quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Interpretação de texto (texto teatral em A marca de uma lágrima).

Professor
Marconildo Viegas
Disciplina
Literatura
Bimestre
Data
_____/_____/____

Recuperação

Conte até dez

Thomas Jefferson é frequentemente citado com uma das figuras mais importantes da história americana. Autor da Declaração da Independência Americana e terceiro presidente dos Estados Unidos, Jefferson é apontado como grande negociador. Foi ele, por exemplo, que negociou com Napoleão Bonaparte a compra de uma área de terra que pertencia à França, chamada Lousiania, que foi anexada aos Estados Unidos, quase dobrando seu território da época.
            A respeito de sua capacidade de lidar com pessoas diferentes e de chegar a bons acordos políticos, Thomas Jefferson construiu uma frase que vale por um tratado de relações humanas:
            - Se ficar zangado, conte até dez antes de dizer qualquer coisa. Se não tiver se acalmado, conte até cem; e se não se tiver acalmado depois disso, conte até mil.
 A grande simplicidade desse conselho é meio desconcertante, pois é desproporcional à verdade que ele contém. Muito já se falou sobre a dificuldade que as pessoas têm em manter a serenidade durante uma discussão ou um momento difícil. E muitos estragos já foram feitos por causa dessa dificuldade. Catástrofes no capítulo das relações humanas poderiam ter sido evitadas se as pessoas usassem a prerrogativa do tempo entre o estímulo e a reação.
A inteligência interpessoal é composta por pelo menos quatro características: capacidade para compreender as pessoas, facilidade para fazer e conservar amizades, habilidade para resolver conflitos e aptidão para exercer liderança. A intrapessoal constrói uma autoapreciação saudável, com influência sobre o amor próprio. É nesse ponto que a ciência que estuda a inteligência começa a sentir falta de algo mais para explicar melhor ao homem como ele funciona.
Pense antes de agir
A teoria das inteligências ganhou espaço na psicologia após a década de setenta do século passado. Antes disso as atenções estavam voltadas para o que podia ser observado por fora: o comportamento – daí o behaviorismo. A ciência cognitiva (ciência do pensamento) veio para propor uma maneira de interferir no comportamento “de dentro para fora”. Estava estabelecida a dobradinha pensamento-comportamento. Mas faltava mais um parceiro nesse time: o emocional.
As palavras que utilizamos para transmitir as ideias são paridas pela razão, mas fecundadas pela emoção pois, bem lá no fundo, o homem está sempre obedecendo à sua ambição biológica de buscar o prazer e de evitar o sofrimento. E essas necessidades são vassalas no reino onde os monarcas são as emoções. Sim, a comunicação humana é um fenômeno primordialmente emocional. A palavra pode ser racional, mas o tom da voz é emoção pura, e é ela que comunica de verdade.
Uma palavra elogiosa pode soar como uma ofensa grave se for pronunciada como tal. E a ofensa estará consumada. Portanto, à medida que discussões se acaloram, que tons de voz sobem, que faces se enrubescem, que paciências se esgotam, cuidado. Está na hora de usar o tempo a seu favor. Demore mais para responder.
Quando alguém diz “conte até dez” está na verdade utilizando uma metáfora. O que realmente está querendo dizer é “pense antes de responder” ou “não se deixe dominar pela raiva”, ou ainda “não estrague tudo deixando a amigdala responder por você, pois ela não conhece todo o quadro, só a pincelada do perigo e do ódio”.
            No mundo animal, a vítima é o bicho lento que não controla os movimentos. No mundo humano, a vítima é a pessoa rápida que não controla as palavras. Kant uma vez disse que a paciência pode ser a fortaleza para os fracos, assim como a impaciência pode se transformar na fraqueza dos fortes.
            Situações não controladas, palavras mal postas, respostas impensadas resultam em perigosas consequências, seja pelo desconforto que produzem, seja pelo legado que deixam, pois uma vez proferidas, as palavras não voltam, assim como o flecha que sai do arco não mais pode ser detida.
            Conta uma fábula que o pai de um jovem de temperamento difícil deu-lhe certa feita um saco de pregos, um martelo e uma ordem: cada vez que perdesse a paciência deveria pregar um prego na cerca dos fundos da casa. No primeiro dia foram trinta e sete, mas com o tempo foram diminuindo, pois ele foi percebendo que era melhor controlar os impulsos do que pregar pregos. Até que chegou o dia em que, orgulhoso, relatou ao pai que não precisava mais pregar, pois aprendera a controlar-se.
            O pai então lhe disse para retirar um prego a cada dia que se mantivesse controlado. Após um tempo, o jovem informou ao pai de sua grande vitória: não havia mais pregos a retirar. O pai sorriu, mas convidou o filho a acompanhá-lo aos fundos da casa. Enquanto ambos olhavam para a cerca, o pai perguntou: “e agora o que você vai fazer para apagar as marcas deixadas pelos pregos?”
            Palavras sempre deixam marcas, e ás vezes não nos orgulhamos delas. Sempre é melhor contar até dez.
1.      Por que o autor da frase Contar até dez precisava tanto saber controlar suas emoções?

a)      Ele foi uma pessoa importante na sociedade e precisava sempre tomar muitas decisões importantes e controlar as emoções.
b)      Ele foi uma pessoa da sociedade e  precisa pensar na sua carreira e vivia muito estressado.

2.      Segundo o autor do texto, muitas catástrofes nas relações humanas poderiam ter sido evitadas se as pessoas pensassem e esperassem antes de reagir a determinado estímulo. Quais catástrofes são essas?

a)      As guerras, ataques a determinados países, assassinatos, crimes premeditados e aqueles que acontecem quando alguém age sem pensar, por impulso.
b)      As leituras que as pessoas tem sobre assassinatos a fazem de jeito que algo acontece quando alguém age sem pensar, por impulso.

3.      Quais são as inteligências que estão em alta na atualidade?

a)      A intrapessoal e a interpessoal.
b)      A extrapessoal e a hiperpessoal.

4.      Esse texto é um artigo de opinião, porque:

a)      É um texto jornalístico que se caracteriza pela exposição de um ponto de vista sobre determinado assunto, no caso do texto Ler é o melhor remédio para a alma.
b)      É um texto jornalístico que se caracteriza pela exposição de um ponto de vista sobre determinado assunto, no caso do texto A Alma é o melhor remédio para se ler.

Leia o texto abaixo e responda:

“A vegetação é fundamental para evitar deslizamentos e enchentes. O assoreamento do rio nada mais é que a terra que saiu de suas margens e foi para o leito, porque não tem vegetação para segurar, atuando como esponja. Com isso, o rio fica mais raso e transborda com facilidade”.
5.      Qual é o principal problema dos rios?

a)      O assoreamento, a poluição e a degradação ambiental.
b)      O barrronamento, a boa situação ambiental e a poluição.
Leia o texto abaixo
Cena 13

Sala de aula. Isabel, Rosana, professor de Português e alunos. Outra vez o movimento de estudantes entrando em classe. Rosana encontra Isabel e está aflita.

Rosana - Isabel! Onde você andou? Procurei por você o recreio inteiro! Seu rosto está vermelho... O que houve?
Isabel - Nada... acho que estou resfriada, Rosana. Na saída, eu vou com você até o ponto de ônibus. Tenho uma coisa pra te contar que vai deixar você muito feliz.
Rosana - E eu também, Isabel, eu também tenho uma coisa linda pra te contar!
Isabel  - Agora fique quieta que a aula é de Português. Ouvi dizer que esse professor é terrível!
Rosana - Para você ele deve ser fichinha, Isabel. Você é a recordista de notas dez em redação!

Entra o professor de Português. Os alunos calam-se. O professor tem um ar muito severo. Não é de brincadeiras, ao contrário da professora de Física.

Professor - Muito bem, jovens, vamos nos apresentar. Eu sou o seu professor de Português. Como eu sou, vocês logo vão ficar sabendo. Comigo basta pensar. Basta trabalhar, e muito. Se vocês forem assim, vamos nos dar muito bem. Mas hoje eu quero conhecer vocês. Para isso, vamos fazer uma redação. Pelo texto de vocês, vou poder separar quem sabe pensar daqueles que ainda estão na escala mais baixa da evolução. Vamos lá. Papel e lápis na mão. Uma redação de aquecimento. Tema livre. Podem soltar-se e mostrar o que existe dentro da cabeça de cada um. Eu só aviso que, para mim, um erro de concordância é o mesmo que empurrar escada abaixo a cadeira de rodas de uma velhinha. Com a velhinha em cima!

Rosana fica apavorada, pois é péssima aluna de Português e redige mal. Isabel nota seu desespero. Faz um sinal de calma para a amiga e põe-se a redigir furiosamente. Logo, passa disfarçadamente a folha escrita para Rosana.

Isabel - Pegue. Copie com sua letra.

A partir deste momento, como na aula de Física, todos os atores ficam imóveis e Isabel fala seus pensamentos. Só escreve quando diz a frase: “Quando você me beijou...”

Isabel - Idiota que fui. Pensar que Cristiano pudesse se apaixonar por mim, por mim, a gorducha... Quando você me beijou... Pensar que Cristiano poderia ler nos meus olhos, através dos óculos, e enxergar lá dentro toda a paixão da gorducha iludida... Quando você me beijou... Apaixonar-se pela desengonçada, pela feiosa piadista... Ah, que piada! Com o rostinho de Rosana à frente... com o corpinho de Rosana nos braços... nem pensar! Quando você me beijou... Burra! O que Cristiano poderia encontrar em mim? A espinha amarela no nariz, como um aríete de pus abrindo caminho rumo à solidão? Quando você me beijou... O que ele veria? O que todos veem, além da gorducha iludida, da feiosa cretina? Fernando tem razão. Eu acredito em tudo, como uma cretina. Acreditei até que Cristiano poderia me amar. Cretina! Acreditei até naquele beijo... Quando você me beijou... Cristiano...

Chora. Se possível, a plateia deve perceber que ela está lavada em lágrimas. E que as lágrimas pingam no papel.

Professor - Muito bem, classe, podem parar. Já deu tempo para colocar no papel o que tem dentro de suas cabeças. Se é que tem alguma coisa dentro de suas cabeças. Isabel! Quem é Isabel?
Isabel - Sou eu.
Professor - Meu colega do oitavo ano elogiou muito seus textos, Isabel. Quero começar por ele. Pode entregá-lo para mim?

Isabel entrega-lhe o papel. O professor começa a ler e fica surpreso.
Professor - O que é isto? Quando você me beijou, quando você me beijou, quando você me beijou... Há apenas a mesma frase escrita várias vezes!
Isabel - É um poema concreto, professor, Assim como “Uma pedra é uma pedra”, do
Carlos Drummond de Andrade. O leitor deve completar o poema de acordo com suas próprias experiências, de acordo com suas lembranças de um beijo de amor...

Risadinhas discretas dos alunos. O professor ergue um olhar duro, controlador, para toda a classe. Alunos calam-se.

Professor - Uma explicação hábil. Hábil e espirituosa, Isabel. Mas que não passa de uma saída para desculpar a preguiça. A preguiça e a falta de respeito... E isto? Que marquinha redonda é esta? Parece a marca de uma lágrima...

6.      Que elementos da linguagem teatral estão indicados no texto?

a)      Os diálogos, o cenário, as poesias, as declamações.
b)      O cenário, a entrada das personagens, a reações, os diálogos, as rubricas.


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