domingo, 22 de junho de 2014

Interpretação de texto



Texto para as questões 1 e 2.

Que fazias tu, mãe cautelosa e ríspida que não vinhas arrancar às mãos e à boca da filha um veneno tão sutil e mortal? D. Benedita, à janela, olhava a noite, entre as estrelas e os lampiões de gás, com a imaginação vagabunda, inquieta, roída de saudades e desejos. O dia tinha -lhe saído mal, desde manhã. D.
Benedita confessava, naquela doce intimidade da alma consigo mesma, que o jantar de D. Maria dos Anjos não prestara para nada, e que a própria amiga não estava provavelmente nos seus dias de costum e. Tinha saudades, não sabia bem de que, e desejos, que ignorava. De quando em quando, bocejava ao modo preguiçoso e arrastado dos que caem de sono; mas se alguma coisa tinha era fastio, - fastio, impaciência, curiosidade. D. Benedita cogitou seriamente em ir ter com o marido; e tão depressa, a idéia do marido lhe penetrou no cérebro, como se lhe apertou o coração de saudades e remorsos, e o sangue pulou-lhe num tal ímpeto de ir ver o desembargador que, se o paquete* do Norte estivesse na esquina da rua e as malas prontas, ela embarcaria logo e logo. Não importa; o paquete devia estar prestes a sair, oito ou dez dias; era o tempo de arranjar as malas. Iria por três meses somente, não era preciso levar muita coisa.
Ei- la que se consola da grande cidade fluminense, da similitude dos dias, da escassez das coisas, da persistência das caras, da mesma fixidez das modas, que era um dos seus árduos problemas: – por que é que as modas hão de durar mais de quinze dias?

(Trecho do conto “D. Benedita” de Machado de Assis)

* paquete: navio veloz e luxuoso, originariamente a
vapor, para transporte rápido e regular de passageiros.

1. O texto  apresenta um perfil psicológico da personagem D. Benedita. Considerando a ironia própria à escrita de Machado de Assis, pode –se afirmar que D. Benedita
a) caracteriza-se como uma mulher paciente e cautelosa.
b) demonstra ser uma personagem consciente dos seus sentimentos.
c) possui uma personalidade acomodada.
d) adora as novidades, o espetáculo, o fugaz.
e ) toma as decisões após refletir longamente.

2. O trecho: “Que fazias tu, mãe cautelosa e ríspida que não vinhas arrancar às mãos e à boca da filha um veneno tão sutil e mortal?”

I. constitui uma avaliação irônica do narrador acerca da personagem D. Benedita.
II. reforça, através do discurso da personagem D. Benedita, sua personalidade fútil.
III. é um diálogo entre o narrador e a personagem.

Está(ão) correta(s):

a) apenas I                  b) apenas I e III                     c) apenas I e II                       d) todas                      e) apenas II

3. O realismo foi um movimento de:
 
a) volta ao passado                 b) exacerbação ultra-romântica                      c) maior preocupação com a objetividade                        d) irracionalismo                                                 e) moralismo.

 
4. A respeito de Realismo, pode-se afirmar:
 
I   – Busca o perene humano no drama da existência .
II  – Defende a documentação de fatos e a impessoalidade do autor perante a obra.
III – Estética literária restritamente brasileira; seu criador é Machado de Assis.
 
a) São corretas apenas II e III.                      b) Apenas III é correta.                                 c) As três afirmações são corretas.                      d) São corretas I e III.                           e) As três informações são incorretas.


5. Considerando-se iniciado o movimento realista no Brasil quando:
 
a) Aluísio de Azevedo publica O Homem.
b) José de Alencar publica Lucíola.
c) Machado de Assis publica Memória Póstumas de Brás Cubas.
d) As alternativas a e c são válidas.
e) As alternativas a e b são válidas.
 
 
6. O realismo, como escola literária, é caracterizado:
 
a) pelo exagero da imaginação                       b) pelo culto da forma                                    c) pela preocupação com o fundo
                       d) pelo subjetivismo                     e) pelo objetivismo.

7. Podemos verificar que o Realismo revela:
 
I   – senso do contemporâneo. Encara o presente do mesmo modo que romantismo se volta para o passado ou para o futuro.
II  – o retrato da vida pelo método da documentação, em que a seleção e a síntese operam buscando um sentido para o encadeamento dos fatos.
III – técnica minuciosa, dando a impressão de lentidão, de marcha quieta e gradativa pelos meandros dos conflitos, dos êxitos e dos fracassos.
 
Assinale:
 
a) se as afirmativas II e III forem corretas;
b) se as três afirmativas forem corretas;
c) se apenas a afirmativa III for correta;
d) se as afirmativas I e II forem corretas;
e) se as três afirmativas forem incorretas.
 
8. Das características abaixo, assinale a que não pertence ao Realismo:
 
a) Preocupação critica.
b) Visão materialista da realidade.
c) Ênfase nos problemas morais e sociais.
d) Valorização da Igreja.
e) Determinismo na atuação das personagens.
 
 9. Assinale a única alternativa incorreta:
 
a) O Realismo não tem nenhuma ligação com o Romantismo.
b) A atenção ao detalhe é característica do Realismo.
c) Pode-se dizer que alguns autores românticos já possuem certas características realistas.
d) O cientificismo do século XIX forneceu a base da visão do mundo adotada, de um modo geral, pelo Naturalismo.
e) O Realismo apresenta análise social.
 
 10. No texto a seguir, Machado de Assis faz uma crítica ao Romantismo: “Certo não lhe falta imaginação; mas esta tem suas regras, o astro, leis, e se há casos em que eles rompem as leis e as regras é porque as fazem novas, é porque se chama Shakespeare, Dante, Goethe, Camões.”

Com base nesse texto, notamos que o autor:
 
a) Preocupa-se com princípios estéticos e acredita que a criação literária deve decorrer de uma elaborada produção dos autores.
b) Refuga o Romantismo, na medida em que os autores desse período reivindicaram uma estética oposta à clássica.
c) Entende a arte como um conjunto de princípios estéticos consagrados, que não pode ser manipulado por movimentos literários específicos.
d) Defende a idéia de que cada movimento literário deve ter um programa estético rígido e inviolável.
e) Entende que Naturalismo e o Parnasianismo constituem soluções ideal para pôr termo à falta de invenção dos românticos.

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