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Escola
Estadual Padre Hildon Bandeira
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Aluno
(a):
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Série:
3º Ano
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Turno
Vespertino
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Professor
Marconildo
Viegas
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Disciplina
Português
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Bimestre
2º
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Data
_____/_____/____
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Triste fim de Policarpo Quaresma conta a historia de um
nacionalista ingênuo, Policarpo Quaresma, que acreditava em um Brasil forte,
rico e soberano, e quer salvá-lo dos políticos corruptos. Entretanto, esse
exaltado patriotismo só provoca risos e acaba por custar-lhe o internamento em
um hospício. Tendo apoiado o marechal Floriano, volta-se contra o seu governo
por considerá-lo incompetente e desumano. Ao presenciar a escolha de
antiflorianistas para fuzilamento, escreve, indignado, uma carta ao presidente.
No dia seguinte é preso e fuzilado.
Triste fim de Policarpo Quaresma
Desde dezoito anos que o tal
patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que
lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe
contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O
importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas
de tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em
sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a
incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma
decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil
como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera
combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois
ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros?
Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento
de decepções.A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por
ele no silêncio do seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a
intelectual,nem a política que julgava existir, havia. A que existia de fato,
era a do Tenente Antonino, a do doutor Campos, a do homem do Itamarati.
E, bem pensado, mesmo na sua
pureza, o que vinha a ser a Pátria? Não teria levado toda a sua vida norteado
por uma ilusão, por uma idéia a menos, sem base, sem apoio, por um Deus ou uma
Deusa cujo império se esvaía?
1.
Qual
opção mostra o forte sentimento nacionalista do Major Quaresma?
a)
Ele
estudava nossa geografia, conhecia nome dos nossos heróis, a língua tupi, o
folclore, sempre valorizando as tradições brasileiras.
b)
Ele
estudava o hebraico, conhecia nomes dos heróis ingleses, a língua fanhi, sempre
valorizando as tradições de outros países.
2.
Segundo
Pero Vaz de Caminha “A terra em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo...” Que comentário faz Quaresma a esse respeito?
a)
“Nem a
física, nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgava existir,
havia.”
b)
“As terras não eram ferazes e ela não era fácil como
diziam os livros”.
3.
É
como a crença de que o povo brasileiro possui um espírito pacífico, generoso e
cordial. O que pensa Policarpo Quaresma a respeito disso?
a)
Para
Quaresma isso era uma forma de mostrar a brutalidade das pessoas no trânsito.
b)
Para
Quaresma isso era um mito, pois ele vira a nossa gente combater como feras e
matar inúmeros prisioneiros.
4.
Que
ilusão teria guiado Quaresma até o fim da sua vida?
a)
A
ilusão de uma pátria de prodigiosa natureza, elevados valores morais,
intelectuais e políticos.
b)
A
ilusão de uma pátria cheia de objetos sociológicos para se estudar na
faculdade.
Jeca Tatu
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e
feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
Quando comparece às feiras, todo mundo logo
adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao
homem só custa o gesto de espichar a mão e colher (...) Nada mais.
Seu grande cuidado é espremer todas as
consequências da lei do menor esforço – e nisso vai longe.
Começa na morada.
Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos
que moram em toca e gargalhar o João-de-Barro.
Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. A
cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido.
Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três
pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem o equilíbrio; inútil, portanto,
meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se
a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam?
Nenhum talher. Não é a munheca um talher
completo – colher, garfo e faca a um tempo?
Seus remotos avós não gozavam de maiores
quantidades. Seus netos não meterão a quarta perna no banco. Para quê? Vive-se
bem sem isso.
Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na
parede, Jeca não se move a repô-las. Ficam pelo resto da vida os buracos
abertos, a entremostrarem nesgas de céu.
Quando a palha do teto, apodrecida, greta em
fendas por onde pinga a chuva, Jeca, em vez de remendar a tortura, limita-se,
cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a água gotejante...
Remendo... Para quê? Se uma casa dura dez anos
e faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela?
Esta filosofia economiza reparos.
LOBATO, Monteiro. Urupês. Brasiliense: São
Paulo; 1948. 245-6.
1. O que podemos
concluir ao compararmos a personagem de Monteiro Lobato com o índio Peri, de
José de Alencar, e os bravos e orgulhosos caboclos dos romances regionalistas
do período romântico?
a) As personagens
românticas eram idealizadas e o Jeca Tatu não é idealizado, é real.
b) As personagens
românticas eram feias e gordas e o Jeca Tatu é magro e rico.
2. Em Jeca Tatu,
Monteiro Lobato investe contra a idealização do caboclo, apontando algumas das
suas características negativas. Qual delas é a mais criticada no texto?
a) A riqueza b) A
preguiça
3. “Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...”.
Este parágrafo refere-se ao Jeca de Monteiro Lobato ou aos caboclos dos romances
românticos?
a) Aos caboclos dos
romances românticos
b) Aos moradores do
bairro.
4. Monteiro Lobato
queria chamar a atenção para uma realidade que deveria ser mudada ou pretendeu
apenas ridicularizar o caboclo? Por quê?
a) Ele chamou a atenção
para algumas características da realidade brasileira.
b) Ele chamou a atenção
para aspectos burocráticos.
Esse
poema de Manuel Bandeira, escrito em 1918 foi lido numa das noites da Semana de
Arte Moderna, realizada em São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
A Semana foi um marco do Modernismo brasileiro e o poema de Bandeira
afirmava-se com o espírito demolidor e renovador dos modernistas.
Os Sapos
Manuel
Bandeira
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
1. Que
recurso sonoro (figura de linguagem) o poeta utiliza na primeira estrofe para
imitar a marcha saltitante dos sapos?
a) O
poema utiliza a metonímia, pois não há como saber quem são os sapos.
b) O
poema utiliza a aliteração (repetição de consoante, como O rato roeu a roupa do
rei de Roma e a rainha com raiva rasgou o resto).
2. Em
meio à algazarra dos medíocres, quem simboliza a solidão do artista superior?
a) O
sapo – cururu.
b) O
sapo – tanoeiro.
3. Em
que versos o poeta resume a sua denúncia do equívoco parnasiano de que a boa
métrica e a rima constituíram a excelência da forma e da poesia?
a) “Reduzi
sem danos/ A formas a forma”.
b) Sapo
cururu da beira do rio”.
4. Qual
dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos?
a) Os
sapos – pipa.
b) Os
sapos da casa da vovozinha de Chapeuzinho Vermelho.
5. Sabendo-se
que os três primeiros sapos simbolizam os poetas parnasianos, quem estaria
sendo simbolizado pelo sapo-cururu?
a) São
os escritores modernistas.
b) São
os poetas parnasianos.
Texto II
Macunaíma pare do interior da selva amazônica ruma a São
Paulo para reaver o amuleto que ganhara de sua mulher, que subira aos céus
desgostosa com a morte do filho. Macunaíma, junto com seus irmãos Jiguê e
Maanape, participa de várias façanhas até recuperar o amuleto que estava em
poder de Venceslau Pietro Pietra (o gigante Piaimã). Contudo, perde-o
novamente, enganado pela Uiara (divindade dos rios e dos lagos). Desiludido e
sozinho depois da morte dos irmãos, resolve subir aos céus e deixar-se
transformar na constelação da Ursa Maior. O trecho seguinte narra as
transformações de Macunaíma e seus irmãos, ao se banharem nas aguas de uma cova
avistada na rocha, quando seguiam para São Paulo pelo rio Araguaia.
Macunaíma
Mario de Andrade
Então
Macunaíma enxergou numa lapa bem nomeio do rio uma cova cheia d'água. E a cova
era que-nem a marcadum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos
por causado frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água
eraencantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé,do tempo
em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o
herói saiu do banho estava branco louro e deolhos azuizinhos, água lavara o
pretume dele. E ninguém não seriacapaz mais de indicar nele um filho da tribo
retinta dos Tapanhumas.
Nem bem
Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezãodo Sumé. Porém a água já
estava muito suja da negrura do herói e pormais que Jiguê esfregasse feito
maluco atirando água pra todos oslados só conseguiu ficar da cor do bronze
novo. (...)— Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-see
antes fanhoso que sem nariz.
Maanape
então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda aágua encantada pra fora
da cova. Tinha só um bocado lá no fundo eMaanape conseguiu molhar só a palma
dos pés e das mãos. Por issoficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só
que as palmas dasmãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na águasanta.
1.
Alegoria
é a exposição de um pensamento sob forma figurada. O texto lido é uma
representação alegórica de quê?
a)
Do
surgimento das raças.
b)
Da
paródia da vida diária.
2.
Que
reações de Macunaíma não condiz com o que se espera de um heroi, prenunciando o
anti-herói?
a)
Os
seus gritos são de dor, pois ele sentiu dor ao ir trabalhar no rio.
b)
Os
seus gritos são por causa do frio da agua.
3.
Os
modernistas da 1ª fase procuravam romper com a linguagem formal e incorporar a
fala coloquial (uso da linguagem cotidiana). Muitas vezes utilizavam registros
populares da língua ou não utilizavam pontuação, contrariando a gramática. Qual
das passagens abaixo exemplificam essa afirmação?
a)
“E
a cova era que nem a marca dum pé-gigante”(...) ou “pregando o evangelho de
Jesus pra indiada brasileira” (...).
b)
“Maanape
então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora
da cova.”
4.
Mário
de Andrade valoriza a lógica e a razão nesse texto? Por quê?
a)
Não,
pois ele se vale de elementos mágicos e fantasiosos como a água encantada.
b)
Sim,
pois ele se vale de elementos mágicos e lógicos como amuleto e água.
Faça a correlação da coluna I com a coluna II.
3 º ano
O conto psicológico
gera um certo desconcerto: ao final o leitor fica em dúvida
quanto a qual história foi contada.
A entrevista
é um gênero em que o produtor do texto apresenta o relato de
um dialogo que manteve com uma ou mais pessoas.
Seminário
é um gênero textual bastante utilizado em colégios e
universidades. Um grupo de pessoas estuda, pesquisa e discute determinados
conteúdos para apresentá-los, também em grupo, a um público constituído
geralmente por colegas.
Os anúncios
publicitários divulgam produtos, ideias e comportamentos e
são divulgados em veículos de comunicação.
O artigo de opinião é um espaço nos meios jornalísticos
aberto à participação de especialistas pertencentes à comunidade. Cidadãos
defendem suas ideias sobre temas variados em jornais, revistas e blogs. O
artigo expressa a opinião (entre outras) com o fim de contribuir par ao debate
público.
O gênero textual da Olimpiada da Língua Portuguesa em 2012 é:
( )
2º ano
A crônica é um gênero textual que se popularizou no Brasil.
Misturando narrativa, comentário do cotidiano, poesia e humor, muitas crônicas
brasileiras permanecem interessantes e atuais até muito tempo depois de terem
sido publicadas em jornais diários, se principal suporte.
Perfil biográfico ou autobiografia é um gênero textual que,
partindo de uma apuração jornalística, realiza o retrato de uma pessoa dotada
de relevância social. Sua linguagem pode aproximar-se da literatura, ao criar
imagens e relatar detalhes particulares da pessoa retratata.
Artigo enciclopédico, antes restrito às enciclopédias em
papel, está em transformação. O conhecimento transmitido por meio desse gênero
textual aparece cada vez mais dinâmico acompanhado de conteúdos multimídias e
referencias externas instantâneas.
Editorial é o principal texto de opinião de uma publicação
(jornal, revista, etc) pois tem a função de declarar a posição desse veículo
sobre os principais acontecimentos noticiados.
A resenha crítica é um texto que avalia uma manifestação
artística ou intelectual. Seu objetivo é orientar o leitor que consome ou
utiliza um bem cultural, alertando para as qualidades e os defeitos da obra.
Conta com os saberes especializados do resenhista e com a sua argumentação para
convencer o leitor a conhecer ou não esse bem cultural, que pode ser um livro,
filme, CD, exposição, entre outros.
Debate regrado é um texto produzido oralmente por um grupo de
pessoas que emitem opiniões divergentes sobre temas polêmicos. Tem um papel
importante no exercício da democracia, em campanhas eleitorais e em discussões
éticas.
A Estrela
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
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Escola
Estadual Padre Hildon Bandeira
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Aluno
(a):
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Série:
3º Ano
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Turno
Vespertino
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Professor
Marconildo
Viegas
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Disciplina
Português
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Bimestre
2º
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Data
_____/_____/____
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Leia o texto abaixo e responda o que se pede:
Vidas Secas é uma das obras-primas de Graciliano Ramos e da literatura
brasileira. O romance focaliza uma família de retirantes (Fabiano, Sinhá
Vitória e os dois filhos do casal) castigada pela seca e pela caatinga,
oprimida pelos que detinham o poder de mando e nivelada a bichos e coisas,
assimilando em seus traços físicos e comportamentos a aridez e ressequidão da
terra. Vejamos um trecho em que o narrador descreve o inicio da viagem dos
retirantes famintos que fugiam da seca.
Vidas
Secas
Graciliano Ramos
A caatinga estendia-se, de um
vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro
dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.
– Anda, excomungado.
O pirralho não se mexeu, e Fabiano
desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua
desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da
criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas
dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.
Tinham deixado os caminhos, cheios de
espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e
rachada que escaldava os pés.
Pelo espírito atribulado do sertanejo
passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas
ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores.
Sinhá Vitória esticou o beiço
indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam
perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se,
pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao estômago,
frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena.
Impossível abandonar o anjinho aos
bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote,
levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos
como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição
gutural, designou os juazeiros invisíveis.
E a viagem prosseguiu, mais lenta,
mais arrastada, num silêncio grande.
Disponível em: <http://alunoarretado.files.wordpress.com/2010/05/1c2b0-fase-conhecimentos-gerais.pdf>. Acesso em: 20 de jul de 2012.
1. Como o narrador caracteriza o cenário
da seca?
a) Como pávido e escaldante, com
abundância de gente sofredora, mas feliz.
b) Como árido e escaldante, com ossadas,
e bichos moribundos e urubus os rondavam.
2. Marque a opção em que a expressão
demonstrada por Fabiano faz que com ele assimile em seus traços psicológicos a
aridez e ressequidão da terra.
a) “Sinhá Vitória esticou o beiço
indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam
perto.”
b) “Tinha o coração grosso.”
3. Ao se comunicar com Fabiano, a
linguagem de Sinhá Vitória aparece nivelada aos bichos. Marque as expressões
que justifiquem essa afirmação.
a)
“Fabiano
meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do
menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao estômago, frio como um
defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena”.
b) “Sinhá Vitória esticou o beiço
indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam
perto”.
4. Que passagem do texto caracterizam a
fraqueza e a subnutrição do menino doente?
a) “Pegou no pulso do menino, que se
encolhia, os joelhos encostados ao estômago, frio como um defunto”.
b) “Agarrou os bracinhos que lhe caíam
sobre o peito, moles, finos como cambitos.”
Texto II
O romance Capitães da Areia, de Jorge Amado, é um documento
sobre a vida dos meninos de rua de Salvador. a sua primeira edição (1937) foi
apreendida e queimada em praça pública pouco depois de implantada a ditadura de
Getúlio Vargas. No trecho a seguir, o narrador nos conta como Pedro Bala, aos
quinze anos, assumiu a liderança de um grupo que dormia num velho armazém
abandonado do cais do porto.
Capitães da Areia
Jorge Amado
É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde
cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que
vagabundeia nas ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de
todas as suas ruas e de todos os seus becos. Não há venda, quitanda, botequim
que ele não conheça. Quando se incorporou aos Capitães da Areia (o cais
recém-construído atraiu para as suas areias todas as crianças abandonadas da
cidade) o chefe era Raimundo, o Caboclo, mulato avermelhado e forte.
Não durou muito na chefia o caboclo Raimundo. Pedro Bala era muito mais
ativo, sabia planejar os trabalhos, sabia tratar com os outros, trazia nos
olhos e na voz a autoridade de chefe. Um dia brigaram. A desgraça de Raimundo
foi puxar uma navalha e cortar o rosto de Pedro, um talho que ficou para o
resto da vida. Os outros se meteram e como Pedro estava desarmado deram razão a
ele e ficaram esperando a revanche, que não tardou. Uma noite, quando Raimundo
quis surrar Barandão, Pedro tomou as dores do negrinho e rolaram na luta mais
sensacional que as areias do cais jamais assistiram. Raimundo era mais alto e
mais velho. Porém Pedro Bala, o cabelo loiro voando, a cicatriz vermelha no
rosto, era de uma agilidade espantosa e desde esse dia Raimundo deixou não só a
chefia dos Capitães da Areia, como o próprio areal. Engajou tempos depois num navio.
Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi dessa época
que a cidade começou a ouvir falar nos Capitães da Areia, crianças abandonadas
que viviam do furto.
Disponível em: <http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/leitura_escrita.asp?Id=19&Area=EsquinaDosPersonagens&TipoIJ=1>. Acesso em 20 de jul de 2012.
1.
Pode-se concluir, pela leitura do texto, que o romance pretende denunciar
que tipo de problema?
a)
Um problema social, como a questão do menor abandonado.
b)
Um problema social, como a questão de meninos pedintes na rua.
2.
Que fato da vida de Pedro Bala pode ser considerado como o elemento
desencadeador de sua vida de menino de rua?
a)
A questão de não ter fundos financeiros, nem a solidariedade do Estado.
b)
A questão de não ter pai e nem mãe, nem a solidariedade do Estado.
3.
Que características de Pedro Bala fizeram dele um líder do grupo?
a)
Ele era ativo, planejador, sabia tratar os outros e trazia na voz e nos
olhos a autoridade de chefe.
b)
Ele era uma pessoa boa, apesar das circunstâncias de morar na rua, sabia
as letras e a matemática.
4.
Mesmo sendo um grupo de marginalizados, os meninos demonstravam senso de
justiça entre os membros do grupo. Que fato narrado comprova essa afirmação?
a)
Os meninos não queriam injustiça e a briga deveria ser com honradez, pois
as pessoas são boas.
b)
Os meninos reprovavam a atitude de Raimundo de usar uma navalha contra um
jovem desarmado.
Faça a correlação da
coluna I com a coluna II.
(1) Os contistas
(2) A notícia
(3) A reportagem
(4) Resumo
(5) Comunicação oral
(6) Dissertação escolar
(7) Carta de reclamação
(8) A crônica
(9) Perfil biográfico ou autobiografia
(10) Artigo enciclopédico
(11) Editorial
(12) A resenha crítica
(13) Debate regrado
(14) O conto
psicológico
(15) A entrevista
(16) Seminário
(17) Os anúncios
(18) O artigo de
opinião
( ) é um gênero textual que circula na
esfera jornalística em diferentes veículos de comunicação. Produzida par ser
consumida rapidamente, tem um prazo de validade bastante curto. Trata-se de um
texto que nos oferece informações sobre o que se passa à nossa volta – seja em
nossa cidade, em nosso país ou no mundo – e elementos para refletir a respeito
da realidade e agir sobre ela.
( ) Apresenta muitos pontos de contato com a
notícia, sendo considerada sob certo ponto de vista, uma espécie de “versão
ampliada” desse gênero textual. No entanto, possui características próprias que
vão muito além do seu tamanho.
( ) Resulta de uma operação de redução de um
texto falado ou escrito. Ele pode ter diversas utilizações e é muito eficiente
para o estudo, porque possibilita identificar e realçar os principais conteúdos
que se quer aprender, fixando-os na memória. A primeira etapa desse gênero
textual é para produzir um resumo de compreensão do texto que será resumido.
Entender a função de cada uma das partes do texto e o sentido do conjunto
permite expor o que aprendeu.
( ) Apresenta uma importante diferença em
relação às produções escritas: o tempo da realização do texto é o mesmo da
recepção pelos ouvintes e, frequentemente, são feitas referências diretas a
essa situação de interação. Por isso mesmo, o texto precisa ser muito bem
planejado para evitar sobressaltos por parte do orador.
( ) É um texto em que predomina a
argumentação. Importante espaço para o pensamento crítico dento da escola, o
exercício da dissertação estimula a refletir e posicionar-se sobre temas
importantes para a sociedade.
()
É um importante instrumento para o exercício da cidadania e do direito do
consumidor. É um gênero textual argumentativo, porque a reclamação deve ser
justificada.
( ) dispõem de estratégias para captar a
atenção de seus leitores. Há vários
tipos: o de humor é o
mais visto.
() é um gênero textual
que, partindo de uma apuração jornalística, realiza o retrato de uma pessoa dotada
de relevância social. Sua linguagem pode aproximar-se da literatura, ao criar
imagens e relatar detalhes particulares da pessoa retratada.
( ) antes restrito às enciclopédias em papel,
está em transformação. O conhecimento transmitido por meio desse gênero textual
aparece cada vez mais dinâmico acompanhado de conteúdos multimídias e
referencias externas instantâneas.
() é o principal texto de
opinião de uma publicação (jornal, revista, etc) pois tem a função de declarar
a posição desse veículo sobre os principais acontecimentos noticiados.
() é um texto que avalia
uma manifestação artística ou intelectual. Seu objetivo é orientar o leitor que
consome ou utiliza um bem cultural, alertando para as qualidades e os defeitos
da obra. Conta com os saberes especializados do resenhista e com a sua
argumentação para convencer o leitor a conhecer ou não esse bem cultural, que
pode ser um livro, filme, CD, exposição, entre outros.
( ) é um texto produzido oralmente por um
grupo de pessoas que emitem opiniões divergentes sobre temas polêmicos. Tem um
papel importante no exercício da democracia, em campanhas eleitorais e em
discussões éticas.
( ) é um gênero textual que se popularizou no
Brasil. Misturando narrativa, comentário do cotidiano, poesia e humor, muitas
crônicas brasileiras permanecem interessantes e atuais até muito tempo depois
de terem sido publicadas em jornais diários, se principal suporte.
( ) é um gênero em que o produtor do texto
apresenta o relato de um dialogo que manteve com uma ou mais pessoas.
( ) É um gênero textual bastante utilizado em
colégios e universidades. Um grupo de pessoas estuda, pesquisa e discute
determinados conteúdos para apresentá-los, também em grupo, a um público
constituído geralmente por colegas.
( ) Publicitários divulgam produtos, ideias e
comportamentos e são divulgados em veículos de comunicação.
( ) É um espaço nos
meios jornalísticos aberto à participação de especialistas pertencentes à
comunidade. Cidadãos defendem suas ideias sobre temas variados em jornais,
revistas e blogs. O artigo expressa a opinião (entre outras) com o fim de
contribuir par ao debate público.
( ) O gênero textual da Olimpíada da Língua
Portuguesa em 2012
( ) Gera um certo desconcerto: ao final o
leitor fica em dúvida quanto a qual história foi contada.
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Escola
Estadual Padre Hildon Bandeira
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Aluno
(a):
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Série:
1º Ano
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Turno
Vespertino
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Professor
Marconildo
Viegas
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Disciplina
Português
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Bimestre
2º
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Data
_____/_____/____
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Leia o texto abaixo e responda as questões propostas:
APRENDE A ESCREVER NA AREIA
Malba Tahan
(Lenda oriental)
(Lenda oriental)
Dois amigos,
Mussa e Nagib, viajavam pelas extensas estradas que circulam as tristes e
sombrias montanhas da Pérsia. Ambos se faziam acompanhar de seus ajudantes, servos
e caravaneiros.
Chegaram, certa
manhã, às margens de um grande rio, barrento e impetuoso, em cujo seio a morte
espreitava os mais afoitos e temerários.
Era preciso
transpor a corrente ameaçadora. Ao saltar, porém, de uma pedra, o jovem Mussa
foi infeliz. Falseando-lhe o pé, precipitou-se no torvelinho espumejante das
águas em revolta. Teria ali perecido, arrastado para o abismo, se não fosse
Nagib.
Este, sem um
instante de hesitação, atirou-se à correnteza e, lutando furiosamente,
conseguiu trazer a salvo o companheiro de jornada.
- Que fez Mussa?
Chamou, no mesmo instante, os seus
mais hábeis servos e ordenou-lhes gravassem na face mais lisa de uma grande
pedra, que perto se erguia, esta legenda admirável:
"Viandante!
Neste lugar, durante uma jornada, Nagib salvou, heroicamente, seu amigo
Mussa".
Isto feito,
prosseguiram com suas caravanas pelos intérminos caminhos de Allah.
Alguns meses
depois, de regresso às terras, novamente se viram forçados a atravessar o mesmo
rio, naquele mesmo lugar perigoso e trágico.
E, como se
sentissem fatigados, resolveram repousar algumas horas à sombra acolhedora do
lajedo que ostentava bem no alto a honrosa inscrição.
Sentados, pois, na areia clara,
puseram-se a conversar.
Eis que, por um
motivo fútil, surge, de repente, grave desavença entre os dois companheiros.
Discordaram. Discutiram. Nagib, exaltado, num ímpeto de cólera, esbofeteou,
brutalmente, o amigo. Que fez Mussa? Que farias tu, em seu lugar? Mussa não
revidou a ofensa. Ergueu-se e, tomando, tranqüilo, o seu bastão, escreveu na
areia clara, ao pé do negro rochedo:
"Viandante!
Neste lugar, durante uma jornada, Nagib, por motivo fútil, injuriou,
gravemente, o seu amigo Mussa".
Surpreendido com
o estranho proceder, um dos ajudantes de Mussa observou respeitoso:
- Senhor! Da
primeira vez, para exaltar a abnegação de Nagib, mandaste gravar, para sempre,
na pedra, o feito heróico. E agora, que ele acaba de ofender-vos, tão
gravemente, vós vos limitais a escrever na areia incerta, o ato de covardia! A
primeira legenda, ó cheique, ficará para sempre.
Todos os que
transitarem por este sítio dela terão notícia. Esta outra, porém, riscada no
tapete de areia, antes do cair da tarde, terá desaparecido, como um traço de
espumas entre as ondas buliçosas do mar. Respondeu Mussa:
É que o
benefício que recebi de Nagib permanecerá, para sempre, em meu coração. Mas a
injúria. . . Essa negra injúria... Escrevo-a na areia, com um voto, para que,
se depressa daqui se apagar e desaparecer, mais depressa, ainda, desapareça e
se apague de minha lembrança!
- Assim é, meu amigo! Aprende a gravar, na pedra, os
favores que receberes, os benefícios que te fizerem, as palavras de carinho,
simpatia e estimulo que ouvires.
Aprende, porém, a escrever, na
areia, as injúrias, as ingratidões, as perfídias e as ironias que te ferirem
pela estrada agreste da vida.
Aprende a
gravar, assim, na pedra; aprende a escrever, assim, na areia... e serás feliz !
1. Que elementos do texto nos permitem deduzir que os amigos
Mussa e Nagib têm uma condição social elevada?
2. Com que expressão personificada (com características humanas)
o narrador acentua os perigos do grande rio barrento e impetuoso?
3. Segundo o narrador, a queda de Mussa foi causada por
nervosismo, temor ou arrojamento? Justifique.
4. O que fez Mussa para que a lembrança da gratidão a Nagib não
fosse efêmera (passageira)?
5. Por que Mussa gravou a injuria de Nagib na areia?
6. Qual a situação final da narrativa? Ele encerra a lição?
Leia o poema abaixo e responda as questões propostas
Ódio?
Ódio
por ele? Não… Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida roubei todo o encanto…
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida roubei todo o encanto…
Que
importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar
de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah!
Nunca mais amá-lo é já o bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio
seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não… não vale a pena…
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não… não vale a pena…
7. Quem é o eu lírico, aquele que fala no poema?
8. Segundo o texto, que sentimento seria de esperar que
ela tivesse pela pessoa que mentiu?
9. Ela está disposta a sentir ódio ao amado? Por quê?
10. Que solução, portanto, o eu lírico resolve dar a desilusão
amorosa vivida?
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Escola
Estadual Padre Hildon Bandeira
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Aluno
(a):
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Série:
2º Ano
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Turno
Vespertino
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Professor
Marconildo
Viegas
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Disciplina
Português
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Bimestre
2º
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Data
_____/_____/____
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Conceição
Machado de Assis
A
família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes
velhos. Às dez horas da(de + a) noite toda a gente estava nos (em +os) quartos; às dez e meia a casa
dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez,ouvindo dizer ao Meneses
que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra
fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se,
saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era
um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do
marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a
princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se,
acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.
Boa Conceição!
Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente
suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado,
sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que
trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus
me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto
era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não
dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não
soubesse amar.
1. Como é caracterizada a família descrita neste trecho: da alta
burguesia, da classe média, idealizada, pobre, rica, de hábitos sofisticados ou
simples?
2. Por que se pode afirmar que o ambiente doméstico desta
família se caracteriza pela dissimulação (disfarce, fingimento, hipocrisia)?
3. “O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio.” Que
avaliação da personalidade de Conceição corresponde a essa descrição física?
4. O que sobressai no texto: a descrição física ou a análise
psicológica da personagem?
5.
O
primeiro beijo
Machado de Assis
“Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu
forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição
verdadeiramente máscula.
Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se
era uma criança, com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo,
era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas,
chicote na mão e sangue nas veias, o corcel das antigas baladas, que o
romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso
século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à
margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por
compaixão, o transportou para os seus livros.
Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e
facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte
pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas, porém a que me
cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na
intenção na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A
que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a "linda Marcela",
como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de
um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a
opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão
francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze
anos.”Cosas de España. Quem
quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não
possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era
boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela
austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus
estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes.
1. Por que se pode afirmar que a visao que o narrador tem da
sua personalidade aos 17 anos nao é idealizado?
2. Que observaçoes o narrador faz sobre o romantismo?
3. “De todas, porém a que me cativou logo foi uma... uma... não
sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção na intenção é castíssimo.
Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada.” Este período nos faz esperar que
tipo de descrição da personagem de Marcela? Por que?
4. Quais
os traços marcantes da personalidade de Marcela?
Faça a correlação da
coluna I com a coluna II.
(1) Os contistas
(2) A notícia
(3) A reportagem
(4) Resumo
(5) Comunicação oral
(6) Dissertação escolar
(7) Carta de reclamação
(8) A crônica
(9) Perfil biográfico ou autobiografia
(10) Artigo enciclopédico
(11) Editorial
(12) A resenha crítica
(13) Debate regrado
(14) O conto
psicológico
(15) A entrevista
(16) Seminário
(17) Os anúncios
(18) O artigo de
opinião
( ) é um gênero textual que circula na
esfera jornalística em diferentes veículos de comunicação. Produzida par ser
consumida rapidamente, tem um prazo de validade bastante curto. Trata-se de um
texto que nos oferece informações sobre o que se passa à nossa volta – seja em
nossa cidade, em nosso país ou no mundo – e elementos para refletir a respeito
da realidade e agir sobre ela.
( ) É um texto em que predomina a
argumentação. Importante espaço para o pensamento crítico dento da escola, o
exercício da dissertação estimula a refletir e posicionar-se sobre temas
importantes para a sociedade.
( ) Apresenta muitos pontos de contato com a
notícia, sendo considerada sob certo ponto de vista, uma espécie de “versão
ampliada” desse gênero textual. No entanto, possui características próprias que
vão muito além do seu tamanho.
( ) Resulta de uma operação de redução de um
texto falado ou escrito. Ele pode ter diversas utilizações e é muito eficiente
para o estudo, porque possibilita identificar e realçar os principais conteúdos
que se quer aprender, fixando-os na memória. A primeira etapa desse gênero
textual é para produzir um resumo de compreensão do texto que será resumido.
Entender a função de cada uma das partes do texto e o sentido do conjunto
permite expor o que aprendeu.
( ) Apresenta uma importante diferença em
relação às produções escritas: o tempo da realização do texto é o mesmo da
recepção pelos ouvintes e, frequentemente, são feitas referências diretas a
essa situação de interação. Por isso mesmo, o texto precisa ser muito bem
planejado para evitar sobressaltos por parte do orador.
()
É um importante instrumento para o exercício da cidadania e do direito do
consumidor. É um gênero textual argumentativo, porque a reclamação deve ser
justificada.
( ) dispõem de estratégias para captar a
atenção de seus leitores. Há vários
tipos: o de humor é o
mais visto.
() é um gênero textual
que, partindo de uma apuração jornalística, realiza o retrato de uma pessoa
dotada de relevância social. Sua linguagem pode aproximar-se da literatura, ao
criar imagens e relatar detalhes particulares da pessoa retratada.
( ) antes restrito às enciclopédias em papel,
está em transformação. O conhecimento transmitido por meio desse gênero textual
aparece cada vez mais dinâmico acompanhado de conteúdos multimídias e
referencias externas instantâneas.
() é o principal texto de
opinião de uma publicação (jornal, revista, etc) pois tem a função de declarar
a posição desse veículo sobre os principais acontecimentos noticiados.
() é um texto que avalia
uma manifestação artística ou intelectual. Seu objetivo é orientar o leitor que
consome ou utiliza um bem cultural, alertando para as qualidades e os defeitos
da obra. Conta com os saberes especializados do resenhista e com a sua
argumentação para convencer o leitor a conhecer ou não esse bem cultural, que
pode ser um livro, filme, CD, exposição, entre outros.
( ) é um texto produzido oralmente por um
grupo de pessoas que emitem opiniões divergentes sobre temas polêmicos. Tem um
papel importante no exercício da democracia, em campanhas eleitorais e em
discussões éticas.
( ) é um gênero textual que se popularizou no
Brasil. Misturando narrativa, comentário do cotidiano, poesia e humor, muitas
crônicas brasileiras permanecem interessantes e atuais até muito tempo depois
de terem sido publicadas em jornais diários, se principal suporte.
( ) é um gênero em que o produtor do texto apresenta
o relato de um dialogo que manteve com uma ou mais pessoas.
( ) É um gênero textual bastante utilizado em
colégios e universidades. Um grupo de pessoas estuda, pesquisa e discute
determinados conteúdos para apresentá-los, também em grupo, a um público
constituído geralmente por colegas.
( ) Publicitários divulgam produtos, ideias e
comportamentos e são divulgados em veículos de comunicação.
( ) É um espaço nos
meios jornalísticos aberto à participação de especialistas pertencentes à
comunidade. Cidadãos defendem suas ideias sobre temas variados em jornais,
revistas e blogs. O artigo expressa a opinião (entre outras) com o fim de
contribuir par ao debate público.
( ) O gênero textual da Olimpíada da Língua
Portuguesa em 2012
( ) Gera um certo desconcerto: ao final o
leitor fica em dúvida quanto a qual história foi contada.
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