativa incorreta sobre o autor desse poema:
CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus!
a) Destacou-se como poeta da “fase heróica” do Modernismo.
b) O humor, como recurso crítico, é uma das características de sua poesia.
c) Em A Rosa do Povo expressa a esperança num mundo mais justo.
d) É escritor reconhecido quer por sua obra poética, quer por sua prosa, da qual se destacam as crônicas.
e) Antilirismo e ironia são traços estilísticos de sua poesia.
1º ano
Leia o
poema abaixo e responda as questões propostas:
Certas
Coisas
Não
existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz
que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo
calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é
mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Dia e noite, não e sim...
Cada voz
que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo
calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
Esse texto tem uma característica marcante do Barroco, qual é?
(
) Culto do contrate
(antíteses)
( ) Religiosidade
10. Leia o poema barroco abaixo e
responda as questões propostas:
A Cristo Senhor Nosso crucificado,
estando o poeta na última hora da sua vida
Gregório de Mattos.
Meu Deus, que estais pendente (pendurado) em um madeiro (cruz),
Em cuja lei protesto viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso (cheio de ânimo), constante, firme, e inteiro.
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.
Mui (muito) grande é vosso amor, e meu delito (pecado),
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
a) Por
que o poeta se mostra confiante em obter o perdão divino?
(
) Porque o amor de Deus é grande e o nosso delito também, mas o delito tem fim
e o amor de Deus não.
(
) Porque o amor de Deus é grande e o nosso delito é pequeno também, mas o
delito tem fim e o amor de Deus não.
b) Que
diferença o poeta mostra entre o pecado humano e o amor divino?
(
) Porque o amor de Deus é infinito, mas o delito finito.
(
) Porque o amor de Deus é finito, mas o delito infinito.
c) Quais as
características do Barroco presente nesse texto:
(
) Cultismo e
conceptismo.
( ) Religiosidade e Uso de contraste (antítese).
TEXTO
Sermão vigésimo sétimo
Os senhores poucos, os escravos
muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores
banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e
prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos,
os escravos adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando
para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados
com as mãos atadas atrás como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da
extrema miséria.
(VIEIRA,
Pe. Antônio. Sermão vigésimo sétimo. In: AMORA, Antônio Soares, org. Sermões, 2
ed. São Paulo, Cultrix, 1981, p. 58.)
7. No texto, verificam-se os
seguintes traços do barroco:
I. a presença
de um grande número de antíteses.
II. a
predominância dos aspectos denotativos da linguagem.
III.
a utilização do recurso da hipérbole para melhor traduzir o sofrimento dos
escravos.
IV.
o envolvimento político do jesuíta.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a)I e
II. b)III e
IV. c)II e
III. d)I e
IV. e)I e III.
Súplica por uma árvore.
Cecília Meireles.
Um dia, um professor comovido falava-me de árvores.
Se avô conhecera Andersen, esse pequeno deus que encantou para sempre a
infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas historias. Mas, além de
conhecer Andersen, o avô desse comovido professor legara a seus descendentes
uma recordação extremamente terna: ao sentir que se aproximava o fim de sua
vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde brincara em menino,
para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de sonho, pureza,
poesia – povoado de crianças, ramos, flores, pássaros... O professor comovido
transportava-se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô tão sensível, e
continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral, desse agradecido
amor à Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua proteção, mesmo obscura
e enigmática.
Lembrei-me de tudo isso ao contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco
há quinze dias se encontra ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado.
Segundo os técnicos, se não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em
breve: pois a pancada que a atingiu afetou-a na profundidade de sua vida.
Meireles,
Cecília. Suplica por uma árvore. In: O que se diz e o que se entende. Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1980, p. 63.
1.
Embora
fique melhor onde está, pois atrai o leitor, o primeiro parágrafo poderia vir
depois do segundo, se obedecesse à lógica dos acontecimentos. Por que?
2.
O que a
paisagem campestre representa para o cronista?
3.
Que
objeto urbano contribui, no segundo parágrafo, para o contraste entre o campo e
a cidade?
4.
Que
semelhanças há entre o avô, o professor e a cronista?
NTERTEXTUALIDADE
Leia o poema
seguinte, de Cláudio Manuel da Costa:
Aquele
adore as roupas de alto preço,
Um siga a
ostentação, outro a vaidade;
Todos se
enganam com igual excesso.
Eu não
chamo a isto felicidade:
Ao campo
me recolho, e reconheço,
Que não
há maior bem que a soledade.
Soledade: lugares ermos, desertos.
Que
elemento comum podemos encontrar nestes versos, escritos no século XVIII,
quando comparados ao texto de Cecília Meireles?
Dom Casmurro
Machado de Assis
CXXII –
Olhos de ressaca
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida.
Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a
todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a
viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali.
A confusão era geral. No Meio dela, Capitu olhou alguns instantes para ver o
cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as
dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na
sala. Redobrou as carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece
que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o
defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem as palavras desta, mas grande e
abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador
da manhã.
CXXIV – O
discurso
- Vamos,
são horas...
Era José Dias que me convidava a fechar o ataúde.
Fechamo-lo, e eu peguei numa das argolas; rompeu o alarido final. Palavra que,
quando cheguei à porta, vi o sol claro, tudo gente e carros, as cabeças
descobertas, tive um daqueles meus impulsos que nunca chegavam à execução: foi
atirar à rua caixão, defunto e tudo. No carro disse a José Dias que se calasse.
No cemitério tive de repetir a cerimônia da casa, desatar as correias, e ajudar
a levar o féretro à cova. O que isto me custou imagina. Descido o cadáver à
cova, trouxeram a cal e a pá; sabes disto, terás ido a mais de um enterro, mas
o que não sabes nem pode saber nenhum dos teus amigos, leitor, ou qualquer
outro estranho, é a crise que me tomou quando vi todos os olhos em mim, os pés
quietos, as orelhas atentas, e, ao cabo de alguns instantes de total silêncio,
um sussurro vago, algumas vozes interrogativas, sinais, e alguém, José Dias,
que me dizia ao ouvido:
- Então,
fale.
Era o discurso. Queriam o discurso. Tinham jus ao
discurso anunciado. Maquinalmente, meti a mão no bolso, saquei o papel e li-o
aos trambolhões, não todo, nem seguido, nem claro; a voz parecia-me entrar cm
vez de sair, as mãos tremiam-me. Não era só a emoção nova que me fazia assim,
era o próprio texto, as memórias do amigo, as saudades confessadas, os louvores
à pessoa e aos seus méritos; tudo isto que eu era obrigado a dizer e dizia mal.
Ao mesmo tempo, temendo que me adivinhassem a verdade, forcejava por escondê-la
bem. Creio que poucos me ouviram, mas o gesto geral foi de compreensão e de
aprovação.
1. Dois
capítulos do romance Dom Casmurro tem o título “Olhos de ressaca”. No capítulo
XXXIII, Bentinho descreve pela primeira vez os olhos de Capitu: “Tinha-me
lembrado a definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e
dissimulada’. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria
ver se podiam chamar assim. (...) Olhos de ressaca? Vá, de ressaca.” Que
julgamento Bentinho, implícito no segundo paragrafo do capítulo CXXII, poderia
justificar a repetição do título “Olhos de ressaca”?
a) Bentinho julga que Capitu
estaria tentando disfarçar as suas emoções.
b) Betinho julga que a irmã
de Capitu estaria tentando disfarçar as emoções.
2. “Capitu
olhou alguns instantes para ver o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa,
que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...” Que
advérbio se destaca neste trecho caracterizando um julgamento pessoal e
subjetivo do narrador?
a) Apaixonadamente
b)
Distraidamente
3. O
narrador se refere várias vezes ao caráter dissimulado, fingido, disfarçado de
Capitu. Entretanto, no texto transcrito ele também age dissimuladamente. Ele
estaria cumprindo que tipo de obrigações: afetivas ou sociais? Em que momento
lhe pesa mais essa dissimulação?
a) Betinho cumpre obrigações
sociais, que lhe pesam mais no momento do discurso.
b) Betinho cumpre obrigações
afetivas, que não lhe pesam em nada no momento do discurso.
4. Com
base no texto, dir-se-ia que o narrador está mais preocupado com a análise
psicológica das personagens ou com as ações ou cenários?
a) Com a análise psicológica
das personagens.
b) Com as ações ou os
cenários.
Texto II
Rita Baiana
Aluísio Azevedo
Ela
saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já
correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma
pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse à vida, soltava um
gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo,
subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um,
ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.
Em torno o entusiasmo tocava ao delírio; um grito de aplausos explodia de vez
em quando, rubro e quente como deve ser um grito saído do sangue. E as palmas
insistiam, cadentes, certas, num ritmo nervoso, numa persistência de loucura.
E, arrastado por ela, pulou à arena o Firmo, ágil, de borracha, a fazer coisas
fantásticas com as pernas, a derreter-se todo, a sumir-se no chão, a ressurgir
inteiro com um pulo, os pés no espaço, batendo os calcanhares, os braços a
querer fugirem-lhe dos ombros, a cabeça a querer saltar-lhe. E depois, surgiu
também a Florinda, e logo o Albino e até, quem diria! o grave e circunspecto
Alexandre.
O chorado
arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar.
Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo
daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não podiam ser
sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada,
harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante.
E
Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Naquela
mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu
chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das
sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o
atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não
torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti
mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite
de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca
doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe
os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra,
picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele
amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma
larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
1. Que diferenças podemos
estabelecer entre a caracterização de Rita Baiana e uma personagem feminina dos
romances românticos?
a) Rita Baiana é uma mulata
rude, libidinosa, sem recato ou pudor, diferente das personagens românticas,
que era educadas, frágeis e recatadas.
b) Rita Baiana é uma mulata
educada, com pudor ou recato, diferente das personagens românticas que eram
rudes, mal educadas, etc.
2. Como se caracteriza o
meio social do cortiço? Em que ele difere do ambiente romântico?
a) O
meio social é dos ricos com pessoas abastardas, de brancos, enquanto que o
ambiente romântico é o das casas simples e dos burgueses.
b) O
meio social é dos pobres, assalariados, biscateiros, negros, mestiços e
portugueses, enquanto que o ambiente romântico é o das casas e dos palacetes
burgueses.
3. Que sentimentos são
despertados em Jeronimo pela dança de Rita Baiana?
a) Sentimento
de paixão e
desejo.
b) Sentimento de repulsa e raiva.
4. O narrador faz questão de
retratar atitudes e personagens primitivos, acentuando a degradação dos tipos.
Para isso, no romance, aproxima-os insistentemente de insetos e animais. Marque
exemplos que exemplifiquem esta afirmação.
a) “ela era a cobra verde e
traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida.”
b) “. Em torno o entusiasmo
tocava ao delírio; um grito de aplausos explodia de vez em quando, rubro e
quente como deve ser um grito saído do sangue”.
A um
poeta
OLAVO BILAC
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a
Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
1. Que
verbo da primeira estrofe permite a comparação entre o trabalho do ourives e o
trabalho do poeta, reafirmando a ideia parnasiana de que o poeta é um artesão
da palavra?
a) Lima
b) Sofre
c) Sua
2. No
último verso da primeira estrofe aparecem as formas verbais
1. TRABALHA
2. TEIMA
3. LIMA
4. SOFRE
5. SUA
Correlacione
esses verbos com as frases abaixo:
(
) A busca da expressão perfeita é, às vezes, angustiante.
(
) O verso, precioso, deve ser cuidadosamente lapidado.
(
) A busca da expressão perfeita exige paciência e dedicação.
(
) O trabalho do poeta também é desgastante.
(
) Escrever não é apenas lazer.
3. O que é necessário,
segundo o poeta, para que o efeito final agrade?
a) É necessário
naturalidade.
b) É necessário
artificialidade.
4. Na última estrofe, o
poeta emite 3 conceitos. Quais são?
a) A
Beleza é gêmea da Verdade. A arte pura é inimiga do artificio. A força e a
graça são resultados da simplicidade.
b) A
Verdade é gêmea da Beleza. A arte pura é amiga do artificio. A força e a graça
são resultados da simplicidade no campo.
Antífona
Cruz e
Sousa
Ó Formas
alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte.
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte.
1. A preferência pela
indefinição e pela claridade são algumas das características da poesia
simbolista. Marque a opção em que das 2 primeiras estrofes algumas palavras
comprovam esta afirmação.
a) Claridade: alvas,
brancas, claras, luares, neves, brilhos etc. Indefinição: vagas, fluidas,
cristalinas, vaporosas.
b) Claridade: calma, voar,
terra, mesa, cadeira, roupa etc. Indefinição: poema, papel, caneta, tinta,
nada, tudo.
2. Que palavras sugerem a
atmosfera religiosa bastante comum nos poemas simbolistas?
a) Mesa,
poesia, casa, papel, tinta.
b) Antífona,
incensos, salmos, Virgens, Santas, cânticos, órgãos.
3. A musicalidade também é
outra preocupação dos simbolistas. Segundo o eu – lírico, como deve ser a
musicalidade do poema?
a) Indefinível e
suprema.
b) Definida como a coisa mais linda do mundo.
4. O poema evoca vários
elementos que perderão estar presentes na criação dos seus versos. Esses elementos,
vagos, místicos, luminosos e musicais, devem contribuir para uma poesia
objetiva ou misteriosa?
a) Misteriosa, conforme a
última estrofe. b) Objetiva, conforme a
primeira estrofe.
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