quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Modernismo 1ª, 2ª e 3ª fases (sem exercícios).



Modernismo - 1ª Fase

Contexto histórico

O início do século XX foi marcado por um extraordinário desenvolvimento cientifico e tecnológico, dos quais são exemplos o telegrafo, a eletricidade, o telefone, o cinema, o automóvel e o avião, a teoria da relatividade, de Einstein e a teoria psicanalítica, de Freud. Vivia-se a euforia da chamada belle époque, com a valorização do conforto e do bem viver.
Entretanto, desde o final do século XIX, os países europeus passam por constantes sobressaltos, resultantes da instabilidade e das competições políticas, o que acelerava a corrida armamentista.
Em 1914, começa a 1ª Guerra Mundial, de proporções até então desconhecidas pela humanidade, que passa a descrer nos sistemas políticos, sociais e filosóficos e a questionar os valores de seu tempo.

Modernismo brasileiro

Os governos das oligarquias vão se sucedendo. Minas e São Paulo repartiam o poder, desfavorecendo as camadas empobrecidas da população.
A época da Semana de Arte Moderna, o quadro brasileiro era de crises sucessivas, que acabam por gerar a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assume o poder.

Semana de Arte Moderna

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, com a participação de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mario de Andrade, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Vitor Brecheret, Anita Malfatti, Villa-Lobos, Di Cavalcanti e muitos outros, o Teatro Municipal de São Paulo se torna o centro de uma verdadeira amostra das ideias modernistas. São lidos manifestos e poemas, expõem-se quadros e esculturas, músicas são executadas. Tudo diante de um público que reagiu com vaias e apupos.

Correntes modernistas

Depois da união inicial em torno da Semana, os modernistas dividem-se em grupos e movimentos, que refletiam orientações estéticas e ideológicas diversas:

1.    Movimento Pau-Brasil: revalorizava os elementos primitivos da nossa cultura, através da crítica ao falso nacionalismo e da valorização dos elementos o Brasil, seus costumes, sua cultura, seus habitantes e suas paisagens. Dele participaram: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raull Bopp, Alcântara Machado e Tarsila do Amaral.

2.    Movimento Verde – Amarelo: Liderado por Plinio Salgado, Cassiano Ricardo e Menotti del Picchia e tendo uma postura nacionalista, repudiava tudo que fosse cultura importada e tentava mostrar um Brasil grandioso. Entretanto, acabou por revelar uma visão reacionária.


3.    Movimento antropofágico: radicalização do Movimento Pau – Brasil, foi lançado em 1928, e opunha-se ao conservadorismo do Movimento Verde – Amarelo. Seus participantes são os mesmos do Movimento Pau – Brasil.

4.    Movimento espiritualista: Procurou conciliar o passado e o futuro e se manteve preso as influencias simbolistas. A universalidade dos temas, o mistério, as questões existenciais e o espiritualismo caracterizaram a produção poética desta corrente. Principais participantes: Murilo Mendes, Cecilia Meireles, Murilo Araújo, Adelino Magalhaes, Tasso da Silveira, Augusto Frederico Schimidt.

Fases do Modernismo

Costuma-se dividir o Modernismo brasileiro em 3 fases:

1ª Fase: fase heroica (1922 – 1930)
2ª Fase: fase construtiva (1930 – 1945)
3ª Fase: fase de reflexão (1945 até nossos dias)

Autores

Mário de Andrade

Estreou com o livro de influências parnasianas e simbolistas. Mas Paulicéia Desvairada (1922) seria o primeiro livro do Modernismo brasileiro. Nele, o poeta focaliza aspectos humanos, sociais e políticos de São Paulo, em versos livres, de métrica informal, subvertendo os valores estéticos ate então vigentes. Palavras, expressões, flashes e fragmentos se articulam numa tentativa de apreender a alma urbana de São Paulo, ora lhe celebrando a paisagem, ora criticando a burguesia, ora tentando expressar sua visão da cidade.
No “Prefácio Interessantíssimo”, que abre Pauliceia Desvairada, o poeta nos dá sua fórmula de elaboração do poema:

Impulso inconsciente + escrita livre + técnica posterior = poesia

Com Losango caqui (1926) é, segundo o próprio Mario, composto por sensações, ideias, alucinações, brincadeiras, liricamente anotadas. Nele, o poeta expressa seu antimilitarismo.

A obra ficcionista de Mario de Andrade pode ser dividida em 2 vertentes:

Primeira: trata do universo familiar da burguesia paulistana e da gente do povo, especialmente com o livro Amar, verbo intransitivo e vários contos que publicou.

Segunda: aproveitamento de lendas indígenas, mitos, anedotas populares e elementos do folclore nacional, fazendo parte disso o livro Macunaíma.
Nesse livro o herói apresenta traços bem definidos, como a preguiça, o deboche, a irreverencia, a malandragem, a sensualidade, o individualismo e o sentimentalismo. Enfim, o caráter do herói muda de um episodio para o outro, o que justifica qualifica-lo de herói sem nenhum caráter.

Oswald de Andrade

Buscou que sua poesia expressasse o genuinamente brasileiro e percorresse, desde os tempos coloniais, a vida rural e urbana do país, procurando ver com um olhar ingênuo de uma criança e o da pureza primitiva do índio. Reaproveitando textos dos primeiros viajantes (sobretudo Caminha), escreveu poemas breves, em versos livres e brancos, com linguagem coloquial, humor e parodia, recusando a estrutura discursiva do verso tradicional.
Seus romances mais importantes são: Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande.

Em Memórias sentimentais de João Miramar, que é considerada a primeira grande realização da prosa modernista. Rompendo com esquemas tradicionais da narrativa, a obra é construída a partir de fragmentos justapostos, de blocos que rompem com a sequência discursiva e de capítulos relâmpagos, assemelhando-se a justaposição das imagens cinematográficas, o que possibilita uma leitura linear da história e deixa a cargo do leitor a recomposição da narrativa. A paródia, a técnica cubista, a frase sincopada (reduzida), as elipses que devem ser preenchidas pelo leitor, a linguagem infantil e a poética e outras inovações fazem de Memórias uma obra revolucionaria para a sua época.


Manuel Bandeira

O poema Os sapos é um dos que é lido numa das noites da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo. E este poema, assim como a Semana, tinha um espírito renovador e demolidor dos modernistas.

Estreou com o livro A cinza das horas (1917), publicando a seguir Carnaval (1919), ambos ainda com resquícios simbolistas e parnasianistas. Mas já revelando um espirito renovador.
Mas foi com o livro Ritmo dissoluto (1924) que se aproximou mais do Modernismo.

O livro Libertinagem (1930) é definitivamente modernista e nele se encontra uma incorporação da linguagem coloquial e popular e a temática do dia a dia.

O caráter geral de sua obra é marcado pelo tom confidencial, pelo desejo insatisfeito, pela amargura e por referencias autobiográficas, relacionadas com sua doença (tuberculose), com lugares onde morou e com a família.


Cassiano Ricardo

Como outros modernistas da primeira fase, Cassiano estrou com influencias parnasiano – simbolistas. Contudo, sua inquietação estética fez com que chegasse a experiências das vanguardas poéticas da segunda metade do século XX.

Com o livro Vamos caçar papagaios (1926) e Martim – Cererê (1928), o poeta entra em sua fase nacionalista, verde – amarelista, em que predomina a brasilidade dos temas.

Em O sangue das horas (1943) e Um dia depois do outro (1947), encontramos o poeta voltado para a reflexão sobre o destino humano e para os sentimentos de solidão, melancolia, frustração, angústia e perplexidade diante da vida.
Com o livro Jeremias sem chorar (1964) e Os sobreviventes (1971), o poeta assimila conquistas do Concretismo. Nessas obras, o mundo eletrônico, a conquista do espaço e a corrida armamentista são vistos como uma ameaça a vida humana. O poema mais conhecido é Martim – Cererê.


Alcântara Machado

Importante conquista da 1ª fase do Modernismo, ele retratou a vida e as gentes de São Paulo, com predileção pelo imigrante italiano. Nos bairros populares, suas personagens vivem as cenas do cotidiano: a partida de futebol, as brigas de rua, as festas etc. Diminuindo a distância a língua falada e a escrita, incorporou a linguagem popular, os italianismos e uma sintaxe simples, resultando numa prosa leve e num estilo moderno.


Modernismo 2ª Fase.

O livro A bagaceira, de José Américo de Almeida, inaugura a corrente regionalista da literatura brasileira, entre 1930 a 1945. O regionalismo de 30 voltou-se para as tradições nordestinas, seus valores culturais e morais. Mais preocupados com uma visão sociológica da realidade do que uma renovação da linguagem, o regionalismo de 30 foi um veículo de denúncia dos problemas sociais do Nordeste.


Contexto histórico

Em 1930, tem início aos 15 anos de ditadura de Getúlio Vargas.
Com o objetivo de obter o apoio junto às massas, Getúlio toma uma serie de medidas: o país é dotado de uma legislação trabalhista e previdenciária, decreta-se o salário mínimo e adotam-se providências para a criação de um partido trabalhista.
Em 1945 é decretada a anistia para os presos políticos e são convocadas novas eleições para dezembro. Porém, as suspeitas de um novo golpe getulista, naquele ano, provocam o descontentamento dos militares, que, num movimento liderado pelo general Góis Monteiro, depõem o ditador.

As transformações do período getulista

Entre as transformações ocorridas no período, destacam-se:

1.    A expansão industrial do Brasil.
2.    O desenvolvimento dos transportes rodoviário e aéreo.
3.    O crescimento das cidades e o surgimento do proletariado urbano, e os consequentes problemas de habitação, criminalidade, saneamento etc.
4.    A criação de universidades, a implantação do ensino técnico e o aumento da rede escolar, sobretudo a do ensino fundamental, com cerca de 40 mil escolas em 1939.
5.    O desenvolvimento da imprensa, o aumento do número de bibliotecas e a construção de prédios públicos, o que contribuiu para valorização da arquitetura no Brasil.

Literatura da 2ª Fase

Poesia

A geração de 30, despreocupada com as questões imediatas de 22 (o nacionalismo, o folclore, a destruição dos esquemas do passado etc.), voltava-se para as questões universais do homem e para os problemas da sociedade capitalista.
Principais nomes: Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Jorge de Lima.

Em Vinícius de Moraes e Cecília Meireles, a temática universalizante também está presente em suas poesias, embora é suplantada por uma poesia personalista.

Enquanto isso, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Cecília Meireles, incorporam a religiosidade e o misticismo em seus poemas.

Prosa

Nos anos 30, a ficção dá novo salto qualitativo com o aparecimento de escritores de grande importância, que se distribuem em 3 vertentes:

1.    Prosa regionalista

As raízes do regionalismo já se encontravam no século anterior com o livro O sertanejo, de José de Alencar, e o Cabeleira, de Franklin Távora.
Tem-se uma intensa campanha de revalorização das tradições regionais.
Preocupando-se com a revalorização do Nordeste se deve em parte ao deslocamento do eixo econômico e cultural para o sul, quando a indústria açucareira começa a decair.
O regionalismo de 30 soube revelar o drama da seca e das retiradas, a submissão do homem ao latifundiário, a ignorância e as mazelas politicas da região Nordeste.
A bagaceira, de José Américo de Almeida é a obra inaugural e em seu prefácio intitulado “Antes que me falem” constitui um verdadeiro  e autentico manifesto do regionalismo de então. A seguir, publicam-se O quinze (1930), de Rachel de Queiroz, O país do Carnaval (1931), de Jorge Amado e Menino de Engenho (1932), de José Lins do Rego. Em 1938, Graciliano Ramos publica Vidas Secas, a obra máxima do romance nordestino.

2.    Prosa urbana

Érico Veríssimo, José Geraldo Vieira e Marques Rebelo são os que mais se destacaram ao retratar o ambiente e as personagens das grandes cidades.

3.    Prosa intimista

Os conflitos humanos e as questões psicológicas aparecem nas obras de Clarice Lispector, Lucio Cardoso, Dionélio Machado e Otávio de Faria.


Autores

Graciliano Ramos

Seus romances se caracterizam pelo inter-relacionamento entre as condições sociais e a psicologia das personagens; ao que se soma uma linguagem precisa, enxuta, despojada, de períodos curtos, mas de grande força expressiva.
Estreou com o romance Caetés (1933) que conta um caso de adultério ocorrido numa pequena cidade do interior nordestino.
São Bernardo (1934) é uma das obras-primas do autor, pois narra a ascensão de Paulo Honório, rico proprietário da fazenda São Bernardo. Com o objetivo de ter um herdeiro, Paulo se casa com Madalena, uma professora de ideias progressistas. O ciúme e a incompreensão de Paulo Honório levam-na ao suicídio. Trata-se de um romance admirável, não somente pela caracterização da personagem, mas também pelo tratamento dado a problematização da coisificação dos indivíduos.
Angústia (1936) é a história de uma só personagem (um monólogo), que vive a remoer a sua angústia de ter cometido um crime passional.
Entre suas obras autobiográficas, destacam-se Memórias do cárcere (1953), depoimento sobre as condições dramáticas de sua prisão durante o governo do ditador Getúlio Vargas.

José Lins do Rego

Sua obra pode ser dividida em:

1.    Ciclo da cana-de-açúcar: Menino de Engenho, Doidinho, Bangue, Usina e Fogo Morto.
2.    Ciclo do cangaço, do misticismo e da seca: Pedra Bonita e Cangaceiros.
3.    Obras independentes: O moleque Ricardo, Pureza e Riacho Doce.
                                                                                 

As obras do ciclo da cana de açúcar são as mais importantes, destacando-se Fogo Morto, em que o autor procura retratar o início da decadência dos senhores de engenho, o advento da usina de açúcar, com seus métodos modernos de produção e a formação de uma nova estrutura econômica e social na região açucareira do Nordeste.
Jorge Amado

Costuma-se dividir a sua obra em 2 fases.
A 1ª fase é iniciada com o livro O país do carnaval (1931), em que se caracteriza por seu forte conteúdo político e pela denúncia das injustiças sociais, o que muitas vezes dá um caráter panfletário e tendencioso às obras. O esquematismo psicológico das obras dessa fase leva a uma divisão do mundo em heróis (marginais, vagabundos, operários, prostitutas, meninos abandonados, marinheiros, etc.) e vilões (a burguesia urbana e os proprietários rurais). Há uma exceção: Terra do sem-fim (1942) é uma obra prima do autor.
A 2ª fase se inicia com a publicação de Gabriela, cravo e canela (1958). Fugindo ao panfletismo e ao esquematismo psicológico, Jorge Amado passa a construir seus romances com elementos folclóricos e populares: os costumes afro-brasileiros, a comida típica, o candomblé, os terreiros, a capoeira etc. o mundo dos marginalizados se torna um mundo feliz, pois seus heróis levam uma vida sem preconceitos, sem regras severas de conduta social, o que lhes permite um elevado grau de liberdade existencial.

Érico Veríssimo

Costuma-se dividir a obra dele em 3 grupos:

1.    Romance urbano: Clarissa, Caminhos cruzados, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo, Saga e O resto é silêncio. Essas obras retratam a vida da pequena burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações.
2.    Romance histórico: O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger 200 anos da historia do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O continente) narra a conquista de São Pedro, pelos primeiros colonos e é considerado o ponto mais alto de toda a sua obra.
3.    Romance político: O senhor embaixador, o prisioneiro e Incidente em Antares. Escritos durante o período da ditadura militar (1964-1985), denunciam os males do autoritarismo e as violações dos direitos humanos.

Carlos Drummond de Andrade

Ele é, sem dúvida, o maior poeta brasileiro do século XX. Sua estreia se deu em 1930, com Alguma poesia.
De maneira geral, os poemas desse livro procuram retratar a vida à sua volta. Fala-nos de cenas do cotidiano, de paisagens, de lembranças, fotografando a realidade, retratando a vida besta.
Por outro lado, o poeta manifesta o seu pessimismo e a sua personalidade reservada, tímida, desconfiada, de um poeta que nasceu gauche (torto) na vida; outras vezes, deixa transparecer uma fina ironia e humor, utilizando-se também do poema-piada, herança dos modernistas da 1ª fase.
Em Brejo das almas (1934), o poeta evolui, abandonando o descritivismo e acentua o humor de seus versos. Drummond se interioriza, manifestando um sentimento de decepção e amargura, de falta de sentido da existência ou da solução para o destino. Além disso, acentua a temática amorosa, num lirismo contido e por vezes irônico.
Sentimentos do mundo (1940) representa uma mudança na trajetória do poeta. Diante dos horrores da guerra, da consciência de um mundo injusto e brutal, nasce o desejo de se solidarizar, e o poeta abre mais espaço para o outro em sua poesia. É o momento de se voltar para o tempo presente, os homens presentes, a vida presente, compreender os homens e construir um mundo melhor.
Em 1942, Drummond publica Poesias, título geral de 12 novos poemas, inclusive o antológico José, que antecipam tematicamente A rosa do povo (1945).
Ambas as obras tem em comum o fato de condenarem a vida de nossos dias, mecânica, e estúpida, sem humanidade. A rosa do povo é um livro que se destaca porque tem como temas o medo, a angústia, a náusea, a guerra, a solidão dos homens e a escravidão ocasionada pelo progresso.
A partir de então, Drummond acentua a temática do passado e do presente, a meditação poética sobre as razões da existência, a problemática da condição humana e o mistério do destino do homem, ao que se somam suas reflexões sobre o fazer poético e a incorporação das experiências concretistas.
                            De Amor, amores (1975) em diante, o sensualismo e o erotismo encontraram um espaço maior em sua poesia.
                            Procurando nos fatos mais corriqueiros a matéria de sua prosa, escrita com ironia e humor, Drummond se revelou um mestre da crônica.

Crônica de Drummond

Murilo Mendes

            Partindo das primeiras experiências modernistas, Murilo, sempre preocupado em renovar permanentemente a sua expressão poética, chegou em seus últimos trabalhos a uma total libertação de criação e experimentação.
            Seu livro de estreia foi Poemas (1930), que contem uma crítica irônica à sociedade técnica e mecanizada. Nele, encontramos a figura da mulher simbolizando a seiva da vida. Essa visão crítica será retomada em O visionário (1941, mas com poemas escritos entre 1930 e 1933), no qual se acentua a tentativa de expressão surrealista, já manifestada no 1º livro, exprimindo um sentimento de angústia diante de um mundo absurdo e conturbado.
            Com Tempo e eternidade (1935), escrito com a colaboração de Jorge de Lima, inicia-se uma vertente significativa da poesia de Murilo Mendes: a religiosidade empenhada na crítica da desumanização da vida. Essa crítica também está presente no livro “A poesia em pânico” (1937).
            As metamorfoses (1944), Mundo enigma (1945) e Poesia liberdade (1947) documentam uma visão trágica do mundo: as injustiças, as tiranias, as guerras.
            Convergência (1970) é uma obra inovadora do ponto de vista formal, na qual o poeta rompe com a linearidade discursiva, cria neologismos e explora ao máximo as possibilidades sonoras das sílabas, prefixos, sufixos, dos recursos sonoros. Neste livro, Murilo traduz em palavras os novos tempos e se integra às novas tendências da arte literária.

Jorge de Lima

            Ele, em sua 1ª fase, privilegia o soneto e se esmera com um vocabulário bem ao gosto parnasiano. Dessa fase são os livros: XIV Alexandrinos (1914), Poemas (1927), Novos poemas (1929), Poemas escolhidos (1932) e Poemas negros (1947).

            A partir de Poemas (1927), Jorge de Lima adere ao Modernismo, com textos marcados por cenas de infância, pelo sentimento nacionalista, por referências ao Nordeste e pela forte influência de elementos do folclore negro.
Em sua 2ª fase, o poeta se apresenta bastante envolvido com problemas religiosos e metafísicos, voltado para temas do catolicismo e aprimorando o verso livre e a expressão metafórica. Os livros dessa fase são: Tempo e eternidade (1935), A túnica inconsútil (1938), Anunciação e encontro de Mira – Celi (1943) e Livro de Sonetos (1949).
            Finalmente, com Invenção de Orfeu (1952), obra da 3ª fase do poeta, ele se consolida e se supera, como que confirmando todas as suas qualidades. Trabalhando conscientemente sobre o modelo épico de Camões, Jorge de Lima se apropria dos clássicos, numa técnica de colagem em que aparecem, além de Camões, Dante, Milton e Virgílio. Mitos luso-brasileiros se fundem com suas leituras e seu conhecimento histórico na busca de interpretar simbolicamente a relação do homem com o universo.

Vinícius de Moraes

Em um 1º momento, a obra de Vinicius pode ser dividida em 2 fases:

1ª fase: místico – religiosa
2ª fase: encontro com o mundo material e cotidiano

            A primeira fase compreende os livros: O caminho para a distância (1933), Forma e exegese (1935), Ariana, a mulher (1936), Novos poemas (1938) e Cinco elegias (1943), sendo este último de transição.
            Em O caminho para a distancia, o poeta manifesta sua preocupação religiosa e sua angústia diante do mundo, revelando também o seu conflito entre o sensualismo e o sentimento religioso. O amor é tido como um elemento negativo que, ligando-se ao mundo terreno, impede a libertação do espírito.
            A partir de Forma e exegese, os versos ganham liberdade expressiva e tornam-se mais extensos. O poeta volta-se para o cotidiano, sem contudo abandonar o desejo de transcendência. A mulher torna a figura central de sua poesia, envolta por um forte misticismo, divinizada; o poeta procura harmonizar sensualismo e erotismo com os apelos espirituais.
            O tom é declamatório, e os versos longos nos lembram versículos bíblicos.
            Essa primeira fase termina com o livro Ariana, a mulher. Cinco elegias é o livro de transição.
            Em Cinco elegias, o poeta incorpora elementos do cotidiano, mantendo ainda o tom religioso, e se aproxima um pouco mais das conquistas dos modernistas de 1922.
            A partir de Poemas, sonetos e baladas, dá-se a superação da angústia e da melancolia. O poeta se integra a realidade e sua poesia adquire um ritmo mias tranquilo e uma expressão mais coloquial, enxuta, simples e direta. Nessa fase, sua temática ganha novas características universalizantes e sociais.
            Como poeta lírico por excelência, em sua 2ª fase, Vinicius alia temas modernos a mais apurada forma clássica de composição, o soneto, deixando-nos algumas obras-primas.

Cecília Meireles

            Ela preferiu como ponto de partida de sua trajetória poética o livro Viagem (1939), e com este ela recebeu o premio da Academia Brasileira de Letras. Porém rejeitou os 3 primeiros livros de influência parnasiana e temática mística.
            O livro Viagem demonstra sua maturidade poética, apesar de manter-se dentro dos padrões tradicionais, ultrapassa o primeiro momento do Modernismo brasileiro (anedótico e nacionalista). Ao gosto pela tradição, soma-se uma visão filosófica e universalizante. As indagações sobre a brevidade da vida, o sentido da existência, a solidão e a incompreensão humanas, presentes em Viagem, permaneceriam em quase toda a sua obra, perpassada por um sentimento de pessimismo e desencanto.
            Cecília Meireles, por ter seguido um caminho muito pessoal, não pode ser enquadrada em um movimento ou em uma estética literária determinada. Seus versos, geralmente curtos, de conteúdo lírico tradicional e bastante pessoal, têm raízes simbolistas e se caracterizam pela musicalidade, descritivismo e imagens sensoriais.
            Um dos pontos altos de sua obra poética é o Romanceiro da Inconfidência (1953), que lhe custou pesquisas históricas e no qual revela seu amor à pátria e sua admiração pelos mártires da Inconfidência Mineira.

Modernismo – 3ª fase

Contexto histórico

            No Brasil, o período que se estende de 1945 a 1985 é marcado por uma série de fatos que causaram profundas transformações e traumas na sociedade brasileira.

Da queda de Getúlio aos anos JK (1945 – 1956)

            Em 1945, Getúlio Vargas é deposto, depois de 15 anos de governo ditatorial. Eurico Gaspar Dutra assume a presidência, promulga-se uma nova Constituição, e o país retoma os princípios democráticos.
            Embora deposto, Getúlio matem o prestigio e vence as eleições de 1950. A forte oposição ao seu governo leva-o a se suicidar na madrugada de 24 de agosto de 1954. João Café Filho assume o poder.

Os anos JK (1956 – 1960)

            Juscelino Kubitschek assume a presidência em janeiro de 1956 e dá início ao seu projeto de realizar 50 em 5: constrói hidrelétrica e estradas, incentiva a instalação de fabricas de automóveis, aviões e navios e constrói Brasília, para onde mudaria a capital do país em 1960.
            O clima democrático, renovador e moderno do seu governo favorece as artes: surgem a Bossa Nova e o Cinema Novo, o teatro passa por profundas transformações, com o trabalho desenvolvido pelo Teatro de Arena e pelo Teatro Brasileiro de Comedia. A literatura se renova, sobretudo com Clarice Lispector e Guimaraes Rosa.
É também o grande momento da crônica, com Fernando Sabino, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e Drummond.
            Em janeiro de 1961, JK passa a faixa para Jânio Quadros.

Jânio, Jango e a ditatura (1961 – 1964)

            Jânio Quadro renuncia 7 meses depois. Joao Goulart (Jango) assume o governo, sob o sistema parlamentarista, com a chefia do Executivo a cargo do 1º ministro e do Conselho de Ministros, restando ao presidente apenas a função de chefe de Estado.
            Com o fim do regime parlamentarista em 1963, João Goulart resolve tomar medidas de caráter econômico e social, entre elas a regulamentação da remessa de lucros para o exterior, o projeto de reforma agraria e a nacionalização de algumas empresas multinacionais. Um golpe militar, em 1º de abril de 1964, financiado pelos Estados Unidos e grupos econômicos brasileiros (como Organizações Globo), depõem o presidente. O general Castelo Branco assume a presidência da República.

Os anos de autoritarismo (1964 – 1984)

            De 1964 a 1984, o Brasil foi governado por militares: Castelo Branco (64-67), Costa e Silva (67-69), Garrastazu Médici (69-74), Ernesto Geisel (74-79) e João Baptista de Figueiredo (79-84).
            Trata-se de uma dos períodos mais tristes da nossa história, com a supressão das liberdades democráticas, a cassação de mandatos políticos, a censura a imprensa e aos meios de comunicação e o assassinato de opositores ao regime. No plano econômico, a dívida externa era de $ 3 bilhões em 1964 e no ano de 1984 saltou para mais de $ 100 bilhões. A inflação era de 74% em 1964 e em 1984 era de 200%. A insatisfação do povo e dos empresários e a crescente crise econômica levaram à abertura politica e a entrega do poder aos civis.

A produção literária da terceira fase

Prosa

Em linhas gerais, verifica-se na prosa posterior a 1945:

·         Negação do compromisso com a narrativa referencial, ligada a acontecimentos e à representação realista da realidade.
·         O espaço exterior passa para 2º plano; a narrativa se centra no espaço mental das personagens, realçando-lhes as características psicológicas.
·         Altera-se a linguagem romanesca tradicional. O texto deixa de ser a narrativa de aventura para se tornar uma aventura de narrativa. A continuidade temporal é abalada, desfazendo-se a ordem cronológica e, muitas vezes, fundindo-se presente, passado e futuro.
·         A prosa urbana enfoca conflitos do indivíduo diante da sociedade e a prosa regionalista renova a sua temática e forma de expressão.
·         Desenvolve-se o realismo fantástico, no qual se acentua a distância entre a realidade objetiva e a expressão artística, através de uma linguagem altamente simbólica, situando a narrativa entre o estranho e o maravilhoso.

Entre os romancistas surgidos em 45, destacam – se: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.

Poesia

            A partir de 1945, a poesia brasileira adquire preocupações estéticas, com a chamada geração de 45. Esta procurou restaurar a disciplina expressiva, o estudo da poética e a investigação verbal. Daí a retomada de formas poéticas tradicionais ao lado do verso livre, agora mais trabalhado ritmicamente e sob certo rigor e preocupação artesanal.
            Destacam-se: João Cabral de Melo Neto, Afonso Félix de Souza e Thiago de Melo.
            A partir de 1950, surgem as novas tendências, como o Concretismo, a Poesia – práxis e o Poema/processo. Na década de 1970, surge a poesia marginal, que só a partir de 1980 começa a ser objeto de apreciações críticas.

Teatro

            A encenação da peça Vestido de noiva, peça de Nelson Rodrigues e dirigida por Ziembinski, em 1943, é um marco na renovação do teatro brasileiro. Outro passo é dado com a fundação do Teatro Brasileiro de Comédia (1948) e do Teatro de Arena (1953). Surgem importantes nomes na dramaturgia nacional, como Gianfrancesco Guarnieri (Eles não usam black tie), Oduvaldo Vianna Filho (Chapetuba Futebol Clube) e Augusto Boal (Revolução na América do Sul).
            Na década de 1960, surgem o grupo Opinião, liderado por Denoy de Oliveira, Ferreira Gullar e Oduvaldo Viana Filho e o Teatro Oficina, liderado por José Carlos Martinez Correa.
            Além desses autores, destacam-se: Jorge Andrade (A moratória), Ariano Suassuna (Auto da Compadecida), Plínio Marcos (Navalha na carne), Dias Gomes (Odorico, O Bem-Amado) e Chico Buarque de Holanda (Gota d’água, em parceria com o paraibano Paulo Pontes).

Crônica

            A crônica foi um dos gêneros que mais se renovou a partir do final da década de 1940, registrando a fala do povo e sua psicologia e retratando o cotidiano, com humor, ironia e lirismo, numa perspectiva crítica e reveladora. Destacam-se: Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade.

Autores

Clarice Lispector

            Na obra dela, a caracterização da personagem e as ações são elementos secundários. Importa-lhe captar a vivência interior das personagens e a complexidade de seus aspectos psicológicos. Dai resultando numa narrativa introspectiva e o monólogo interior, em que muitas vezes percebe-se o envolvimento do narrador, ficando difícil estabelecer as fronteiras entre narrador e personagens. Essa centralização na consciência contribui para a digressão, a fragmentação dos episódios e o desencadeamento do fluxo de consciência, isto é, a expressão direta dos estados mentais, nos quais parece se manifestar diretamente o inconsciente, do que resulta certa perda da sequência lógica.
            Na trilha filosófica do Existencialismo, Clarice enfatiza a angústia do homem diante de sua liberdade para escolher o custo que deseja dar a sua vida.
            As narrativas de Clarice Lispector quase sempre focalizam um momento de revelação, um momento especial em que a personagem se defronta subitamente com a verdade: chamado de epifania. Essa epifania é uma manifestação espiritual súbita, provocada por uma experiência que, a princípio, mostra-se simples e rotineira. Os objetos mais simples, os gestos mais banais e as situações mais cotidianas provocam uma iluminação repentina na consciência da personagem.
            Alguns livros dela: Perto do coração selvagem (1944), Laços de família (1960). Além disso, escreveu crônicas e literatura infantil.

João Guimarães Rosa

Embora de caráter regionalista, a obra dele supera o regionalismo tradicional, que ora idealizava o sertanejo, ora se comprazia com aspectos meramente pitorescos, com o realismo documental ou com a transcrição da linguagem popular e coloquial.
Essa superação deve-se à riqueza de sua linguagem e ao caráter universal das questões morais e metafisicas presentes em sua obra.
Criando um estilo absolutamente novo na ficção brasileira, Guimarães Rosa estiliza o linguajar do sertanejo, recria e inventa palavras, mescla arcaísmos com vocabulários eruditos, populares e modernos, combina de maneira original palavras, prefixos e sufixos, constrói uma sintaxe peculiar e explora as possibilidades sonoras da linguagem, por meio de aliterações, onomatopeias, hiatos, ecos, homofonias, etc.
No cerne dessa linguagem nova, na qual a prosa e a poesia se confundem, estão as indagações universais do homem: o sentido da vida e da morte, a existência ou não de Deus e do diabo, o significado do amor, do ódio e da ambição etc.
O romance mais famoso dele foi Grande sertão: veredas que contem várias narrativas dentro da narrativa principal, casos e episódios nos quais, muitas vezes, o real se cruza com o fantástico.

João Cabral de Melo Neto

A poesia para ele não é fruto de um momento de inspiração, mas resultado de um esforço cerebral, um trabalho de artesão da palavra. Preocupado com a organização do texto, a concisão e a precisão da linguagem, o poeta busca a palavra objetiva, exata, enxuta, para a concretização do poema, que mantem sob contenção a musicalidade fácil e repudia o exagero metafórico.
Seu 1º livro foi Pedra do sono (1942) e reúne 20 poemas curtos, escritos aos 20 anos, nos quais predominam as imagens surrealistas.
O engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) contem poemas sobre o fazer poético, isto é, poemas metalinguísticos.
A ênfase no social se dá com os livros O cão sem plumas (1950), O rio (1954) e Morte e vida Severina (1956). O cão sem plumas tem como tema o rio Capibaribe, com sua poluição e a população miserável que habita suas margens. Morte e vida Severina – cujo subtítulo é Auto de Natal pernambucano – relata a trajetória de Severino, retirante nordestino que se encaminha para o Recife, encontrando apenas a seca, a subnutrição e a morte por onde passa.
Desencantado com a vida e mesmo pensando em se entregar a morte, Severino recebe a notícia do nascimento de uma criança, símbolo da resistência da vida Severina, o que lhe dá novo alento.
Paisagens com figuras (1956) focaliza as regiões da Espanha e de Pernambuco.
Uma faça só lâmina (1956), com reflexões sobre o ato de escrever.
Quaderna (1961), de temática amorosa.
Serial (1961) tem temática social, precedendo a obra Auto do frade (1984), cuja personagem principal é Frei Caneca.

Do Concretismo aos Poetas da Internet


Concretismo

A poesia concreta surge em 1952, tendo como principal veiculo de divulgação a revista Noigrandres. Esta palavra, segundo Augusto de Campos, significa antídoto contra o tedio.
Além do nome da revista, denominou também o grupo concretista liderado pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos e por Décio Pignatari. Em 1956, esse grupo realiza a Exposição de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Com influências de Mallarmé, Apollinaire, Ezra Pound, Joyce, Cummings, Oswald de Andrade e João Cabral de Melo Neto, a poesia concreta apresenta como características principais:

a)    O poema como resultado de investigação verbal;
b)    Incorporação do espaço gráfico como elemento estrutural do poema;
c)    Ampliação do poema pela comunicação não – verbal;
d)    Máxima valorização da palavra em si, contra o verso como unidade rítmica convencional;
e)    Rejeição do lirismo;
f)     Valorização do som, da forma visual e da carga semântica da palavra e suas funções – relações no poema;
g)    Ampla utilização de recursos tipográficos;
h)    Possibilidades de múltiplas leituras, pela abolição do verso tradicional: leitura vertical, horizontal, diagonal etc.;
i)      Utilização do ideograma, como símbolos da escrita chinesa como modelo de composição.

Essas características, somadas a outras características inovadoras da prosa, da arquitetura, da música e das artes plásticas começam a caracterizar o Pós – Modernismo.
Participaram também desse movimento: José Lino Grünewald, Pedro Xisto e Ronaldo Azeredo.
A partir de 1956, o movimento começa a declinar, mas suas contribuições estão ainda hoje presentes na literatura brasileira.


Neoconcretismo

Em 1959, o poeta Ferreira Gullar lidera uma dissidência dos artistas concretos do RJ. Por meio de um manifesto publicado no Jornal do Brasil, propõe uma poesia mias social, mais comunicativa e voltada par aos problemas do país, reagindo contra os excessos formais do movimento concretista, do qual participara.
O movimento se intitulou Neoconcretismo, o que era um equivoco, já que sua intenção era social e de ação politica.
Participaram: Ferreira Gullar, Affonso Ávila, Thiago de Melo, José Paulo Paes e Jamil Haddad.

Poesia – práxis

Dois manifestos inauguraram a Poesia – práxis (que em grego significa ação), movimento liderado por Mário Chamie. O 1º foi um pré – manifesto publicado no Diário de Notícias do RJ, em 1959, preconizando que o poema objetiva na unidade PALAVRA – CORPO - ESPAÇO – FORMA. O 2º é um manifesto didático, que aparece como posfácio do livro Lavra – lavra (1962).

A poesia – práxis se autodefine como um processo literário marcado por:

a)    Considerar a sintaxe não como decorrente de um código gramatical estabelecido, mas como resultado original da transformação a que o poeta submete a palavra;
b)    Objetivar que a forma – conteúdo do texto seja uma estrutura aberta, de tal modo que o leitor possa intervir crítica e criativamente no texto, exercendo a função de coautoria.

Repudiando a palavra – coisa do Concretismo, o poeta – práxis considera a palavra – energia, a palavra como um corpo vivo que gera outras no contexto do Chamie, participaram do movimento Antônio Carlos Cabral, Carlos Eduardo Brandao, Yvone Giannetti Fonseca etc.

Poema – processo

O movimento foi liderado por Wlademir Dias-Pino, e vai de 1967 a 1974, ano que seu líder publica um manifesto pondo fim ao movimento, que já se esgotar antes.
Utilizando elementos não – linguísticos para a composição dos seus trabalhos, os representantes do poema – processo foram mais desenhistas e pintores do que propriamente escritores. Utilizaram, além da palavra, fotografias, desenhos, gráficos e colagens.

Poesia marginal dos anos 70

Contornando o bloqueio sistemático das editoras, que consideram que não é lucrativo publicar poetas desconhecidos, surgem, no início da década de 70, pequenos livros mimeografados ou impressos por outros processos. Por estarem a margem das editoras, serem produzidos e vendidos pelos próprios autores, deu-se a eles o nome de poesia marginal.

Ainda que alguns deles tenham assimilado influências do Concretismo, a vantagem é que esse grupo representou uma volta ao discurso, com uma linguagem coloquial, e aos temas do cotidiano, ora manifestando problemas pessoais ou sociais.
Não chegaram a construir um movimento organizado com novas propostas estéticas, e poucos foram os que, pela qualidade dos seus trabalhos, entraram no circuito das editoras, deixando de ser marginais.
Autor: Paulo Leminski.

Bons poetas, com ou sem rótulos

Vários poetas merecem destaque pela qualidade dos seus trabalhos, como: Adélia Prado, Affonso Romano de Sant’Anna, Armindo Trevisan, Lindolf Bell, Manoel de Barros, Mário Faustino, Mário Quintana, Marcus Accioly, Naura Machado, Olga Savary.

Poetas da internet – a poesia virtual marginal

É grande o número de poetas que criam páginas na internet para a divulgação dos seus poemas. Como é fácil obter gratuitamente um espaço para criar páginas, qualquer pessoa pode divulgar os seus poemas em publicações virtuais.
Porém, publicar poemas na internet não significa ser um poeta e tampouco assegura que eles serão lidos por um grande número de pessoas.

As vertentes pós – modernas e as tradicionais

A falta de um distanciamento histórico e a pluralidade das formas que a literatura assume dificultam a localização da pós – modernidade. Portanto, há textos mesclados tanto na forma pós – moderna, quanto ligados aos recursos tradicionais das narrativas, muitas vezes em um mesmo autor.

Prosa política

Durante a ditadura militar, um dos meios de se contornar a ação da censura sobre os veículos de comunicação foi o texto literário. Muitos escritores procuravam denunciar a violência política e social ora em obras que se confundiam com relatos jornalísticos, baseadas em fatos reais ou fictícios, ora através da narrativa de situações absurdas e irreais que refletissem metaforicamente a situação do país. Assim, temos:

a)    Romance – reportagem: Antonio Callado, Ignacio de Loyola Brandao, José Louzeiro, Roberto Drummond.
b)    Ignacio de Loyola Brandao, José J. Veiga, Moacyr Scliar, Murilo Rubiao.

Prosa urbana

A desumanidade, a violência, a solidão, a marginalização, o vazio associado à vida moderna, a hipocrisia social, o conflito de classes e outros males das metrópoles são a matéria de obras ficcionais de Dalton Trevisan, Luiz Vilela, Ricardo Ramos e Rubem Fonseca, este último é um hiper – realista pelo exagero proposital com que enfatiza a patologia humana.

Prosa intimista

A observação psicológica das personagens, a introspecção, o entrelaçamento do lirismo com o realismo, na mesma linha de Clarice Lispector, caracterizam as narrativas de Autran Dourado, Josué Montello, Lygia Fagundes Telles, Osman Lins e outros.
Ao lado desses gêneros, manteve-se a prosa regionalista, com Ariano Suassuna, Bernardo Élis, Mário  Palmério entre outros. E  a prosa memorialista ou autobiográfica, com Jorge Amado, Pedro Nava, Érico Veríssimo etc.
Há outros que continuam a produzir durante a vida, como Chico Buarque de Holanda, Antonio Torres, Domingos Pellegrini Jr., Edilberto Coutinho, Ivan Angelo, João Antonio, João Ubaldo Ribeiro, Marcelo Rubens Paiva, Nélida Piñon, Sergio Sant’Anna etc.

A crônica

A crônica é um dos gêneros mais cultivados no país, assim como o conto, tendo espaço nos jornais de grande circulação, destacando-se Affonso Romano de Sant’Anna, Carlos Heitor Cony, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo.

A literatura de massas

No final do século XX, o desenvolvimento da edição industrial provocou a inflação de uma produção de subliteratura, com personagens estereotipadas e narrativas padronizadas em moldes que visam agradar a certos tipos de leitores que as devoram, já que não exigem muita reflexão. Neste contexto, enquadram-se os livros da chamada literatura esotérica, prestigiada pela própria insegurança do indivíduo em sua tentativa de entender as razoes de estar em um mundo complexo rapidamente mutável e que busca em textos pouco profundos respostas inexistentes para o seu destino e comportamento. O valor estético e imaginativo dessas obras é bastante contestável, geralmente com justa razão. Entretanto, esse fenômeno permitiu o aparecimento de obras interessantes, particularmente no gênero de ficção científica e do romance policial.

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