quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Prova Final


Escola Estadual  _________________________________________________________________ .
Prova Final.
Professor: Marconildo Viegas.
Aluno (a): _______________________________________ Serie:
Obs. As questões objetivas não podem ser rasuradas.

TEXTO I




(Fragmento de Morte e Vida Severina, páginas 114-115)
UMA MULHER, DA PORTA DE ONDE SAIU O HOMEM, ANUNCIA-LHE O QUE SE VERÁ

— Compadre José, compadre,  que na relva estais deitado: conversais e não sabeis
que vosso filho é chegado?
Estais aí conversando em vossa prosa entretida: não sabeis que vosso filho saltou para dentro da vida? Saltou para dentro da vida ao dar seu primeiro grito; e estais aí conversando; pois sabei que ele é nascido.

APARECEM E SE APROXIMAM DA CASA DO HOMEM VIZINHOS, AMIGOS, DUAS CIGANAS, ETC.

— Todo o céu e a terra lhe cantam louvor.
Foi por ele que a maré esta noite não baixou.
— Foi por ele que a maré fez parar o seu motor: a lama ficou coberta e o mau-cheiro não voou.
— E a alfazema do sargaço, ácida, desinfetante, veio varrer nossas ruas enviada do mar distante.
— E a língua seca de esponja que tem o vento terral veio enxugar a umidade do encharcado lamaçal.
— Todo o céu e a terra lhe cantam louvor e cada casa se torna num mucambo sedutor.
— Cada casebre se torna no mucambo modelar que tanto celebram os sociólogos do lugar.
— E a banda de maruins que toda noite se ouvia por causa dele, esta noite, creio que não irradia.
— E este rio de água cega, ou baça, de comer terra, que jamais espelha o céu, hoje enfeitou-se de estrelas.

MELO NETO, João Cabral de. Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Seleção de Antônio Carlos Secchin. 6 ed. São Paulo: Global, 1998, p. 114-115.


1. Considerando a primeira estrofe do poema, verifica-se que a mulher, dirigindo-se ao compadre, utiliza

a) uma linguagem respeitosa, configurando uma situação de comunicação em que os interlocutores pertencem a classes sociais distintas.
b) um nível linguístico extremamente rebuscado, coerente com a natureza literária do texto.
c) a segunda pessoa do plural (vós) para referir-se a uma pessoa tão familiar (o compadre), o que revela o seu desconhecimento da língua.
d) o nível formal da linguagem, como uma exigência da comunicação oral.
      e) a expressão metafórica “saltou para dentro da vida”, para referir-se ao ato de nascer.
2. A partir da leitura do texto, pode-se inferir que esses versos enfocam

a) a problemática da miséria, condenando a postura dos sociólogos que veem no mangue um lugar sedutor.
b) a banalidade com que se trata o nascimento de crianças em regiões socialmente desassistidas, onde a vida e a morte parecem ter o mesmo sentido.
c) uma visão otimista sobre a vida a partir do nascimento de uma criança, a quem a natureza se curva em reverência.
d) a vida nos mangues, cuja população não vislumbra qualquer possibilidade de mudança.
      e) o sentimento de pessoas que, vivendo em lugares muito pobres, deixam de celebrar a vida.
Texto II
Viver

Envelhecer já foi um milagre, um sonho e também uma sentença cruel. Nossos poetas românticos, por exemplo, almejavam a vida curta, cravejada de muita tosse, e olhos fundos, aureolados de acentuadas olheiras. E, quando a vida se estendia, sentiam-se traídos pelo Destino, envergonhados diante da posteridade. Consta mesmo que um deles, aos 22 anos, preocupado com a hora final que tardava a soar, declarava-se com 20 anos — a fim de ampliar a chance de ser colhido ainda na juventude. Acabou não desapontando ninguém, nem a si próprio. Foi ceifado aos 23 anos.
[...]
Mas isso são histórias do século XIX, quando viver não estava na moda. Hoje, mais do que viver simplesmente, está na moda a alegria de viver. De viver bem e largamente.
Sim, a ciência tem feito grandes progressos, ampliando o nosso tempo no mundo, pondo ao nosso alcance novos recursos para uma existência mais saudável. A vida ganhou em qualidade, prorrogando a juventude, sem com isso perder os benefícios da longevidade bem-vinda, que nos encontra com a cabeça boa e os cinco sentidos bem conservados. E tem sido isso o que vemos todos os dias: as pessoas se sentirem, se não cada vez mais jovens, cada vez menos velhas.
Como sinais exteriores, o jeans, a bermuda, a camiseta e o tênis deixaram de ser de uso exclusivo dos jovens e foram incorporados por gente de todas as idades, homens e mulheres, numa democratização dos costumes. E até as tatuagens podem ser vistas em muitos senhores e senhoras, os mesmos que não gostam de ser chamados de tios e tias pelos amigos dos filhos e dos netos.
[...]
Pertence também ao passado o estigma de solteirona que alcançava a mulher aos 25 anos. Imortalizada por Balzac, a mulher de 30 anos vivia, nessa idade, a plenitude de sua beleza e feminilidade. Precisava desfrutar rapidamente esse período, que durava, com muita sorte, até os 35 anos. Daí em diante começava a descer a escada da vida, como se dizia, ou — mais cruelmente falando — a entrar em declínio. Hoje não se cobra casamento de mulher em idade nenhuma e as de 50 e até 60 anos vivem momentos de glória. São elas as balzaquianas dos tempos atuais. Usam os recursos da ciência, é certo. A cosmética expande-se, a nutrição é uma especialização universitária, proliferam as academias de ginástica e há cada vez mais adeptos das caminhadas e da ioga. Mas, ao lado disso, as mulheres conquistaram também uma infraestrutura hormonal e emocional. São elas que vivem, hoje, com mais intensidade e que desfrutam maior prestígio social e profissional. São principalmente as que amam com mais entrega e desprendimento, generosas na oferta do prazer, mas que também não abrem mão de uma reciprocidade que lhes dê a mesma satisfação. Não dão, trocam. Não se oferecem, conquistam.
Vivemos hoje esse tempo solar, que ilumina os nossos dias e enche de luar as nossas noites. A ideia do amor à vida e à felicidade em qualquer idade não é nova, mas por muito tempo esteve camuflada por outra ideia: a de que o prazer é patrimônio da juventude. Não é. Vale lembrar, para terminar, uma reflexão de Sófocles, feita 400 anos antes de Cristo: “Ninguém ama tanto a vida como a pessoa que envelhece”.
Vida longa e feliz para todos!

CARLOS, Manoel. Viver. Veja. Edição 2121, Ano 42, 15 de julho de 2009, no 28, p.114.

3. O texto “Viver” tem como tema central o (a)

a) comportamento das balzaquianas nos dias atuais.
b) dificuldade de sobrevivência das pessoas mais velhas.
c) preocupação das pessoas mais velhas com o futuro.
d) excelente qualidade de vida das pessoas mais velhas.
e) forma jovial das pessoas mais velhas se vestirem.
4. A ideia apresentada no primeiro parágrafo do texto permite ao leitor inferir que, no passado, envelhecer para alguns poetas românticos representava um(a)

a) desejo alcançado.             b) processo natural.                 c) triste destino.           d) prêmio merecido.             e) façanha esperada.

5. No fragmento “E, quando a vida se estendia, sentiam-se traídos pelo destino, envergonhados diante da posteridade” (linhas 2 e 3), os termos em destaque referem-se aos

a) idosos do século passado.      b) jovens do século XX.    c) escritores do século XIX.                 d) amigos dos idosos.                e) poetas românticos.

Texto III
Casa de Pensão (fragmento)

Às oito horas, quando entrou em casa tinha já resolvido não ficar ali nem mais um dia. Era fazer as malas e bater quanto antes a bela plumagem!
Mas também, se por um lado não lhe convinha ficar em companhia do Campos; por outro, a idéia de se meter na república do Paiva não o seduzia absolutamente.
Aquela miséria e aquela desordem lhe causavam repugnância.
Queria liberdade, a boêmia, a pândega sim senhor! tudo isso, porém, com um certo ar, com uma certa distinção aristocrática. Não admitia uma cama sem travesseiros, um almoço sem talheres e uma alcova sem espelhos. Desejava a bela crápula, por Deus que desejava! mas não bebendo pela garrafa e dormindo pelo chão de águas-furtadas! Que diabo! não podia ser tão difícil conciliar as duas coisas! ...
Pensando deste modo, subiu ao quarto. Sobre a cômoda estava uma carta que lhe era dirigida; abriu-a logo:

"Querido Amâncio.
Desculpe tratá-lo com esta liberdade; como, porém, já sou seu amigo, não encontro jeito de lhe falar doutro modo. Ontem, quando combinamos no Hotel dos Príncipes a sua visita para domingo, não me passava pela cabeça que hoje era dia santo e que fazíamos melhor em aproveitá-lo; por conseguinte, se o amigo não tem algum compromisso, venha passar a tarde conosco, que nos dará com isso grande prazer. Minha família, depois que lhe falei a seu respeito, está impaciente para conhecê-lo e desde já fica à sua espera."

Assinava "João Coqueiro" e havia o seguinte post-scriptum: "Se não puder vir, previna-mo por duas palavrinhas; mas venha. Resende n ... "
Amâncio hesitou em se devia ir ou não. O Coqueiro, com a sua figurinha de tísico, o seu rosto chupado e quase verde, os seus olhos pequenos e penetrantes, de uma mobilidade de olho de pássaro, com a sua boca fria, deslabiada, o seu nariz agudo, o seu todo seco egoísta, desenganado da vida, não era das coisas que mais o
atraíssem. No entanto, bem podia ser que ali estivesse o que ele procurava, um cômodo limpo, confortável, um pouquinho de luxo, e plena liberdade. Talvez aceitasse o convite.
Esta gente onde está? perguntou, indicando o andar de cima a um caixeiro que lhe apareceu no corredor, com a sua calça domingueira, cor de alecrim, o charuto ao canto da boca.
Foram passear ao Jardim Botânico, respondeu aquele, descendo as escadas.
Todos? ainda interrogou Amâncio.
Sim, disse o outro entre os dentes, sem voltar o rosto. E saiu.
Está resolvido! pensou o estudante. Vou à casa do Coqueiro. Ao menos estarei entretido durante esse tempo!
E voltando ao quarto:
Não! É que tudo ali em casa do Campos já lhe cheirava mal!... Olhassem para o ar impertinente com que aquele galeguinho lhe havia falado! ... E tudo mais era pelo mesmo teor. Uma súcia d'asnos!
Começou a vestir-se de mau humor, arremessando a roupa, atirando com as gavetas. O jarro vazio causou-lhe febre, sentiu venetas de arrojá-lo pela janela; ao tomar uma toalha do cabide, porque ela se não desprendesse logo, deu-lhe tal empuxão que a fez em tiras.
Um horror! resmungava, a vestir-se furioso, sem saber de quê.
Um horror!
E, quando passou pela porta da rua, teve ímpetos de esbordoar o caixeiro, que nesse dia estava de plantão.
AZEVEDO, Aluísio. Casa de Pensão. São Paulo: Ática, 2009, p.59-60.
6. No texto, o personagem Amâncio vivencia um conflito em relação à sua situação de moradia. Esse conflito decorre do fato de Amâncio

a) pretender sair da casa do Campos, por se tratar de um lugar sujo e sem nenhum conforto.
b) mostrar-se dividido entre o desejo de liberdade e a falta de organização da república do Paiva.
c) sentir-se completamente fascinado pela república do Paiva, tendo em vista que, antes de tudo, queria a liberdade.
d) hesitar em mudar-se para a casa de João Coqueiro, porque lá encontraria apenas um pouquinho de luxo.
e) sentir-se desolado na casa do Campos, porque, como aristocrata, precisava de um lugar luxuoso para viver.

7. O personagem Amâncio, após a leitura da carta, decide aceitar o convite de João Coqueiro porque

a) era muito amigo da pessoa que lhe enviara a carta.
b) desentendeu-se com o caixeiro que, naquele dia, estava de plantão.
c) ficou comovido com as palavras amáveis do amigo.
d) tinha convicção de encontrar um lugar agradável na casa de João Coqueiro.
e) queria, “naquele dia santo”, não lembrar dos problemas da casa do Campos.

8. O personagem Amâncio “começou a vestir-se de mau humor” (linha 34) , uma vez que

a) rejeitava o ambiente da casa do Campos e não vislumbrava uma solução para seus problemas.
b) não conseguia organizar sua vida naquele ambiente nem admitia mudar-se da casa do Campos.
c) era incompreendido pelas pessoas com quem convivia e não admitia fazer novas amizades.
d) desconhecia quando a família do Campos iria voltar do Jardim Botânico e preocupava-se com o atraso dessas pessoas.
e) não entendia as explicações do impertinente galeguinho e nem via motivos para deixar a casa do Campos.

9. Considerando a carta escrita por João Coqueiro para Amâncio, é correto afirmar:

a) O emissor da carta, no fragmento “Se não puder vir, previna-mo por duas palavrinhas; mas venha.” (linhas 17-18), assume uma postura autoritária, ao expressar uma ordem.
b) O emissor, ao escrever “Desculpe tratá-lo com esta liberdade.” (linha 11), deseja manter um distanciamento do receptor da carta.
c) A principal finalidade da carta é fazer um convite a Amâncio, para passar a tarde do domingo no Hotel dos Príncipes.
d) O uso do vocativo “Querido Amâncio” (linha 10) revela que o emissor deseja construir uma relação de intimidade com esse destinatário.
e) O uso da expressão “[...] não me passava pela cabeça [...](linha 13) sugere uma atitude ríspida de João Coqueiro.

10. No fragmento “ — Esta gente onde está? perguntou, indicando o andar de cima a um caxeiro que lhe apareceu no corredor, com a sua calça domingueira, cor de alecrim, o charuto ao canto da boca.” (linhas 24-25), ocorrem sequências textuais

a) narrativas e descritivas.                    b) dissertativas e narrativas.
c) argumentativas e descritivas.            d) injuntivas e argumentativas.
e) dissertativas e injuntivas.

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