sábado, 22 de dezembro de 2012

Prova


Prova Bimestral de Literatura Brasileira
Serie: 1º ano
Professor: Marconildo Viegas
Obs. As questões objetivas não podem ser rasuradas. A rasura ANULA a questão. Pense antes de marcar.

Textos para as questões 1 e 2

Texto I                   
É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante.
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).
Texto II
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.

1. Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas, predominantemente, estratégias argumentativas que

a) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
b) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de animais.
c) orientam o leitor a respeito dos modos de usar conscientemente as sacolas plásticas.
d) intimidam o leitor com as nocivas consequências do uso indiscriminado de sacolas plásticas.
e) recorrem à informação, por meio de constatações, para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas plásticas.


2.Na comparação dos textos, observa-se que

a) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o uso desse material reciclado.
b) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a versatilidade e as vantagens do uso do plástico na contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os consumidores sobre os problemas ambientais decorrentes de embalagens plásticas não recicladas.
c) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a evitar o uso de embalagens plásticas.
d) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de embalagens plásticas, mostrando por que elas devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento de consumidores comuns, que buscam praticidade e conforto.
e) o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilidade de contaminação de produtos orgânicos e industrializados decorrente do uso de plástico em suas embalagens; o texto II apresenta vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves, descartáveis e gratuitas.

Para responder às questões de 3 a 9, leia o TEXTO.

TEXTO III


Herança
1



5




10




15




20




25




30




35




40



Nunca vi meu pai de camisa esporte. E quando ele morreu, minha mãe ficou olhando para mim. Eu tinha só dezessete anos.
Meu pai não falava nunca. E minha mãe me olhando, esperando, querendo que eu respondesse:
– O que é que ele diria no seu lugar?
Como é que eu ia saber? Ora o meu lugar, qual era? Minha irmã começando a sair, namorar, e a minha mãe me perguntando:
– Você acha que deve? E eu com isso! Depois a história da casa, vende não vende. E a loja, abre não abre. Minha mãe sempre indecisa:
– O que é que eu faço?
Meu pai tinha sido um homem severo, quieto, de poucos amigos. Ia de ônibus para o trabalho, representações. Ia e vinha. Sem fazer onda, a vida inteira. E de repente morrendo, foi coração, e deixando tudo arrumado. Ninguém tinha percebido. Nem minha mãe:
– Eu não sabia o que era preocupação.
E não era obrigada a saber. Mas se arreliava, suspirando. Eu que sempre odiei suspiro ficava ali, ouvindo, com sono. A troco de quê? Ela suspirava por medo, atrapalhação, falta de jeito. Principalmente com dinheiro. Ou de sozinha, ou desamparo. Porque eu não era apoio nem companhia.
– Será que eu preciso vender a casa?
Isso era comigo separado, minha irmã por longe. Pra que afligir a menina? Eu entendia, mas não respondia logo. Falava depois, aos poucos, e assim mesmo pela metade. Quase perdi o ano.
– E a loja, não é boa idéia?
Artigos infantis, roupinhas de nenê, tudo para crianças. No estilo de boutique, Rua Augusta 1. Uma das primeiras a aparecer. Era boa idéia, sim, devia ser bom negócio. Mas como garantir, assim de repente? Minha irmã se animava, ela que sempre se imaginou cercada de filhos, e eu calado, nem sim nem não. Afinal de contas, nunca vira a possibilidade de ganhar dinheiro vendendo coisas.
– O seu dever é me orientar.
Eu diante de minha mãe, ela me olhando, insistindo. Aborrecida, mais, irritada esperando por um conselho. Muito diferente.
Que história é essa de dever, eu me perguntava, quase estourando. Sempre evitei dar palpites, fazer boa ação, negócio de escoteiro. Minha irmã fora bandeirante uns oito anos. Ela sim, podia ajudar. Ou não podia? Eu me sentia covarde, inútil, diminuí demais. E talvez por isso não dissesse nada.
– Se seu pai fosse vivo...
Aí as comparações. E no meio delas, a surpresa de ver minha mãe me acusando: você sempre teve um problema com seu pai. Dito assim, na cara. Fiquei parado, calado, pensando naquilo. Seria mesmo verdade? Eu que a vida toda vinha andando meio por fora, meio para dentro, de mãos no bolso e cabeça baixa, podia ter lá problema com o velho? Logo ele, ausente e sem dizer nada, visto de longe. Que história é essa?
Minha mãe respondendo, e aprofundando, já entrando nessa mania de explicar as pessoas. Ele era um homem de tino, que pensava em tudo, fazia e acontecia, prestava atenção nela, nos filhos. Eu reparava, eu compreendia? Não, ficava distante, metido comigo mesmo, nesse isolamento que era doentio, nesse egoísmo. Era o meu jeito, não era? Não era não, isso de jeito não justifica nada, era o problema, o meu, estava muito claro. Eu nunca entendera meu pai.
Choque de gerações ia sendo aquilo. Mas o espanto foi maior, e a raiva baixou, e ficou mais uma dúvida quase triste, que me deixava remoendo as lembranças, achando às vezes que bem podia ser, outras que era tudo maluquice. Felizmente, para me ajudar, as perguntas de minha mãe acabaram.

Vendeu-se a casa, por bom preço. Deixamos Vila Mariana e viemos para o Jardim Paulista, o apartamento em três anos para pagar. Com o dinheiro que sobrou comprou-se a loja, como já disse na Augusta. A renda que meu pai deixara ficou maior.
Enquanto isso eu terminei o estudo e passei a trabalhar. De corretor, que estava dando muito, com um amigo que já vendera loteamentos, vilas, palacetes. Nessa vida sem horário, passava dias sem ver minha mãe ou minha irmã, sempre se revezando na loja. E quando as via, falávamos pouco. Do tempo de antes, ficara apenas um copo de leite, último cuidado maternal. Eu precisava me alimentar direito.
A loja firmou-se, cresceu, minha mãe alegrou-se de novo. Meus negócios também aumentaram. Descobri que podia falar, e falar fácil, quando o assunto não era meu, pessoal, ou apenas envolvia dinheiro. Aos poucos, fui desempenando. E vez por outra, os três juntos em casa, conversávamos como nunca.
Dinheiro ajuda muito, chega a melhorar as pessoas, e isso acontece até com os parentes. As perguntas de minha mãe voltaram. Mas ela decidia antes, e perguntava só de comparação, vamos ver o que você acha. Como faz hoje. Um dia, a propósito de uma partida qualquer que se atrasara, ela quis saber:
– Devo aceitar?
Eu que não entendo de roupas, fiquei um instante pensando, seria vantagem ou não. E ela rindo:
– Já aceitei. Se fosse esperar sua opinião, fechava a loja. Você é igualzinho a seu pai.

(RAMOS, Ricardo. Herança. In: _____ . Contos brasileiros 3. Para gostar de ler. 18 ed. São Paulo: Ática, v. 10. 2002, p. 80-83).


3. O conto de Ricardo Ramos apresenta estrutura narrativa, em que o narrador
a)  recorre à narração em 1ª pessoa, uma vez que relata momentos da própria vida.
b) relata situações vividas pela família após a morte do pai, em uma narração na terceira pessoa.
c)  utiliza-se apenas do nível culto da linguagem para relatar as suas experiências de adolescente.
d) afasta-se radicalmente do emprego de expressões coloquiais, assegurando ao conto um tom mais formal.
e)  faz uso de uma linguagem excessivamente figurada, visto que se trata de uma obra literária.

  4.  No fragmento “Ia e vinha. Sem fazer onda, a vida inteira.” (linha 11), o narrador caracteriza seu pai como uma pessoa
a)  calma, porque trabalhava com representações.
b) tranqüila, porque era o seu jeito de ser, de encarar a vida.
c)  desligada, porque não informava nada do seu trabalho à família.
d) inconstante, porque sempre mudava de emprego.
e)  decidida, porque sabia organizar a família.

5. O fragmento “– O que é que ele diria no seu lugar?” (linha 4) registra a fala da mãe conversando com o filho. Esse fragmento refere-se à (ao)
a)  resultado que o pai iria alcançar.
b) espaço físico onde o pai deveria estar.
c)  situação que o filho gostaria de vivenciar.
d) área onde o filho poderia agir.
e)  posição que o pai poderia assumir.

  6.  No fragmento “Depois a história da casa, vende não vende. E a loja, abre não abre.” (linha 7), as expressões destacadas revelam que a família
a)  vivenciava um momento de dúvida, porque lhe faltavam experiências para tomar certas decisões.
b) sabia como administrar os imóveis e os negócios deixados pelo pai.
c)  tinha consciência das dificuldades que iria enfrentar após a morte do pai.
d) esperava o momento oportuno para  negociar os bens deixados pelo pai.
e)  percebera que a vida financeira precisava ser mais bem administrada.



  7.  Com base na leitura do conto, verifica-se que o narrador
a)  desejava ter aproveitado melhor sua adolescência, sem  responsabilidades.
b) demonstrava insegurança para tomar as decisões cobradas por sua mãe.
c)  criticava a irmã por ela ter começado a namorar muito jovem.
d) pretendia ser igualzinho a seu pai, apesar do choque de gerações.
e)  tinha orgulho de ser o único filho, de quem a mãe esperava decisões importantes.
Leia o poema a seguir para responder a questão de 8.

TEXTO VI
Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?

(MEIRELES, Cecília. Retrato. In: _____. Os melhores poemas de Cecília Meireles. Seleção de Maria Fernanda. 11 ed. São Paulo: Global, 1999, p. 13).

8. No poema Retrato, a passagem do tempo é vista pelo eu lírico com:
a)  Tranqüilidade / saudosismo                               b)    Alegria / surpresa
c)  Ansiedade / aceitação                                        d)    Insatisfação / tristeza
       e) Indiferença / surpresa

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