Quinhentismo
Literatura
dos anos de 1500, em que se tem como base principal a Carta, de Pero Vaz de Caminha.
Ela é a certidão de
nascimento do Brasil e nela é visto o deslumbramento do europeu com a nova
terra, como também seus equívocos e as reais intenções do colonizador.
Há nesse período dois
tipos de literatura:
·
Informativa ou dos cronistas (ou
viajantes);
·
Dos jesuítas.
Literatura
Informativa
Existem
vários textos que falam da vinda dos europeus ao Brasil, são eles:
·
Tratado da Terra do Brasil;
·
Historia da Província de Santa Cruz a
que vulgarmente chamamos Brasil;
·
Tratado descritivo do Brasil;
·
Diálogos das grandezas do Brasil.
Literatura
dos Jesuítas
Pe.
José de Anchieta – o maior nome da catequese no Brasil.
Escreveu
cartas, sermões, poesias e peças teatrais, utilizando-se do latim, do tupi e do
português em suas obras quase sempre de inspiração missionária.
10. Após
a leitura dos textos I e II, verifica-se que Murilo Mendes ironiza a exaltação
da terra feita por Caminha. Essa ironia é traduzida claramente pelo(s)
verso(s):
TEXTO I
Fragmento
da Carta de Pero
Vaz de Caminha
|
TEXTO II
Carta de Pero Vaz
Murilo
Mendes
|
“... a terra em
si, é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e
Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas
são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la
dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem”.
|
A
terra é mui graciosa,
Tão
fértil eu nunca vi.
A
gente vai passear,
No
chão espeta um caniço,
No
dia seguinte nasce
Bengala
de castão de oiro.
Tem
goiabas, melancias,
Banana
que nem chuchu.
Quanto
aos bichos, tem-nos muitos,
De
plumagens mui vistosas.
Tem
macaco até demais.
Diamantes
tem à vontade,
Esmeralda
é para os trouxas.
Reforçai,
Senhor, a arca,
Cruzados
não faltarão,
Vossa
perna encanareis,
Salvo
o devido respeito.
Ficarei
muito saudoso
Se
for embora daqui.
|
a) Tão
fértil eu nunca vi. d)A
terra é mui graciosa, Diamantes
tem à vontade,
.........................................
b) No
dia seguinte nasce/ Bengala de castão de oiro e)No chão espeta um
caniço, Quanto aos
bichos, tem-nos muitos,
.........................................
c)Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
TEXTO III
(Texto extraído da
revista Rivista. Edição Zero.
Fortaleza: Editora RISO, s/d, p. 55).
12. A
intertextualidade é a relação que ocorre entre dois ou mais textos. Essa
relação pode dar-se em forma de paráfrase ou de paródia. O corpo do Texto III é
uma paráfrase da Carta de Caminha pois,
I. apesar
da leve mudança no estilo, confirma a visão de Caminha sobre a terra
descoberta.
II. faz
críticas explícitas ao aspecto ufanista da Carta.
III. mantém
o mesmo olhar positivo de Caminha sobre o futuro da terra brasileira.
IV. embora
escrita no mesmo estilo, critica de modo disfarçado a visão de Caminha sobre a
terra descoberta.
Está(ão) correta(s) apenas a(s)
afirmativa(s):
a)I, II e III. b)I e III. c)I. d)II
e IV. e)III e IV.
13. No
texto III, levando-se em conta a norma culta da língua, verifica-se ERRO em:
a) “...
um número sem fim de animais...”
b) “Ainda
não haviam louras, nem surfistas, nem mulatas...”
c) “Árvores
gigantescas e multidões de palmeiras formavam o imenso verde da futura bandeira.”
d) “Era
assim o Brasil de Cabral, já quinhentos anos passados.”
e) “...,
quando for a vez desses meninos?”
14. A
respeito da manchete: CABRAL DESCOBRE O
CAMINHO DAS ÍNDIAS, é correto afirmar que o autor pretendia
a) dizer que havia
muitas índias na terra descoberta.
b) dizer que Cabral
descobriu o caminho que o levaria para as Índias.
c) usar a homonímia
para causar um efeito humorístico.
d) explorar a sinonímia
das palavras.
e) usar a paronímia a
fim de confundir o leitor.
15. Com base nos textos I, II e III,
verifica-se que
I. o
elogio à natureza brasileira é observado em todos os textos.
II. o
texto III expressa uma preocupação com o meio ambiente, que não existe nos
textos I e II.
III. os
textos II e III são paródias do texto I.
IV. o
texto II é o que menos faz uso do registro popular da linguagem.
Estão corretas as afirmativas:
a)apenas I e III. c) apenasIeII.
b)apenas II, III e IV. d)apenas II e III.
e)todas.
7. Sobre a relação entre os jesuítas
e os índios, o eu-lírico do texto II
I. critica o processo de catequização adotado pelos
jesuítas.
II. apresenta uma oposição entre o mártir e o selvagem.
III. defende radicalmente a preservação dos costumes
indígenas.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I d)
apenas II e III
b) apenas II e)
I, II e III
c) apenas III
8. Quanto ao uso da linguagem
figurada, é INCORRETO afirmar que o texto II
a) caracteriza os índios como parte
da natureza selvagem.
b) revela, através de comparações
com elementos da natureza, uma
concepção negativa da fé cristã.
c) estabelece uma relação de
comparação entre os jesuítas e as águias,
valorizando os feitos daqueles.
d) compara o vento da fé com o
tufão.
e) representa os jesuítas como
mártires, propagadores da fé no novo mundo.
9. A metonímia é a figura de
linguagem que consiste em substituir uma
palavra por outra, em vista de uma relação de
proximidade de sentidos que há entre elas.
Considerando-se esse conceito, verifica-se que as
expressões “pó da catequese” (estrofe 2) “estranho pé”
(estrofe 3) e
“mesma cruz” (estrofe 7)
podem ser substituídas, respectivamente, por
a) águias / jesuíta / sol c) palavra
de Deus / jesuíta / sol
b) águias / indígena / cristianismo d) palavra de Deus
/ indígena / cristianismo
e) palavra de Deus / jesuíta /
cristianismo
Barroco
Início
em 1601, com a obra Prosopopéia, de Bento Teixeira. A religiosidade ainda
estava muito forte. A Reforma Protestante e a Contra-Reforma estavam se
organizando.
O
homem vivia em constante tensão por ora querer viver a vida santa ou ora querer
viver a vida profana. A Inquisição fazia seu papel de controladora da moral
católica. O índex librorum prohibitorum estava em vigência.
Características
·
Culto do contraste (uso de antíteses –
oposição)
·
Consciência da transitoriedade da vida
·
Gosto pela grandiosidade
·
Cultismo (jogo de palavras)
·
Conceptismo (jogo de ideias)
·
Frases interrogativas
Autores
·
Gregório de Mattos (Boca do inferno);
Escreveu
poesias lírico-amorosas; religiosa e satírica.
·
Bento Teixeira
·
Manuel Botelho de Oliveira
·
Padre Antonio Vieira
Defendia
os negros e os índios, como também os cristãos novos (judeus convertidos ao
catolicismo). Sofreu perseguição pela Inquisição.
Sua
obra está dividida em cartas, profecias e sermões.
Os
Sermões são os mais importantes, dentre eles o Sermão da Sexagésima – que fala
sobre a arte de pregar e ensinar.
TEXTO
Sermão vigésimo sétimo
Os senhores poucos, os
escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os
senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em
ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos,
os escravos adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando
para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados
com as mãos atadas atrás como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da
extrema miséria.
(VIEIRA, Pe. Antônio. Sermão vigésimo sétimo. In: AMORA, Antônio
Soares, org. Sermões, 2 ed. São Paulo, Cultrix, 1981, p. 58.)
7. No
texto, verificam-se os seguintes traços do barroco:
I. a
presença de um grande número de antíteses.
II. a
predominância dos aspectos denotativos da linguagem.
III. a
utilização do recurso da hipérbole para melhor traduzir o sofrimento dos
escravos.
IV. o
envolvimento político do jesuíta.
Estão corretas apenas as
afirmativas:
a)I e II. b)III e IV. c)II e III. d)I e IV. e)I e III.
8. O trecho a seguir vincula-se ao conceptismo
barroco:
Nesse trecho, NÃO ocorre o (a)
a) elogio
da natureza para justificar um ideal pagão de vida.
b) uso
de estruturas oracionais que enfatizam as relações de causa, condição e
conseqüência.
c) apelo
à repetição de palavras e idéias.
d) progressão
gradual do raciocínio, com vistas ao convencimento do ouvinte ou leitor.
e) uso
de antíteses e metáforas.
Arcadismo
Início
em 1768 com o livro Obras Poéticas, de Claudio Manuel da Costa.
A
religião dá lugar à razão, o homem vive no Século das Luzes, diferente do
anterior, que era o das Trevas.
Começa
a Revolução Industrial na Inglaterra; surgem os Iluministas, organiza-se a
grande Enciclopédia, com 35 volumes. A Revolução Francesa estaria prestes a
acontecer, cujo lema era liberdade, igualdade e fraternidade.
Características
·
Imitação dos clássicos;
·
Bucolismo;
·
Pastoralismo;
·
Idealização do amor e da mulher;
·
Uso de pseudônimos (falsos nomes);
·
Uso de frases latinas: carpe diem,
fugere urbem, inutilia truncat, etc
Autores
·
Claudio Manuel da Costa (Glauceste
Saturnio)
·
Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu)
Escreveu
Cartas Chilenas e Marília de Dirceu
·
José Basílio da Gama (Termindo Simpílio)
Escreveu
O Uraguai.
·
Frei José de Santa Rita Durão
Escreveu
Caramuru.
Súplica por uma árvore.
Cecília
Meireles.
Um dia, um professor comovido falava-me de
árvores. Se avô conhecera Andersen, esse pequeno deus que encantou para sempre
a infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas historias. Mas, além de
conhecer Andersen, o avô desse comovido professor legara a seus descendentes
uma recordação extremamente terna: ao sentir que se aproximava o fim de sua
vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde brincara em menino,
para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de sonho, pureza,
poesia – povoado de crianças, ramos, flores, pássaros... O professor comovido
transportava-se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô tão sensível, e
continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral, desse agradecido
amor à Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua proteção, mesmo obscura
e enigmática.
Lembrei-me de tudo
isso ao contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco há quinze dias se
encontra ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado. Segundo os
técnicos, se não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em breve: pois
a pancada que a atingiu afetou-a na profundidade de sua vida.
Meireles, Cecília. Suplica por uma árvore. In: O que se diz e o que se
entende. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980, p. 63.
- Embora fique melhor onde está, pois atrai o leitor, o primeiro
parágrafo poderia vir depois do segundo, se obedecesse à lógica dos
acontecimentos. Por que?
- O que a paisagem campestre representa para o cronista?
- Que objeto urbano contribui, no segundo parágrafo, para o
contraste entre o campo e a cidade?
- Que semelhanças há entre o avô, o professor e a cronista?
INTERTEXTUALIDADE
Leia o poema
seguinte, de Cláudio Manuel da Costa:
Aquele adore as
roupas de alto preço,
Um siga a
ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com
igual excesso.
Eu não chamo a isto
felicidade:
Ao campo me recolho,
e reconheço,
Que não há maior bem
que a soledade.
Soledade: lugares ermos, desertos.
Que elemento comum
podemos encontrar nestes versos, escritos no século XVIII, quando comparados ao
texto de Cecília Meireles?
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