RESUMO-RESPOSTA SOBRE O CONTO
“A CAUSA SECRETA”, DE MACHADO DE ASSIS
A Causa
Secreta é dos melhores contos da antologia de Várias Histórias. Em 3ª pessoa, o
narrador onisciente constitui uma notável caracterização psicológica em que
revela, ao fazer o estudo do personagem Fortunato, o ápice do prazer que é
conseguido na contemplação da desgraça alheia. O motivo do conto é explicar o
verdadeiro sentido do termo "sadismo". Conta a estória de dois homens
que, após um salvar a vida do outro e passar-se algum tempo, tornam-se sócios.
Mas pouco a pouco um deles vai demonstrando tendências sádicas, torturando
animais, fato que atordoa a esposa. Quando ela morre, Fortunato, o sádico,
presencia o amigo beijar a testa da mulher e derreter-se em choro, saboreando o
momento de dor do amigo que lhe traía.
Um conto
naturalista. Ainda que a ambientação seja burguesa, os personagens parecem
ratos de laboratório, uma analogia bastante explorada pelo autor na cena mais
forte do texto em que o personagem Fortunato tortura um rato, cortando-lhe as
patas lentamente, revelando todo o sadismo (patologia) que até então estivera
oculto de todos, inclusive dos leitores.
Na análise
do conto "A Causa Secreta", mostra que na perfeita normalidade social
de Fortunato - um senhor rico, casado e de meia-idade, que demonstra interesse
pelo sofrimento, socorrendo feridos e velando doentes - reside, na verdade, um
sádico, que transformou a mulher e o amigo num par amoroso inibido pelo
escrúpulo. Este escrúpulo, que gera o sofrimento do par, é a causa secreta do
prazer de Fortunato e de sua atitude de manipulação de que o rato, no conto, é
símbolo (Garcia, o protagonista, estaca perante a representação do horror.
Fascinado perante o gesto frio de Fortunato, Garcia não faz sequer um gesto.
Apenas contempla o sócio torturar lentamente um rato. Cortes meticulosos, pata
a pata, precediam a queima do mesmo no fogo. O lento ritual prolongava o
prazer. O narrador não subsume a cena em poucas palavras, mostrando-a por
inteiro ao leitor).
Assim, de
um narrador onisciente, nos principia o relato de um triângulo amoroso, trama
comum a diversas ficções machadianas, enriquecida aqui de uma novidade incomum
nas demais, o sadismo.
Em A Causa
Secreta, Machado faz talvez um de seus melhores "desenhos psicológicos".
Revela-nos a personalidade de uma pessoa, capaz de realizar "boas
ações" desde que estas lhe permitam o exercício de seu prazer.
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