Leia
o texto e responda o que se pede:
A velhice
Olavo Bilac
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra dela
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Do que as árvores moças, mais amigas
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra dela
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
.1. Assinale a
alternativa que se aplica ao movimento literário do parnasianismo.
a) predomínio da emoção.
b) tentativa de fixar a sentimento romântico.
c) constante presença da temática da morte.
d) valorização do soneto.
e) princípios dos clássicos.
b) tentativa de fixar a sentimento romântico.
c) constante presença da temática da morte.
d) valorização do soneto.
e) princípios dos clássicos.
Leia
o texto e responda o que se pede:
O PODER ULTRAJOVEM
Carlos Drummond de Andrade
— QUERO LASANHA.
Aquêle anteprojeto
de mulher — quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia — entrou
decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não
precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de
milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência
dos senhores pais.
— Meu bem, venha
cá.
— Quero lasanha.
— Escute aqui,
querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
— Não, já escolhi.
Lasanha.
Que parada — lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha
condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
— Vou querer
lasanha.
— Filhinha, por que
não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
— Gosto, mas quero
lasanha.
— Eu sei, eu sei
que você adora camarão. A gente pede fritada bem bacana de camarão. Tá?
— Quero lasanha,
papai. Não quero camarão.
— Vamos fazer uma
coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?
— Você come camarão
e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
— Quero uma
lasanha.
O pai corrigiu:
— Traga uma fritada
de camarão pra dois. Caprichada.
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em
nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam
no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os
pratos e o serviço, ela atacou:
— Môço, tem
lasanha?
— Perfeitamente,
senhorita.
O pai, no contra-ataque:
— O senhor
providenciou a fritada?
— Já, sim, doutor.
— De camarões bem
grandes?
— Daqueles legais,
doutor.
— Bem, então me vê
um chinite, e pra ela... O que é que você quer, meu anjo?
— Uma lasanha.
— Traz um suco de
laranja pra ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de
camarão, que, para surprêsa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar
dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e
bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do
mais forte.
— Estava uma coisa,
hem? — comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. — Sábado que vem, a gente
repete... Combinado?
— Agora a lasanha,
não é, papai?
— Eu estou
satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer mesmo?
— Eu e você, tá?
— Meu amor, eu...
— Tem de me
acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha,
bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A
garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com
fôrça total, o poder ultrajovem.
Texto extraído do livro “O poder ultra jovem”, Ed. José Olympio – Rio de Janeiro, 1972, pág. 3.
2. Dos elementos da narrativa (personagens, narrador, lugar,
tempo e espaço) e dos tipos de narrativas (conto, crônica, novela e romance)
podemos observar alguns pormenores. Nesse contexto, em que momento do lazer
entre pai e filha sofre um conflito?
a) No momento que ele quer uma coisa e ela quer outra.
b) No momento que o garçom oferece refrigerante.
c) No momento em que ela vai a escola no outro dia.
d) No momento em que ela alega ficar com dor de barriga com
aquela comida.
e) Todas as respostas.
3. Quando o narrador descreve o comportamento da garota,
deixa claro que ela tinha personalidade e não desistia de suas vontades. Em que
parte do texto isso fica claro?
a) No momento do jantar que ela fica calada.
b) No momento do café da manhã.
c) No momento da merenda da escola
d) No momento que ela faz perguntas em seu pensamento.
e) No momento que ela viaja sozinha para os EUA.
4. Na frase: “A
coisinha amuou. Então não podia
querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas
interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva”. O
que significa o termo grifado?
a)
Uma figura de
linguagem chamado metáfora.
b)
Uma figura de
linguagem chamada catacrese.
c)
Uma figura de
linguagem chamada de onomatopeia.
d)
Uma figura de
linguagem chamada aliteração.
e)
Todas as respostas.
Texto para as questões
5 e 6 faz parte do Realismo/ Naturalismo.
Que
fazias tu, mãe cautelosa e ríspida que não vinhas arrancar às mãos e à boca da
filha um veneno tão sutil e mortal? D. Benedita, à janela, olhava a noite,
entre as estrelas e os lampiões de gás, com a imaginação vagabunda, inquieta,
roída de saudades e desejos. O dia tinha-lhe saído mal, desde manhã. D.Benedita
confessava, naquela doce intimidade da alma consigo mesma, que o jantar de D.
Maria dos Anjos não prestara para nada, e que a própria amiga não estava provavelmente
nos seus dias de costume. Tinha saudades, não sabia bem de que, e desejos, que
ignorava. De quando em quando, bocejava ao modo preguiçoso e arrastado dos que
caem de sono; mas se alguma coisa tinha era fastio, - fastio, impaciência,
curiosidade. D. Benedita cogitou seriamente em ir ter com o marido; e tão
depressa, a ideia do marido lhe penetrou no cérebro, como se lhe apertou o
coração de saudades e remorsos, e o sangue pulou-lhe num tal ímpeto de ir ver o
desembargador que, se o paquete* do Norte estivesse na esquina da
rua e as malas prontas, ela embarcaria logo e logo. Não importa; o paquete
devia estar prestes a sair, oito ou dez dias; era o tempo de arranjar as malas.
Iria por três meses somente, não era preciso levar muita coisa.
Ei-la
que se consola da grande cidade fluminense, da similitude (semelhança) dos
dias, da escassez das coisas, da persistência das caras, da mesma fixidez das
modas, que era um dos seus árduos problemas: – por que é que as modas hão de
durar mais de quinze dias?
(Trecho do conto “D. Benedita” de Machado de
Assis)
* paquete: navio veloz e luxuoso, originariamente a vapor, para
transporte rápido e regular de passageiros.
5. O texto apresenta um perfil
psicológico da personagem D. Benedita. Considerando a ironia própria
à escrita de Machado de Assis, pode–se afirmar que D. Benedita
a) caracteriza-se
como uma mulher paciente e cautelosa e nunca fazia nada contra.
b) demonstra
ser uma personagem consciente dos seus sentimentos.
c) possui
uma personalidade acomodada, que não fazia nada porque era velha.
d) adora
as novidades, o espetáculo e saia andando pela cidade, como uma criança.
e ) toma
as decisões após refletir longamente, mas sem nenhuma atitude, porque era muito
idosa.
6. O trecho: “Que fazias tu, mãe
cautelosa e ríspida que não vinhas arrancar às mãos e à boca da filha um veneno
tão sutil e mortal?”
I. constitui uma avaliação irônica do narrador acerca da
personagem D. Benedita.
II. reforça, através do discurso da personagem D. Benedita, sua
personalidade fútil (enganadora).
III. é um diálogo entre o narrador e a personagem.
Está(ão) correta(s):
a) apenas
I
b) apenas
I e
III
c) apenas
I e
II
d) todas
e) apenas
II
7. O realismo foi um movimento de:
a) volta ao passado
a) volta ao passado
b) exacerbação (aumento) da estética romântica
c) moralismo.
d)
irracionalismo
e) maior preocupação com a objetividade/cientificismo/razão
Leia o texto e responda o que se pede
Plena nudez
Raimundo Correia
Eu amo os gregos tipos de escultura:
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
Quero um pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas...
Não quero, a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
De transparente túnica através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
Quero um pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas...
Não quero, a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
De transparente túnica através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!
8. Assinale a
alternativa que se aplica ao movimento literário do parnasianismo.
a) predomínio da emoção.
b) tentativa de fixar a sentimento romântico.
c) constante presença da temática da morte.
d) princípios dos clássicos.
e) valorização do soneto.
b) tentativa de fixar a sentimento romântico.
c) constante presença da temática da morte.
d) princípios dos clássicos.
e) valorização do soneto.
9. Na frase: “Estas
ameaças são reais principalmente para quem não tem noção desses perigos e que
acredita que é perfeitamente seguro partilhar informações pessoais nas redes
sociais, deixando-as visíveis para qualquer utilizador da Internet. Tente perceber também com que tipo de pessoas eles falam
nas salas de chat e no MSN e previna-os para os riscos a que estão
sujeitos. Mantenha-se atento (a) – a prevenção é o melhor remédio.”. Há um
exemplo claro de:
a) Subjetivismo.
b) Denotação.
c) Estrangeirismo
d) Conotação.
e) Figuras de linguagem.
Veja a imagem e responda o que se pede:
10. Esse texto é representante de um
movimento literário chamado de:
a) Realismo, porque mostra a vida real de
adultério.
b) Romantismo, pois mostra o lado sentimental
da pessoa.
c) Parnasianismo, porque não se importa com
sentimento do outro.
d) Simbolismo, porque vemos a musicalidade
sendo valorizada.
e) Todas as respostas.
Observe esta obra de arte do pintor francês Jean-François
de Millet:
11. Essa tela conhecida como As
respigadeiras (ou espigadeiras) tem uma característica marcante do Realismo,
qual é?
a) Ela não é idealizada.
b) Ela é idealizada.
c) A mulher é perfeita.
d) A mulher é prendada, sabe fazer tudo
relacionado ao lar.
e) Todas as respostas.
Veja a imagem e responda o que se
pede
12. No poema Via Láctea, de Olavo
Bilac, tem uma característica marcante do Parnasianismo, qual é?
a) valorização do soneto.
b) tentativa de fixar a sentimento romântico.
c) constante presença da temática da morte.
d) predomínio da emoção.
e) princípios dos clássicos.
b) tentativa de fixar a sentimento romântico.
c) constante presença da temática da morte.
d) predomínio da emoção.
e) princípios dos clássicos.
Leia o fragmento do
romance realista O Cortiço, de Aluísio Azevedo.
Rita Baiana
Aluísio Azevedo
Ela
saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já
correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma
pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse à vida, soltava um
gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo,
subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um,
ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra,
tirilando. Em torno o entusiasmo tocava ao delírio; um grito de aplausos
explodia de vez em quando, rubro e quente como deve ser um grito saído do
sangue. E as palmas insistiam, cadentes, certas, num ritmo nervoso, numa
persistência de loucura. E, arrastado por ela, pulou à arena o Firmo, ágil, de
borracha, a fazer coisas fantásticas com as pernas, a derreter-se todo, a
sumir-se no chão, a ressurgir inteiro com um pulo, os pés no espaço, batendo os
calcanhares, os braços a querer fugirem-lhe dos ombros, a cabeça a querer
saltar-lhe. E depois, surgiu também a Florinda, e logo o Albino e até, quem
diria! o grave e circunspecto Alexandre.
O
chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam
dançar. Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico
segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não
podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce,
quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante.
E
Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Naquela
mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu
chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das
sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o
atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não
torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti
mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite
de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca
doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe
os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra,
picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele
amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma
larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
- Que
diferenças podemos estabelecer entre a caracterização de Rita Baiana e uma
personagem feminina dos romances românticos?
a) Ela
é avarenta (sovina, mão de vaca).
b) Rita
Baiana é uma mulata educada, com pudor ou recato, diferente das personagens
românticas que eram rudes, mal educadas, etc.
c) Rita Baiana é uma
mulata rude, libidinosa, sem recato ou pudor, diferente das personagens
românticas, que era educadas, frágeis e recatadas.
d) Ela é egoísta.
e) Todas as respostas.
- Como
se caracteriza o meio social do cortiço? Em que ele difere do ambiente
romântico?
a) O meio social é dos ricos com pessoas
abastardas, de brancos, enquanto que o ambiente romântico é o das casas simples
e dos burgueses.
b) O meio social é dos pobres,
assalariados, biscateiros, negros, mestiços e portugueses, enquanto que o
ambiente romântico é o das casas e dos palacetes burgueses.
c) O meio é da classe média que vive de aparência.
d) O meio é da classe pobre que recebe bolsa família no século
XIX.
e) O meio é dos ricos que vivem abastados, viajando e esbanjando
saúde.
- Que
sentimentos são despertados em Jeronimo pela dança de Rita Baiana?
a) Sentimento de paixão e desejo.
b) Sentimento de repulsa e raiva.
c) ódio e rancor.
d) pena e amor.
e) Todas as respostas.
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